Poema do Bebado

Cerca de 31652 frases e pensamentos: Poema do Bebado

⁠PÔS-SE O SOL

Pôs-se o sol... onde a noite tece a teia
Da treva. E pouco a pouco aí desmaia
A última luz do dia, então, assim caia
Da escuridão que a pretidão incendeia

No horizonte estrelas no céu semeia
Pela janela a sombra deita na alfaia
O mirar no remoto lúrido cambaia
E a escureza do cerrado encadeia

Com o olhar na lua, rogo levanto
E, cheio de maculada melancolia
Anoitece, e não prendo o pranto:

Choro de encanto e tal a alegria
De tão ligeira cena e sem tanto
Em gratidão, por mais um dia!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
12 de outubro, 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠TEIMA

Retratar o amor em vão procura
quem na vida dele sentir não teve
porque um rasto na alma obteve
pois, longo ou breve, há ternura

Todavia eu, ideando, na ventura
a mínima sorte o destino deteve
sentir o que sinto, nunca leve
no vazio, minha solidão figura

E nestas paixões de boas alianças
poética redigiu só sofrido pesar
e uma, foi, dentre as lembranças

E, porém, neste suspiroso causar
do único, nas turronas esperanças
vou amador que cobiça mais amar!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13, outubro, 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠POÉTICA

A poesia na rica imaginação voa
lançando à terra de um criador
no encanto de encanto povoa
o ilusório de quem é um ledor

No escrito a doce prosa entoa
o coro de fantasias ao dispor
é a ilusão que a poética doa
ao poeta que vive sonhador

Por ti, devaneio, tudo é certo
do cascalho grosseiro ao rubi
se o amor, ali, está por perto!

Por ti, inspiração: - se senti
no prazer, num leve aperto
eclodido num grato frenesi

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13, outubro, 2020, 13’13” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Ó SAUDADE QUE PASSAIS

Ó saudade que passais, ao sol poente
Pela estrada da lembrança, a suspirar
E na solidão vais em uma vertente
Sugerindo o aperto pra nos sufocar

Deixai-me, aqui, assim, indiferente
O sol que tomba, notando o pesar
O mesmo que já declinou contente:
- na graça, no vinho, no alvo luar...

Deixai! Deixai ir com as cantigas
Do entardecer, as dores sem fim
E contigo todas as ilusões antigas

Que eu quero dormir no descanso
Com anso, calmo e que nada digas
Adormecer num voo leve e manso

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13/10/2020, 18’00” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠AO LONGO DA PROSA UMA TRISTE POESIA

Ao longo da prosa uma triste poesia
Já quando o entardecer deslustrava
no silêncio que o dia, assim, estava
e o cerrado baforando melancolia

A solidão pelo horizonte estendia
um rubro vago no céu caminhava
entre os suspiros e choro exalava
saudades que a lembrança dizia

E na rudeza que o sentido fingia
a sofreguidão num só tormento
levai, ligeiro vento, está agonia

Oh se podeis ter dó do lamento
meu, vos imploro, nessa avaria
levai, levai do meu sentimento!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Outubro, 14 de 2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠PARALELO

Incultos sentimentos ditos pela metade
manifesto a vossa fiel leitura, ó leitores
e em cada trova a vossos olhos, piedade
lhes digo apenas piedade, não louvores

E neste orgulho, este que é inanidade
os suspiros, lamúrias e minhas dores
lágrimas de amores e sua imensidade
suportando por uns míseros favores

Se entre minha sorte de nascimento
encontrardes traços cujo o engano
indique que divaguei com portento

Crede, ledores, que foi do profano
versado com a mão do fingimento
em um paralelo ao o acaso insano

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Outubro, 14/2020, 16’54” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠GORJETA

Eu sou aquele que no amor é perdido
eu sou o que no fado me falta aporte
sou esse da desdita, e nesta tal sorte
sou a contramão, a solidão desmedida

A sombra no meio fio da cara vida
e que no devaneio perdeu o norte
que fica no vagar num choro forte
rascunhando a chaga tão dolorida

Sou aquele que no silêncio habita
Sou pôr do sol sumido, desprovido
Sou aquele que na ilusão orbita

Sou talvez o ideal de alguma dita
Quiçá a que o rumo me é devido
Quem sabe uma gorjeta merecida

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15/10/2020, 16’19” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠FAMINTO

Vai, mísero sofrimento esfaimado
pastar noutra sensação livremente
deixai meu coração de te ausente
faminto, carente, mas imaculado

Não percas tempo, vá apressado
pois se insiste em estar presente
a paixão do teu olhar pendente
despojo inútil, inútil o passado

Deixai o vento levar, que o leve
hei de me arrancar do teu nome
e, assim, de ti isento, serei breve

Aqui, piedoso a dor me consome
nos soluços que o choro descreve
e sem que ventura emoção tome

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/10/2020, 16’10” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠PRA QUÊ?

Como quem fica defronte duma cilada
espantado, sufocado, aí fui deixando
os sonhos pela desmarcada estrada
donde vinha, deveras, caminhando

E a minha alma, de chorar molhada
então ficava, o peito ali suspirando
me vi, enfim, que chorei pra nada
e pra nada foi que chorei passando

Assim, corroí o poético sentimento
redigindo a sangue cada caro verso
e num sombrio poetar, tristura se lê

E pergunto em fim ao duro lamento:
- se ainda terei na vida penar diverso
Pra que sofrer, e o pranto... Pra quê?

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Outubro,17/2020 – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠RIMAR DUMA SAUDADE

Teve um tempo que mandava
Nas poesias que eu escrevia
Cada versar uma companhia
E em cada linha festa bordava

Com emoção, assim, andava
Nas mãos a imaginação ia
E em toda a obra que fazia
A ventura, ao lado, ajudava

Pobre a poesia, sem aquarela
Sem fantasia, um dia tão bela
E hoje, pedinte de qualidade

E, no amor, sem substância
Sobre o vazio da distância...
Só o rimar duma saudade!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
18/10/2020, 09’29” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠ATANAZAR

Viste-me abatido um dia no caminho
em devaneios de que, nem eu o sei
ó aperto no peito, assim, eu lhe falei:
Cara poesia. Na jornada indo sozinho

Trovei, e rimei, foi por entre espinho
E em nenhuma postagem descansei
Em cada uma loa que por ela passei
Saudei! Umas até degustando vinho

E neste poetar pedregoso, solitário
Os pés deplorando em um calvário
Imolado. Eu num canto, no entanto

Ao chorar o prazer em um dejejum
Tu e eu poesia. Em drama comum
Versejamos com o mesmo pranto

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
18/10/2020, 14’13” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A ESCULTURA (soneto)

Idealizada, em traços no pó de mármor
Num luzidio de inspiração e de talento
Nas minúcias de fêmea em movimento
Fixas em forma rara, de delicado primor

Transpirando volúpia, vida e portento
Do pó de pedra forjada com tenro amor
Surge a forma e, prostrada em fomento
Abrigo imortal, num cendal esplendor

Do albor da imaginação, dos desejos
Surge assim esquia e férteis latejos
Ante a estátua feita, minha ovação

E o espanto avido do meu espreitar
Põe a beleza e delicadeza no olhar
Dela, a escultura amoldada a mão

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/08/2020, 11’41” – Triângulo Mineiro
Inspirada na escultura de Eliete Cunha Costa

Inserida por LucianoSpagnol

Orquídea

⁠Essa flor misteriosa
e, exuberante
de significados, laboriosa
insinuante
bela, formosa
- as orquídeas, tão mimosas
que cada cor sua, poeta:
o amor, a flor, o poder
a sedução secreta
do desejo, a nos emudecer
diante da sua opulência profeta
- tão lindas de se ver!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Agosto de 2020 - Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠O AMOR QUE É AMOR

O amor que é amor jamais vacila
Nas paixões iradas entra sem medo
Leva consigo a afeição e o enredo
Do doce olhar, e o abraço que asila

O desejo é uma variedade tranquila
Pra quem cobiça, pois, vence o quedo
E dum para o outro não tem segredo
Enquanto o apuro o veneno destila

Amor que é amor, a tudo transforma
Um ato de grandeza e de plataforma
Do bem, onde se tem a sorte ao dispor

Esse esplendor, regado com flores
São muito mais que simples amores
É a natureza do amor que é amor...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14 de agosto de 2020 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠[…]pão de queijo
tem pra todo o gosto
gostoso como beijo,
grande, miudinho, simples, composto
e o cheiro, ah! exagerado por demais
janeiro, fevereiro, agosto
qualquer dia, mês, hora - são os tais!
de manhã e de tarde no café, disposto
é bão demais sô! Uai, é daqui das Gerais...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
14 de agosto de 2020 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

A alma ganha essência
No entardecer do cerrado
Sabiás cantando em cadência
E João-de-barro sempre ocupado
Na obra de sua subsistência...
desenham o nosso cerrado!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15/08/2014, 18'00" - Cerrado goiano

Inserida por LucianoSpagnol

⁠O CONDENADO

O sentimento está triste. Tão calado
O pensamento solitário, num canto
Com agonia, ali, assim, compassado
E os olhos lacrimejando entretanto...

E no sofrimento de um crucificado
Pulsa na dor e chora árduo espanto
Se sentindo, um tal tão desgraçado
No drama e paixão, sem encanto...

Do algoz, cruento, e seco cerrado
O silêncio lasca o peito com tensão
Que suspira em pranto, fulminado

Tal um réu, um desafortunado, então
Largado na ilusão, e se vendo de lado
Soluça saudades o condenado coração!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15 de agosto de 2020 – Araguari, MG

Inserida por LucianoSpagnol

⁠A SERIEMA

Falam que a seriema, quando desata
O seu canto, no cerrado ali tranquilo
A viola do roceiro, chora, a segui-lo
Roncando esmorecimento pela mata

O retinir, longo, tal um sino de prata
Quando soa, longe, se pode ouvi-lo
Num tal solfejo, em aguda sonata
De um aristocrático canoro estilo

Quando a cantata, ressoa amolada
No coração do sertão, bem fundo
A saudade dói, e no peito faz morada

E o que mais neste canto se espanta
É que o canto de apenas um segundo
Na alma do sertanejo se agiganta...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
2020/agosto, Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

⁠Porque sempre adio meus sonhos?
Por que minha coberta é mortífera e minha cama é criminosa,me seduz e me mata.
Prefiro ficar horas com meu corpo esticado sonhando acordada e nada fazendo,do que correr atrás daquilo que posso conquistar.
Todos os dias a cama assassina e o cobertor criminoso me ilude...não me deixa correr atrás dos meus ideais.
A sepultura viva que me guarda atropela meus sonhos ilude minhas capacidades e mente pra mim.
É eu idiota e atrasada que sou deixo me manipular por uma doença que não sei o nome.
Agora mesmo estou escrevendo e sonhando com uma coisa que não existe ..mas que é muito boa pra mim...mas não passa de sonho, de imaginação conquistou mentiras e sonhos que não se realizam.
Que uma força maior me coloque em pé agora e me ajude caminhando comigo rumo aos meus sonhos realizados.Descobri que posso mas preciso de ser empurrada.

Inserida por Mileidi58

⁠ADVERSO DUM VERSO

Essa sensação de face cansada
Que vês no meu poetar azedo
De trova tremente e mirrada
É falta que lamenta no enredo

O versejar pouco camarada
Da satisfação já em degredo
De rima velha e desgraçada
Em que não se profere ledo

Ontem, de viço e alegria
Hoje, o choro e sofrência
Um fado. Na vã poesia

Nesta dura sina em riste
Do canto em decadência
Verseja um poeta triste!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/08/2020, 16’45” – Triângulo Mineiro

Inserida por LucianoSpagnol

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