Poemas de quem Deu um Fora

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Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Carlos Drummond de Andrade
ANDRADE, D. Lição de Coisas: poesia. São Paulo: J. Olympio, 1965

Nota: Trecho do poema Para Sempre Link.

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O tempo não apaga nada.
A cabeça é que pede ao coração
que se iluda que esqueceu...

Como a vida muda.
Como a vida é muda.
Como a vida é nula.
Como a vida é nada.
Como a vida é tudo.
Tudo que se perde
mesmo sem ter ganho.
Como a vida é senha
de outra vida nova
que envelhece antes
de romper o novo.
Como a vida é outra
sempre outra, outra
não a que é vivida.
Como a vida é vida
ainda quando morte
esculpida em vida.
Como a vida é forte
em suas algemas.
Como dói a vida
quando tira a veste
de prata celeste.
Como a vida é isto
misturado àquilo.
Como a vida é bela
sendo uma pantera
de garra quebrada.
Como a vida é louca
estúpida, mouca
e no entanto chama
a torrar-se em chama.
Como a vida chora
de saber que é vida
e nunca nunca nunca
leva a sério o homem,
esse lobisomem.
Como a vida ri
a cada manhã
de seu próprio absurdo
e a cada momento
dá de novo a todos
uma prenda estranha.
Como a vida joga
de paz e de guerra
povoando a terra
de leis e fantasmas.
Como a vida toca
seu gasto realejo
fazendo da valsa
um puro Vivaldi.
Como a vida vale
mais que a própria vida
sempre renascida
em flor e formiga
em seixo rolado
peito desolado
coração amante.
E como se salva
a uma só palavra
escrita no sangue
desde o nascimento:
amor, vidamor!

O quarto em desordem.

Na curva perigosa dos cinquenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor

que não se sabe como é feita: amor,
na quinta-essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar

a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objeto mais vago do que nuvem
e mais defeso, corpo! corpo, corpo,

verdade tão final, sede tão vária,
e esse cavalo solto pela cama,
a passear o peito de quem ama.

O que é que é
que todos sentem
é igual e diferente
e sendo comum a todos
é sempre pessoal
e dependente?

O que é que é
que na batalha vence
o cabo e o general
que se dá no peito
de pobre e industrial
e transforma santo
em marginal?

O que é que é
que se pensa coisa humana
mas tem força animal
e sendo comezinho
é também transcedental
e posto que concreto
é abstrato e real?

O que é que é
que não se pode interromper
como se fosse vício
e a que a gente se entrega rindo
ignoranto o suplício.

Que coisa é essa
para o qual o médico
não tem medicamento
o engenheiro
não tem compasso
o ator
não tem disfarce
e o jardineiro
mesmo arrancando
nasce?

O que é que às vezes
começa sorrateiro
sem ser sentido
que não se tendo antes
experimendato e vivido
quando surge
é logo reconhecido?
que faz do mais tíido
atrevido
e do mais afoito
comedido
que quando mais cortado
mais comprido
e prazeroso
mesmo sofrido?

Oque é que é?

Quem souber
Sabe o que eu digo.

Soneto Sentimental à Cidade de São Paulo

Ó cidade tão lírica e tão fria!
Mercenária, que importa - basta! - importa
Que à noite, quando te repousas morta
Lenta e cruel te envolve uma agonia

Não te amo à luz plácida do dia
Amo-te quando a neblina te transporta
Nesse momento, amante, abres-me a porta
E eu te possuo nua e frígida.

Sinto como a tua íris fosforeja
Entre um poema, um riso e uma cerveja
E que mal há se o lar onde se espera

Traz saudade de alguma Baviera
Se a poesia é tua, e em cada mesa
Há um pecador morrendo de beleza?

TRIDADE

A vida é uma planta misteriosa
Cheia d’espinhos, negra de amarguras,
Onde só abrem duas flores puras
Poesia e amor...

E a mulher... é a nota suspirosa
Que treme d’alma a corda estremecida,
É fada que nos leva além da vida
Pálidos de langor!

A poesia é a luz da mocidade,
O amor é o poema dos sentidos,
A febre dos momentos não dormidos
E o sonhar da ventura...
Voltai, sonhos de amor e de saudade!
Quero ainda sentir arder-me o sangue,
Os olhos turvos, o meu peito langue...
E morrer de ternura!

Tem males que vêm para o bem e coisas que pensamos que é bem, porém é mau.
Nem tudo que reluz é ouro dizia minha avó.
Se hoje lágrimas estão a derramar é porque é fase e elas irão te ajudar...
Ajudar-te transformando em um alguém melhor, forte capaz de aconselhar a quem está na pior.

A vida não é fácil, e quem diria que seria?
Deus não prometeu lágrimas sem dor, nem ao menos dias sem sofrimento.

Aprendizagem agente encontra em todo lugar, tanto na rua, como dentro de casa...
Aprendizagem pode-se encontrar também na vida de outras vidas.

Sonhos apenas são sonhos, mas cada um pode transformar o sonho em realidade...
Só basta querer, só basta correr atrás, só basta acreditar que és capaz de chegar ao céu!

Meu sonho partiu, foi embora
sem me avisar, sem me comunicar,
só deixou para trás a saudade
que a todo instante vem me abraçar.

Se noutro corpo tua alma se traspassa,
não, como quis Pitágoras, na morte
mas como manda Amor na vida escassa;

Luís de Camões
Canções e elegias.

SUSSURRO
Se não erro
ao decifrar a voz dos vegetais,
eis que suspira a muda de pau-ferro
no silêncio do ser:
- Eu sei que fui plantada
com música, discurso e tudo mais,
para alguém no futuro, oferecer
sem discurso e sem música o prazer
da derrubada.

Os problemas globais merecem respeito. Mas, os individuais, que se somam, produzindo volume, são factíveis de solução.

A inundação resulta da gota de água.

A avalanche se dá ante o deslocamento de pequenas partículas que se desarticulam.

A epidemia surge num vírus que venceu a imunização orgânica.

Desta forma, faz a tua parte, mínima que seja, e o mundo melhorar-se-á.

A sociedade, qual ocorre com o indivíduo. é o resultado de si mesma.

Reajustando-se o homem, melhora-se a comunidade.

E, partindo do teu empenho pessoal, para ser mais feliz, ampliando a área de bem-estar para outros, o mundo se fará mais ditoso e o mal baterá em retirada.

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

Paulo de Tarso
Bíblia Sagrada. 1 Coríntios 13:1.

Nota: Tradução de João Ferreira de Almeida (Corrigida e Revisada, Fiel).

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há pessoas que se esqueceram de como é importante criar laços...

Mesmo que se solte uma lágrima de saudade num momento seguinte...

Um laço que nasce , enlaça, abraça, cresce, ama, vive...

Não se desfazem laços quando foram vividos de verdade.

Por vezes soltam-se as pontas mas fica sempre o nó que devemos guardar em nós como um tesouro, apesar da mágoa...

De diferentes laços que criamos todos nos completam , fazendo-nos sentir e ser...

Olhar o céu, ver um sorriso na estrela mais brilhante, é como lembrar uma enchente de maré.
A ligação entre o céu, a terra e o mar.

Quem tem a capacidade de sonhar não foge do real mas complementa-o de uma forma diferente .

Quando a solidão doeu em mim
Quando o meu passado não passou por mim
Quando eu não soube compreender a vida
Tu vieste compreender por mim

Quando os meus olhos não podiam ver
Tua mão segura me ajudou a andar
Quando eu não tinha mais amor no peito
Teu amor me ajudou a amar...

ENTRE O SER E AS COISAS

Onda e amor, onde amor, ando indagando
ao largo vento e à rocha imperativa,
e a tudo me arremesso, nesse quando
amanhece frescor de coisa viva.

Às almas, não, as almas vão pairando,
e, esquecendo a lição que já se esquiva,
tornam amor humor, e vago brando
o que é de natureza corrosiva.

Nágua e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

E nem os elementos encantados
sabem do amor que punge e que é, pungindo,
uma fogueira a arder no dia findo.

Por esse mundo de águas, junho, 27
Manu,
Estamos numa paradinha pra cortar canarana da margem pros bois de nossos jantares. Amanhã se chega em Manaus e não sei que mais coisas bonitas enxergarei por este mundo de águas. Porém me conquistar mesmo a ponto de ficar doendo no desejo, só Belém me conquistou assim. Meu único ideal de agora em diante é passar uns meses morando no Grande Hotel de Belém. O direito de sentar naquela terrace em frente das mangueiras tapando o teatro da Paz, sentar sem mais nada, chupitando um sorvete de cupuaçu, de açaí. Você que conhece mundo, conhece coisa milhor do que isso, Manu (...) Belém eu desejo com dor, desejo como se deseja sexualmente, palavra. Não tenho medo de parecer anormal pra você, por isso que conto esta confissão esquisita mas verdadeira que faço de vida sexual e vida em Belém. Quero
Belém como se quer um amor. É inconcebível o amor que Belém despertou em mim...
Um abraço do Mário.

Mário de Andrade

Nota: Carta escrita a Manuel Bandeira durante a histórica viagem à Amazônia, em 1927

É Páscoa, a Páscoa do Senhor
Não figura, não história
Não sombra, mas a verdadeira
Páscoa do Senhor
Verdadeiramente, ó Jesus
Livrastes-nos da grande ruína
E nos estendestes as paternas mãos.

Pra que ou porquê corre-se atrás de algo uma vez que tudo é pertencente ao tempo, uma vez que só a ele é pertinente, já que o mesmo é imperecível e implacável,

Não entendo. Como as pessoas têm tanta raiva de mim? É como ficar com raiva de um relógio. Se tem raiva do relógio, a culpa é sua. Não se trata do relógio.

Inserida por pensador

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