Poemas de Rosa
Impaciência
Eu queria dormir
longamente…
(um sono só…)
Para esperar assim
o divino momento que eu pressinto,
em que hás de ser minha…
Mas…
e se essa hora
não devesse chegar nunca?…
Se o tempo,
como as outras cousas todas,
te separa de mim?!…
Então…
ah!, então eu gostaria
que o meu sono,
friíssimo e sem sonhos
(um sono só…)
não tivesse mais fim…
Se eu pudesse correr pelo tempo afora,
vertiginosamente,
futuro adiante,
saltando tantas horas tediosas,
vazias de ti,
e voar assim até o momento de todos os momentos,
em que hás de ser minha!…
Mas…
e se esse minuto faltar
nas areias de todas as ampulhetas?…
E se tudo fosse inútil:
a máquina de Wells,
as botas de sete léguas do Gigante?!…
Então…
ah!, então eu gostaria
de desviver para trás, dia por dia,
para parar só naquele instante,
e ele ficar, eternamente, prisioneiro…
(Tu sabes, aquele instante em que sorrias
e me fizeste chorar…)”
Perfeição
Mulher de encantos
Entre sorrisos, seus olhares
Dos sonhos se faz realidade
Linda de várias maneiras
Sua boca, seus olhos, sua face
Perfeita por inteira
O cabelo ao vento
Seu jeito de falar
Até em silêncio me faz delirar
Suas unhas pintadas em trevo
Em sua boca, um batom vermelho
Seu jeito despojado
Leve e solta pelo ar
Um abraço apertado, um beijo
Um desejo de amar.
Rauan de Santana Rosa
As possibilidades de amor habitam em nós.
As necessidades também.
Só nos cabe, então, acolhe-las sem hesitação.
Entrar numa coisa boa pode até ser coisa de Deus. Permanecer nela é um querer exclusivamente nosso.
E que prevaleça não só a leveza do sentir mas a vontade de seguir.
Gosto das coisas claras...
Não gosto de pequenas gentilezas disfarçadas de falsidade...
Me incomoda gestos bondosos que alimentam mentes egocêntricas...
Não convivo com meu inimigo de forma amistosa porque goste de sofrer, e sim porque me agrada a idéia de esperar com paciência, o dia em que sua máscara há de cair.
Sem ódio, sem ressentimento, sem rancor, sem dor...
Somente amor, compaixão e OLHO no OLHO.
Uma estátua, por mais bela,
não se equipara
à pessoa mais humilde.
Uma simples planta no jardim
é mais formosa
do que qualquer natureza morta.
O silêncio também é voz.
É aquilo que não foi dito,
porque, se dito, era pouco.
O silêncio não se mede
pela medida da frase.
Excede qualquer semântica.
Não é dicionarizável.
No princípio era o verbo,
mas antes dele o silêncio,
anterior ao princípio.
MINHA PAIXÃO MINEIRA
Tenho uma paixão, ela é mineira
Besteira querer entendê-la
O que quero é desejá-la, amá-la
Estar com ela, curtir a vida, porque ela
É a vida, a minha vida..
Tenho uma paixão, ela é morena e mineira
Graciosa e fogosa, uma verdadeira fogueira.
A amo sim, a quero pra mim, a desejo
Dia e noite seu amor é um açoite trem bão.
Tenho um amor da cor do pecado
É meu bem querer, é o meu prazer,
É a mulher que sempre desejei ter
Sem ela não saberia o que fazer
Mas também não teria porquê.
Minha paixão mineira é você
A mulher do sorriso que encanta
Linda, brasa coberta e faceira
Tô falando de você, MARLI CALDEIRA.
Minha vida,minha história
Só fez sentido, quando te conheci
Seus olhos,sua face,me levam além do que pensei
Se as vezes escondo em você,me acho
Nem dá pra disfarçar,ahh
Preciso dizer você faz muita falta
Não há como explicar..
Verdadeiro é meu amor
O sentimento foi real
Quando eu te entreguei
Tudo aquilo que há em mim
Pode até não parecer
Se o mal que há em mim
Faz doer o teu coração
Minha triste imperfeição;
Um vazio pulsante é o que somos,
vivendo na ilusão da solidez.
Matéria são vazios que colidem.
As formas são momentos do vazio.
Tudo é mudança.
Mas, o que dirige
a universal mudança do vazio?
O que chamamos de real é o nosso relacionamento com os outros, a experiência comum, a vida partilhada. A essa fase de nossa mente denominamos de consciência.
O sonho é, também, um tipo de consciência que não resulta inteiramente das nossas relações com o mundo exterior.
A consciência vigílica nos dá o ser social. A consciência onírica nos dá um ser ina-
preensível pelos padrões da consciência vígil.
O que é a alucinação, senão um conteúdo onírico objetivado? O sonho não é apenas a explicação simbólica dos nossos recalques: é uma atividade autônoma da mente.
Não será a loucura um sonho de que não se acorda? Um sonho com a aparência de vigília? Os hipnotizados também dão a impressão de que estar conscientes das coisas que os rodeiam.
Vigília é a vida psíquica seletiva. O sonho, parece-nos, é vida psíquica total. O fluxo psíquico entre as mentes parece incessante e a vigília nada mais é do que uma interrupção desse fluxo. O nosso eu é uma perturbação desse processo psíquico total.
Observou-se que o estado de plena vigília não dura mais que um minuto ou dois por hora. Assim, as nossas distrações ou "fugas" da realidade externa são mais freqüentes do que pensamos. Há pessoas que, por deficiência da censura ou controle do ego, permanece, por tempo muito longo, no mundo do sonho. A sua vida vigílica se torna, assim, um hiato no seu universo onírico.
Há um universo psíquico paralelo ao universo físico. Uma forma de percepção que não recolhe seu material do mundo físico, embora manipule com os dados desse universo. Contudo, as experiências do mundo psíquico nem sempre coincidem com as do mundo físico. Há um outro eu, movimentando situações e pessoas que não conhecemos na vida vigílica.
Meias verdades...
Meias vontades...
Meias saudades...
Viver pela metade é ilusão, tire as meias e ponha o pé no chão!
Toda serenidade, paz
e leveza, repousam sob
as asas do silêncio.
A alma então, sem
palavra alguma,
perde-se em sabedoria.
Entra pra ver
Mas tira o sapato pra entrar
Cuidado que eu mudei de lugar
Algumas certezas
Por causa dos nossos olhos
O mundo é cheio de cores.
E por causa dos ouvidos
O mundo é cheio de sons.
Se as pessoas, de repente,
ficassem cegas e surdas,
o mundo teria cores,
o mundo teria sons?
Quem o testemunharia?
A visão é maior que os olhos:
o real é mais do que o visto.
Os olhos nos prendem à vida,
que é nosso modo de ver.
Na morte, a visão são olhos
de ver em outro lugar.
Há algo imóvel,
que move tudo.
Há o vazio
em todas as coisas.
Há o silêncio
por trás de todos os ruídos.
Há uma essência
comum a todos os seres.
Há o imortal escondido
em todas as mortes.
Há o eterno disfarçado
em todas as aparências
do transitório.
A carne é sonho transitório.
Quando dormimos, voltamos
à nossa essência onírica.
Quando morrermos, seremos
o sonho definitivo
que, um dia, foi homem,
que pensava ser real.
Só os mortos não mudam.
deserdados do futuro,
exilados do presente,
são imagens estéreis,
que não mais se reproduzem.
Só os vivos são férteis,
gerando suas imagens
constantemente no mundo.
