Poema para uma Amiga que se Mudou

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Sonhei um dia que eu era
uma rosa cor-de-rosa,
perfumada e bela.
Do alto da minha juventude
olhava o jardim e me sentia
uma rainha que tudo sabia.
Até o dia em que descobri
que meu colibri havia
ido beijar outras flores
em outros jardins.

Via minhas pétalas caírem
uma a uma e me entristecia.
Quando um duende verde
e saltitante apareceu e disse:
Ó Rosa! Não olhe só para si.
Veja suas flores e seis espinhos.
Cada um deles é um filho,
uma canção nas cordas
do seu violão,
um sonho a ser realizado.

E pela primeira vez senti
que não existe fim,
apenas um reciclar de vidas,
e não era a primeira.
Olhei de novo e vi
que eu não era só aquela rosa.
Eu era a roseira inteira.

Inserida por NewtonJayme

Eu tinha uma sensação muito interessante na água.
E de alguma forma podia fazer uma correlação
com a carreira com
a qual sonhava: eu podia
senti-la, mergulhar nela,
flutuar sobre ela,
mas não podia retê-la
nas minhas mãos...

Ou talvez a água seja o símbolo de mim mesma.
Nada pode me deter, me reter,
transformar ou moldar.
Posso ficar em qualquer
recipiente
por algum tempo,
depois viro onda,
transbordo
como enxurrada
ou rodopio e caio como
a chuva de verão,
que às vezes
pode virar tempestade tropical,
carregada de raios e trovões.

Inserida por NewtonJayme

Há uma uva cinza, uma rosa verde, uma cebola perfumada
Uma criança consciente e meu abraço amigo
Pra quem pode acreditar na vida!

Inserida por NewtonJayme

Quando o sol acorda nos seus olhos
Estrelando nosso quarto,
Recomeça uma alegria.

É tanto prazer, é tanto amar,
Mais um desejo em nosso olhar:
Um beijo vem dizer bom-dia.

Deixo-me levar nessa poesia
E até o sol se delícia
No menino dos seus olhos.

Fica tão difícil resistir
E a gente tem que permitir
Coisas que o corpo já conhece.

Vem, que os olhos seus vão explodir
E os olhos meus querem sentir
Que o nosso olhar não envelhece.

Inserida por NewtonJayme

A alma é o palco de uma luta pela
consciência e pela liberdade.
A vida é a única obra-prima
que vale a pena realizar.

Inserida por NewtonJayme

O anjo Gabriel foi enviado a Maria
para preparar uma morada
para seu Senhor.
Nela a raça dos homens
vis e insignificantes
se uniu com a raça divina
que está acima de todas as paixões...

Pela prole de Maria tem sido abençoada
aquela mãe que foi amaldiçoada em seus filhos
(Genesis II,16), trazendo bênçãos, as mais profundas,
a esta mulher, cuja prole destruiu a morte e a Satanás.

E no seio de Maria se fez criança, Aquele que é igual
a Seu Pai desde a eternidade; comunicou-nos Sua grandeza
e assumiu nossa pequenez: conosco se fez mortal
e nos infundiu Sua Vida a fim de livrar-nos da morte...

Maria é o jardim ao qual desceu, do Pai, a chuva de bênção.
Esta aspersão chegou até o rosto de Adão: assim Este
recobrou a vida e se levantou do sepulcro, já que por
seus inimigos tinha sido sepultado no Sheol.

Inserida por NewtonJayme

Neste Filho da Bem-Aventurada Virgem unicamente
se produziu uma semente que foi bendita
e livre da culpa de sua descendência.

E cada um participa desta origem espiritual na regeneração;
cada um, quando renasce - as águas do Batismo
são como o ventre da Virgem - porque o mesmo
Espírito Santo que preenche a fonte,
preencheu a Virgem;

O pecado que esta sagrada concepção derrotou,
pode ser removido por esta água mística.

(Neste texto, São Leão considerava Maria como
totalmente preenchida do Espírito Santo,
vislumbrando semelhança com a água
do batismo(libertadora do pecado)
e o ventre de Maria.)

Inserida por NewtonJayme

Vosso amor, Senhor Jesus Cristo, é fonte de vida,
e uma alma não pode viver se dele não bebe
e não pode beber se não se chega à fonte,
isto é, a Vós que sois a fonte de todo o amor.

Inserida por NewtonJayme

Apesar de todo sofrimento: A missão cristã
não é anunciar uma teoria, um código
de comportamento que provoca
cansaço e temor.

É algo mais fascinante: é mostrar Cristo,
suprema revelação do ser, da forma,
da glória e da beleza de Deus.

Inserida por NewtonJayme

Uma coisa é contemplar do alto
de um píncaro agreste a Pátria da paz...
Outra coisa é conhecer o Caminho que leva até lá.

Inserida por NewtonJayme

Um dia destes o silêncio quebrará
para sair uma canção de amor
Um dia destes a noite abrir-se-á
e tu serás o rosto descoberto.

Inserida por NewtonJayme

Desvelo sem fim
os novelos de mim

Anunciando o novo dia
como quem termina uma lida

Cortando os fios do absurdo
como quem bebe absinto

Gritando rouca ao sem-fim dos mundos
como quem gira no carrossel dos loucos

Desvelo sem ter
o bordado a tecer

Apenas riscando
opções de viver.

Inserida por NewtonJayme

Achei uma pétala
No meio do livro
Que eu tinha
Quando ainda lia você,

Mas sempre
que
se abrem
páginas
onde secaram
pétalas,
A brisa acode
Para que esses
despedaços de flores
voem vivos e morram em paz.

E em paz, despedaçados,
Leremos outras folhas
Como se fossem
as de um romance novo
Sem marcas de pétalas secas...

Inserida por NewtonJayme

⁠Viver é uma tortura,
Sem ti, só me resta a saudade. Saudade de ti ao meu lado,
Estou só, acompanhado apenas de minhas loucuras,
Meu coração já não suporta essa dor guardada em silêncio,
As lembranças póstumas do teu amor me deixam às escuras.

Inserida por GabrieldeArruda

(Des)encaixes

⁠Sou uma peça defeituosa neste quebra-cabeça da vida, tão fragmentado. Não tenho um lugar de encaixe, não. Estou desconectado das outras peças. Talvez eu deva cortar os meus excessos, minhas ásperas arestas que me impedem de encaixar-me neste tão cruel jogo.

Estou vencido, talvez tenha desistido ou mesmo nunca tenha tentado coisa alguma. Devo despir-me das ilusões, das expectativas vãs, para poder encontrar uma peça que possa me completar. Devemos lutar para conquistar o nosso espaço, mas tudo isso me pesa.

A pele que visto é errada; rasguei-me e de mim nada restou. Esta é a razão do meu sofrimento e das coisas fugidias. Quem me dera pudesse resolver este grande desafio, montar este estúpido jogo e dar-me por satisfeito.

Às vezes a vida é traiçoeira, e o destino parece um enigma insolúvel. Mas para mim, a vida nunca foi senão uma acompanhante de sentir. Compreendi finalmente que a sua beleza está na futileza. Aproveitar a vida, deixe-me ser azarado no jogo; tenho tido azar na sorte, mas a minha sorte está no amor, ah, e como eu amei.

Inserida por GabrieldeArruda

⁠Às vezes, uma tristeza tão penetrante
Invade e arrebata minha alma,
Levando-a para um lugar desconhecido,
Onde me perco e não me encontro,
Onde não existem portas nem janelas,
Apenas uma estrada longa rumo ao mistério da vida.

Inseguro, volto minha atenção para trás,
Com os olhos sobre os ombros,
E o peso das minhas decisões sobre as costas,
Tropeço nas minhas incertezas.
Rendido, me entrego ao chão,
Derramo-me sobre a cama e inicio um novo dia nessa velha rotina.

Inserida por GabrieldeArruda

⁠⁠Eu sinto uma profunda dor silenciosa...

Gosto do som da música, do percurso
da minha casa até o trabalho;
estou sempre ouvindo música.
Em casa e no trabalho, ouço o barulho
dos carros, dos comboios e de toda a gente.
Chego em casa, ligo a televisão e ouço o noticiário:
outra vítima do silêncio se atirou
nos ruidosos trilhos do trem.
No trabalho, ouço o rádio, que toca uma música ridícula, e
minh'alma sofrida dança desolada.

Gosto do som da chuva, lágrimas do céu;
até os homens choram, silenciosamente.
E o choro da terra é abafado
pelos nossos gritos ambiciosos;
ouço o barulho das fábricas, corro para o campo,
e a chuva, tempestuosamente,
em seu suave cair, encharca meu coração ressecado.

Gosto do canto dos pássaros;
da minha cama me levanto,
e nela me deito, ouvindo os tordos ao amanhecer
e os urutaus ao anoitecer que, calmamente,
levam distante meu espírito atormentado.

Gosto de deitar-me e dormir
com o barulho do ventilador;
porque gosto de barulho,
assim silencio os gritos sussurrados
em minha cabeça. E eu, que tenho sido tão quieto,
se os ouço e me falam, descanso resignado.

Inserida por GabrieldeArruda

⁠Creio no Sol,
Não por uma razão qualquer,
Mas porque ele é,
Como a dúvida que sei existir.
Distante, me toca,
E eu o vejo,
Sem chamar.
Ele está —
E isso basta.

Sua luz atravessa o céu,
E eu a sinto
Sem perguntar o motivo.

É natural crer no Sol.
Ele é real,
Como o chão que piso
Ou o ar que respiro.
Está sempre,
Mesmo que eu não o olhe,
Sem fim ou destino que eu entenda.

Não rezo ao Sol,
Não peço mais calor,
Nem mais luz.
Ele é o que é,
Parte do que acontece.
O Sol não me pede,
E eu não lamento sua ausência,
Como não lamento a sombra
Que se alonga quando o dia se vai.

O Sol é o que acontece,
E não importa se acontece ou não,
É continuidade
Que segue sem depender de mim.

Não penso no Sol
Para saber que ele é,
Simplesmente.
O que se revela não precisa de razão,
É o fato de ser.

E quando eu partir,
Ele seguirá a brilhar
Para justos e injustos,
Pois não depende de mim.
E eu, então,
Serei apenas uma parte,
A me dissolver na sua luz.

Inserida por GabrieldeArruda

⁠A morte não me assusta.
Não mais.
Ela chega de mansinho,
puxa uma cadeira, cruza as pernas
e me observa em silêncio,
como quem espera o fim de um café frio.

Eu respiro fundo e finjo que não a vejo.
Acendo um cigarro, mexo na xícara,
brinco de ignorar o inevitável.
Mas sei que ela está ali — talvez sempre estivesse.
E isso me arranca um riso sincero.

Não que eu não ame a vida.
Amo. Mas, às vezes, a vida pesa,
vira conta vencida na gaveta,
pedra no sapato.
Às vezes, ela pede trégua,
e eu, sem jeito, sigo a marcha dos desesperados.

Então, a morte chega sem anunciar.
Não bate na porta, não tosse no batente.
Apenas entra, senta,
ajeita o capuz do manto
e me olha, como quem diz:
"Você sabia que eu vinha."

E eu sabia.
Desde sempre.
Ela não é susto, nem castigo, nem fim.
É como uma palavra mal dita
que o poeta decide engolir.
Um fardo que escorrega dos ombros,
um corpo que desaperta e, enfim, flutua.

E, no fim, talvez seja isso.
Não um adeus, mas um aceno comedido.
Só morre quem viveu, quem gastou os sapatos,
quem aprendeu a tropeçar sem medo.
E eu?
Eu aceito.

Porque talvez só quem morre entenda, por fim,
que viver sempre foi um jeito
— sutil, distraído, inescapável —
de ir embora.

Inserida por GabrieldeArruda

⁠Um jogo que é uma vergonha

Imagina um jogo deste jeito: o campo é de pedra bem pontuda e acontece num dia muito frio.
Num time, os jogadores têm tênis e camisa de manga comprida e, no outro, os caras jogam
descalços e só de calção.
O time que tem tênis e camisa ganha fácil, dá aquela goleada! O outro fica a maior parte do
tempo tomando cuidado pra não cortar os pés ou então esfregando o braço arrepiado de frio.
Times iguais.
Pra mim, a diferença da vida entre nós, que temos escola e casa e as crianças que não têm é
um jogo assim. Quem não tem, perde sempre.
Não acho que todo mundo que tem as coisas é culpado por causa dos outros que não têm, mas
isso não quer dizer que a gente não possa fazer nada. Porque pode.
Porque, se a gente quiser jogar um jogo justo, pode exigir que os dois times sejam iguais, para
começar. Casa e escola.
Não acredito que as crianças de rua viveriam na rua se tivessem outro lugar melhor pra escolher.
Se a gente não exigir que todo mundo tenha casa e escola, vai sempre ficar jogando esse jogo
besta.
Ganhando de dez a zero de um time tão fácil, mas tão fácil, que não vai mais ter o gosto da
vitória, vai ter só vergonha.

Inserida por annacffer