Poema do Jardim de William Shakespeare
O AMOR, AQUELE AMOR QUE ...
Sonhamos desde sempre com o grande amor de nossas vidas.
Depois de agraciados, aos poucos deixamos escorregar por entre os dedos a dadivosa oportunidade...
Às vezes aos pingos, outras vezes de roldão, permitimos que as nuvens da felicidade se dispersem no distante horizonte.
É quando nuvens negras de ressentimento empanam os sentimentos sinceros.
O choro copioso da chuva de arrependimento avoluma a correnteza da saudade, desaguando nos bueiros da dor, nos córregos da tristeza tardia. E no mar das desilusões, o destino final.
(Juares de Marcos Jardim)
INSEGURO...
Sabe, amor, aquela aliança?
Pois é, não te dei por falta de confiança.
É sempre assim, na hora de decidir,
Ainda me sinto uma criança.
Será que ainda há esperança?
Afinal, um viver só de lembrança,
De cultivar a distância.
Sei não...
Acho que nunca sairei da infância.
(Juares de Marcos Jardim)
“Tua flor beijar”
Qual beija-flor quero te sobrevoar
Teu perfume aspirar, quiçá sentir seu calor
Suas palavras ouvir, um pouco te conhecer
Depois quem sabe em ti mergulhar
No teu ninho me aprofundar e teu néctar sorver
Por fim, te preencher me completando
Cantando teu sabor, polinizando nosso amor.
(Juares de Marcos Jardim)
DESAPEGUE
Afogue essa saudade no fundo do poço
Lance as mágoas no rio de lágrimas
Que no mar deságuem as tristes lembranças
Enterre as tristezas sob pás de cal virgem
Apesar dos pesares respire esperança
Das dores extraia novos valores
Não fuja das tentações
Deixe fluir outras paixões
Incentive novos amores
Redobre sua fé na vida
Viva na plenitude a nova chance
Permita-se ser feliz...
DORME, MENINA
"Dorm'inha pequena... Não vale a pena despertar..."
De doces sonhos abdicar,
Do gostoso sono acordar...
Fica assim, fica, Menina,
Me deixa desse jeito te amar.
Suavemente te acalentar,
Tuas costas massagear,
Os cabelos acariciar,
A nuca, o pescoço beijar...
Na pele os dedos deslizar
Descobrir-te inteira, teu corpo apertar.
E suavemente te encontrar,
Docemente me aprofundar,
No embalo te desbravar,
Divagar, devanear, exultar...
Qual submarino em tuas águas mergulhar,
Até não mais aguentar
E em ti desaguar..."
(Juares de Marcos Jardim)
Esperança
Na primavera, as dores,
Parte da vida e dos amores,
Também se transformam em flores.
A orquestra de pássaros cantores
Assoprando velhos dissabores,
Sublima possíveis rancores.
(J.M. Jardim - Setembro/2013)
"Ó São Paulo garoento,
Meu Grande ABC, Serra do Mar.
No planalto, selva de cimento
O trânsito é de amargar.
Na periferia um tormento
De carro poder rodar.
Vivemos todo momento
Aos trancos, a lamentar.
Mas Deus, no firmamento
Ensina-nos a te amar.
(J.M.Jardim - Set/2013)
O AMOR É LINDO
O poder embriaga.
O caráter é difuso.
A carne é fraca.
A tentação é forte.
A presa é saborosa.
O prazer recompensa.
A jovem é doce, linda
Formosa e oportunista.
A trama é rotineira.
O desfecho é o previsto.
A esposa descobre.
A amante apanha.
O marido se defende.
A família reprova.
O lar se desfaz.
Os abutres saqueiam.
O patrimônio se esvai.
A Justiça não tarda.
A falência se apresenta.
O traidor é traído.
A traída já traiu.
O amigo também.
E teve mais alguém...
(Retrato em P&B de “Amor à Vida”, novela da Globo)
Brumas
Enquanto isso, em Paris,
A lua resplandece na Cidade Luz.
Relembro algo que sempre quis
Nos braços da Lolita que me seduz.
Sempre o eterno amante aprendiz
Nas brumas, o sonho que me conduz
Na longa viagem que nunca fiz.
Juares de Marcos Jardim)
Lolita Verão
Vem logo, Menina Veneno, Lolita Verão...
Aguardo ansioso e insone,
Na fria noite do outono
Da minha vida.
Vem aquecer este Velho Lobo do Mar,
Alquebrado por tantas tormentas,
Mas ainda louco para amar...
Vem incendiar meus sentidos
Com tua candura, tua malícia explícita,
Tua sensualidade implícita...
Vem realizar meus devaneios,
Saciar meus anseios.
(Juares de Marcos Jardim)
O TEMPO...
É preciso ouvir, sentir, entender o tempo... Ele está sempre nos ensinando que errar é humano. Todos nós erramos e pedimos desculpas. Tropeçando, caindo, aprendemos os jogos da vida. E nos levantamos mais rápido após cada tombo. O tempo prova que nem todos os dias amanhecem ensolarados e que as nuvens cinzentas são passageiras, assim como os ventos. É a lição da valorização de cada segundo, pois tudo pode mudar no instante seguinte. Com o tempo conhecemos mais pessoas, em algumas descobrimos afinidades, despertamos para novos sentimentos. O tempo mostra que amigos de verdade nunca se afastam, mesmo estando muito distantes. É preciso muito tempo para entender e aceitar as pessoas como elas são. Aprendemos a ouvir mais, a reclamar menos e a compreender que ninguém é melhor do que ninguém. Aprendemos a controlar nossas expectativas e descobrimos que o amor pode ser como a brisa, como as ondas do mar. E que o amor é eterno, sim. Enquanto durar. Afinal, apenas o tempo é infinito...
(Juares de Marcos Jardim)
MULHER
Bela. Imponente. Singular. Expressiva. Em cada curva, uma dúvida... Em cada linha uma certeza... Qual musa, mesmo calada explode em nossos sentidos, queima fundo em nossa carne, arde forte no coração do escravo, cativo das formas, da textura, do tato, da paixão avassaladora... Assim a arte, assim a vida, as pessoas, nosso tempo...
(Juares de Marcos Jardim)
SE BEBER, NÃO DIRIJA!!!!!
NA CHUVA E NA GAROA,
A MORTE NÃO PERDOA.
"Nas curvas, nas esquinas
Tu pensas que dominas
Tua possante carruagem.
Confiante e ébrio aceleras
Arrogante, as regras desprezas
Antecipando a última viagem.
Ligeiramente, tonto, deveras,
Saltita sobre crateras
Que horror a tua imagem.
Manobras imperfeitas
Freadas mal feitas
Quiçá, a derradeira ultrapassagem."
(Juares de Marcos Jardim)
DESTINO
Sendo mesmo o destino
Que escolhe e decide
Quem entra na tua vida,
É a atitude que define
Quem logo vai embora
E quem mais tempo fica.
O destino não pergunta
Se você quer, se lhe convém.
Empurra, bate e decide
Soca lá dentro alguém.
Depois some, desaparece.
Não consulta, te esquece.
(Juares de Marcos Jardim)
CRIANÇA LEMBRANÇA
Crianças...
Eternas e gratas lembranças
Em sonhos ainda balanças
Revivendo traquinagens, lambanças
Brincos, anéis e miçangas
Imagens, tanto pano pra mangas...
(Juares de Marcos Jardim)
Ela é fogo, é paixão, sorrindo, enfeitiçando e incendiando corações, despertando intensas emoções, brindando ao amor, à felicidade, ela paira soberana sobre a cidade, buscando a plena felicidade, sem pretenções, sem veleidade, ela é beleza pura de verdade. Seu nome é...
(Juares Sasso Jardim - o Sacy Pererê do Grande ABC - Santo André - São Paulo)
<Sambista Considerado>
O sambista considerado entrou no pedaço já lotado
Na cadência do surdo, lentamente caminhando
Sorridente, cheio de marra, a todos saudando
Sacou logo aquela morena faceira, garbosa, se exibindo.
Sem vacilar, encarou e foi desafiar, vem comigo sambar
Linda, atrevida, a Morena sorriu, logo aceitou,
No sapatinho, cheia de graça, foi se aproximando
O casal, enlaçado, no ritmo adequado, foi causando.
Roda formada, aplausos, incentivos e eles rodando
Alegres, felizes, seguros, o samba solto rolando
Na pista o casal se superando, igual Mestre Sala e Porta Bandeiras
Empolgados, todos caem no samba sincopado, bem balanceado.
Alegria geral na comunidade da Vila Sacadura Cabral...
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)
Juares de Marcos Jardim – Santo André / São Paulo - SP
O sambista e o Covid 19
O sambista diletante, já aposentado, depois de contribuir ao INSS por uns 47 anos, começou a frequentar as Rodas de Samba nos Bares temáticos da sua cidade natal. O que era uma aspiração juvenil se transformou em paixão passageira e depois se tornou amor eterno. Resultou no casamento perfeito (tipo a fome e a vontade de comer). Bem assim. Desde a infância (anos 50), o dito “Sambista Diletante” tinha aprendido através das “ondas sonoras” das emissoras de rádio AM, a apreciar o Sertanejo Raiz, o Samba e o Choro, com destaque para os compositores e intérpretes dos anos 20 a 50. Nas Rodas de Samba reencontrou muitos “amigos de infância e juventude”, além de colegas de estudo e trabalho. A cada reencontro era uma festa. E também granjeou novas amizades. Os canais de comunicações Facebook, Whats e E-mail se tornaram a ligação quase que diária com alguns, uma vez por semana com outros, mas o importante mesmo era aquela agradável sensação do reencontro e da troca de energias. A música é linguagem universal, enleva, alegra, aproxima as pessoas. Até que a pandemia 2020 surgiu e foi necessário confinar as pessoas, isolar socialmente os mais vulneráveis (grupo de risco), a obrigar a população a usar máscaras faciais protetivas e seguir rígidos protocolos de segurança. Desde o início de março o Sambista Diletante se recolheu, juntamente com centenas de músicos e amantes da MPB, entrando no esquema de hibernação. E somente pelas redes sociais se comunicam com familiares e amigos. Alguns mais afoitos (e imprudentes) continuaram a frequentar os botecos preferidos, a se reunir com os amigos nas Rodas de Sambas, à revelia das orientações dos médicos e gestores públicos. Muitos contraíram o Covid 19 e alguns já partiram antes do combinado. Até quando assim será?
Juares de Marcos Jardim - Santo André / São Paulo – SP.
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)
Formosa, perfeita, deusa iluminada
resplandeces belíssima nas alturas
alimentas sonhos e fantasias
desencadeias paixões arrebatadoras
desperta desejos insaciáveis.
No entanto, pairas distante
e, quiçá, inatingível,
como a lua,
aos simples mortais.
Sacy Pererê saiu pra zoar, pra dar uns rolês. Moleque atrevido, consegue embaçar para-brisa em noite de lua cheia, travar câmbio de Kombi, contratar Uber e 99 e pagar com "cantadas", escapar da fiscalização nas blitz Teste do Bafômetro, e até frequentar Bares e Restaurantes Temáticos, saindo ileso sem apresentar a Comanda: tudo numa boa. Mas certo dia, no meio da noite, se deparou com um personagem mítico, mitológico: Zé Pelintra. Putz. Em plena madrugada, lua cheia esplendorosa, grilos mil ecoando, o silêncio era tal que dava pra ouvir o rastejar das serpentes, o passo lento das tartarugas, o lamento dos sapos na lagoa, a água fluindo no córrego. Sacy Pererê estancou, pela primeira vez sentiu um calafrio, o arrepio de nuca, estremeceu. (...)
Publicarei o segundo capítulo amanhã...
(Juares de Marcos Jardim - Santo André - São Paulo-SP)
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)
