Poema do Bebado

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GOTA D'ÁGUA NA ROSA

Chuva rara, clara
na rosa pingo d'Água
lava a mágoa...
- É só uma bágua
ou frágua do cerrado?

É delírio na sequidão
que pingam
nas pétalas soam
nos ouvidos cantam...
E o chão molhado

Chove no cerrado ressecado
céu carregado... Chove!
No sertão em prosa
gota d'Água na rosa.

Luciano Spagnol
Dezembro, 2016
Cerrado goiano
Poeta simplista do cerrado

O amor tem muita rima
Ao fraco, é assustador
Ao poltrão, baixa estima
Ao valente, factível amor

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

JUBILA CANÇÃO (soneto)

Bendito sejas o amor, ao coração meu
Que desnudou o breu da minha solidão
Em luz, das andas minhas na escuridão
Quando a sombra, me era o apogeu

Bendito amor, que me estendeu a mão
Como quem no amor oferta o amor teu
Sem distinção, pois, dele dor já sofreu
E então sabe aonde os vis passos dão

Bendito sejas, que no prazer plebeu
Trouxe amor à vida e, boa comunhão
Ao pobre pecante, dum âmago ateu

E então, neste renascer com gratidão
Que no peito uivou e angústias moeu
Do solitário pranto, fez jubila canção.

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano

VOCÊ...

A falta de sua presença, machuca.
Meu coração numa cumbuca.
A saudade é sentida.
Na alma reprimida.
A solidão no íntimo.
Sinto falta do mimo,
hoje está mais apertada, dolorida ,
ferida...
Ouvi Bethânia, tomei vinho, fiz uma massa.
A emoção numa arruaça.
Queria você aqui.
Está saudade deflui,
na saudade de você!!!
Agridoce...
É estritor.
Com amor!

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano

SONETO DO AMADOR

Amador é o desejo do ser amado
Vive desejando mil formas pra achar
Se no amor não tem o que imaginar
Pois é virtude no ato de ser desejado

Se nele se tem o ser transformado
Onde mais o amador quer desejar?
Pois só assim o bem irá conquistar
E o afeto na alma então será liado

Mas se pouco for o desejo no olhar
Pouco o amador terá encontrado
Aí por ele, o amor, então vai passar

Se ao amador o amor é cobiçado
Então deixe o amor lhe alcançar
Pois o verbo dum amador é amar

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano

CERRADO SECO (soneto)

Ah! plangente cerrado, quente, sequioso
Ventos abafados, denodados, e ao vento
Dormente melancolia, e tão portentoso
Murmurejante e, navegante de lamento

Sol queimoso, unguinoso, tal moroso
Que no seu firmamento vagar é lento
Inventando no tempo variegado iroso
Parindo nuvens dum cinzento natento

Securas secas, e que secam ardoroso
Veludos galhos, veludosos e poeirento
Que racham sedentos num ardor ditoso

Ah! cerrado seco, de ávido encantamento
De um luar num esplendor esplendoroso
Da lua de contornos, no céu monumento

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

ÁRIDO, MUITO ÁRIDO, SECO

Árido, seco, muito árido
O vento do cerrado leve passa
Contigo leva o sonho parido
E vai-se entre tortos galhos, arruaça
Assoprando na melancolia alarido...
E eu sentado no banco da praça

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado

AMOR PERFEITO

Vai majestade,
Amor. Busca o sentimento
O tempo é velocidade
E o querer argumento.

Como quiseres
o prazer,
Mas que seja pra teres
pra valer.
E,
Se cansares
Não venhas com lembranças subverter.

Se acaso não se acertar
Volte!
Vário é o lugar
Da saudade se solte
Pois tu amor, foi feito pra amar...

E a dor, chore!
Tudo passa, passará...
Não é preciso que implore
O que está escrito, estará
Amado perfeito... Folclore.
Viva e verá!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, abril, 25
Cerrado goiano

DE POESIA EU PRECISO

De poesia é o que eu preciso
Da tua quimera e mais nada
Galgar a rota de sua escada
Sem vestir-se do ser narciso

A poesia é muito mais amada
Prazer d'alma, pouco ao juízo
Volteios de ilusão no paraíso
Da ficção, com lira misturada

Só preciso de poesia, teu guizo
Inspiração, silêncio, a tua pitada
Cheios de acordes e improviso

Poesia é tal qual uma estrada
Do fado vendado e impreciso
Que nasce da faúlha inspirada
(de poesia eu preciso!...)

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

CHEIRO DE CERRADO

Quando a alvorada chegou, eu fui a janela
Sentei-me. O horizonte abriu, a vida arfava
Eu, ao vento, atraído, a essa hora admirava
E estaquei, vendo-a esplendorosa e bela

Era o cerrado, era a diversidade em fava
Céu róseo um mimo! A arder como vela
De pureza singela tal qual uma donzela
Que hipnotizava a alma, eu, observava

Então me perdi no perfume que exalava
O olhar velava com pasmo e com tutela
Aí, hauri toda a essência que fulgurava

E agora, fugaz, lembrando ainda dela
Sinto o cheiro, que na memória trava
Da alvorada do cerrado vista da janela

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

PERDÃO (soneto)

Cá estou, meu Senhor, a pedir perdão
Tal o humano: muito errei no caminho
Se de tuas leis desviei, dá-me alinho
Tentei ser, do afim irmão, mais irmão

Se de meu olhar ausentou o carinho
Perdão! Aqui me tens em confissão
Me ensina rezar com Vosso coração
Na omissão, fui um ser mesquinho

Não matei, nem roubei, fui em vão?
Perdão! Me tira deste mal cantinho
Se declinei, pouca era minha razão

Compaixão por me achar sozinho
Se no amor não pude ser paixão
Perdão pela tua coroa de espinho!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

DEMÊNCIA SENIL (soneto)

Nos fios brancos do silêncio, a quietude
Nubladas recordações, escura solidão
Horas lentas no tempo, e vazia emoção
Que tateiam o que outrora foi plenitude

E nesta distância do devaneio e o são
O mesmo mutando numa outra atitude
Tremulando o olhar numa lacuna rude
Sorrindo sem riso e andando sem chão

E no papel sem margem, a negrutude
Que esgaça a ilusão sem dar demão
Onde tudo é vagar e pouca amplitude

Assim, neste empuxo sem ter tração
Se não reconheço, sabes do que pude
Então, assiste este sóbrio senil coração

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
À meu velho pai

Aos pais ausentes.
Feliz Dia dos Pais, aos presentes.

A voz do meu pai.

A voz do meu pai, hoje é em tons de recordação
Aglutinadas na falta do eco de tua presença
Em suspiros de tua toada rija, suave fustão
Que acariciaram e fremiram em defensa

O quanto lidaram, e dos justos a tua razão
Velho pai, a tua voz jaze na lástima intensa
Nas lembranças agonia acridoce no coração
E, no entardecer do cerrado, a renascença

Pois havia na tua voz sim e também não
Que agora na vida nos dá a recompensa
Do teu jeito forte e para sempre lição

Tal contra o vento árido, a nostalgia prensa
A tua voz, levada como folhas da estação
E na saudade, uma eterna saudade imensa.

O SOL

Para que curvaste
no beiral da ventana
e pelo chão se arraste?
É por seres luz soberana
querendo luzir meu verso?

O meu poetar está sem gana
A alegria na alegria submerso
E estou quieto, de carraspana

Deixe-me a sós, no breu inconfesso
Fica-te por aí na ilusão mundana...

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano

SONETO VELOZ

Da varanda vi a meninada jogando bola
No vizinho a moda de viola ia distante
Tornando o meu pensamento pensante
Que a vida é levada numa veloz padiola

Ao sentir que o tempo na hora é dante
E um ilusionista estradeiro e sem sola
E que não nos espera em sua charola
Me vi diante duma saudade palpitante

Lembrei o primeiro amor, a juventude
As fotos amareladas, agora no ataúde
Dum passado, tão forasteiro de heróis

Fiquei com a recordação ali amiúde
Com os argumentos tão sem atitude
E que tanta coisa ficou para depois...

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
Mineiro do cerrado

AMADOR SEM COISA AMADA

Ando no cerrado sem coisa amada
No coração um eco de um amador
Que atroa pela emoção tão atada
A solidão, que se dissolve em dor

Se me quiser, não me traga cilada
Ou então me deixe imoto por favor
De tédio a alma já se acha calada
E o olhar, no chão, cheio de travor

Quando a ventura fica embaciada
A sorte se enche de um tal pavor
E a sensação fica toda prostrada

E no amador sem a coisa amada
Sou um apaixonado aonde eu for
Aprendiz, buscando está jornada

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Setembro, 2017
Cerrado goiano

SEGUNDO DIA

O segundo dia
Da nova semana, depois
Do primeiro dia do ano
Tudo continua, como dantes, pois
O dia a dia no seu plano
Caminha igual
Ao último dia do ano passado
E neste ano renovado
Da graça de Deus
Que tenha chegado
A lua o sol a terra e os seus
Giram o segundo dia
Como o primeiro girou
E nesta trilha ininterrupta
O que ficou, se expirou
Agora nas lembranças
E nesta nova captura
De novos tempos
O passado passou
O presente em novos momentos
Choros e risos
Em pleno voo
Seguros ou indecisos
O acaso vai, eu vou
É nestes tantos imprecisos
Amanhece o segundo dia do ano
Que a cada segundo
Minutos, no relógio vai badalando
Até o último dia do ano
Num vicioso ciclo se formando...
O fado a vida devorando!
É o segundo dia do ano...

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
02/01/2015, 05’05”
Cerrado goiano

cerrado sol de verão

Ardente ao ser feito no verão
Fumegante mago bailarino
Astro rei, que é imensidão
Que floresce no céu a pino
Sol, mais que uma canção...
É poeta, poesia, no céu divino.

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2018
Brasília, DF.

DUETO (soneto)

A minha tristura é uma gargalhada
A saudade um suspiro. Ela chorava
Na solidão onde eu me encontrava
Me deixando além d'alma estacada

Os sonhos pouco ou nada resvalava
Pelo olhar. Não tinha a asa dourada
A saudade ria com a tristura chegada
Sob a cruel melancolia que matava

Do sorriso a saudade fez morada
Sequer de um pranto ela alegrava
Tinha tristura na sinfonia cantada

No dueto: saudade e tristura, aldrava
O coração no peito, da aflição criada.
Então, atrozes, alívio na poesia forjava...

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano

Deixe a vida saborear naturalmente, aprecie a força do anoitecer...

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
07/06/2014.

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