Poema de Mario Quintana Decendo as Escadas

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Quem ama inventa

Quem ama inventa as coisas a que ama...
Talvez chegaste quando eu te sonhava.
Então de súbito acendeu-se a chama!
Era a brasa dormida que acordava...
E era um revoo sobre a ramaria,
No ar atônito bimbalhavam sinos,
Tangidos por uns anjos peregrinos
Cujo dom é fazer ressureições...
Um ritmo divino? Oh! Simplesmente
O palpitar de nossos corações
Batendo juntos e festivamente,
Ou sozinhos, num ritmo tristonho...
Ó! meu pobre, meu grande amor distante.
Nem sabes tu o bem que faz à gente
Haver sonhado... e ter vivido o sonho!

Mario Quintana
Quintana de bolso. Porto Alegre: L&PM, 1997.

Verdades


Traduzir um olhar às vezes
Pode ser a pior ideia.
Nem todos os homens
Estão preparados para as verdades que os arrodeiam...

ENTRE NUVENS DE ALGODÃO

Se for me beijar, que seja
Por um querer a mais.
Eu brigo todas às vezes
Com meu eu...
Pois tu me queres por debaixo
Das marquises e das pontes escuras,
Enquanto eu busco as mãos dadas pelas ruas.
Não digo um não, pois a verdade não é essa...
So te peço pra rever tuas intenções.
Pois já me sinto
(entre nuvens de algodão)

Parece um sonho

Parece um sonho que ela tenha morrido!
diziam todos... Sua viva imagem,
tinha carne!... E ouvia-se, na aragem,
passar o frêmito do seu vestido...

E era como se ela houvesse partido
e logo fosse regressar de viagem...
- até que em nosso coração dorido
a Dor cravava o seu punhal selvagem!

Mas tua imagem, nosso amor, é agora
menos dos olhos, mais do coração.
Nossa saudade te sorri: não chora...

Mais perto estás de Deus, como um anjo querido.
E ao relembrar-te a gente diz, então:
Parece um sonho que ela tenha vivido!

No começo eu era só certezas.
No meio eu era só dúvidas.
Agora é o final
e eu só duvido.

O Sorriso

"Nada custa, mas acrescenta muito.
Enriquece os recebedores sem empobrecer os doadores.
Dura apenas um segundo, mas muitas vezes a memória o guarda para sempre.
Traz a felicidade ao lar.
Alimenta a boa vontade entre as pessoas.
É a senha dos amigos.
Serve de incentivo para o desanimado, de alegria para o triste, de repouso para o fatigado.
Contra o mau humor, é o maior antídoto da natureza.
É o maior e melhor cartão de visitas.
Acalma os nervos e estimula a circulação em todo o rosto.
Promove harmonia em todo o nosso organismo.
Enfim, dá brilho aos olhos e simpatia ao caráter.
Então, SORRIA!..."

Mãe...
Palavra tão pequenina,
Bem sabem os lábios meus
Que és do tamanho do céu
E apenas menor que Deus

Por que os casais brigam?
Minha esposa sentou-se no sofá, junto a mim, enquanto
eu passava pelos canais.
Ela perguntou, “O que tem na TV?“
Eu disse, “Poeira. “
Aí então, a briga começou...

Que a força que rege seu ser não se enfraqueça diante dos problemas.
Que os sonhos não alcançados sirvam de estímulos na realização de outros.
Que as dificuldades encontradas fortaleçam sua fé.
Que seu sorriso alimente sua alma quando os dias amanhecerem cinzas.
Que sua paz, equilíbrio e serenidade tornem seu caminho cada vez mais florido e feliz.

Mario Quintana

Nota: Autoria não confirmada.

Que esta minha amada paz e este meu
amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade
bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsoria
dos cemitérios
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto

“Nascer é uma possibilidade
Viver é um risco
Envelhecer é um privilégio!”

Jardim interior

Todos os jardins deviam ser fechados,
com altos muros de um cinza muito pálido,
onde uma fonte
pudesse cantar
sozinha
entre o vermelho dos cravos.
O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem por eles passa indiferente.

Mario Quintana
A Cor do Invisível

Eu me esqueci no armário.
Pensei estar vivendo,
estudando, trabalhando, sendo!
Pensei ter amado e odiado,
aprendido e ensinado,
fugido e lutado,
confundido e explicado.
Mas hoje, surpreso,
me vi no armário embutido
calado, sozinho, perdido, parado.

Sonhar é acordar-se para dentro:
de súbito me vejo em pleno sonho
e no jogo em que todo me concentro
mais uma carta sobre a mesa ponho.

Mais outra! É o jogo atroz do Tudo ou Nada!
E quase que escurece a chama triste...
E, a cada parada uma pancada,
o coração – exausto, ainda insiste.

Insiste em quê? Ganhar o quê? De quem?
O meu parceiro... eu vejo que ele tem
um riso silencioso a desenhar-se

numa velha caveira carcomida.
Mas eu bem sei que a morte é seu disfarce...
Como também disfarce é a minha vida!

Mario Quintana
Apontamentos de história sobrenatural. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Nota: Poema Os parceiros.

...Mais

Família desencontrada

O verão é um senhor gordo sentado na varanda reclamando cerveja. O inverno é o vovozinho tiritante. O outono, um tio solteirão. A primavera, em compensação, é uma menina pulando corda.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Mas quando surges és tão outra,
e múltipla e imprevista...
que nunca te pareces com o teu retrato!
E eu tenho de fechar meus olhos,
para ver-te!

Mario Quintana
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006.

Nota: Trecho do poema Presença.

...Mais

Os antigos retratos de parede
Não conseguem ficar por longo tempo abstratos.

Às vezes os seus olhos te fitam, obstinados.
Porque eles nunca se desumanizam de todo.

Jamais te voltes para trás de repente:
Poderias pegá-los em flagrante.

Não, não olhes nunca!
O melhor é cantares cantigas loucas e sem fim...
Sem fim e sem sentido...
Dessas que a gente inventava para enganar a solidão
dos caminhos sem lua.

Ah! Os relógios

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia em for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais um necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Das ilusões
Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!

Coexistência pacífica

Amai-vos uns aos outros é muito forte para nós: o mais que podemos fazer, dentro da imperfeição humana, é suportarmo-nos uns aos outros.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

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