Poema de Mario Quintana Sonhos
Envelhecer
Antes, os sonhos vinham
Agora nem todos mais vem
As lembranças não partiam
E as saudades a gente tem
Estou vivendo num quelho
A casa está vazia, também
Estou velho!
Luciano Spagnol
Atrás da esquina da ilusão
Ficaram os frustrados sonhos
Os momentos enfadonhos
A lágrima de uma saudade
A mentira em forma de verdade
A flor oferecida com amor
Murcha e sem o devido valor
O olhar perdido na contramão
Os soluços da magoada emoção
A infidelidade do amigo
A dor de se ter partido
O amargor do coração ferido
O sangue da injuria pela alma escorrido
O perder-se entre a multidão
Os valores, dignidade, razão
O amor sem o perfume da paixão
Todos, atrás da esquina da ilusão..
Baú
Purgando a resenha de meus sonhos
Deparei com meus fados empoeirados
Num baú de olhares de risos tristonhos
E venturas soltas em escritos amassados
Cambaleei entre minhas fragilidades
Tentando ocultar as minhas fraquezas
Como se possível fosse rasgar verdades
De tantas alegrias e de tantas tristezas
São tempos passados e repassados
Agora relembrados num canto peculiar
Se esquecidos também guardados
No puro encanto de sempre amar
Já nem lembrava de alguma situação
Que faz vivar a alma em miragem
De afeto, de amor, fé e de emoção.
E que a esperança é que nos dá aragem...
(Renascidos neste baú de gratidão...
Pois aqui estamos só de passagem!)
L4
Como no cerrado de folhas enrugadas
Também o fado está todo amarfanhado
Os sonhos de sabor árido e olhar calado
Vê-se o coração arriado nas quebradas
Em mim, as lágrimas, saudade, enfado
Das tristuras nas imperfeições grifadas
E o amor com insônias nas madrugadas
Vergando devaneios sem nenhum aliado
Que seja a afeição eloquências poetadas
Pelo arauto do amor em verso apaixonado
Implorando paixão nas rimas enamoradas
Assim, escrevendo um destino desejado
De dimensões afins as almas iluminadas
Pra no ponto final ter desfecho apaixonado
Luciano Spagnol
06 de junho, 2016
Cerrado goiano
Voa pássaros azuis, pelo azul do céu.
Carregue os sonhos, e os momentos enfadonhos deixe-os ao léu...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
A culpa, é da lua
deixou a noite fria e nua
de sonhos e devaneios...
E nesta ausência os anseios,
viraram penumbra
e o poetar uma rumba...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
SONETO TEMPORAL
Querer os sonhos dos dezessete
Quando já passou dos cinquenta
É quimera que pouco se aguenta
Já as horas, nos estende o tapete
De repente, tão frágil, e tão atenta
A vida nos põe atrás dum colchete
Deixa de dar rosas num ramalhete
Pra dar a proximidade dos setenta
É o tempo no tempo por um filete
Pensamento com voz barulhenta
E expectativa grifada num bilhete
Os passos tintos na cor magenta
A idade lenta, o querer em falsete
O amor, ah o amor, este ementa
Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano
SONHOS (soneto)
Vou hastear meus sonhos lá no alto
onde o céu desabotoa o caminho
o vento sopra a brisa de mansinho
e as estrelas poetam como arauto
Quero sair deste meu desalinho
dum fado de dano sem incauto
tal qual ao por do sol do planalto
que matiza o olhar com carinho
Quero ter simplicidade, e afeto
deixar as quimeras sem parede
e a ilusão livre, fluindo pelo teto
E assim, a boa nova que venha
seja recebida com afago e sede
e no meu eu, o amor convenha...
Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano
AMANHÃ
Se teus sonhos são devorados
Antes, então que venhas sonhar
No fado eles serão a ti abafados
E na alma, eles irão lhe devorar...
Então, crie a energia do perdão
Traga asas aos ensaios de amar
Onde se encene real compaixão
Gentileza que possa ser anfitriã
E aos caminhos flores e emoção
Senão, quem serás tu, amanhã?
Luciano Spagnol
2016, 15 de novembro
Cerrado goiano
PELOS SONHOS ANÔNIMOS
Clamo hoje pelos sonhos esquecidos
Os mais desejados e sempre dilema
Os que no ter não foram pertencidos
Nem citados ao menos num poema
Pouco lembrados e incompreendidos
Solitários que até nos causam pena
Nos fazendo chorar nos fados vividos
Falidos entre o prazer e a dor suprema
Assim perdidos nos traços da história
Desistidos e tão poucos na memória
Criando ilusões do tempo já passados
Clamo que revividos possam ter vitória
Que assim possam ter e ser divisória
Hoje, no fazer, para serem realizados
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano
Caminho no cerrado entre o perfume das flores e os sonhos...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
Julho, 2017
ASSOMBRAÇÃO
Tenho uma solidão, tapera sombria
Assombrada, de sonhos penitentes
Onde anda a ilusão tristonha e fria
Na saudade, poetando os ausentes
E no vazio, a alma sem doce poesia
Tal paz duma sepultura, os poentes
Sois, num entardecer de melancolia
Tatalam as mãos, olhar e os dentes
No silêncio o ranger da imaginação
Pelos cantos os vultos em prantos
Das lembranças, tal qual fiel serva
Que invadem as órbitas da emoção
Soturnos fantasmas e, quebrantos
Segregando o espírito na tênia treva
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
SAGRAS
Há os sonhos ocultos
dizer o que? Vultos...
Há a poesia derrocada
calhorda a sua fornada
O dedo em riste, olha
insiste, a alma desfolha
Não há poetar sonegado:
- o verso nunca é calado
Há desencontro na colisão
também o meu e seu perdão
O fado tem vida peculiar
o amor não, tem de amar!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
25/09/2019
Araguari, Triângulo Mineiro
REMENDO
Foi o devaneio que guilhotinou
os sonhos. Os fez sem aparato
E se estão intactos, aqui estou
invisível no evidente anonimato
Desenhei quimeras com giz
sem tronco, cabeça e braços
Colhi amor que ninguém quis
pra remendar os meus pedaços
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
neuroma
caminho no cerrado entre o aroma do sertão
e os sonhos...
do planalto central, neuroma.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
copyright © Todos os direitos reservados.
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol
ROGO (soneto)
Senhor, Senhor, fugaz passa, e outrora
Sonhei sonhos sonhados, tive fantasia
Como jamais poderia sonhá-lo agora
Algum ter que fora, acervo na poesia
Passou o inverno, primavera e a hora
Passou o verão, também a noite, o dia
E na espera, me perdi no tempo a fora
E na quimera, o querer então persistia
Senhor, o meu poetizar está desnudo
Sem brado, cansado, o coração mudo
E neste vazio torpor, o amor é averso
Nada vem, porém, rude foi o destino
Ele marchou, Senhor, foi com destino
E comigo o desejo do incitador verso
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
07 de outubro, 2017
Cerrado goiano
Mastigação
Deixando os sonhos de lado
Com que a pouco sonhava
Por causa dum desagrado
Com o meu eu, eu brigava
Dizia então: és um danado
- eu? E assim retrucava
Amanhava tal a um arado
O coração dor transportava
Quem mais penava (coitado!)
Era o devaneio. Gritava!
Todo amarrotado
Angustiado estava!
O tanto, porém, largado
Porém pouco se levava
O ganho que for tirado
Perde. E a alma não será escrava!
E, ao fim, deste fatigado
Dilema, eu me encontrava
Com a plenitude no fado
E o resto, a poesia mastigava...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, outubro
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Outra Vez
Outra vez, eu tive que me ausentar
Os sonhos foram levados ao vento
E agora não adianta mais chorar
Os pensamentos estão ao relento
Se buscar bem no fundo do meu olhar
Verás gotas de desalento e sofrimento
São estações que continuam a passar
E eu um passageiro neste seguimento
Outra vez, eu tive que me calar
Neste silêncio de isolamento
Ali pode minha alma poetar
E a poesia me trazer total alento
Mas talvez ninguém possa entender
O que para muitos é pouco fundamento
Quando se ama para valer, faz viver
E só vive quem tem amor no sentimento
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
fevereiro de 2016 – Cerrado goiano
SONETO EM SILÊNCIO
Este é o azarado malfeito no amor
Que os sonhos afoga na garganta
E, solitariamente, vive no dissabor
Aos olhares outros nunca encanta
Deixado, no escuro e sem assessor
Vaga. E, ao cabo de solidão tanta
No desejo pouco coexistiu amador
E com o tempo o vazio só agiganta
Coração deserto, lágrimas e pranto
O silêncio no peito é um pesar tonto
E aos lábios frios a carência acaricia
Num beijo sem calor e sem manto
Onde está sensação é sem pesponto
E a emoção sem apaixonada poesia
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
23/03/2020, 06’45” - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
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