Poemas de Perdoar o Amor
ADEUS ANO VELHO
Deste que passaram-se horas
Do velho ano
Do ano que já é outrora
Agora recordação, tempo profano
A cada segundo, minuto, hora
Dia após dia, quotidiano
O tempo vai, vai embora
Sorrateiro e ufano
Muito antes, antes de mim
Veloz e insano
Sem parar, até o fim...
No diverso plano
Vida que segue, "Quixotesco" no seu rocim
Adeus velho ano!
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Poeta do cerrado
SONETO SONHADO
Sonhei que saudade de ti sonhava
Aqui pelas bandas do meu cerrado
Foi tão bom, uma pena ter acabado
Pois nele, sonho, contigo eu estava
Que pena... era um sonho sonhado
De lembranças em que a alma lava
Onde a tua falta na minha ali ficava
Em um silêncio d'um afeto amado
Sonhei hoje contigo, nem imaginava
Ter-ti tão manifesto ali ao meu lado
Num sonho, que nostalgia passava
Queria de ti, não estar desamparado
E sonhar-ti, onde só amor anunciava
Eterno sonho, eternamente no fado...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano
CHUVA NO CERRADO ( soneto)
Canta chuva, no cerrado, uma cantata
E há, feérico coro no planalto fustigado
De gotas do céu num tilintar animado
Como que um suave retinir de prata
Bendita chuva que ao chão imaculado
Batiza a secura com água que desata
Verdes relvas e fulgor novedio da mata
Num renovo de um frescor empanado
Alvor ideal que desponta na fragata
Do sertão, num úmido beijo desejado
Arejando, generosa, em trínula volata
Ah! Num regozijo do viver denodado
Num delíquio louco, ri-se escarlata
A encantada chuva que cai no cerrado
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 04, 2017
Cerrado goiano
CERNE (soneto)
Do ventre do cerrado ergui meu gemido
Estrugido duma saudade que me eivava
Furtando o fôlego duma dor que escava
O coração já aturado e um tanto dividido
Da solidão a tramontana reviu-se escrava
No cerne da sofrença no peito desfalecido
Que és de tudo escárnio no fado contido
Grito! Que ao contentamento então trava
Que labareda tal me arde no esquecido
Me remanescendo qual tétrica cadava
E me prostrando na réstia do suprimido?
E, se toda sorte aqui me falhe, és clava
A esperança, dum regresso ainda vivido
Factível, sem os que a quimera forjava...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano
LACUNA (soneto)
Solidão, de insistir-te, não és esquecida
A saudade anda exagerada em te trazer
Nem sequer és o pretexto do meu viver
Pois se a sorte é triste, alegre é a vida!
Nada neste exagero é de fato pra crer
Se há ganhos e perdas, vinda e partida
Ter desvario é querer chuchar a ferida
O vital é mistério, bom é se surpreender
Pois a mesma estória tantas vezes lida
Traz história enlouquecida ao escrever
Tudo passa, não é só subida e descida
Ai, pode voar o tempo, tempo morrer
Tudo tem princípio e o fim, na medida
E nesta metamorfose, vai o nosso ser...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
2017, início de janeiro
ENTRANHAS (soneto)
Então? Poucos estarão ao teu lado
Tua sorte vai até quando fores útil
O desprezo é porção do lado fútil
Lamentável, da ingratidão é aliado
De tão cego o afago se torna inútil
Vários hão ambição, pouco agrado
Onde o olhar se faz fragor calado
E o abraço repulsa num solo fértil
Afaze-te ao discernir denodado
Da injustiça encontrarás o covil
Da proteção o ferrolho trancado
Não te faças de amigo neste ardil
Nem formidável no vil acordado
A dor calejada, pode ser gentil!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
AMOLDO VERSOS (soneto)
Eu amoldo versos como artesãos
Do barro inviolado a transfiguração
Livre é o saltimbanco do coração
Que trova alumbramentos cortesãos
Nas pontas dos dedos em convulsão
A quimera arranha os tarares anciãos
Com a lira d'alma nos gemidos sãos
Escorrendo expressão da imaginação
Gota a gota, tato a tato nos corrimãos
Das vozes que aos amados clamam
E das odes que saem como bênçãos
Neste improviso tem dores, emoção
Solidão. Na cata dos sensíveis grãos
Da poesia. Transformados em canção!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
SOLIDÃO BORRALHEIRA (soneto)
Erma solitária solidão borralheira
Que atulha o cerrado de melancolia
No entardecer encarnado em romaria
Alongando o minuto em hora inteira
Assim só, os sonhos vão pra periferia
A espiar a sofrença além da fronteira
D'alma, caraminholando oca asneira
A crepitar agonia em atroada sombria
O vazio do imenso céu sem cabeira
Nos engole com chilreio e zombaria
Galopando apertura numa carreira
Tétrico encanto da solidão crua e fria
Que do silêncio é a sua mensageira
E que ao coração saudades anuncia!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
QUIMERAS DOLOROSAS (soneto)
Estou solitário no cerrado sem cores
Nas lembranças tristuras guardadas
No peito vis nostalgias desmaiadas
De sortes desfolhadas e sem flores
As tardes de mesmices requentadas
Que a solidão arrefece aos arredores
Enquanto vão esgarçando as dores
Perdidas saudades hão em toadas
Quantos gemidos, quantos valores
Por estarem dolorosas nas ciladas
Largam as quimeras nos bastidores
E nas presunções alheias, estacadas
Que fazem da condição só temores...
Me vou arrastando entre vergastadas!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
CERRADO DUAL (soneto)
O cerrado tem dia de sorrir, e ele sorria
Tem dia de melancolia, e ele entristecia
Porém, também, tem dia de total silêncio
E na quimera dum colossal o vário é cio
É mistério, sequidão, chuva, calor e frio
Deitados sob o céu que provoca arrepio
É a tristura com o espanto da sutil ironia
Que muito desflora, muito recria, poesia
E nesta galeria de tanto, dele o encanto
Da sequidão ao empapado num só canto
Num bale dual, no seu cenário desigual
É o cerrado, das cores e do seu pálido
Soprando no planalto o seu vento cálido
Transmutando a diversidade no plural...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
MAIS UMA
Eu não gosto de poesia;
Não gosto das suas rimas;
Remete a negação do dia- a- dia;
Dos sonhos acordados das vidas.
Me lembra que palavras;
Ditas com certa simetria;
Refletidas das almas;
De tudo que ia.
Me canso de reclamações;
Sonhos em tinta e papel;
Palavras, adequações em canções;
Sentimentos em papel, vidas ao bel.
Estamos cansados;
De precisar rimar, para que;
Palavras não se percam em sarcasmos;
E o sol, na solidão, não solidifique.
Para que sentimentos e atos;
Desatem nós, nos outros;
Para que “os” sejam a nós mesmos;
Porém, ninguém gosta de poesia obrigado.
Infelizmente digo;
De nada valem os sonhos;
Daqueles frios papéis e de caneta pousada;
Sonhos de realidade, são pesadelos.
Gostaria que poemas fossem;
Fingidores abstratos, pseudônimos;
Mas são apenas adequações, que torcem;
E retorcem paz momentânea para almas.
Sonhos com frio;
E calor impossibilitado;
Poemas adequados por um fio;
E lustra fato, dado.
Mascara o fardo;
Acalma o tato;
Finge de culpado;
E lembra que de fato.
No fim, não existe adequação que esteja sob controle.
CEREBELO
Felicidade temporária
Que diz pra sempre me amar
é sempre me enganando
que me faz acreditar
e na imperfeição dos
tempos perdidos
se encontra nas lagrimas
a sinceridade de um sorriso
Por isso um minuto
de amor é eterno
e viver se torna um prêmio
bem vindo a realidade
Temporária felicidade.
Sem chuva nada cresce,
aprendendo que com
as tempestades da vida,
também se floresce...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
PERDA DE TEMPO (soneto)
A quem me viu além tempo, além vidraça
Da vida, cara a cara, assim, de pertinho
Verás que no tempo e na vida caminho
Graças! E que o tempo no tempo passa!
E por mais que queira, que tudo faça
Implacável é o rumo e tão torvelinho
Aromatizado como o curtido vinho
Se fazendo veloz, como, tal fumaça
Já velho, eu, não busco burburinho
De perda de tempo, ou de chalaça
Se estou jovem ou se sou velhinho
Vivo o tempo, sem tempo de negaça
Mais vale amor no tempo com carinho
Que o valor do tempo que esvoaça...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 2017, 05'55"
Cerrado goiano
LOMBEIRA (soneto)
Tardes do cerrado goiano, lombeira
Tão ressequidas, de tão árida vida
Tardes com a sua lentidão parida
De melancolia à sombra da lobeira
Horas benditas, de demora dormida
Que nas horas se faz hora terceira
Tardes de silêncio, tarde feiticeira
Languidez na languidez desmedida
Olhos serrados, sonho sem fronteira
Tarde muda, do tempo, hora vencida
Na imensidão bem além da porteira
E nesta doce pureza a tarde caída
Que poisa hora serena, por inteira
As tardes, tecendo hora perdida...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
DESAFETO
Sempre estive aqui, sim.
você que não encontrou,
ou fingiu que não achou,
e ainda chegou atrasado.
Não precisa se desculpar,
de nada vai adiantar.
o atraso já se contabilizou,
e o meu coração cansou de esperar.
A estrada era longa
e o endereço sempre foi o mesmo.
o caminho era muito fácil,
Não havia chance de erro.
Não vou implorar para ficar,
A casa não é sua.
Se te incomodar
A porta aberta é a serventia da rua.
Já vai? É melhor sair pelos fundos,
A sua partida será esquecida
em apenas cinco segundos.
SOFRÊNCIA
Depois de você
A vida passou a saber
Como é vasta a imensidão
Da noite com solidão
Que horas são?
Que importância tem
Se minha saudade vai além...
Sem você, também,
Me perdi nos por quês
A angústia ficou à mercê
Depois de ter você
Felicidade é querer em vão
Pela rua migalha a emoção
Sem você!
Tudo é sofrência
Num coração de aparência!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
ALVORECE DE NOVO NO CERRADO
Alvorece de novo o alvorecer no cerrado
Em cada manhã nasce um novo amanhecer
Num novo dia, outra vez de novo, a haver
De um renovo do velho pro novo, airado
E nesse amanhecer de um novo romper
Quero ser o novo, e do velho desanuviado
Dos gestos gastos deixá-los no passado
Desabrochando o ser prum novo querer
Assim, nesta festa do novo engrinaldado
Deste cada novo amanhecer... o reviver
Em botão, florescendo, amor engalanado
Então, quero crer, no novo, ao amanhecer
Metamorfoseando a vida no novo denodado
Onde amanhece o novo a nos surpreender
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano
Talvez a gente se esbarre
Numa destas confusões do sentimento
Onde o tempo no tempo nos agarre
E nos carregue nos olhares do pensamento
Luciano spagnol
Cerrado goiano
SONETO TRISTE II
Eu estou assim: da tristura cativo
Intrusivo num túnel dum calvário
Rodeado de sentimento solitário
Mesmo entre olhares como vivo!
Do peito rezam vozes num rosário
Da casa um silêncio tão opressivo
Frio, sem graça e, sem incentivo
Que lá fora fracasso no itinerário
Olho-me num soluço pensativo
E vejo sonhos perdidos no diário
Desfolhado num jardim subjetivo
E me pergunto: por que o cenário?
Quando é meu tempo? Respectivo!
Pois, se o tempo no tempo é vário!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
05/02/2017
Cerrado goiano
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