Poemas de Luto
Navegar pelas ilhas e cayos
ao norte da enseada até
alcançar o Cayo Simea tem sido
a maior aventura desta vida.
Parar, respirar e respirar
por um e mergulhar
no silêncio quebrado pelo mar
e seguir até a Enseada dos Corais.
Não quero saber o quê passa
ao redor e neste Mar das Antilhas
deixar a vontade o nosso amor.
Cada um que aprenda a viver,
nós dois temos mais o quê fazer
e não temos mais tempo a perder.
" IN MY MIND "
Ainda és tu, presente ao pensamento,
a me agitar o amor a todo instante
qual se o viver não fosse-me o bastante
pra tão intenso e forte sentimento!
Aqui comigo, ainda presente, amante
e cúmplice de todo o meu tormento
já que, a paixão, tornou-se sofrimento
se te manténs ausente e tão distante.
Errei, eu sei… E não tive o perdão
que me traria a paz ao coração!
E tudo não me sai, enfim, da mente…
Presente em pensamento, aqui comigo,
concedes, para o amor, o teu abrigo
pra sermos um agora e eternamente?
Na véspera do aniversário
da Cidade de Rodeio,
Divirto-me com a aurora vespertina
com misteriosamente vestida
de encantamento com a vida.
Tudo dos oitenta e oito floresceres...
O sino da Igreja Matriz
São Francisco dá bom dia,
é hoje que a nossa Cidade
de Rodeio brinda aniversária.
O canto dos pássaros
coloca aurora matutina
para dançar aqui que
é o nosso bonito lar.
Os sonhos de erguê-la
vieram de longe pelo mar,
e são motivos para homenagear.
Temos sonhos e borboletas
oitenta e oito neste lugar,
e muito o quê se orgulhar.
" COBRA "
O que será que viu? O que é que pensa
pra ter essa postura expressa (ou não)
de quem traçou sua própria conclusão
enquanto que, a verdade em si, dispensa?
Só dá valor à própria conclusão
dizendo que a dos outros não compensa
e nem percebe ser, isso, uma ofensa
a quem diverge da sua opinião.
Traz crítica no olhar, assim, de graça
enquanto que em seu julgamento traça
o que seu ego exige por sentença…
Sei lá o que é que viu! É cobra atenta
que, com veneno à vista, se apresenta
sem ter fato ou verdade que a convença!
" LUTE "
A vida é uma constante e longa espera
pra quem não tem ideia pra onde ir!
Não há momento aqui nem no porvir
que dê suporte a quem não se supera.
Quem fica, pois, sentado, a se iludir,
a própria sepultura cava e gera
pois existência alguma, assim, prospera
sem luta pela causa de existir.
Par’onde queres ir? Qual a razão
que faz pulsar, enfim, teu coração
e que alimentas com total fervor?...
Levanta! Sai da espera que te prende
e lute pelo que é que te surpreende
pois que te aguarda, ao certo, ao fim, o amor!
" PEREGRINA "
A tarde estava quieta, pensativa,
olhando a insensatez da humanidade
com que ela conviveu na tenra idade
e viu perder-se egoísta, vil, lasciva…
Se entristeceu sabendo a brevidade
do tempo que teria a chama viva
por sobre os homens que, o de mal, cultiva
sem perceberem ir-se a eternidade.
Deixou-se desmanchar trazendo a noite
a salpicar estrelas neste açoite
de um coração dorido e maltratado…
Insana humanidade! Triste sina
aos olhos de uma tarde peregrina
que a vê vagar, sem rumo, o amor lhe dado.
Homem desavesso
Gasto os olhos nas miudezas.
Desimporto razões.
Coleciono restos de tarde,
palavras que caem do telhado.
Envelheço no passo do sol,
desbotando feito roupa no varal.
Quando a luz se gasta no chão,
fico pronto ao poema.
No escuro, me encontro,
feito bicho que só escuta o silêncio.
É no avesso do mundo
que entro em estado de poesia.
Carpideira para fazer
que o defunto
tem que descansar,
Alguém já descobri
que era preciso ter,
O mundo mudou
e hoje ninguém
mais vai encontrar,
Ao menos escrevi
um poema para lembrar.
...
Uma porção bem feita
de Carne-do-Sertão
para ganhar o seu coração,
Você não vai conseguir
resistir por muito tempo não.
...
Caminhando pela estrada
eu vi o Carneiro Encantado
com a sua estrela cravada
de brilhantes na testa,
Fiquei intrigada e segui
adiante espalhando pela terra.
" JEITO "
Tu tens o jeito teu, tão teu somente,
que me fascina e encanta (com certeza)
de tu'alma revelando-me a beleza
com fúria, às vezes, noutras, docemente.
Talvez o estilo dado à realeza,
ou essa forma tua, contundente,
de estar sempre sorrindo alegremente
quer mesmo quando o embate é com dureza.
És criação sem par igual! Pois feita
de forma, assim, tão única e eleita
a ser, do mais, bem diferenciada…
É o jeito teu, tão teu, que me fascina,
me prende, me acorrenta e me alucina…
Imagem sempre eterna, em mim, guardada!
" ESCONDIDO "
Do amor, vaga nas sombras, escondido,
seguindo em seu disfarce improvisado
temendo pôr alguém, junto, ao seu lado,
talvez por ter, seu coração, ferido!...
Repulsa tem de, um dia, ver-se achado
nos braços de um desejo seu querido
e se encontrar, pela paixão, rendido
por novamente, louco, ter amado.
Prefere, então, manter-se em seu segredo
fugindo o tempo todo nesse medo
de que o amor, de novo, o reconheça…
Assim, vaga nas sombras, lá, sozinho,
fugindo de outro alguém no seu caminho
e crendo que não mais, amar, mereça!
" DESAPONTO "
O que há de livre nessa curta vida?
Nós somos prisioneiros do inconsciente
que, sem fazer notar-se, está presente
em toda decisão nos pretendida!...
A liberdade, pois, não lhe faz frente!
A nossa essência jaz, morta, escondida
e, oculta, faz-se plena por perdida
nas confusões reais da nossa mente.
Nós nos mostramos numa falsa imagem
e nos expomos como que em miragem
pra parecermos livres neste conto…
No inconsciente presos, na verdade,
quão falsa, pois, nos soa a liberdade
que, ao fim, só gera a dor do desaponto!...
" EXPLOSÃO "
Numa explosão de cor, morre o meu dia
crepusculando a tarde nessa estrada!...
A mente lhe acompanha a paz, cansada,
distante da paixão e sua euforia!
Mas perto faz-se a eternidade doada
e sinto que o caminho já se esfria
sem dar-me carta alguma de alforria
dos meus pecados na alma depravada.
Que fiz deste que sou? Cumpri o destino
ou simplesmente vim, num desatino,
apenas existindo e não vivendo?
Morre o meu dia em explosão de cores…
Morrer eu sinto a vida, os meus amores,
enquanto apenas vou sobrevivendo!...
Olhar e perceber
no teus olhos
que a vida é bela,
Preparar uma Cartola
e jogar canela.
...
Não andar por aí
por enquanto
no meio da mata
para não se deparar
com o Caruara
e não tomar flechada.
...
Por favor, meu senhor!
Só me arruma uns quiabos
para fazer pro meu amor
o melhor Caruru que ele
irá provar e se apaixonar,
e irá pro mundo todo cobrar.
...
São Cosme e São Damião
sempre costumam me lembrar,
que devo me animar e preparar
o melhor Caruru-dos-Meninos
e o Caruru-dos-Grandes
para com os nossos festejar,
e que todos os cantos
ancestrais devemos relembrar.
...
O som do Catacá amazônico
não apagou da memória,
Não adianta me enganar
porque eu conheço a História.
Aprender a observar os próprios
naufrágios como quem está
em Cayo Nordisquí,
descobrir corais e se alegrar.
Nada pode parar quem tem
vontade de seguir em frente
com os seus sonhos navegando
porque sabe onde quer chegar.
Tenho o balanço do Mar do Caribe,
a fúria e a mansidão do vento
que tudo pode pôr em movimento.
Em tudo coloco a alma e o coração
com os pés na Terra e na mente
no Universo sem me perder da tua direção.
" BALANÇO "
Quão frágeis são os fios desse balanço
que, aos sonhos meus, me dão sustentação
continuamente ornando uma ilusão
de ser tão bela a vida em que ora avanço!
São tênues esperanças na amplidão
deste universo, a dar-me de remanso
conforme, no futuro meu, me lanço
tocado pelo amor no coração.
De que se rompam, pois, tenho temor
e que me lancem para esse amargor
de, aqui, viver sem sonhos e esperança…
Balanço sustentado em frágeis fios
acima de rumores meus, sombrios,
e o medo que se rompam, sim, me alcança!
" LABAREDAS "
Eis que a paixão em mim se fez guerreira,
disposta a conquistar amplo terreno
e o amor, antes pacato, enfim, sereno,
entrou na luta a dois, por brincadeira!
E reviraram meu mundo pequeno
botando fogo nessa sementeira
até romper as raias da fronteira
entre a razão e os males que condeno.
Selvagem e agressiva, essa paixão
não mais poupou, da dor, meu coração
e, o amor, fincou bandeira à propriedade…
Ruí, ante seus pés, por derrotado,
e, nesse fogo ardente, consumado
há labaredas vivas de saudade!
A aurora vespertina
quando tinge o rebanho
das ovelhas de algodão-doce
sobre a amada Rodeio
e o nosso Pico do Montanhão
oferece um momento
de encher os olhos e o coração
muito além deste tempo
que ninguém mais presta atenção.
Escutar
Temos que aprender a escutar!
É escutando que as tradições são ensinadas, escutar é te ensinar a respeitar, escutar te mostra que para aprender é necessário humildade.
Você pode ter muito a dizer, mas sem aprender a escutar, suas palavras não valem nada.
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