Poema Ordem e Progresso

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⁠Versos Dourados

Céus! tudo é sensível
Pitágoras

Homem! livre pensador! serás o único que pensa
Neste mundo onde a vida cintila em cada ente?
De tuas forças tua liberdade dispõe naturalmente,
Mas teus conselhos todos o universo dispensa.

Honra na fera o espírito que fermenta…
Cada flor é uma alma em Natura nascente;
Um mistério de amor no metal reside dormente;
“Tudo é sensível!” E poderoso em teu ser se apresenta.

Receia, no muro cego, um olhar curioso:
À própria matéria encontra-se um verbo unido…
Não te sirvas dela para qualquer fim impiedoso!

Quase sempre no ser obscuro mora um Deus escondido.
E, como um olho novo coberto por suas pálpebras,
Um espírito puro medra sob a crosta das pedras!

Inserida por pensador

Myrtho

Myrtho, divina, invoco a ti que encantos lanças,
Ao Pausílipo altivo em mil fogos luzente,
Em tua fronte imersa em brilhos do Oriente,
E uvas negras mescladas a esse ouro das tranças.

Também em tua taça eu bebi inconsciência,
E no clarão furtivo em teu olho ridente,
Enquanto aos pés de lacos vêm-me reverente,
Pois a Musa me fez como um filho da Grécia.

Sei porque lá adiante está o vulcão aberto…
Foi porque ontem tocaste-o com o pé intranquilo,
E de súbito em cinzas o horizonte incerto.

Desde que um duque destruiu deuses de argila,
Sempre, sob as ramagens, louros de Virgílio,
Uniu-se a hortênsia pálida à mirtácea verde!

Inserida por pensador

Antêros

Perguntas-me por que no peito tal furor
Sobre o colo dobrado, o espírito indomado;
É porque pela raça de Anteu fui talhado,
Eu devolvo estes dardos ao deus vencedor.

Sim, sou um dos que inspiram esse Vingador,
Ele marcou-me a fronte com lábio irritado,
Na palidez de Abel, assim! ensanguentado,
Eu tenho de Cain o implacável rubor!

Jeová! último, vencido por tua mestria,
Do fundo dos infernos, grita: “Ó tirania!”
Será meu avô Belus ou meu pai Dagão…

Jogaram-me três vezes em água em Cocito,
E eu só a proteger a mãe Amalecita,
A seus pés planto os dentes do velho dragão.

Inserida por pensador

Hórus

O deus Kneph tremendo abalava o universo:
Ísis, a mãe, então ergueu-se do seu leito,
Fez um gesto de ódio ao esposo contrafeito,
E ao verde olhar surgiu o antigo ardor imerso.

Disse ela: “Ei-lo que morre, este velho perverso,
Toda a geada do mundo em sua boca achou preito,
Amarrai seu pé torto, arriai o olho imperfeito,
Este é o deus dos vulcões e o rei do inverno adverso!

A águia passou, o novo espírito me impele,
Por ele eu me vesti com as roupas de Cibele…
É o bem-amado infante de Hermes e de Osíris!”

Fugira a deusa já em sua concha dourada,
O mar fazia rever sua imagem adorada,
E brilhavam os céus por sob o manto de Ísis.

Inserida por pensador

⁠A prisão do Passado
Água que corre debaixo da ponte,
Porque teimas tu em tentar agarrar?
E nadas inglória contra a corrente
À espera que chegue o que nunca chegou.
Os braços cansados já não conhecem abraço
E o peito ofegante não te deixa respirar,
Mas segues nadando debaixo da ponte
Na procura incessante do que há muito cessou.
Receias correr na corrente que corre
E esbarrar no mundo que sempre foi teu,
Continuas nadando debaixo da ponte
Onde não há o tempo pois o tempo já foi.
Estendes a mão, sobes a margem
E desistes partir para o que já partiu,
Agora segues andando por cima da ponte
Com a alegre passada do passo que é teu.

Inserida por nfj

⁠Grito surdo que se quer soltar.
Entranha da estranha palavra que ninguém quer ouvir
Ou escuta passivamente no ócio de fugir ao pensar.
Será essa voz vento que tímido passa,
Furacão sufocante de insignificante brisa escondido,
Que carrega mensagem amarga em insípida ausência?
Ou será tempestade que já não assusta,
Que bate e se abate em corpo vazio que não se conhece
Onde o trovão queima em dor que não se sente?
Saudade das garras do grito quando tinha voz,
Quando arranhava em sangue o mundo sem a capa da indiferença
Que audaz reagia, sofria, destruía e despia certo de que iria vencer.

Inserida por nfj

⁠O que Eu não Quero
Quando eu me foco no que não quero
Porque não consigo ao que quero chegar?
Não quero o reflexo da lágrima
Que se amarra ao meu olhar.
Não quero o corte na alma
Que não consigo cicatrizar.
Não quero o íngreme caminho
Que não tenho força para alcançar.
E se eu pensasse no que quero,
Será que algo iria mudar?
Quero o horizonte do meu sorriso,
E para ele vou lutar.
Quero o coágulo na minha dor
Para que ela deixe de sangrar.
Quero a força no meu peito
Que não me deixa vacilar.
Caiu o pó da minha estrada e encontrei a minha bússola,
Pois escolhi o caminho a seguir e não aquele a evitar.

Inserida por nfj

⁠O Outro
O outro faz o contrário do que eu quero,
Porque não consegue adivinhar?
O outro não aparece quando eu preciso,
Queres ver que tenho que o chamar?
O outro não sabe o caminho certo,
Lá vou ter eu que o indicar!
O outro trabalha para o meu sorriso,
Não percebe que a vida é para chorar?
O outro diz o que está certo,
Não vê que eu quero é errar!
Eis que, tamanha surpresa:
Disse-lhe, ele fez!
Chamei, ele veio!
Indiquei o caminho, encontramos o destino!
Aceitei o seu sorriso, deixei de chorar!
Ouvi o que ele disse, comecei a acertar!
De repente, contra tudo pelo qual eu lutava, dou por mim a ser feliz!

Inserida por nfj

⁠O Soldado
Soldado em tempo de paz, inútil,
Ganha dinheiro por existir
E nada faz senão sorrir,
Pois da sua missão não sai produto.
Soldado em tempo de paz, sanguessuga,
Enquanto os outros estão a trabalhar
Ele passa o dia a brincar
Com arma na mão, a correr no campo.
Soldado em tempo de paz, invisível,
Não dormiu hoje, porque será?
Não aparece há um mês, onde estará?
Foi para o estrangeiro passear, só pode ser!
Soldado em tempo de paz, ignorante,
Passou o dia sem comer, só porque sim,
Desfaleceu quando corria ao calor, enfim,
Porque recebe tanto se tão pouco dá...
Explode bomba, o país treme,
O que será que aconteceu?
A cidade quebrou, a vida perdeu,
Fujo com medo, mas lá vem o soldado...
Soldado em tempo de guerra, lutou,
Tão bravo que é, no entanto morreu,
Enorme que foi, por ele aqui estou eu,
Tão pouco lhe deram, o pobre coitado.
Soldado em tempo de guerra, valente,
Aguentou sem comer, não viu a cama,
Corre ao sol, alguém o chama,
Salvou mais alguém, é um herói!
Ganhamos a guerra, voltou a paz,
Poucos soldados que eram, deveriam ser mais,
Tudo o que lhes ofereçam não é demais,
Enfrentaram a morte e a minha família viveu.
Soldado em tempo de paz, incómodo,
Atira-se para o chão quando estoura um balão,
Não se dá com ninguém, vive na solidão,
Mudo de lado na rua para não ter que o ver.
Soldado em tempo de paz, esquecido
Já tinha ele saudades de quando era inútil,
Passava o tempo a treinar, para um dia ser útil
E só sabia sorrir, junto aos camaradas agora caídos.
Soldado em tempo de paz, são tantos,
Acabem com eles, não servem para nada,
Passam os dias em pé na parada
E marcham para o treino, a brincar com a arma.
Soldado inútil, sanguessuga, ignorante...
Finge o soldado que nada está a ouvir
Para o seu país continuar a servir
E dar a vida pela sua pátria, como jurou fazer.

Inserida por nfj

⁠O Medo e a Certeza
Se tens medo, avança...
Medo é passo firme que molda a tua estrada,
É gume dos sentidos que golpeia a turbidez da visão,
É constante questão que quer cortar a escuridão.
Se tens certeza, recua...
Certeza é ausência que se pensa repleta,
É pergunta altiva que não tem humildade para se colocar,
É escondida escuridão que está vestida de luar.
Não tenhas medo do medo, pois este é músculo que te faz crescer,
Não tenhas certeza da certeza, pois esta é nervo que te faz quebrar.

Inserida por nfj

⁠O Corpo de um sonho
Se sonho fosse mão e realidade o pé,
Agarrarias o sonho e chutarias a realidade?
Estrangularias o sonho e caminharias na realidade?
Ou perceberias que o corpo só existe completo e trarias o sonho à realidade?

Inserida por nfj

⁠Despe-te...
Olhei,
Como se o olhar te despisse e vi-te como és:
Parede que se esconde em palavras e atos que não és tu
E muralha de receios que suspendem a beleza que se quer mostrar.
Desisti,
Se te escondes não deixas que eu te encontre,
Se gritas não se ouve a voz que és
E se não és tu, como me posso apaixonar por ti?
Voltei a lutar,
Porque sei que a parede não são mais que tijolos,
Sei que as palavras não são sentimentos
E a beleza, nunca a soubeste ocultar.
Deixa de lutar,
Seria tão fácil se apenas fosses tu,
Se o teu grito não abafasse a voz da tua essência
E não receasses mostrar aquilo que nunca se quis esconder.

Inserida por nfj

⁠ Mudança,
Assustadora mudança que me obriga a ser mais quando é tão fácil ser menos,
Sufocante mudança que me furta a paz e afasta o silêncio tão confortáveis,
Íngreme escada que tenho que subir quando o que procuro é o meu sofá.
Mudança,
Querida mudança que me faz crescer e almejar a mais, pois é tão difícil ser menos,
Libertadora mudança que me leva a monotonia e alimenta a doçura do meu som,
Pesado sofá que largo para subir a escada e chegar mais alto.
Muda,
É o olhar do olho que constrói a prisão do medo ou a liberdade do caminho,
É a inércia do corpo que torna fácil o árduo ou difícil o simples.
Seja mais, menos, paz, guerra, conforto, desafio, grito de silêncio ou doce sussurro de som
Sorri, pois são os teus olhos a tua arma e a mudança, essa é só tua para mudar!

Inserida por nfj

⁠Brincadeira da Árvore
Certo dia, um menino perguntou-me,
Se eu sabia brincar de árvore.
E começou explicando-me:
- Primeiro a gente pinta nos galhos,
os nomes das pessoas que gosta.
Depois, escreve nas folhas palavras,
Como ternura, abraço, encantamento.
Também acrescentou que pode-se deixar água,
De cor amarela rio para que a árvore se descreva,
Mas nenhuma árvore é desigual a outra,
e todas sabem falar com a terra.
Contei para ele que eu brincava de estrela viva.
Era assim: Minha mãe desenhou uma estrela,
E colocou numa caixa alaranjada de madeira.
Ensinou-me que deveria toda noite,
Abanar com as mãos para que o brilho,
Não se perdesse no vir a ser do tempo.
Sem indagar-lhe qual era a língua das árvores,
Ele visivelmente empolgado me relatou:
- Quando eu crescer vou ser astrônomo,
Ou pirata do bem.
Isso para trabalhar.
Para viver, quero aprender a falar com as borboletas,
Dar um vagalume de presente para minha namorada,
Que ainda não sabe de nenhuma das duas coisas.
Também vou descobrir como se faz um poema.
Você pode me emprestar sua estrela,
Para eu colocar na minha árvore?
Carlos Daniel Dojja
In Poemas para Crianças Crescidas

Inserida por carlosdanieldojja

⁠Ser Diferente
Afirmam que sou estranha
Diferente
Anormal
Imoral
Fora dos padrões
Querem o quê?
Que eu seja menos como eu
e mais como eles?
Que eu seja igual aos outros?
Que eu me cale diante da injustiça?
Que eu aceite um destino já profetizado por eles?
Querem que eu feche meus olhos para a maldade?
Que eu tampe meus ouvidos e ignore a dor do outro?
Que eu me silencie diante da crueldade humana?
Pois não vou
O errado continua sendo errado
Mesmo que seja considerado normal
Podem tentar e impedir
Mas nunca vou deixar de lutar
pelo que é certo!

Inserida por Sheilatinfel

⁠Texto

Na terra de guerra camarada.
Acolhe-se os frutos de balas
quentes
Triste. Eu
Sinto-me na terra da maldição.

-Mbuvane

Inserida por Sergiombuvane

⁠Amor-acção

Traduza - me tua palavra
Seja tão artista capaz
De dar acção
E não autor de escrever
E só falar amor

Traduza -me teu amor
Põe-me tão fundo
Capaz de esquecer-me
No enlevo seio teu
No abismo e na lua
Onde se faz beija-flor a,
Beijar a flor-bela, Que é

Na noite verme da
Tempestade
A que trova
Chame pelo nome ,
Porque és tão
Fria
E dura quando não a faço
Em meus lábios
O teu autor

-Mbuvane

Inserida por Sergiombuvane

⁠Não é sobre a cor dos teus olhos,
a da tua pele ou a dos teus cabelos.
É sobre esse arco-íris que tu levas na alma.

Inserida por JulietteCunha

⁠Em Agosto

Ouço as vozes que cantam
E em silêncio elas derramam
Lágrimas quentes pela manhã

Por horas é o para sempre
E por horas penso em te ver
Simplesmente para abrir a boca e falar

Em agosto eu toquei os céus
Com as mãos em chamas
Voltei de um dia claro e frio

Quando se vive a verdade
Belas palavras são só palavras
No fundo de um precipício

É o que eu sinto antes de tudo
Amor, paixão ou o que tiver que ser
Realidade é a cor dos meus sonhos

Diga o que tiver a dizer
Quando estamos juntos
Atenção é o seu sobrenome

Aonde cada suspiro é um poema completo
Respiramos como recém-nascidos
Assobiamos como pássaros

No laço dos seus braços
Diga que ainda vai me proteger
Quando o dia tiver partido

Nos olhos me perco
No perfume me enveneno
Em tudo e em todas as coisas em que te vejo

Inserida por lisbelle

⁠Poderia por todas as noites
Poder eminentemente te apreciar
Essa linda e cintilante beleza
Que só encontro no seu olhar

Poderia ao menos
Todas os dias beijar a sua boca
Pois o desenho é tão belo
Que sobre mim vem uma vontade louca

No seu corpo eu quero me esfregar
Aos seus doces beijos me apegar
E para a vida inteira
Poder fielmente te admirar

Se isso for apenas um sonho
Seria o mais fenomenal
Mas se for possível
Me esforçarei e tornarei Real

Para mais bela mulher, Rosa.

Inserida por Elder_de_Jesus