Poema de Inverno
Me encontro em uma situação de que me vejo ignorando meus sentimentos
Você me disse que estaria tudo bem, infelizmente não ficou,pois você me abandonou
Eu te entendo, mas não ignorei por completo, você sumiu sem nenhuma explicação
Me isolei de outros e esqueci que você havia me abandonado por completo
Porque eu te amava,mas você não sentia o mesmo por mim.
Menina amável com coração ardente,
É em seus olhos que me descubro gente.
Pergunto teu nome, tão insistente,
Me torno curioso por acidente.
Saudade que aperta o meu coração,
Em sua ausência ele é preocupação.
Tão ágil a pulsar, que perco a noção,
Sinto que tudo o que faço não vale um tostão.
Para que sirvo, se não para a amar,
Como esperar, se preciso te encontrar.
Amor é intenso, e, por isso, sinto aflição.
No fim, o que esperar do coração?
Nele, os sentimentos você desperta.
Não consigo esquecer tal emoção.
Beirando o mar, observando o céu e as ondas
Penso em você e me encontro sobre cordas
Compostura instável, arrisco as quedas
Por sorte, você é gambito sem perdas
O mar me chama, como teu coração
Ouço ele a distância, que sensação
Deveria, eu, arriscar aproximação
Tendo em mente o perigo da paixão?
Sequer o pôr do sol chega aos teus pés
Teus olhos castanhos são nota dez
Teria problema te querer demais?
Sempre que estou com você, tenho paz
A partir de hoje, estou sob teus pés
Você é belíssima à frente e atrás
O coração se enche de confusão,
Parte dele está sempre em corrosão.
Você veio e me mostrou o que é paixão,
Mas sabe que temo meu coração.
Temo que volte a bater como antes,
Tenho ciência de que amo bastante.
Você é semelhante a um choque constante,
Sou eletrocutado em sua beleza escaldante.
O meu coração exclama por você,
Você é tão bela quanto o amanhecer.
Estar com você é como o paraíso,
Te garanto, nunca faltou um sorriso.
Tu vens em um olhar santificado,
Me questionei sobre meu pecado.
Tenho, eu, o direito de amar sem cuidado?
Imprudência ou destino elaborado?
Entre todas as ondas, a que surfei.
Entre todas as lanternas, a que iluminou o meu caminho.
Entre todas as trilhas, a que me levou à melhor vista.
Entre todas as memórias, a que mais me faz rir.
Entre todo pôr do Sol que já admirei, o primeiro.
Entre todas as estrelas, a que mais brilha.
Entre todas as brisas, a mais refrescante.
Entre todas as chuvas, a que me acompanha em uma dança.
Entre todas as faíscas, as presentes em meu olhar.
Entre todas as chamas, aquela que me aquece no frio.
Entre todos os hobbies, os esportes.
Entre todas as músicas, a que eu sempre canto.
Entre todas as flores, a que eu paro para admirar e fotografar.
Entre todas as sensações, o toque acolhedor.
Entre todos os sentimentos, o amor.
Entre todas, a mais bela.
Entre todas, a que possui meu coração.
Entre todas, a que me arrepia.
Entre todas, aquela que anseio pelo toque.
Entre todos, o abraço que mais procuro.
Entre todas, a minha pessoa favorita.
Entre todas, a mulher da minha vida.
"Já vou já."
É sempre um "Já vou já".
Mas é? E vai quando?
Quando vai? Para onde vai?
Vai fazer o que?
É tanto "já vou já",
Que nem sabe mais para onde vai.
Até quando já vai já, se já poderia ter ido?
Até quando já vai, se logo nem mais vai?
Se não for já, algum "já vou já" vai primeiro que o seu.
Deixará de ir, apenas para dizer, outra vez, que já vai?
Não deixe de ir,
Pois nunca se sabe quando não mais poderá vir.
Eu? Eu já vou já.
Sinto falta das conexões que tínhamos
Mas não é sobre você
Até por nem mais existimos
Sinto falta de te ter.
O carinho que me aquece
A chama que me acende...
Agora me esquece...
Não estou mais tão carente.
Só sinto falta de ter
Mas não de ter a ti
Sinto falta de você
Mas nunca vou admitir.
Sinto você perto
Mesmo estando longe
Mas meu coração tá esperto
Não quero que seja como antes.
Eu transbordo
Transbordo sentimentos inimagináveis
Transbordo como a água que pinga sem parar
Transbordo ouvindo Gal Pensando em como reparar
Reparar algo que sempre reparei
Te proferir palavras que jamais imaginei
Eu transbordo o inimaginável
Sou grande demais pra um amor miserável
Cresci ouvindo MPB
Então me perdoe se eu transbordo
É que tenho uma idealização de amor diferente...
Amor que acrescenta
Aquece
Conforta e..
Quando acaba
Acaba com a gente
Este é o meu mundo
Este é o meu pouco
O que tenho, sou
O que sou, não temo dar
Mesmo que pouco
Mesmo que inteiro
Este é o meu eu
Este é quem sou
O que deveria ser, é
O que é, muito
Mesmo que tudo
Totalmente… eu
Este meu tudo é teu
Este que tão pouco é
O que é meu eu te dou
O meu tudo, o meu mundo
Mesmo que leve a nada
Mesmo que seja a muito custo
Que meu tudo não seja, pra ti, nada
Se lembrequecustoutudo
POESIA CODA
Sou muitas mãos
E muitas vozes
Também sou muitos ouvidos
E tantas outras expressões
Sou telejornal e novela das 8
Encarte de mercado
Promoção de biscoito
Sou a pausa – do sinal afoito
Astronauta em dois mundos
Indo e vindo neles... amiúde
Alguém que se reinventa
Sou um poema (nas mãos) de Nelson Pimenta
Sendo assim, deixa-me suspenso
Entre configurações de mãos
e grunhidos de meus pais
Sinto deles o cheiro
(até hoje)
Quando falo em sinais
(Para Bruno Alves, falecido de forma trágica em 2017)
“Bruno!” – Espero que ainda dê tempo de minhas palavras lhe alcançarem nesse grande mar.
Nessa turba de ondas de além, deixo-as ir em paz contigo, não há distâncias no Infinito; toda palavra é infinita e tu olhas assustado o grande mar revolto enquanto atravessa-o forçosamente. Uma pequena cabeça que insiste em não submergir, um grande coração na imensidão escura – a noite é só um pano de fundo; melancólico.
Atentos estão os seus conservos – no grande mar; nos fortes ventos
No horizonte que se aproxima enfim de ti.
No pequeno barco de papel, vem te receber o profeta – E de Gentileza te acolhe – o nosso barqueiro é mais gentil; sem moedas, sem espólio, sem alforge.
Até que tu te avistas – com a grande mãe dalém do grande mar; – “Salve Anastácia, rainha” – a mãe eterna dos pretos e pobres livres. Acolha este guerreiro forro em Aruanda; e me acolha junto – parte de mim ficou também no mar.
Um dia uma estrada vou pegar
Sem olhar pra trás,
Sem arrependimento
Seguirei meu caminho sem suspirar
Pois conto com a coragem,
Não com o lamento
Essa certeza,
Sem mesmo saber onde chegar
Às costas,
Vai ficar todo o sofrimento
O BOM POETA
O bom poeta gosta de mediar
A luta entre a pena e a espada
Não cala nem procura se emendar
Quando exagera ao contar sua toada
O bom poeta conhece os anseios mais quentes
E a natureza humana vive a espreitar
Entre suas paixões e desejos ardentes
Sua mente afiada cria vida ao recitar
Esse poeta que endurece no sofrimento
Sabe rir, entre a lágrima e o lamento
E derrama no papel sua tristeza
Ele goza, esse poeta, de merecimento
Se seus versos envolvem por um momento
Revelando a todos sua destreza
TEMPLÁRIO PERDIDO
Como enfrentar nossos demônios?
Criaturas terríveis e imortais
Que dia a dia matam os ânimos
De quem disse não voltar atrás
Não há mais fé, religião, nem magia
Que traga paz à alma ferida
Essa luta que travamos todo dia
Verter o sangue e tirar a vida
Morte, luta, sangue e vitórias
Com sabor de derrotas, cicatrizes
Vim em busca de honra e glórias
Nos olhos dos mortos: que fazes?
Nem em livros sagrados e profanos
Encontrei esperança e explicação
Tudo o que fazemos e planejamos
É derramar o sangue de nosso irmão
Não acredito mais naquelas palavras
Que Deus, em sua imensa sabedoria
Inflama nosso ódio, tal qual larvas
Que corroem e violam com rebeldia
O que pode justificar, meu Senhor
Tanta ânsia de sangue, tanta traição
Seu sumo sacerdote, pra mim traidor
Manipula nossa fé, pra sua ambição
Perdoe-me Senhor, se me levanto
Questionando suas ordens, do altar
Não encontro mais nenhum acalanto
Não consigo mais matar e pilhar
Minha alma triste chora, padeço
Vou-me embora, me esconder de Vós
Chorarei minha tristeza e me despeço
Talvez um dia perdoem todos nós
Tu és o meu vinho.
Tem a fragrância e delicadeza de um rose, aromas florais e minerais de um vinho branco, teus beijos têm a refrescância de um espumante e são gostosos como morangos, têm a doçura de um vinho de sobremesa.
És o meu encorpado vinho tinto, com taninos presentes, marcantes e inexplicáveis. Assim defino você! Igualzinho a um lindo e precioso vinho.
ACROBATA POESIA
Sonha, devaneia, numa prosa que acalenta
Como a sensação dum coração enamorado
Nervoso, poético, em um versar encantado
Sentimental e de um desejo que apimenta
Versa a imaginação, com a alegria atenta
Agita a alma e, dum sentimento povoado
Salta, celebra, gargalha, frenético pecado
Sai e escorre pelas mãos, a trova sedenta
No movimento a inspiração se lança no ar
Do alvor do papel, e em piruetas a apontar
Viravolteando cantos de amor e de magia...
Saltitante pensamento, poeta, saltimbanco
De ilusão inquieta, num rumoroso arranco
Se arroja e se mostra em acrobata poesia!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
09 junho, 2023, 20’32” – Araguari, MG
TODO AMOR
No sentimento, há um soneto lindo
Que mais parece uma leve emoção
Sussurrante, com o versar sorrindo
Na versão aquela perfeita inspiração
Atraente sensação, o afeto incluindo
Suspiros em versos, mimos em botão
E, que torna o fascínio tão bem vindo
Com seus sentidos, saboridos, então!
E, assim, verseja a prosa no agora
Com significado do fulgor da aurora
Que rega o coração com o tal vigor
Ah! paixão... bom ter-te neste carinho
Sem que seja um cárcere de espinho
Mas, sim, a poética com todo o amor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
22/10/2023, 15’51” – Araguari, MG
ASAS
O que o amor tem de ave
são asas do bem querer
voa intenso ou até suave
deriva do com quem haver
O seu voo agitado ou leve
são com as asas da emoção
podendo ser longo ou breve
depende do pouso no coração
Então, voa alto paixão!
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
Paráfase Abel Silva
ORAÇÃO (DO CERRADO)
Senhor, que és a diversidade, que és a vida e a morte!
O cerrado és tu, o por do sol encarnado és tu, o chiado do vento és tu.
Tu és a sequidão no lamento, do chão árido, agonizante em tormento, tortos galhos, tu és!
Tu és o mistério da folha seca no bale do fado, falta e aporte, desenhando a sua sorte.
Onde tudo parece deserto, tu habitas, eis a variedade e o concreto.
Onde nada está tu rege a tua toada.
Dá-me entendimento pra te seguir, nos teus passos os meu passos, amar sem desistir.
Dá-me água pra aguar a secura, e assim, ouvir-te límpido na vastidão do sertão em agrura.
Dá-me olhos pra ver, a benção dos ipês, escasso da chuva, e tão formosos e frondes.
Faze com que eu ame como a natureza, diversa, cada qual com a sua beleza.
Respeitando. Amando!
Que eu seja irmão e serva-te como pai. Adonai!
Torna-me seco para o pecado, e aquoso no amor, pra ser amado.
Torna-me fértil como a terra, afim, pra eu rezar tu em mim.
Que não haja cascalho nos caminhos do bem, onde a boa fé possa ir além.
Senhor, protege-me e ampare-me.
Dá-me alegria na melancolia, enfim,
pra eu me sentir teu, na tua glória.
Senhor, habitas em mim!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, abril. 05'40"
Cerrado goiano
paráfrase Fernando Pessoa