Poema Quase de Pablo Neruda

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Providência⁠

Empunhem arcos, ergam as espadas,
Contem as luzes no horizonte — a cavalaria.
Sob a lua cheia, os vampiros se preparam,
Ouvindo o trotar dos demônios no ventre da terra.

Os poderosos tomam dos pobres sua determinação,
E a providência vem, a nos salvar —
Cintilando como luar suave de outono,
Bendito seja o fogo que se alastra sobre o inferno.

Os espanhóis trepidam suas mãos sob o violão,
A noite ecoa em acordes belos e dissonantes,
Bendita seja a liberdade, que toca os despreocupados.
Vampiros andando pela avenida do condado,
E eu me pergunto — eles vivem e adoram a boêmia?

Minha alma se preocupa, sempre em vão,
Pelo que será desta terra ao amanhecer.
Talvez eu me junte aos vampiros, componha versos,
Viva de sangue e poesia — a providência divina.

E escreverei sobre vocês, em minhas epístolas, meus poemas velhos.

Inserida por Ampris

⁠" INFINDA "

Às vezes loiro, liso ou ondulado,
moreno, crespo, ruivo, sem pintura,
puxando pelo branco, já na alvura,
tingido por estar agrisalhado…

Ou ralo pela idade, com fissura,
com pouco trato ou mesmo caprichado,
cabelo deixa o rosto emoldurado
e, assim, destaca o belo da gravura.

Mas, não é dele a graça e formosura!...
O belo é da mulher que lhe depura
e, até careca, a vejo sempre linda…

Quer seja loira, ruiva ou se morena,
sem ter cabelo algum, alta, pequena,
mulher vem sempre c'uma graça infinda!

⁠" FINGES "

Só finges que não notas! Na verdade
o teu olhar não perde nenhum lance
e, mesmo quando eu olho de relance
me flagras na maior cumplicidade!

Percebes a intenção nesse romance
e a tratas como singularidade;
um vício herdado lá da mocidade
que ainda se mantém ao meu alcance.

E te divertes com o que flagrado
à espera de colher do resultado
já visto que ficou tudo evidente…

Me flagras! Tu só finges que não notas…
Percebo na postura, então, que adotas
que o meu olhar te deixa bem contente!

⁠" INESPERADO "

Um dia o amor nos chega, inesperado,
pulsante de paixão, em calmaria,
por vezes num olhar que nos sorria
mas sempre bem melhor que o planejado!

Então, como o nascer de um novo dia
carrega o que é surpresa do seu lado
iluminando tudo o que sonhado
e surpreendendo a alma em sua magia.

Estrelas ganham vida, o sol, a lua,
e torna-se poesia a luz da rua
por onde o sentimento nos procura…

Inesperado, um dia, chega, o amor,
na forma de carinho aberto em flor,
sem drama, sem pudor, sem ter censura!...

⁠" DESIGUAL "

O desigual, às vezes, favorece
e, o que fora de prumo, dá sentido
ao belo, ali contido e adormecido,
que, sob o nosso olhar, então, floresce!

A estética diria haver despido
o que a beleza, aos olhos, enaltece
e não se sabe como isso acontece,
mas fato é que há o perfeito no descrido.

As diferenças não são mais notadas
e, as formas desiguais, lá, desprezadas
porque o conjunto todo, ao fim, agrada…

E, o que era pra ser feio, fica lindo
enquanto essa beleza vai remindo
ao que tocado foi por mãos de fada!

⁠" GUIA "

Eu perguntei pro curso do destino
pra onde é que me leva a sua estrada
de curvas e ladeiras, pois, formada
de modo que o final não descortino!

Se a travessia imposta na jornada
oculta-se nas páginas que assino,
como é que vou colher do seu ensino
e compreender qualquer lição me dada?!

Queria antecipar o fim da história
pagando, à vista, assim, a promissória
a quem prestar as contas vou, um dia…

Mas o destino, sem qualquer resposta,
mandou que eu aumentasse, enfim, a aposta
e me arriscasse a prosseguir sem guia!

⁠" PROPOSTA "

Deixei-te sem palavras, sem resposta,
sem dúvidas que, até, desconcertada,
surpresa, constrangida, apavorada
quando eu te perguntei se estás disposta!

Assim, de bate-pronto, na jogada,
o susto ajuda na questão suposta
deixando tu’alma totalmente exposta
sem ter qualquer suspeita arquitetada.

Então, fala mais alto a carne em jogo
do que a razão, ao ponderar o rogo,
abrindo, ao fim, caminho pra paixão…

E, sem palavras, sem resposta pronta,
ponderas que a proposta não te afronta
e acabas, pois, na palma, aqui, da mão!

⁠sentir pulsar
entre o claro e o escuro,
é claro que o ritmo permanece:
descompassado, obscuro
(à espera de cura)

Inserida por adrianovox

⁠conhecimento não se descarta
nem pode ser tirado,
a beleza da existência
está no nosso aprendizado

Inserida por adrianovox

⁠Ser poeta é
traduzir em palavras
o que se sente,
se ouve,
se vê
ou se imagina,
na busca de um mundo
real ou fictício
que comova,
toque
ou envolva o leitor,
ou não.

Inserida por adrianovox

⁠Eu sou

Eu sou o sussurro que paira antes do grito,
o silêncio que dança nas frestas do tempo.
Eu sou a lâmina sem fio que corta o que não se pode tocar,
o olhar que não se dobra, mesmo diante da luz.

Eu sou o passo que não ecoa,
mas faz tremer o chão.
Sou a sede que não se sacia,
o caminhar sem destino,
a fome sem nome.

Sou a palavra que se nega a ser dita,
o desejo que não cabe em desejo.
Sou o rastro invisível deixado em corações que jamais saberão meu nome.

Eu sou o erro e o acerto,
o meio sem bordas,
o abraço que aperta sem tocar.
Sou quem molda a si mesmo a cada respirar,
sem roteiro,
sem permissão,
sem plateia.

Eu sou aquele que dança com as sombras,
não por medo da luz,
mas por amar a textura do escuro.
Aquele que colhe o que não plantou,
e semeia em terrenos onde ninguém ousa pisar.

Eu sou a chama que não arde,
o frio que não gela,
o toque que não acaricia...
mas marca,
finca,
mora.

Sou o que nunca se cansa,
mas finge cansaço só para sentir o gosto do repouso que nunca vem.
Sou o viajante sem mapa,
o traço sem desenho,
o verbo sem tempo.

Eu sou.
E por ser, não peço licença.
Apenas respiro...
E no meu respirar,
o mundo aprende a conter o fôlego.

Inserida por alvaro_marques_batisa

Quando o sol desaparece!

Quando o sol desaparece
A lua resplandece
As nuvens escurecem
As estrelas enaltecem

Quando o sol desaparece
Os oceanos se enfurecem
As ondas se estremecem
Os peixes se divertem

Quando o sol desaparece
As plantas enriquecem
As flores florescem
Os animais adormecem

Quando o sol desaparece
As pessoas se divertem
As ruas embelecem
O amor reaparece

Inserida por gerson_vitor_1

⁠Meu Pilar:

Mãe, uma palavra que expressa amor,
Amor sem o qual não posso viver.
Uma sílaba que é sinônimo de flor,
Flor que alegra meu dia além de seu dever.

Mãe, és mulher de muito valor.
Cada sacrifício da senhora me faz ver
Que eu não seria nada sem teu calor.
Seu cuidado com os seus me faz comover.

Mãe, nos dias frios, tu és meu cobertor.
És meu guarda-chuva que me protege antes de chover.
Apesar de meus erros, tento a cada dia ser seu beija-flor.

Mãe, o pior cego é o que não quer ver
Que sem o teu amor
Eu não conseguiria viver.

Inserida por Guilhermerramosz

⁠"O Circo e o Nariz"

No picadeiro da vida agitada,
há luzes, risos, fumaça encenada.
Aplausos cobrem a ilusão,
mas nem todo riso vem do coração.

Assista, aprenda, veja o sinal,
mas não aceite o papel de banal.
Entre no jogo, mas fique atento:
nem todo show merece seu sentimento.

O mundo é um circo, isso é verdade...
mas seja sabedoria, não vaidade.

Inserida por neila_ferreira_1

Bastando-se com o viver

⁠o diferente é o diferencial tão necessário quando o tudo igual só aponta um mesmo caminho para o qual não nos sentimos fazer parte

o emergir em novidade de vida se dá a partir do mergulhar mais profundo que podemos ir, aquele adentra e ultrapassa as correntezas do tudo igual que nos levam sempre pelo mesmo caminho

que nos inundam e abundam do sentir que não concebemos poder suportar mas uma vez neste inundar transbordamos e quando percebemos num passe de mágica como se fossemos cuspidos de dentro para fora nos damos a margem tocandoa grama, sentindo as flores e contemplando as correntezas desde as mais profundas às mais rasas que circulam e circundam nosso ser

os pés firmes na areia úmida dando a certeza dos rastros que nossos passos haverão de deixar e quais o vento e as águas irão apagar

aromática solidão trazida pelo vento, olha-mo-nos de fora para dentro, despidos de alma enfim, reconhece-mo-nos

poderemos sobreviver sem as águas que nas correntezas profundas nos fazem transbordar?

quais rastros nossos pés suportarão que os ventos da solidão e as correntes nas ondas de águas rasas apaguem pegadas?

nos bastará em infinita beleza e profunda dor o entender?

eis que

um olhar para dentro, inevitável

e inevitavelmente o mar nos sopra canções do sentir onde e quando nada se entendia e sentindo-se com vida, não importava-se com o entender, bastando-se com o viver..

Inserida por arremedos_poeticos

⁠Te desafio a Amar

um dejavu assalta-me enquanto concluo que um sonho ao acordar é apenas mais um avistar pela primeira vez

o perder-se em horizontes inertes é um chamado necessário ao despetalar das flores medrosas que urgem um renovar de essências

que a febre de sentimentos gerada onde mais aquece o sol possui uma senda para o descobrir de uma brecha na noite suave e estrelada que salva as almas de morrerem profundamente

de quando em meio a tanta beleza finalmente sucumbem as lágrimas ao esmigalhar das solidões que nos fazem morrer de ternura um no outro e renascer em coreografias onde um é a dança secreta do e no outro que repele e abandona os de outrora passos de sofrimento e os harmoniza melodicamente à alegria e felicidade

de quando no apagar das luzes se ilumina o chamado das estrelas para que ante o negar do toque, aceite-se um desafio

um ir além do verso, do refrão, da poesia

um convite à reconstrução

dança de mãos dadas, ritmos

passos de pés dados, em frente apesar de pausas

canções de ouvidos dados, ainda nos desafinos

nos desafinos reconhecer e aceitar o maior desafio

de nos sorrisos e choros desafiar-se a Amar..

Inserida por arremedos_poeticos

⁠Buscando o saciar

quando Amor, as saudades não tem fim, mesmo juntinhos, a gente conversa e sente saudades de passar as mãos nos cabelos, acariciar o rosto

então a gente passa as mãos nos cabelos, acaricia o rosto e sente saudades de abraçar

logo, a gente abraça, bem apertado e demorado, e ja sente saudades de beijar

aí a gente beija e sente saudades de estender o beijo para o resto do corpo, navegar com os labios, deslizar com as mãos e sentir pele na pele o arrepiar

então a gente estende o beijo para o resto do corpo, navega com os labios, desliza com as mãos, sente pele na pele o arrepiar e então sente saudades de fazer Amor

logo, sem mais por onde derramar-se, a gente faz Amor como se fosse a primeira e última vez e quando chega ao êxtase, sente saudades de começar tudo de novo...

se Amor que se vive, desejos e vontades são apenas outros sobrenomes para as saudades..

as saudades só aumentam, não possuem fim, mas quando nos dispomos e ha reciprocidade em viver nosso sentir, embora nunca as saciemos alem do momento que nos provocam, elas simplesmente não doem, são gostosamente sentidas e perpétuamente desfrutadas em cada momento que buscamos as saciar..

Inserida por arremedos_poeticos

⁠Ouça o chamado

permitir-se à loucura é o dar asas onde a razão nos condiciona à um arrastar-se pesado em um chão aparentemente seguro, mas que logo tal peso no arrastar de cada passo fará com que os pés sangrem

neste chão "seguro", o choro evitado, a dor que não chega, a tristeza que se mantém ao longe, são apenas abreviadas

não há viver e sentir no Amor que tenha chego ao nosso conhecimento que não tenha nascido através da loucura de desprendendo-se de toda a razão dar asas a si mesmo quando tudo que se vê é a impossibilidade de voar

e mesmo neste céu imenso contemplando nuvens que não deveriam ali estar, nuvens de chumbo que não caberiam em nosso céu, que se nos chocarmos com elas inevitavelmente cairemos abatidos, no entanto, na loucura a que nos permitimos se nos faz acreditar que o bater de nossas asas a seu tempo afastará para longe tais nuvens de chumbo não permitindo que nos toquem, e por acreditar tão fidedignamente, assim acontece

sentimos, ouvimos nossas asas batendo...

tememos, imaginamos um choque nas nuvens de chumbo...

há um chamado ào céu da liberdade através da loucura do sentir

há um chamado à permanência do chão da segurança através da racionalidade do medo..

Inserida por arremedos_poeticos

⁠Deixe-se encontrar-se

esta procura que por vezes nos consome, nos desanima ao mesmo tempo que ansiamos encontrar fada-se ao fracasso devido a nossa ânsia de encontrar, esta ânsia que nos domina enquanto procuramos nos faz durante a busca demorada e cheia de obstáculos começar a imaginar como será, quando será, de que forma será

sonhamos tanto que não nos apercebemos que começamos a idealizar alguem que caiba em nossos ideais, enquanto a busca só termina ao encontramos quem nos faça perder nossos ideais

as vezes o melhor é parar de procurar e deixar-se encontrar

está em ti, sempre esteve, sempre estará, talvez os acontecimentos na caminhada em tal busca acabou ocultando em partes de ti que não queiras tocar, revirar, mudar de lugar, jogar fora

olhe para dentro, essa é a procura que deves fazer, deixando-se encontrar-se..

Inserida por arremedos_poeticos

⁠Nunca direi adeus

não

nunca
esteve pronta
nem eu
nem ninguem

ninguem
nunca
está pronto

prontos
em partes
para caminhar
e aprender
o caminho
e se aprontar

insuficientes
como todos somos

sim

todos nos
deparamos
neste caminho

nosso primeiro
e
último pensamento
de cada dia
indica
que
este ê o
Caminho

a gente
caminha
se fere
sangra

e

respingado
de sangue
ainda assim
vislumbra
um caminho
a seguir

sonhos

sorri
doloridamente
após aquilo
que
prometido
não se cumpriu

e
por Amor
se permite

outra chance
sonha
outra vez...

aquele

"Eu te Amo"

ao
infinito
e além

a
arte
de renascer

o crer

se renova

onde fostes tocada?

onde se descobriu
seu ponto fraco?

quem poderia saber?

quem ousou tentar?

nada houve além
de
te ler
e
reconhecer
dos
meus sonhos
e
deixar fluir

eu

não estava pronto
assim como você
entre erros
e acertos

o maior erro
foi o
não
se dispormos
em plenitude
caminhar
passo a passo
mãos dadas

unos

acertando
errando
ajustando

como um só

atribuindo
os erros
como aprendizado
e não como
falhas possíveis
de descarte

e
os acertos
como nada

apenas
outra parte

de um caminho
a seguir..

prontos

para quê?

para eternizar
mais alguns

Pequenos Infinitos

e

aprender
estar prontos
para o que viesse...

fomos ludibriados

nos perdemos

silenciamos...

jamais

jamais

jamais

em outro ser
encontraremos
uma
caricatura sequer
do eterno que
um no outro
contemplamos

perder tempo

é em vão
buscar
o que
só em ti há...

e

eu

sou

fraco

indigno

nunca

mas
sonhador

nunca
conseguirei
dizer adeus..

Inserida por arremedos_poeticos