Poemas de Karl Marx sobre I Homem

Cerca de 144261 frases e pensamentos: Poemas de Karl Marx sobre I Homem

SENTIR SEM TI

Senti em mim
Até que enfim,
Que o dia
Quando nascia,
Era já noite para mim.

E assim, em sinfonia,
Se o fosse, eu completaria
O ciclo atroz da morte,
Que de outra sorte
Numa centelha de luz
Que mesmo apagada,
Reluz
Na madrugada,
Momento de enganar a morte,
Eu escolheria.

E daria
As voltas à vil tosa,
Engenhosa,
Manhosa,
Fantasiosa,
Folclórica
Esclerótica.

Essa feia patuta
Bruta
Infiel
Cruel
E já em desnorte.

Viva a vida
Morte, à morte!

(Carlos De Castro, in Poesia Num País Sem Censura, em 19-08-2022) ⁠

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

TRISTE QUIETUDE

⁠As árvores cansadas da dor
Deixavam cair seus braços tão tristes
E o sol castigava as pedras do chão
Como ferro quente a marcar o gado,
Na tarde já morta de sede.
Só uns cabelos de oiro
Esvoaçavam loucos na brisa infernal...
Eram os teus procurando os meus,
Na triste quietude da tarde defunta.
Fugiram os pássaros e tudo o que é vida
Da vida que tem sangue nas veias.
Dolorosamente, em prantos de cinzas
As árvores tornaram-se pó
E os ramos partiram-se numa chuva
De mil pedaços queimados.
O sol escondeu-se amedrontado;
A tarde e a brisa quente
Feneceram de saudade.
Só ficaram os teus cabelos de oiro
Sempre à procura dos meus,
Revoltos na triste quietude...
Mas tudo tão inútil.

(Carlos de Castro, in Poesia Num País Sem Censura, em 27-08-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠A POESIA QUE ANDA NO AR

Não te quero ver.
Enquanto em ti não houver,
Pombal aberto
De pombas a voar
Nos céus de sal,
Na paz com abraços
Estilhaços
De abraçar
A poesia que anda no ar,
Como estrelas prenhes
De estrelar.
Nos céus do mar
A abarrotar
Por inventar
Nostalgias,
Sem alegrias
De escrever
Para agradar.
É que depois,
Vem a inveja
Negra cereja
E a poesia anda no ar
Aos tombos.
Sem destino,
Porque o poeta é pequenino.

(Carlos De Castro, in Poesia Sem Censura Em Portugal Existe, no Brasil Não, em 03-09-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠ÉS TU

A pomba.
Da paz
Que não existe,
A não ser no dicionário
Antigo, a cair de podre,
Bafiento e de bichos
Repelentes,
Só lidos por cabrestões
De pitos de funil.

Escusas tu,
Minha pomba
Falsa,
De cor branca,
Comida pelos aventesmas
De mil palavras
De enganar,
Sim, tu:
Escusas de dar voltas
Nos ares a dizer
Que inventaste a paz,
Que ela, a paz, está feita
Em solfejos de mortes
Anunciadas.

E, cuidado,
És sempre tu a primeira
A abater,
Depois de mim,
Claro:
Eu, o agitador,
Conciliador.

(Carlos De Castro, " in Portugal Sem Censura, Brasil, Sim", Em 06-09-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

DIZ-ME NUM VÓMITO

Diz-me, porque estás triste ?
Amor rebelde, sem meu coração
Do sangue que pedias
Com a tua espada em riste,
Nessa mão,
Tremulando
Velhinha de emoção
Como a minha ficando
Apalpando o que não existe.

Diz-me, porque estás triste ?
Assombramento meu,
Sempre ao cimo da minha cama
De penas,
Tão apenas
Nas noites claras de breu,
Quando eu tinha medo de mim
Ao subir as escadas da cama musical
De bacanais infernal,
Que dizem ser ruim,
Até a do Orfeu.

Maldito seja eu
E quem me desafia
Em euforia,
Nesta noite tão só, tão fria,
Em que vou, sem vir
Mais que tempo de ir
Sem pena
Nem pensar
De voltar.

Diz-me, porque estás triste?...

(Carlos De Castro, " in Portugal Sem Censura, No Brasil, Sim", Em 06-09-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

NA VARANDA

⁠Dois, na varanda.

Duas cadeiras baloiçando
Como a brisa esvoaçando
Por entre macieiras sem fruto.

Ouvia-se a bola chutada por um puto
No sussurro da tarde triste
Que mesmo magoada resiste
Ao sonho do bem-amar
O que não existe
Na solidão dum olhar.

Dois, na varanda,
Duas cadeiras baloiçando...
Era só eu, num sonho que manda
E a nostalgia do vento brando.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 21-09-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠RISO DA MANHÃ

Sempre que rio pela manhã,
À tarde choro lacrimoso,
À noite vem o pranto doloroso
Com lágrimas que queimam,
Sulfúricas,
As minhas ilusões telúricas,
Sempre que rio pela manhã.

E neste signo de afã,
Eu prometi a mim mesmo:
Não rir mais pela manhã!

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por escrever, em 23-09-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

DOU-VOS

⁠A minha tonta cabeça.
Fazei dela bola de futebóis
Nas vossas disputas de álcoois.
Dou-vos os olhos quase mortos
Tristes e absortos.
Dou-vos o peito magoado
Sem jeito de construção
De um novo estrado
Para tapete de chão.
Dou-vos barriga e vísceras
Algumas com úlceras.
Dou-vos os braços e pernas
Já de ossos com cavernas.

Só não vos dou o meu coração
Esse órgão de eleição -
Já o dei a alguém
Que Deus tem -
Desde que nasci até então,
Àquela que me deu a vida
Sofrida,
À minha querida
Mãe!

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 26-09-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠DEMÊNCIA
Ela, vem de mansinho
Como gato matreiro,
Ronceiro,
À caça dum passarinho.
Anda, vem, não tenhas medo
Ladra dos seres pensantes,
Fazedora de cenas chocantes.
Anda, que eu fico quedo
Como uma estátua a rir de ti,
Aqui,
Sem medo.
(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 29-09-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠A TRAIÇÃO DOS DEUSES

Ele rezava confiante, até desfalecer
De joelhos num chão duro e frio,
Não suportando mais a dor do desvario,
Pobre idiota que cria sem nunca querer.

Rompia a memória em orações a arder,
Que repetia sem nexo como galo cantando
O nascimento de um dia inútil e nefando
Numa lengalenga só decorada, sem ler.

Ele era como eu na suposição de o ser,
No testemunho de um desabilitado
Dos deuses loucos e de mal feder.

Deu-lhes tudo e os do mudo planetário
Cá do burgo mundo por nós habitado,
Não merecendo tal traição em seu fadário.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 10-10-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠O MEU POEMA MAIS CURTO - o primeiro

Plantei uma árvore.
Sem enxada.
Não precisei de mais nada.
A não ser as mãos.
E a árvore.

(Carlos de Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 14-10-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠ A N D A

Anda comigo agora:
Mulher de chicote em riste.

Anda comigo agora:
Vaca senhora,
Que de mim te riste.

Anda comigo agora:
Cruel destino,
Que me torturas desde menino.

Olhai:
Vinde comigo agora,
No pouco que me resta
Nesta gesta
Pela curta estrada fora.

Andai:
Que lá ao fundo
Está o cutelo
Que há de decapitar
O imundo
Que fez chorar
Um poeta singelo.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 18-10-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠POETA PEREGRINO

Desce e sobe montes e vales,
Atravessa os mares e os rios
A seco, nos calores dos frios
Imune a todos os males.

Come pão das pedras na fome
Do horror dos tempos tardios,
Presentes futuros vazios
Sem dó sequer do seu nome.

Espetro negro, terço de reza
Nas estradas de um destino
Que os deuses, em pequenino
Lhe traçaram com dureza.

Deixem-no ir na correnteza
Das tempestades da vida,
Um poeta peregrino
Mesmo todo pequenino,
É gigante na pureza.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 24-10-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠TRISTEZA INFINITA

Que triste este sol
Hoje, neste outono.
Vede como chora
Agora,
O vento cerol
Colado a mim como dono.

Que triste é ser tão tristonho,
Como árvore que dá flor
Sem amor,
No outono,
Fadada a não medrar.

Que angústia vai neste olhar
Nesta sempre tristeza minha,
Infinita,
Que mesmo amordaçada grita
Pela liberdade de amar.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 28-10-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

O PIANO

⁠Há um piano
Que toca para mim
Sem parar,
Todo o ano,
De noite ou de dia
Como companhia,
Lá toca o piano.

Ele sabe que escrevo
A solo,
Como um tolo
Que se desvela
E canta à capela
Sem procurar relevo.

Bendito piano,
Quando me acompanhas
Nas poesias estranhas.

Maldito piano,
Quando tão solitário tocas
No silêncio das bocas
Com sono,
E me fazes chorar
Sempre que quero poetar
Nos dias tristes de outono.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 09-11-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠Quase sempre, o primeiro foco de infeção pela inveja e ciumeira de quem faz melhor do que eles, tem início no tecido da própria família dita de extensa, compreenda-se.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 11-11-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠NA TERRA DOS ESTARRECIDOS

Lá, na minha terra, gostam de mim,
Mas muito ao de longe,
Porque ao longe,
Assim
Feito num monge,
Não lhes calco os calcanhares
Nem lhes corto os discursos,
Iguais aos dos ursos
Arraçados de muares.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 23-11-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

BEIJOS DO DESERTO

Ele, só lhe pedia:
- Dá-me um beijo, se não morro à sede...
E ia desfalecendo...
Aos poucos, morrendo.
E ela, ao lado dele, atirava:
- Quem vai morrer, não precisa de beijo!
Ele então tropeçou,
Aninhou,
Levantou,
E caminhou
E cada vez mais dela se afastou...
Afastou...
Mais à frente ele encontrou
Um cato no deserto,
Que depois de aberto,
A sede dele matou.
E então correu, como proscrito,
Correu pelo deserto infinito...
Já não quis o beijo que lhe matava a sede.
Depois chegou ela e viu o cato.
O cato, já estava seco,
De facto,
Mirrado,
Como um cão esfaimado.
Mas ela para matar a sede
Beijou o cato,
Pensando beijar os lábios dele
E morreu...

Do beijo.

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 24-11-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠O MEU JARDIM

Tantas flores tenho nele dos meus amores.
A Abelha azul,
Que tem que estar virada a sul;
Agapantas
E Cardos sacripantas;
A Sábia ananás
De um vermelho voraz;
A De Jerusalém
Amarela, só por bem.
A da Sapatinha da judia
Descendo quando subia.
A Vi burno
De um branco em verde soturno;
A Alfazema,
Que tem odores de poema.
Amores perfeitos,
Que para mim,
Que não sou flor nem jardim,
Sempre foram imperfeitos.
Senhores, do mundo imundo
Onde me afundo:
Será culpa de mim?
É que eu nunca tive um jardim!
Nem flores,
Nem amores.
Sempre e só, me tive a mim!

(Carlos De Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 02-12-2022)

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

⁠OLHOS SEM LÁGRIMAS

Ai, se eu tivesse lágrimas para chorar...
Mesmo agora a brotar
Como duas fontes fortes, sem parar:
Eu inundaria os leitos
Secos dos rios,
E os peitos
Sem leite para amamentar
Os filhos com fome, já frios.
Ai, se os meus olhos
Sem escolhos,
Quisessem agora chorar
Copiosamente,
Amargamente,
Como ondas de fúria que brotam do mar:
Eu, regaria as flores do meu coração
Da paixão,
Tão tristes, tão coitadinhas
Cada vez mais a mirrar,
A secar,
Pobres tristinhas.
Ai, se eu tivesse outra vez lágrimas,
Já nem sabia chorar!

Carlos De Castro, In Há Um Livro Por Escrever, em 05-12-2022

Inserida por CarlosVieiraDeCastro

✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.

Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.

Entrar no canal do Whatsapp