Poemas de primeira vez que te Vir

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O Cão Sem Plumas

A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.

O rio ora lembrava
a língua mansa de um cão
ora o ventre triste de um cão,
ora o outro rio
de aquoso pano sujo
dos olhos de um cão.

Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.

Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.

Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos povos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.

Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.
Jamais se abre em peixes.

Esta é a primeira consequência que sobrevém quando no mundo alguém deixa de mandar: que os demais, ao se rebelarem, ficam sem tarefa, sem programa de vida.

A juventude é presunçosa, a velhice tímida, porque a primeira quer viver e a segunda já viveu.

Há duas coisas que a experiência deve ensinar: a primeira é que se torna indispensável corrigir muito; a segunda é que se não deve corrigir de mais.

Pego a primeira parte para mim porque me chamo leão, / a segunda, sois vós a dar-me porque sou robusto, / a terceira cabe a mim porque valho mais. / A quarta, pobre daquele que ousar tocá-la.

Duas verdades em que os homens em geral nunca acreditarão: a primeira, a de não saber nada, a segunda, a de não ser nada. Acrescente a terceira, que depende muito da segunda: a de não ter nada a esperar depois da morte.

Acreditaria que a embriaguez tivesse sido para os homens a primeira ocasião e a primeira causa do riso; outro efeito próprio e particular do gênero humano.

Toda a nossa força é colocada na alma e no corpo: a primeira é destinada a comandar, o outro, a obedecer; uma aproxima-nos dos deuses, o outro, dos brutos.

Os espíritos de primeira ordem, que produzem as revoluções, desaparecem; os espíritos de segunda ordem, que tiram proveito delas, permanecem.

O historiador, que é o juiz do mundo, tem por primeira obrigação perder o respeito.

Não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando, e você precisa perdoá-la por isso.

Veronica Shoffstall

Nota: Trecho do poema de Veronica Shoffstall.

Vou me enganar mais uma vez, fingindo que te amo às vezes, como se não te amasse sempre.

Tati Bernardi

Nota: Trecho da crônica "Periférico".

Fique de vez em quando sozinho, senão você será submergido. Até o amor excessivo dos outros pode submergir uma pessoa.

Clarice Lispector
Clarice Lispector: Entrevistas. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.

Nota: Entrevista de Clarice com Chico Buarque.

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Tudo que acontece uma vez poderá nunca mais acontecer, mas tudo o que acontece duas vezes, certamente acontecerá uma terceira.

Paulo Coelho

Nota: Trecho adaptado do livro "O Alquimista", de Paulo Coelho.

Quero um homem que me chame de linda em vez de gostosa... Que me ligue de volta quando eu desligar na cara dele... Que deite embaixo das estrelas e escute as batidas do meu coração, ou que permaneça acordado só para me observar dormindo... O homem que me beije na testa... Que queira me mostrar para todo mundo mesmo quando eu estou suando... Um homem que segure minha mão na frente dos amigos dele... Que me ache a mulher mais bonita do mundo mesmo quando estou sem nenhuma maquiagem e que insista em me segurar pela cintura... Aquele que me lembra constantemente o quanto ele se preocupa comigo e o quanto sortudo ele é por estar ao meu lado... Aquele que esperara por mim... Aquele que vire para os amigos dele e diga ** “É ela, a mulher da minha vida!

Cada vez que você faz uma opção está transformando sua essência em alguma coisa um pouco diferente do que era antes.

Depois de todas as tempestades e naufrágios o que fica de mim e em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro.

Caio Fernando Abreu
ABREU, C., Ovelhas Negras, Sulina, 1995

Eu só preciso dizer isso uma vez e você só tem que ouvir o que vou dizer. Eu amo você. E é porque eu amo você que não posso ser egoísta. Eu não te mereço.

Cuide-se como se você fosse de ouro, ponha-se você mesmo de vez em quando numa redoma e poupe-se.

Clarice Lispector
Minhas queridas. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.

Nota: Trecho de carta para a irmã Elisa, escrita em janeiro de 1945.

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Eu preciso muito, muito de você. Eu quero muito, muito você aqui de vez em quando nem que seja, muito de vez em quando. Você nem precisa trazer maçãs, nem perguntar se estou melhor. Você não precisa trazer nada, só você mesmo. Você nem precisa dizer alguma coisa no telefone. Basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio. Juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro. Mas eu preciso muito, muito de você.

Caio Fernando Abreu
ABREU, C., O essencial da década de 1970, Nova Fronteira