Poemas D um Homem Perdidamente Apaixonado
Deve-se dar a fortuna para não adquirir um inimigo; muito importa não o ter, e quem o tiver trate-o de maneira tal como se em breve tivesse de ser amigo dele.
A sua solidão pesou-lhe um instante, ele queria ter alguém a quem falar. É difícil ver o belo sozinho.
A fé é um condão. Mas o bom trabalho, no amor do ideal, dá a fé. Não há trabalho no sentido verdadeiro sem fé.
Economia significa ficar sem alguma coisa que se deseja intensamente, caso um dia se venha a querer algo de que provavelmente não se terá necessidade.
Vê se uma tua ideia se não torna um lugar-comum para te não dizerem que te serves de um lugar-comum quando por acaso a repetires.
Em cada vida, em cada coração, um dia - por vezes com a duração de um instante - ressoa a dor do mundo. E o homem fica justificado.
O crítico é semelhante ao ator; tanto um como outro não reproduzem simplesmente o mundo poético, mas integram-no, preenchendo as lacunas.
O convívio com um artista não é a melhor forma de desvendar o mistério da sua obra. Mas é talvez a melhor forma de o destruir. Ou de supor que..
Deveria existir uma pitada de diletantismo na crítica. Pois o diletante é um entusiasta que ainda não se acomodou e não está preso aos hábitos.
Quando elas nos amam, não é de fato a nós que amam. Mas é bem a nós que, um belo dia, elas deixam de amar.
A posteridade é um colegial condenado a decorar cem versos. Chega a aprender dez de cor, balbucia algumas sílabas do resto: os dez, são a glória; o resto, a história literária.
Querem conhecer a civilização de um povo? Reparem naqueles que erguem monumentos.
A estreita ligação do erro com a verdade nasce do fato de um erro simples e consumado ser inconcebível e, por ser inconcebível, não existir. O erro fala com duas vozes, uma delas afirma o falso, mas a outra desmente-o.
É preciso que a Terra seja um lugar deveras estranho para a virtude, uma vez que ela aqui apenas sofre.
