Poema Nao Ame sem Amar
Tenho dificuldade de entrar numa sala cheia de gente e dizer qualquer coisa. Não gosto. Não gosto de fazer conferência. Não gosto de discurso, não tenho a empostação de voz necessária, não tenho a presença de espírito. Geralmente, tenho respostas muito boas em 24 horas depois.
Não percebes que aquilo que para o homem é o princípio de todos os males, e da sua baixeza de alma, e da sua cobardia não é a morte, mas muito mais o temor da morte?
Porque se um julga a verdade por mentira, não é por isso ofendida a verdade, senão o que a não conheceu.
Eu estava agora tão maior que já não me via mais. Tão grande como uma paisagem ao longe. Eu era ao longe. Mas perceptível nas minhas mais últimas montanhas e nos meus mais remotos rios: a atualidade simultânea não me assustava mais, e na mais última extremidade de mim eu podia enfim sorrir sem nem ao menos sorrir. Enfim eu me estendia para além de minha sensibilidade.
O mundo independia de mim – esta era a confiança a que eu tinha chegado: o mundo independia de mim, e não estou entendendo o que estou dizendo, nunca! nunca mais compreenderei o que eu disser. Pois como poderia eu dizer sem que a palavra mentisse por mim? como poderei dizer senão timidamente assim: a vida se me é. A vida se me é, e eu não entendo o que digo. E então adoro.
Tornaram-se, apesar das exceções, consumidores de produtos e serviços e não de ideias. Entretanto, consciente ou inconscientemente, todos querem uma vida regada a emoções borbulhantes, até bebês quando se arriscam a sair do berço. Mas onde encontrá-las em abundância? Em que espaço da sociedade tais emoções se encontram? Alguns pagam muito dinheiro para consegui-las, mas vivem angustiados. Outros se desesperam em busca de fama e reputação, mas morrem entediados. Outros ainda escalam íngremes montanhas para ter algumas doses de aventura, mas elas se dissipam no calor do dia seguinte.
Tempo livre não significa repouso. O repouso, como o sono, é obrigatório. O verdadeiro tempo livre é apenas a liberdade de fazermos o que queremos, mas não de permanecermos no ócio.
Ora, não sou linda. Mas quando estou cheia de esperança, então de minha pessoa se irradia algo que talvez se possa chamar de beleza.
Bêbado, confuso, farpado. Mas não consigo me deter. Embora não reconheça o ponto onde devo chegar, é para lá que me dirijo cego, aos trancos.
A esperança também não tem número. Perder uma coisa é inefável: nunca sei onde as coloquei. (...) Ser é de um provisório impalpável. (...) Juro que preciso de soluções. Não posso ficar assim completamente no ar.
Imagine que não exista nenhum paraíso. É fácil se você tentar, Nenhum inferno abaixo de nós, acima de nós apenas o céu! Imagine todas as pessoas vivendo para hoje. Imagine que não existam países, não é difícil de fazer, nada para matar ou morrer e nenhuma religião também. Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz.
Não só por isso, nossas verdades quase nunca são iguais as dos outros, e é isso que gera o que chamamos de solidão, desencontro, incomunicabilidade. Talvez a maneira como me debato seja natural, e até positiva. É possível que eu parta daí para um conhecimento maior de mim mesmo. Então estarei livre. Acho que meu mal sou eu mesmo, esses círculos concêntricos envolvendo o centro do que devo ser. Mas só poderei me aproximar dos outros depois de começar a desvendar a mim mesmo. Antes de estender os braços, preciso saber o que há dentro desses braços, porque não quero dar somente o vazio. Também não quero me buscar nos outros, me moldar ao que eles pensam, e no fim não saber distinguir o pensar deles do meu.
Devemos fazer o desenvolvimento para o homem e não condicionar o homem à sua prática. A grande revolução a que aspiramos, a qual, ao nosso entender, precede a do próprio progresso econômico, é a educação do povo. Uma revolução que liberte o povo do analfabetismo e da ignorância.
Viver se iludindo é a mesma coisa que tentar dormir o dia inteiro. Não adianta, uma hora você acorda.
...perigo de crer que Deus desejasse que o Mal acontecesse, Deus não queria isso, nem tampouco que o Mal não fosse praticado, porém sem querer ou não querer, autorizava a realização do Mal, o que, na verdade, contribua para a perfeição do mundo. Não passaria, no entanto, de aberração asseverar que Deus admitia o Mal em prol do Bem.
