Poemas da Juventude de Paulo Coelho
Nunca se esqueça de ouvir seu coração, pois ele mostra coisas que nem mesmo a razão é capaz de compreender.
Lealdade
Sê, ó amigo, como a cama
Que com a alta lealdade
Espera todos os dias sua ama
Sê, ó caro, como o nobre cão
Que mesmo maltratado
Tira seus donos da solidão
Age como o tronco caído
Mesmo sabendo que morrerá
É leal ao machado que o fará
Mas não sê como o fraco
Que chora quando sofre
E não cumpre seu trato
Ou o traidor imundo
Das palavras em vão
Do escárnio profundo
Cultiva a tua lealdade
E abre teu coração
Para a alma da bondade.
O espelho
Um labirinto misterioso e profundo
Encara os olhos atentos do homem
Indagando sobre si e o mundo
A poeira pisada do dia de ontem
E os passos incertos do ser
Abrem as portas para ele viver
Viver em si, em sua própria imagem
Olhando o espelho, e vendo seus olhos
A face da alma, uma grande miragem
A cortina se abriu, e veio a atuação
Sorriu e chorou, colheu os espólios
Mas quando se fechou, viu a enganação
O homem se via um grande rei
Mas o abismo do espelho o despiu
E revelou o ser oco e vil.
Paciência
Tenha paciência, meu amigo
Cultive esse bem da alma
Mantenha sempre a calma
E estará em paz consigo
Receba o ar da montanha
E ouça a sua música
Ouça a estranha melodia
Os tambores da África
Pinte a sua noite de branco
E se cubra com o manto
Que cobre as estrelas
E descobre donzelas
Não libere o monstro em você
Navegue com o tempo
Faça-se sempre viver
Voe com o vento
Sua alma é como uma grade
Que prende duas aves
A cinza da noite e a azul da tarde
É apenas sua a chave
Se a ave cinza voar
Sua música vai se calar
Mas se a azul o fizer
Você terá o que quiser
Então, alimente o seu bem
Viva para ir além
Espante a ira e a tristeza
E faça do seu mundo só beleza.
Nau frágil
O barco dos homens
É fraco e sensível
As velas logo somem
O medo é visível
Sobre tantas ondas
O céu estronda
Os homens navegam
Raios os cegam
Viva é a esperança
Mas ela está longe
Os navegantes não alcança
Um mosteiro sem monge
No limiar de sua luta
O barco enfim aporta
Mas na pedra bruta
A vida se vê remota
A triste nau frágil
Deitou ao fundo do mar
O triste naufrágio
Aos homens virou lar.
Ela chegou mais cedo do trabalho e o encontrou na escrivaninha. Desconfiada, perguntou como quem não queria nada:
- Oi amor!!! Escrevendo o quê?
- Mas já sabes!!! O Natal se aproxima. Cartinha para o Papai Noel!
- Amor, puxa tenho ficado quieta todos esses anos. Mas você já tem idade suficiente para eu te contar. Querido, Papai Noel não existe!!!!
- O quê? Lá vens tu com estas teorias de conspiração!!! Mamãe me ensinou. Ela não ia mentir para mim. Nem papai. Nem vovó.
- Meu bem, nunca reparaste que teus pedidos pararam de ser atendidos? Eram teus pais quem comprovam os presentes.
- Como és má. Não tens confiança na humanidade. Achas que nossos governantes iam deixar enganar as crianças inocentes?
- Amor! Olha, vou te dar um argumento. Como pode ter um Papai Noel em cada Shopping Center. Nunca se perguntou isso?
Ele a olhou incrédulo, apertando os olhos de raiva.
- Para com isso!!! Queres me convencer porque razão? Não vais abalar a minha fé. Daqui a pouco vais começar com aquela ladainha do Coelho de Páscoa que não põe ovos de chocolate. Estou de mal e vou falar para Papai Noel não te trazer nada esse ano.
Como dizia meu amigo zé banana:
vamos fazer o "retorno" pra "voltar"?
Ai,ai,ai, a cabeça já era um bar.
Só cachaça...
A vida é como um livro de romance,
após estar nos últimos capítulos,
entende-se o significado de todo o percurso
Quem mente ou engana da o direito,se ser enganado em dobro,
o mesmo que você faz com alguém,outros farão com você,
mesmo que um ato não justifique o outro.
TRAGO
Atrás de toda essa fumaça,
trago a esperança.
Depois de tanta dor,
trago o esquecimento.
O passado me preenche
Me arde a garganta
Perfura meus pulmões
Me foge pela boca.
Enquanto isso o presente queima em minhas mãos,
Virando cinza, me escapando entre os dedos
Fugindo para se fundir ao vento
Usando duras palavras para se guiar.
E nisso trago
Trago dores e amores
Trago a vida
Trago o tempo
Deixo-me queimar
A amizade
A verdadeira amizade
Duas almas sem maldade
Um prisma de todas as cores
Em que não há a cor das dores
Uma companhia para a vida
Sorriso nos bons momentos
E um ombro de olhos atentos
Na tristeza e na alegria
De que vale grande riqueza
Ou até a mais alta beleza
Se caminhas na tua solidão
Sem amigo para ter como irmão
Lembra então, meu caro ser
Que quando tua vida ceder
Teus amigos contigo estarão
Caminhando juntos à imensidão.
O tempo
O broto puro da terra sai
Enquanto a folha madura
De velha e triste se vai
No louvor de sua altura
O tronco se entrega à escuridão
Deixando felicidade alguma
O lento e súbito clarão
Dos anos que a terra consome
Do belo à sua podridão
A implacável fúria invisível
Ainda viva enquanto dorme
Faz o silêncio audível
O furacão que o céu tocava
Vai do branco ao torto cinza
A uma brisa fria que se acaba
E o destino que se realiza
Ergue a tumba de sua era
Velando a dor que avisa
A doce morte e sua adaga
Ao que um dia do sol vivera
Fadado agora à eterna amargura.
O céu
A noite solar, o dia lunar
Água de prata ao mar
O vento que voa frio
O raio que nuvem partiu
O crepúsculo aos olhos
Resplandece as rochas negras
E os que desciam mórbidos
Ascendem às doces sedas
A suprema obra majestosa
Que tudo alcança, tudo vê
E a ti, nu, faz à mercê
De uma vasta nuvem gloriosa
As harpas da deusa estrelada
Cantam às flores azuis
E a bela deusa dourada
Fulgura em seu leito de luz.
O Vazio
Fala pra mim, ó vazio
O que é que tu tens
Que faz de todos bens
Um nada mais que vil
A letra já é numero
O papel já é manchado
E a mancha já escura
Faz do nada algo bordado
Num ombro todo o ouro
No outro a beleza
No meio nenhum louro
Só a nuvem de tristeza
E na longa estrada que desce
Guiado por ti, podre vulto
O ser outrora culto
Fecha os olhos e obedece.
O Herói
Os tambores da luta gritaram
E os sinos da terra tocaram
Dos deuses a grande fúria
Veio o fim da eterna injúria
O menino da nuvem nasceu
Com a adaga divina em mãos
E quando a sombra cresceu
Lutou ao lado de irmãos
As árvores da vida choravam
E os rios da morte cantavam
O lobo noturno era atroz
E a flecha de fogo veloz
O homem do menino veio
E a adaga à espada luziu
O mal que era inteiro
Tornou-se um fraco vazio
As lanças e escudos se ergueram
A esperança num belo clarão
Os ossos das trevas tremeram
Perante o poderoso guardião
Por anos lutou pelos campos
Montanhas do medo livrou
Por mares e rios navegou
Quebrou os mais altos encantos
Dos reinos tomou a coroa
Dos homens virou o senhor
Da era tornou-se a proa
Das sombras tornou-se o terror
Mas o tempo sua glória abalou
Na vasta planície de ouro
Sua última batalha lutou
E sucumbiu a coroa de louro
Seus feitos e honra viveram
E o herói foi sempre louvado
Como o rei do trono dourado
Cujos anos nunca morreram.
O Anjo Negro
Anjo negro, estrela do crepúsculo
Fala agora onde estás
Tira minha alma desse reduto
Pois somente tu me alegrarás
Estende tua mão agora
Tira de mim esse peso
Não deixa que nasça a aurora
Mata esse medo
Por sobre o chão de pedra negra
Eu logo hei de caminhar
E a luz que passa a fina seda
Com minhas mãos hei de apagar
Me envolve em teu abraço
E me dá com a adaga forte
Faz do meu passo
A casa de tua sorte.
Crepúsculo do Mundo
Onde está a espada?
Onde está a coragem?
A princesa encantada
O salvador de passagem
O tempo já levou
Ou a verdade se encarregou?
Sendo a areia ou a visão
Findaram a bela criação
Onde está a doce arte?
As linhas fortes da alma
Ou o som do sol da tarde
Sofreram dor ou trauma?
A sinfonia alta e regente
Fugiu do encontro com a aurora
A flauta que erguia a serpente
Fez dela uma sombra de outrora
Onde está o sábio
Aquele da mente hábil?
Outra vítima do humano
Que fez da coruja um pelicano
O mestre dos quatro elementos
Já fraco, menor e antigo
Fez do vácuo profundo um amigo
E sumiu como um grão aos ventos
Onde está o rei guerreiro?
O senhor da honra e da glória
Sucumbiu no ouro da vitória
E o nada virou seu inteiro
A torre dos homens caiu
E a árvore da vida secou
O leão das sombras rugiu
Quando a cova do mundo fechou.
A janela
O belo símbolo da esperança
A que traz a luz e o vento
E o doce riso da criança
O velho que olha de dentro
A moça que fica debruçada
Olhando as vidas da calçada
O pássaro nela se senta
E a beleza dali aumenta
Com seu mais puro canto
Olha para fora da janela
E faz dela a tua porta
Para um mundo de encanto
Curarás qualquer mazela
Ou árvore que cresça torta
Tu verás um outro lado
Poderás lançar o dado
Com a tua sorte a testar
E com o pássaro a cantar.
A ponte da vida
Aos passos vagos e curtos
O homem na longa travessia
Enfrenta todos os vultos
Das ideias ele se sacia
As pontes da própria mente
Que ligam o gênio presente
Em sua genialidade total
Essa tão viva e também fatal
Ele atravessa a árdua ponte
As dificuldades do caminho
Endurecerem sua fria fronte
Fazem da água o vinho
O filósofo cumpre seu destino
Eleva-se ao saber divino
À outra margem tendo chegado
Vive então do bem dourado.
Lados da vida
Por que complicamos tudo?
Ao bem somos mudos
Enquanto louvamos o mal
Não parece normal
Levamos os problemas a sério
E prendemos as alegrias
Com todo o nosso mistério
Pioramos nossos dias
Adoramos o errado
Reprimimos o certo
Estamos do outro lado
Do fundo estamos perto
A vida depende de nós
Pode ser leve ou atroz
Escolhemos a nossa visão
Que seja a clara então
Somos nosso próprio mestre
Se escolhermos o melhor lado
Por mais que a vida nos teste
Teremos sempre a amado.
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