Poema do Jardim de William Shakespeare

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⁠CONTA E AMOR (soneto)

Amor roga terna conta do meu afeto
E eu, servil, ao amor dar-lhe-ei conta
Mas, sem a ponta, como dar-lhe fronta
De tanta conta, se no amor fui inquieto

Para dar desponta neste tal decreto
O amor me foi dado com boa monta
E eu, de incúria tonta, não fiz conta
Do tempo, que hoje me é incompleto

Ah! tu que tens o amor que desponta
No peito, me conta, para eu ter tempo
Se ainda tenho em conta, nessa conta

O tal que, na remonta, gorou o atempo
Quando lhe chegar à conta, na esponta
Do amor, chorará, como eu, sem tempo!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/07/2020, 08’43” – Triângulo Mineiro
paráfrase Frei Antônio das Chagas

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⁠RUMO (soneto)

Cada amor é um perfume, uma flor, um jeito
Nem se conhecem, o que vale, e que importe
É a essência, ah, essa tem de ser bem forte
Sentimento e poesia de um cântico perfeito

O jungido de alma, ocupando o mesmo leito
Olhares e o pulsar do coração numa tal sorte
Que faça do pensamento um elegante porte
E dos beijos recato de orgulho e de respeito

E assim, o tempo no tempo, as duas vidas
No mais profundo vínculo e em comunhão
Ajustando as emoções nas boas acolhidas

E os dois seres, então, um do outro perto
De mãos dadas com a doce afável paixão
Onde o caminho de afinidades é coberto

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27/07/2020, 13’17” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠OUTONO EM POESIA (soneto)

Bailando no ar, gemia inquieta a folha caída
No azul do céu, do sertão, ao vento rodopia
Agitando, em uma certa alvoroçada melodia
Amarelada, vai-se ela, e pelo tempo abatida

Pudesse eu acalmar o seu fado, de partida
Que, dos galhos torcidos, assim desprendia
Num balé de fascínio, e de maga infantaria
Suspirosas, cumprindo a sua sina prometida

A vida em uso! Na rútila estação, obedecia
Um desbotado no horizonte, desenhado
E em romaria as folhas, em ritmo e magia

No chão embebido, o esgalho adormecido
Gótica sensação, de pesar e de melancolia
No cerrado, ocaso, do outono em poesia...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/07/2020, 10’22” – Triangulo Mineiro

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⁠AOS PÉS DA CRUZ (soneto)

A Vós submisso vou, braços crucificados
Nesse calvário sacrossanto da paixão
Receba-me, na Tua elevada compaixão
E, por nos livrar do mal, estais cravados

A Vós, Pai, que pelos pecados fustigados
Piedade! ... poupe os ceticismos incertos
No Teu perdão, Teus zelos estais abertos
Perdoai nossas falhas, e rumos errados

A Vós, pés encravados, por nos amar
A Vós, chagas abertas, para nos ungir
A Vós, na dor, e Teu sangue a libertar

Por não nós deixar, nem de nós desistir
Por ser o filho escolhido, o meu olhar
Aos pés da cruz, aqui estou pra remir...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29/07/2020, 11’02” – Triangulo Mineiro
paráfrase Gregório de Matos Guerra

Inserida por LucianoSpagnol

⁠O ACENDEDOR DO DIA (soneto)

Lá vem o sol o acendedor do dia na rua
Este mesmo, rubro, que vem reluzente
Raiando no horizonte, turvando a lua
Quando o véu da noite se faz ausente

Parodiado a poesia, a prosa continua
Na energia, na quimera poeticamente
À medida que a luz aos poucos acentua
E a escureza da noite se vai de repente

Encantada evidência que Deus nos doa
Brilho que doira o dia e ilumina a vida
E que com tal esplendor nos abençoa

Assim, em nossa alma o amor insinua:
O bem, a fé, a felicidade a boa acolhida
Que na claridade com a gratidão tatua

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/07/2020, 07’22” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠como ventania desajeitada
rama brotada
ilusão encantada…
vivo eu a velhice
no silêncio, meninice
sem crendice...
apenas vivendo
pouco querendo
ou tendo...
afinal, a vida
de uma orquídea, adiante
bela e breve,
a cada instante...
é diverso...
assim vou, vibrante
[…]disperso
eterno poeta errante...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/07/2020 – Triângulo Mineiro

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⁠DESENCANTO (soneto)

Muitas vezes trovei os amores idos
Chorando o desalento e desventura
No engano, numa lira feroz e impura
De infelicidade, o vazio dos sentidos

E nesses instantes sofridos, convertidos
Cada lágrima escrita era de amargura
Com rimas sem resolução e tão escura
Soando a alma com cânticos gemidos

E se tentava acalmar com justificação
Mais saudoso ficava o árduo coração
Que se enganava querendo encanto

E, sussurrando, num afiado suspiro
Os versos que feriam, tal um tiro
O amor, eclodiam do desencanto

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/07/2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠⁠IRIS

[...] a admiração
não cessa
até que se esgote a temporada...
eterna paixão!
Íris, flor encantada
pássaro em ascensão
singelo feitio
poesia e ilusão
da cor azul anil...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2020, julho - Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Mal secreto (soneto)

Se o vazio que sente, na saudade que mora
No peito, e sufoca cada gesto recordado
Cada olhar do passado, que a dor devora
Pouco será a imensidão do vasto cerrado

Pra que se possa ecoar tal tristura sonora
A sensação que chora, e a lágrima da face
Que escorre, e que chameja a toda hora
Na recordação, sem que haja desenlace

Se se pudesse, do ser a ventura recrear
Da alma só felicidade então aí dimanar
Tudo seria melhor neste amor inquieto

Mas, está cólera que espuma, e jorra
Da ausência, e a solidão que desforra
Nos cala, e estampa um mal secreto...

(2020, 01 de agosto)

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A MORTE DAS VIOLETAS (soneto)

No vaso floreado de variada cor
De suave frescor e delicada trama
Cheias de viço e aveludada rama
Desabrocham as violetas em flor

Pouco estar, e de fugaz esplendor
No seu breve e infortunado drama
Enlanguescida, ela, curva e acama
Tal aos pés da sofrência a fatal dor

E vai perdendo o regalo a violeta
Aos amuos do tempo, ali funesto
Num despojo final, e última reta

E, desbotada e então tombada
Épica, em um derradeiro gesto
Mortal, a violeta se vê imolada

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02 de agosto, 2016 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Agosto do desgosto

Um não sei desgosto, de onde?
Um olhar na sorte e não se vê
A perspectiva não se esconde
O amor renasce para quem crê

Conquanto a lenda cisma, por quê?
Se os dias ressurgem no amanhecer
Trazendo luz, início a nossa mercê:
Se lamento, angustia, vem do viver!

Acreditar? se nada muda, aí invente
Que o dia há de boa esperança vinda
Tente! E na dificuldade seja irreverente
E quando chegar, aí a apertura finda

Então, se contagie de fé e alegria
Nos longos caminhos recomece
Tenha o otimismo em leve romaria
Agosto do desgosto, não acontece!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
01/08/2014, 08’05” – Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠SONETO SEM SONO

Tarde da noite. Ao meu leito me abrigo
Meu Deus! E está insônia! Que conversa
Morde-me o pensamento, e tão perversa
Numa flameja que acorda, tal um castigo

Meia noite. E o silêncio também versa
Tento fechar o ferrolho, e não consigo
Da espertina. E assim impaciente sigo
Olho pro teto, numa quietude inversa

Esforços faço, remexo, me envieso
Disperso, nada! O sono se concreta
E o meu fastio já se encontra farto

Pego no devaneio, e o olhar ali reteso
Arregalado, e nesta apertura secreta
Fico ancorado neste túrbido quarto

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05/08/2020 – Triângulo Mineiro
copyright © Todos os direitos reservados.
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

A poesia dá voltas, aquieta, agita, chora, ri, liça, reconcilia. Na alegria sempre latente, e na alma presente...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
2012, Rio de Janeiro

Inserida por LucianoSpagnol

noite fria
de nada vale orelha de cobertor
sem ter companhia...
a companhia do meu amor.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Cerrado goiano, 13 de dezembro de 2015

Inserida por LucianoSpagnol

Resumindo

Poesias, inspiradas, quantas
Quantas da alma pra cantar
Grandes as paixões, tantas...
Nossas vidas, grande alçar
Várias estórias, as santas
Ou não - vale é o poetar.
Fados, pequenos contos
Todos tão pouco pra contar
O tempo, reticências e pontos
Ah, estes são para superar
Quando se olha bem no fundo
Segundo, e tem brilho no olhar

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13 de dezembro de 2019, 11’05”
Cerrrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

E, Por Falar de Amor

Hoje acordei com o coração aos espinhos
De uma saudade
Sem os teus carinhos
Imensidade
Esta solidão
Que poeta pela metade
Versos de emoção...
Pelas lágrimas um aroma rijo
Do árido sertão
Um esconderijo
D’Alma na contramão
Do teu olhar...
Me agarrei no timão
E a navegar
No mar de suspiros
Pus-me a chorar!

Hoje acordei com o dia empanado
Escuro
Você não estava ao meu lado
Tudo era vazio, impuro
Coalhado
Duro
Propalado...
Desconjuro!
Eu só queria ser carregado
Dali
Pelo desejo imaculado
Que sempre tive de ti
E não essa dor
Que hoje senti
Ao falar de amor
Aqui!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Cerrado goiano, 10 de dezembro, 2019

Inserida por LucianoSpagnol

ENFADA DANÇA

Oh, meu melancólico sofrimento
Por que no silêncio recomeças
Ritmando o árduo sentimento
Numa agitada dança, as pressas

Eu vago sozinho pelo lamento
Na solidão, que queres?... Peças!
No dia, na noite, és só firmamento
Assim, sem que nada te impeças

Tu danças ao amuo do vento
Ao relento, trazendo o medo
E o pranto. Oh doce fomento

Um enredo... sou desesperança
Vago só e errante neste lajedo
E tu me leva nesta enfada dança

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13/12/2019, cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

ARIDEZ NO CERRARDO

A sequidão ainda a porta
Lá fora, por aí, acinzentado
Espalha o sertão com vida semimorta
Brilhante o sol roborizado
A secura parece que corta
E o silêncio destrói...
À melancolia pouco importa
Em nada corrói
E aos sonhos, não comporta...

Aridez, rodeia a minha casa
Com uma manta marrom de poeira
Em algum lugar você dorme, em brasa
Em algum lugar, assim, como queira!
Não ao meu lado, desasa...

Junho se vai lentamente
Em algum lugar, longe
Como eu, o teu sono ausente
Inconstante, monge...

Você está em algum lugar
No meio da minha saudade
Não vai entender, vai julgar
Dessaber, do amor, deslealdade...

O vento está girando ao lado
O pequizeiro está tranquilo
O meu poema está fustigado
Embriagado a ilusão, restilo

Escassez, de você no cerrado!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13/12/2019, cerrado goiano

copyright © Todos os direitos reservados
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol

Inserida por LucianoSpagnol

DICÍPULO

Não anelo o alvorecer do cerrado, belo
Quero a inspiração do horizonte divino
Talhando verso, ferino, donzelo e singelo
Que outro, não eu! O faz tão cristalino

Invejo o magarefe, na lida de seu cutelo
Com ele, harmoniza a carne em traço fino
Benino, na retidão e um esmero paralelo
Que reputa, tal o ouvido ao som do violino

Mais que bardo, um eminente extraordinário
Enfeita, desenha, ressona num campanário
A poesia, em alto relevo, em divinal destaque

Por isso, escolto, imito-o, com meu pincel
Meus rabiscos, sobre o branco dum papel
Cingindo honraria, ao maior - Olavo Bilac!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/12/2019 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Inserida por LucianoSpagnol

A terra respira apesar dos pesares
Do homem de lata sem saber amar
Trazes vida a solicitude da natureza

Se, o mundo amasse como ela (mãe), não jazeríamos em meio a tantas incertezas.

Inserida por LucianoSpagnol

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