Poemas de Luto
DISCUSSÃO
Dizem os sábios,
talvez com justa razão,
que não se deve discutir,
política e religião
Penso que tudo isso é utopia
pois o homem não viveria
sem uma boa discussão.
Somos bons com as palavras
para ferir e acalentar
assim como a natureza
temos dom de destruir
e também de recriar.
Eu sou bom com as palavras
tenho a fagulha certa
para um fogo iniciar
sou capaz de trazer paz
para um coração sofrido
ao passo que sou perito
para flechas atirar
naquele que não comunga
do meu modo de pensar
Eu sou bom com as palavras
todavia, a culpa não é minha
não fui eu quem as inventou
a culpa é da humanidade
que tantas armas forjou
fez do verbo a lâmina fria
e a minha garganta cortou.
Eu não te ordeno, te peço,
Não é querer, é desejo;
São estes meus votos - sim.
Nem outra cousa eu almejo.
E que mais posso eu querer?
Ver-te Camões, Dante ou Milton,
Ver-te poeta - e morrer.
Ela! minha estrela, viva e bela,
Que ameiga meu sofrer, minha aflição;
Que transmuda meu pranto em mago riso.
Que da terra me eleva ao paraíso...
Seu nome!... Oh! meus lábios não dirão!
Nas Praias do Cuman / Solidão
Aqui na solidão minh'alma dorme;
Que letargo profundo!... Se no leito,
A horas mortas me revolvo em dores,
Nem ela acorda, nem me alenta o peito.
No matutino albor a nívea garça
Lá vai tão branca doudejando errante;
E o vento geme merencório - além
Como chorosa, abandonada amante.
E lá se arqueia em ondulação fagueira
O brando leque do gentil palmar;
E lá nas ribas pedregosas, ermas,
De noite - a onda vem de dor chorar.
Mas, eu não choro, lhe escutando o choro;
Nem sinto a brisa, que na praia corre:
Neste marasmo, neste lento sono,
Não tenho pena; - mas, meu peito morre.
Que displicência! não desperta um'hora!
Já não tem sonhos, nem já sofre dor...
Quem poderia despertá-lo agora?
Somente um ai que revelasse - amor.
Poeta eu não sou.
Não sou poeta nem ao menos sei escrever, mas conheço de amor
Dores que me fez sofrer, conheço de sentimentos não correspondidos
Conheço de frases não faladas ou não ouvidas,
Conheço de magoas não apagas e ressentidas
Mas o que mais conheço é o recomeço, pois não existe amor sem recomeço,
Não existe feridas sem curas, cicatrizes sem marcas
Passados sem lágrimas,
Mas do que isso importa, não preciso ser poeta para expressar sentimentos em uma folha branca de papel, não preciso ser poeta para falar de amor, pois ser poeta não é escrever poesias e sim despertar sentimentos no pouco que se escreve com alma despertar naquele que lê não o que está escrito em uma folha papel, mas sim na poesia escrita em seu olhar que consigo ler com minha alma.
Realmente prefiro não ser poeta, pois é tão mais fácil colecionar palavras que não tenho coragem de usa-las, as vezes é mais fácil calar os lábios e abrir a alma.
Deixo o dom da poesia a quem escreve, me contento em ser apenas um simples amante do escreve minha alma e reflete os meus olhos.
" Vamos fazer história
devorá-la
com menta refinada e chiclete
salivas doces
encontrar o amor e fazê-lo acontecer
florescer antecipado
cair nas graças da vida...
Adeus-
Adeus, cá estou esperando
Venha aqui se despedir de mim
Eu estou tão saturado...
Olhe nos meus olhos, me impeça
Estou partindo agora
Se eu tenho certeza?
Juro que não pirei da cabeça
Adeus, o tempo parou perante nós
Até a lua se foi
deixando nós a sós
Me abrace forte, me conforta
Já vou indo para fora
Tu tem certeza?
De que não sente nada...?
Adeus, já estou longe agora
O dia está tão bonito lá fora
Me encontro além do mundo
Queria estar do teu lado
Mesmo que o mundo seja imundo
Se eu tive certeza?
É... talvez eu tenha pirado da cabeça
Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós se uniformara?
Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
ROSTO NA NOITE
(25.03.2019)
O rosto aparece na noite,
Roubando a liberdade de dormir.
E em pensamentos recebes as flores,
Cuja pétalas se espalham no chão
Meus olhos tentam se fechar,
Mas existe uma impossibilidade:
O fato de seus lábios me calarem.
OUTRA SAÍDA...
(26.03.2019)
Não me deste outra saída,
A não ser estar contigo...
Através da escrita e do pensamento.
Um mistério a se guardar no peito,
É a vantagem que tenho,
Nesta vida a qual revelo
Pequenas coisas do coração.
E de repente, percebo que estas nele!
Menina da roda gigante
Quer um mundo talvez sem gravidade
Sair e entrar sem precisar da porta
Um batom perfumado e um espelho que mude de cor
Quer voar
Mas ela procura mesmo a ação e a reação
E movimento porque por natureza nunca está parada.
Ás vezes finge ser quieta e só observa
MILAGRES DE UMA MULHER
(29.03.2019)
Milagres de uma mulher,
É sempre ser quem ela mesma é,
Sempre sendo feliz consigo,
E bela com sua alma.
Uma paz do qual lança calma,
Celebra a vida com plenitude,
E emana a luminosidade,
Através do seu próprio olhar.
matiz
arco íris no cerrado
está sorrindo o céu encantado
que há pouco chorou, aperreado...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2016
Cerrado goiano
Decepção à Regra
Sentar-me e
ver os outros passar é o
meu exercício favorito. Entretém.
Não esgota.
É gratuito. Neste meu jogo-do-não
são os outros que passam
(é aos outros que reservo a tarefa
de passar). Lavo daí os pés.
Escrevo de dentro da vida.
Pode até parecer que assim não
chego a lugar algum mas também quem
é que quer ir
ao sítio dos outros?
sinto muito calça jeans
parece que seguiremos
tropeçando juntas em nossas
costuras mal-ajambradas
enquanto ainda coubermos uma na outra
e o tempo
condoído
ainda couber em nós.
COMO CORTAR RELAÇÕES
Às vezes tesoura cega basta
noutros casos é preciso usar os dentes
o fio de uma peixeira a minúcia
de um canivete suíço
às vezes a substância é tão frágil que
com a ideia de um corte se desmancha
noutros casos há que cortar os mares
Milhares de passageiros
Milhares de passageiros
Com suas vidinhas insignificantes
Com um amor insignificante
Com amigos insignificantes
Chorando por suas vidinhas,agora
Levados um a um a guilhotina
Para um rei adora-te
Seu intrometimento infantil
Um rei cruel e mau
Alguns temem sua volta
Se voltar
Um rei mimado e mal
carnívora
a saudade não nos engana
sua chegada
faminta e soberana
só traz dores gigantes
no vinho carraspana
amantes mais que antes
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
você é meu maior confessionário
ontem, hoje e pra sempre
que o mundo se acabe,
menos a gente
- confissão
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