Poema de Entrega
''Se nos depararmos com uma vida futura
Ela será muito bem recebida,
Seremos eternas criaturas
E a nossa real estatura
Terá sido definida por esta vida''.
''Abster-se do mal é ser digno
E a dignidade não é medida pela eloqüência,
Mas por aquilo que traz em seu íntimo
E que surge como um rio límpido
Cujas águas seguem com total transparência''.
''Já que você não tem o poder
De determinar tudo aquilo pelo que vai passar,
Ao viver o que não pôde escolher
Aproveite para determinar como você
Permitirá que tais experiências possam lhe afetar''.
''Quando a paz invadir o seu coração
Lembre-se que se tornou mais fino
O véu de separação
Que impede que suas mãos
Toquem as mãos do Divino''.
''Minhas poesias me soam como palavras alheias
Impregnadas de conselhos coesos
Que invadem o meu corpo pelas veias,
Ocupam o meu cérebro e exigem que ele as leia,
Minhas poesias são consolo para mim mesmo''.
''Acaricie para ser acariciado,
Sorria para receber um sorriso,
Ame para ser amado,
Mas se nada disso lhe for ofertado,
Não julgue, deixe que Deus faça o juízo''.
''Por ter a água a função de limpar
Trazendo dignidade ao que é lavado,
Tenha no choro uma oportunidade de se dignificar
E toda vez que em meio às lágrimas se encontrar
Considere que está tomando um banho sagrado''.
A vingança de um artista que sente dor
Manifesta-se no desejo de construir,
Afirmando ter aquilo do que não é detentor,
Simplesmente para em meio às suas lágrimas fazer alguém sorrir.
Eduardo de Paula Barreto
Se amar o próximo
É um negócio
Difícil de ser feito
Não tem problema
Esqueça o amor, mas tenha
Pelo seu próximo, respeito.
(Leia também de baixo para cima)
'DEUS NÃO EXISTE'
Pois Deus existe!
Jamais acredite
Nesta estupidez
Use a sua inteligência e
Se esforce para crescer
Sendo um ateu com lucidez.
Eduardo de Paula Barreto
SP-09/02/2014.
Geralmente somos mais intolerantes com os nossos defeitos quando eles se manifestam em outras pessoas.
Eduardo de Paula Barreto
A pessoa sábia expõe
Mas nunca impõe
Os seus conceitos
Manifesta-se com elegância
Exercendo a tolerância
E oferecendo respeito.
Mães, mãezinhas, mamães
Merecem mais do que pães
Ou joias cheias de brilho
Precisam apenas ser amadas
E no colo suavemente embaladas
Como se mães fossem seus filhos.
Ame-se pelas qualidades que tem
E não se odeie pelo que lhe falta
Pois faltam nos outros também
Aquilo que você faz tão bem
Portanto o compartilhar a todos exalta.
Eduardo de Paula Barreto
Mais um ano se inicia
Com ele surgem muitos planos
E isso enriquece cada novo dia
Com estímulo e alegria
Ele é a tela e somos nós que a pintamos.
PAPEL DE MUSA
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Minha adorada e inspiradora musa
Preciso urgentemente da sua ajuda
Porque a escrever a intuição me compele
Quero abordar o nosso amor sem limites
Mas por ter acabado o meu papel sulfite
Terei que escrever sobre sua pele.
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Sobre esta testa escrevo
O maior dos meus desejos
Com letras garrafais:
‘Este local é exclusivo
Como lousa e abrigo
Deste poeta e de ninguém mais’.
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Nestas bochechas rosadas
Deixo as seguintes palavras
Gravadas com simetria:
‘Aqui só tem permissão para beijar
Aquele que sabe me transformar
Em tema para as suas poesias’.
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Nestes seus lábios carnudos
Com verbetes minúsculos
Deixo um recado meu:
‘Afaste-se destes lábios doces
São dela, mas é como se fossem
Deste amante que neles escreveu’.
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Neste aveludado pescoço
Sem querer provocar alvoroço
Escrevo ousadamente assim:
‘É aqui onde está o segredo
Para romper da minha musa o medo
E fazê-la se entregar para mim’.
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Entre estes lindos seios
Escrevo com certo receio
De ser malcompreendido:
‘Estes são os dois culpados
Por eu ficar descontrolado
Diante da minha libido’.
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Sobre esta barriga
Branca, macia e lisa
Escrevo delicadamente:
‘Não se aproxime deste lugar
Porque é aqui que brotará
A minha secreta semente’.
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Nesta sua área mais íntima
Registro uma declaração mística
Escrevendo a seguinte mensagem:
‘Este é o meu tapete voador
No qual me acomodo com amor
E levito em emocionantes viagens’.
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Nestas coxas torneadas
Deixo para sempre gravadas
Estas palavras nas partes internas:
‘Adoro os abraços dos seus braços
Mas eu perco as forças e me desfaço
Ao receber abraços das suas pernas’.
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De repente ela abre os seus olhos lindos
E percebe que no seu corpo despido
Não existe nem sequer uma letra
Mas isso não a entristece
Porque em pleno êxtase reconhece
Que fiz dos meus lábios uma caneta.
FOLHAS SECAS DE OUTONO
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Caiam folhas secas de outono
Sobre a terra avermelhada
E no mais repousante sono
Num mundo livre sem dono
Suspirava a moça apaixonada.
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Ela viu chegar um lindo cavaleiro
Montado num cavalo branco
Ele a arrebatou por inteiro
E sobre o animal faceiro
Saíram a passear pelo campo.
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Milhares de pássaros entoavam canções
Os jardins estavam floridos e perfumados
Não existiam as quatro estações
E ela sentiu muitas palpitações
Quando percebeu que o cavalo era alado.
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Lá do alto ela via as serras
E as nuvens que as cobriam
Via também escorrendo pela terra
Alimentando as plantas e as feras
As águas que nos rios corriam.
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Ao pousar sobre uma colina
Nos braços ele a tomou
E olhando para cima
Viu-se refletida na retina
Do homem que a conquistou.
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Ela não resistiu aos encantos
E se deixou beijar pelo amante tão hábil
Mas acordou em prantos
Ao perceber que foi o vento brando
Que jogou folhas secas sobre os seus lábios.
ZUMBIS
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Enquanto um menino sonha ser craque
De futebol outro usa pedras de crack
Para se imaginar alguém feliz
E assim surgem times nos campos
E nos guetos das cidades entretanto
Surgem legiões de zumbis.
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São seres cujos corpos caminham
Enquanto suas mentes definham
Os transformando em armas vivas
Que para satisfazerem o vício
Fazem uso de qualquer artifício
Chegando até mesmo a tirar vidas.
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A polícia com rigor os persegue
Usando bombas e cassetetes
E às vezes até os mata
Tal estratégia parece eficaz
Quando este procedimento se faz
Não contra gente, mas contra baratas.
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Estes zumbis que nos assustam
Nos tornam reclusos e nos furtam
Além do dinheiro a liberdade
Têm que ser retirados do convívio social
Criminosos na cadeia, viciados no hospital
Para que as ruas voltem a ser da sociedade.
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Quero viver sem medo do perigo
E ao encontrar jovens reunidos
Sob o escaldante Sol
Sentar-me tranquilo na calçada
Apenas para ver a criançada
Jogar mais uma partida de futebol.
BATALHA DAS IDEIAS
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Eu também quero me manifestar
Contra o que está a me incomodar
Neste País e também no Planeta
Uns marcham com gritos de guerra
Outros brigam como se fossem feras
E eu me manifesto com a caneta.
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Criticamos os desvios do erário
Nas construções dos estádios
De futebol para a Copa
Mas só tem direito de criticar
Aquele que se põe a gritar
Estando do lado de fora.
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Todo aquele que vai às arenas
É conivente com a triste cena
Do roubo do dinheiro do povo
Quem grita das arquibancadas
Não tem direito a mais nada
Além de considerar-se um bobo.
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Eu quero um País sem corrupção
No qual a pacífica população
Possa ter acesso às riquezas
Traduzidas na saúde, educação
Segurança, transporte, recreação
E ao bom alimento na mesa.
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Mas rechaço o oportunismo
De podres partidos políticos
Que promovem a baderna
Transformando as manifestações
Cheias de boas intenções
Em verdadeiros cenários de guerra.
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Todo ato violento deve ser reprovado
Seja ele do povo ou do Estado
Para que a vitória se eternize
Porque as lutas inteligentes
Fazem surgir nas mentes
As mais profundas raízes.
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Grite nas ruas e sussurre aos ouvidos
Ideias que criem conceitos definitivos
Mas que a nossa luta seja harmônica
E se lembre que a arma mais eficiente
Para mudar o que nos faz descontentes
É a poderosa urna eletrônica.
MACHADO DE ASSIS
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Joaquim Maria Machado de Assis
Mulato carente em cuja cerviz
Pesava o opróbrio do preconceito
Filho de pais pobres
Mas dono de talentos nobres
E de originais conceitos.
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Criado pela madrasta
Suplantou a dor da desgraça
Da perda da mãe querida
Frequentou a escola pública
Mas sua sabedoria única
Adquiriu na escola da vida.
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Aprendeu francês e latim
Exerceu atividades sem fim
No universo da cultura
Mas o seu maior legado
Para sempre ficou gravado
Nas páginas da literatura.
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Foi jornalista, contista
Cronista, romancista
Poeta e teatrólogo
E na fundação da ABL
Foi distinto cerne
E mentor do seu prólogo.
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Chamava-se Carolina
A musa que inspirava as rimas
Dos seus versos de amor
Ela foi a sua obra mais perfeita
Mas que cometeu a desfeita
De morrer antes de seu autor.
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A saudade abreviou os seus dias
E os textos que ele escrevia
Não o acompanharam ao cemitério
Ficaram espalhados como a fumaça
Que subia das fogueirinhas da casa
18 da Rua Cosme Velho.
