Poemas de Luto
O amor é o carinho,
É a luz que ascende na escuridão
É a chuva que molha a terra
Sobre essa imensidão
Na incerteza mais que certa
Que sinto no meu coração.
Encontrei a felicidade
Tenho certeza que virão dias difíceis novamente
E com obstáculos maiores
Mas essa tempestade que passou me fortaleceu
Esse é o importante
Sempre que cair
Levante mais forte
E tenha certeza que o sol volta a brilhar
E bem mais forte que antes
Bom esse poema vai ser uma ponte
Entre a felicidade e a tristeza
Depois que cheguei no mundo da felicidade
Percebi que valeu o choro e também a coragem
E aí? Tá pronto pra vim comigo curtir esse mundinho?
Venha porque é lindo e tá faltando apenas o seu brilho
A solidão não me incomoda.
Incomoda-me o medo
que as pessoas têm dela.
Até para orar
comprimem-se
em multidões amorfas
e berram sua infelicidade
rumo ao nada.
Prefiro seguir só...
Pergunto-me como te vais sentir
quando descobrires
que fui eu que escrevi isto em vez de ti,
que fui eu que me levantei cedo
para me sentar na cozinha
e mencionar com uma caneta
as janelas ensopadas pela chuva,
o papel de parede com heras,
o peixe-dourado circulando no aquário.
Vá lá, dá a volta,
morde o lábio e arranca a página,
mas, escuta - era só uma questão de tempo
até que um de nós casualmente
reparasse nas velas apagadas
no relógio murmurando na parede.
Para além disso, nada ocorreu nessa manhã –
uma canção na rádio,
um carro assobiando na estrada lá fora –
e eu simplesmente pensando
no saleiro e no pimenteiro
colocados lado a lado num mantel individual.
Perguntei-me se se haviam feito amigos
depois de todos estes anos
ou se ainda eram estranhos um para o outro
como tu e eu
que conseguimos ser conhecidos e desconhecidos
um para o outro ao mesmo tempo –
eu a esta mesa com uma fruteira de pêras,
tu encostado algures na entrada de uma casa
junto a umas hortênsias azuis lendo isto.
CONSTELAÇÕES
Sim, aquela ali é Orion,
os três orificios do cinto
nitidamente enfileirados para lá do horizonte.
E se te virares podes ver
Gémeos, muito nítida esta noite,
os gémeos com o olhar perdido no espaço como sempre.
Aquele grupo um pouco mais acima no céu
é Cassiopeia sentada na sua cadeira astral
se não estou em erro.
E mesmo acima de nossas cabeças,
não parece Virgínia Wolf
deslizando ao longo do Rio Ouse
na sua canoa insuflável?
Vês o sombreiro de aba larga e além,
a silhueta do remo, levantado, gotejando estrelas?
OUTRA RAZÃO PARA EU NÃO TER UMA ARMA EM CASA
O cachorro do vizinho não vai parar de latir.
Ele está latindo o mesmo alto, rítmico latido
que late todas as vezes que eles saem de casa.
Eles devem ligá-lo na hora de sair.
O cachorro do vizinho não vai parar de latir.
Eu tranco todas as janelas da casa
e toco uma sinfonia de Beethoven no máximo
mas ainda posso ouví-lo abafado pela música,
latindo, latindo, latindo,
E agora posso vê-lo sentado na orquestra,
seu focinho confiantemente erguido como se Beethoven
tivesse incluído na partitura o cachorro latindo.
Quando o disco finalmente acaba ele continua latindo,
sentado ali na seção de oboés latindo,
seus olhos fixos no maestro que está
lhe regendo com a batuta
enquanto os demais músicos ouvem em respeitoso
silêncio o famoso solo de cachorro latindo,
aquele trecho infindável que primeiro consagrou
Beethoven como um gênio criativo.
Para ti, enquanto fores
Sempre será eterna a minha decisão
fiz uma escolha consciente
de nunca te esquecer,
de nunca te trair ou te enganar.
Se é amor, talvez nem eu saiba dizer
o amor não se explica, é um milagre
feito de mel, azeite e trigo
tu és a dona do meu atual viver
a casa para onde volto e encontro abrigo.
Festejamos todo dia a melhor porção da vida
com música suave, com o vinho-amigo.
Traçamos uma rota segura
com o mapa do amor
com a bússola da verdade
chegaremos ao destino,
onde espera-nos sorrindo
a flor da eternidade!
Evan do Carmo
Quantas vezes precisamos
Engolir o choro
Impedir as lágrimas
De rolarem
No rosto
Antes mesmo de elas saírem
Dos nossos olhos
Pra não abaixar a cabeça
e travar a caminhada
Perder tudo e voltar ao início
Duro até chegar onde parou
E ter de recomeçar
Não falo que é triste recomeçar
Mas é triste perder todo o esforço
Pra deixar cair a lágrima no rosto
Para padecer e sofrer
Novamente
Erga a cabeça
E olhe para frente
Não deixa quem tá do lado te desanimar
Continue caminhando
Faça isso sem nem olhar
Para aqueles que te desanimam
Só olhe para o seu motivo
Aquilo que te dá força
Para caminhar
Sei que as pernas estão cansadas
A mente tá pesada
O coração tá sozinho
Mas se você tiver fé e crer em si mesmo/mesma
Nada vai te parar
E se parar,
Que seja para descansar
Que no dia seguinte
Uma longa jornada
Vai estar pronta, a te esperar.
Que o brilho dos seus olhos
Ilumine o seu caminho
E te dê força para lutar.
pq tu de novo?
pq derrepente depois de tanto tempo tu resolver dar um olá?
pq não continuou seguindo tua vida sem mim?
me diz, pq tu fez isso?
dizem que amor vai e volta
dizem que amar é uma coisa tão profunda que sempre vai estar ali, sempre é amor
me diz, o que é amor pra vc?
é estar ou simplesmente deixar ir?
o amor é uma coisa leve e pesada ao mesmo tempo sabe
é aquela coisa que te completa mas não era pra ser, pelo menos no momento não
é aquele frio na barriga né?
aquela sensação de sentir o calor da tua pele
o teu cheiro e aquilo complemente virar tudo ali
mas será que é apenas isso?
na minha percepção tem dois lados sabe?
deixar ir é uma opção, muito da difícil não acha?
é complicado, amar alguém antes de nos amar, vc acha certo?
é complicado a maneira que eu me pergunto se realmente foi amor, se é amor.
nunca me perguntei antes, pq sabe, é complicado
deixar ir é bem uma opção, é complicado demais
e o apego? será q ele existe?
e é, isso tbm é complicado mas confesso que não consigo lidar com ele, pq não tentar deixar ele de lado?
e mais uma vez é complicado né?
espero que dessa vez conseguimos cortar na raiz sabe?
é complicado né? sei disso, sabemos disso
pode ser egoísmo da minha parte ou ache como for, minha saúde mental precisa de mim e isso eu não posso deixar de lado, sabe?
e olha que bizarro mais uma vez é complicado
mas por mais complicado que a vida seja isso não da pra deixar tudo isso, então eu te convido a ir de vez e por amor ou apego como quiser chamar, por amor a minha pessoa, vá e não volte.
O tempo adiado
Vêm aí dias piores.
O tempo adiado até nova ordem
surge no horizonte.
Em breve deves amarrar os sapatos
e espantar os cães para os charcos.
Pois as vísceras dos peixes
esfriaram no vento.
A luz da anileira arde pobremente.
Teu olhar pressente a penumbra:
o tempo adiado até nova ordem
desponta no horizonte.
Do outro lado afunda tua amada na areia,
ele sobe-lhe pelo cabelo esvoaçante,
ele corta-lhe a palavra,
ele ordena-lhe silêncio,
ele encontra-a mortal
e pronta para a despedida
depois de cada abraço.
Não olha para trás.
Amarra teus sapatos.
Espanta os cães.
Joga os peixes ao mar.
Anula a anileira!
Vêm aí dias piores.
Enigma
Nada mais vai chegar.
Mas também o verão – e tudo o que tem nomes tão bons
quanto “veraneio”–
nada mais vai chegar.
E não hás de chorar por isso,
diz a música.
Nada
mais
foi
dito.
No Mapa
Pelo litoral
ficou
de norte a sul
nagô.
Ficou no Recife:
xangô.
Na Bahia ficou:
candomblé.
No Rio grande é o que?
– Batuque, tchê.
Filho de santo
de bombacha,
Ogum
comendo churrasco:
jeito
gaúcho
do negro
batuque.
Sou
Sou a palavra cacimba
pra sede de todo mundo
e tenho assim minha alma:
água limpa e céu no fundo.
Já fui remo, fui enxada
e pedra de construção;
trilho de estrada-de-ferro,
lavoura, semente, grão.
Já fui a palavra canga,
sou hoje a palavra basta.
E vou refugando a manga
num atropelo de aspa.
Meu canto é faca de charque
voltada contra o feitor,
dizendo que minha carne
não é de nenhum senhor.
Sou o samba das escolas
em todos os carnavais.
Sou o samba da cidade
e lá dos confins rurais.
Sou quicumbi e Moçambique
no compasso do tambor.
Sou um toque de batuque
em casa gege-nagô.
Sou a bombacha de santo,
sou o churrasco de Ogum.
Entre os filhos desta terra
naturalmente sou um.
Sou o trabalho e a luta,
suor e sangue de quem
nas entranhas desta terra
nutre raízes também.
Cabelos que Negros
Cabelo carapinha,
engruvinhado, de molinha,
que sem monotonia de lisura
mostra-esconde a surpresa de mil
espertas espirais,
cabelo puro que dizem que é duro,
cabelo belo que eu não corto à zero,
não nego, não anulo, assumo,
assino pixaim,
cabelo bom que dizem que é ruim
e que normal ao natural
fica bem em mim,
fica até o fim
porque eu quero,
porque eu gosto,
porque sim,
porque eu sou
pessoa negra e vou
ser mais eu, mais neguim
e ser mais ser
assim.
Ser e Não Ser
O racismo que existe,
o racismo que não existe.
O sim que é não,
o não que é sim.
É assim o Brasil
ou não?
Escrever é abrir a alma,
diluindo o pensamento,
seja ficção ou realidade,
sempre será um alento
Escrever não é brincadeira,
rabiscar com ou sem meta,
um escritor age de maneira
à ser correto e esteta
O tempo passou
O amor diminuiu
Oque um dia foi lindo
O nevoeiro encobriu
E um sentimento forte e persistente
Quando me deito na cama
Você vem na minha mente
Mas eu não vou começar a chorar
Como tudo na vida
Isso tende a acaba
Então no final
Deixarei de estar mal é ficarei bem
Mesmo amando você como nunca amei ninguém
O que o médico disse
Ele disse não parece bom
ele disse parece mau aliás muito mau
ele disse eu contei trinta e dois deles em um pulmão antes
de parar de contar
eu disse fico feliz não ia querer saber
que tem mais do que isso lá
ele disse por acaso você é religioso você se ajoelha
em bosques na floresta e se permite pedir ajuda
quando encontra uma cachoeira
a névoa soprando contra seu rosto seus braços
você para e pede clareza nesses momentos
eu disse não mas pretendo começar hoje mesmo
ele disse sinto muito ele disse
gostaria de ter outro tipo de notícia para dar
eu disse Amém e ele disse algo mais
que eu não entendi e sem saber mais o que fazer
e sem querer que ele precisasse repetir aquilo
e que eu realmente precisasse digeri-lo
apenas olhei para ele
por um minuto e ele olhou de volta foi então
que me ergui num salto e apertei a mão daquele homem que
acabara de me dar
algo que ninguém no mundo jamais tinha me dado
talvez eu tenha até agradecido por força do hábito
pelos grandes bulevares
[do lado de dentro]
o que ela vê quando fecha
os olhos? linhas sinuosas, um mapa
feito à mão, parece uma pista vista de cima –
os campos cortados ou poderia ser
uma sombra riscando o verde quando passa
lá no alto.
o que ela vê quando
olha em linha reta tentando
descrever
a garota que conheceu no café?
a transformada de
wavelets ou um peixe-lua-
-circular em uma região abissal.
não é nada abissal
estar nesta superfície,
você quis dizer de vidro? esférico?
ou um animal marinho em miniatura:
um polvo de 1 mm?
o cinema é 24 vezes
a verdade por segundo. este segundo
poderia ser 24 vezes a cara dela
quando fecha os olhos e vê.
[de fora]
não é por falta de repetição, mas não
encontrava a palavra exata.
o que ela vê não sabe e tudo fica tremido
se fast forward.
agora fecha os olhos para
entender, para ir mais
devagar.
não se perde alguém por duas
vezes, era o que achava
mas a essa altura chego no mesmo terminal
duas semanas depois e a cena se
repete.
– você está tendo um problema
de realidade, ele cochichou.
– qual é o desastre desta vez?
o que ela vê ao abrir a
claraboia? ao bater aquela foto da
ponte ou quando lê
a legenda:
“nos abismos a vida é submetida
ao frio, escuridão, pressão.
oito mil metros de profundidade”
uma montanha
ao contrário.
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp