Poema de Anjos

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QUE SE DANE O MUNDO!!

Estou cansada de tanto perfeccionismo, tantas regras e convecções. Estou farta de gente, coisas, e tudo o que os compõe!
Estou de costas viradas para o mundo, ando com a cabeça na lua e o pensamento nas estrelas, Quero me cegar!!!!
Nao quero ver ninguém, não quero ouvir apenas gritar, quero ralhar e enxotar tudo que se aproxime!!!
Estou farta de leis, regras tudo que se vire para me dar ordens, eu quero mais acção, mais liberdade e até libertinagem...
Sim, porque não sair nua pelas ruas, as cambalhotas, brincar na chuva e dar piruetas ao sabor do vento?
Estou louca, varrida e indignada... quero sair, levar a minha bagagem e me mudar para marte, melhor quero que todo mundo se mude para marte ou sei la... quero que o mundo se dane, se exploda... não me interessa!!!
Não quero ver quem me acorrenta, nem os acorrentados estou a me danar para tudo isso. Pelo simples facto de eu não aturar a hipocresia que cobre o mundo, o nosso efeito estufa não é apenas o que está a acontecer na camada de ozono, mas o que acontece na sociedade que me encontro, todos usamos o véu da vergonha para cobrir nossas trapalhadas. Então, se assim é , porque não sair por aí pelada e dar a louca assumidamente se ja o fazemos em outros termos? Não quero que me critiquem, porque ruínas são ruínas não importa onde, não importa se queimou no incendio ou desabou com o vento, não deixam de ser ruínas. Então, não quero que as ruínas de pessoas me critiquem pela ruína que quero ser.
Sim, estou brigada como o mundo, e não estou a dar o primeiro passo para os acordos de paz, não estou a declarar guerra, não preciso fazer isso, estou apenas a cortar relações. Não sei como se corta relações com a casa que tu amas, mas estou mesmo a fazer isso!!! Quero que o mundo se dane até eu me danar com ele!

Sonetos

I

A meu pai doente

Para onde fores, Pai, para onde fores,
Irei também, trilhando as mesmas ruas...
Tu, para amenizar as dores tuas,
Eu, para amenizar as minhas dores!

Que coisa triste! O campo tão sem flores,
E eu tão sem crença e as árvores tão nuas
E tu, gemendo, e o horror de nossas duas
Mágoas crescendo e se fazendo horrores!

Magoaram-te, meu Pai?! Que mão sombria,
Indiferente aos mil tormentos teus
De assim magoar-te sem pesar havia?!

— Seria a mão de Deus?! Mas Deus enfim
É bom, é justo, e sendo justo, Deus,
Deus não havia de magoar-te assim!

Augusto dos Anjos
ANJOS, A. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Augusto dos Anjos

Nota: Trecho de "Versos Íntimos": Link

Versos a um coveiro

Numerar sepulturas e carneiros,
Reduzir carnes podres a algarismos,
Tal é, sem complicados silogismos,
A aritmética hedionda dos coveiros!

Um, dois, três, quatro, cinco... Esoterismos
Da Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros,
Na progressão dos números inteiros
A gênese de todos os abismos!

Oh! Pitágoras da última aritmética,
Continua a contar na paz ascética
Dos tábidos carneiros sepulcrais

Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros,
Porque, infinita como os próprios números
A tua conta não acaba mais!

SAUDADES DE NADA
Tenho muitas saudades, imensas
Tantas que ninguem pode imaginar...
Vivo assim submersa em pensamentos longiquos
Penso em nada, nesse nada que e a minha vida
Entao sinto saudades do nada que era a minha vida
Um nada diferente desse que vivo hoje
Era um nada de dar saudades,
Entao eu sinto saudades dos amigos que nao tive
Dos amores que nunca vivi, lembranca que nao cultivo
Tenho saudades, muitas saudades
De nunca ter vivido...nem sequer sonhado
E me pergunto de onde vem tantas saudades assim
Francamente, nao sei
Mas a verdade e que vivo assim
Sempre com saudades de nada.

Último credo

Como ama o homem adúltero o adultério
E o ébrio a garrafa tóxica de rum,
Amo o coveiro este ladrão comum
Que arrasta a gente para o cemitério!

É o transcendentalíssimo mistério!
É o nous, é o pneuma, é o ego sum qui sum,
É a morte, é esse danado número Um,
Que matou Cristo e que matou Tibério.

Creio como o filósofo mais crente,
Na generalidade decrescente
Com que a substância cósmica evolue...

Creio, perante a evolução imensa,
Que o homem universal de amanhã vença
O homem particular que eu ontem fui!

Provo desta maneira ao mundo odiento
Pelas grandes razões do sentimento,
Sem os métodos da abstrusa ciência fria
E os trovões gritadores da dialética,
Que a mais alta expressão da dor estética
Consiste essencialmente na alegria.

Augusto dos Anjos

Nota: Trecho de "Monólogo de uma Sombra": Link

As alegrias juntam-se as tristezas
E o carpinteiro que fabrica as mesas
Faz também os caixões do cemitério.

Vox Victimae

Morto! Consciência quieta haja o assassino
Que me acabou, dando-me ao corpo vão
Esta volúpia de ficar no chão
Fruindo na tabidez sabor divino!

Espiando o meu cadáver ressupino,
No mar da humana proliferação,
Outras cabeças aparecerão
Para compartilhar do meu destino!

Na festa genetlíaca do Nada,
Abraço-me com a terra atormentada
Em contubérnio convulsionador ...

E ai! Como é boa esta volúpia obscura
Que une os ossos cansados da criatura
Ao corpo ubiqüitário do Criador!

Augusto dos Anjos
ANJOS, A. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

Última Visio

Quando o homem resgatado da cegueira
Vir Deus num simples grão de argila errante,
Terá nascido nesse mesmo instante
A mineralogia derradeira!

A impérvia escuridão obnubilante
Há de cessar! Em sua glória inteira
Deus resplandecerá dentro da poeira
Como um gasofiláceo de diamante!

Nessa última visão já subterrânea,
Um movimento universal de insânia
Arrancará da insciência o homem precito...

A Verdade virá das pedras mortas
E o homem compreenderá todas as portas
Que ele ainda tem de abrir para o Infinito!

Vítima do dualismo

Ser miserável dentre os miseráveis
— Carrego em minhas células sombrias
Antagonismos irreconciliáveis
E as mais opostas idiosincrasias!

Muito mais cedo do que o imagináveis
Eis-vos, minha alma, enfim, dada às bravias
Cóleras dos dualismos implacáveis
E à gula negra das antinomias!

Psiquê biforme, o Céu e o Inferno absorvo...
Criação a um tempo escura e cor-de-rosa,
Feita dos mais variáveis elementos,

Ceva-se em minha carne, como um corvo,
A simultaneidade ultramonstruosa
De todos os contrastes famulentos!

Augusto dos Anjos
ANJOS, A. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

VIAJAR NO MEU PEQUENO EU

Me encontro aqui, sentada a deambular entre meus ínfemes e míseros pensamentos... sem muito no que pensar
No meio de um nada e em minha constante e feliz melancolia.
Passam-se os anos eu mudo, reviro-me e me reencontro aqui num mar de contrastes...
Mil perguntas passam pela imensidão do meu cérebro, perguntas parvas de respostas concretas e desconjugáveis.
Mudam-se-me os nomes, permanecem-me os apelidos e meus contrastes, me perco em mim... morro em minhas atitudes e ressuscito em meus contrastes.
Outra vez, a mesma sensação... de novo a mesma dor da perda me consome.
o que falta em mim? o que a complicada simplicidade que me rodeia roubou de mim desta vez? Algures perdi algo que não consigo encontrar, mas onde se não sai daqui, encontro-me a séculos nesta mesma monotonia....
Ohhh!!! Agora entendo tudo... é essa monotonia que me consome, me rouba todo nada que consigo... não aguento mais isso!!!!
Mas espera aí!!!!! Que monotonia? Como sei eu que isso é monotonia se não conheço outro estado de vida se não essa latessencia em que me encontro?
ohh! Injusta de mim... condeno-me sempre a um mundinho de desesperos e futilidades úteis... apresso-me a julgar o modelo medíocre de vida numa linear constante.
Mas como posso eu querer ou ainda exigir de mim uma aderência a uma vida mais apreciável se é só esta a realidade que conheço... se minha fraca e fértil imaginação nunca viajou por outros campos se não a oscuridade da minha própria realidade?
Daí me ponho aqui sentada no meio a nada e uma vez mais viajo e percorro o interior do meu pequeno eu, numa corrida lenta e rotineira que não me cansa, e apesar de exausta me alegro com as tristezas que revivo.

O poeta do hediondo

Sofro aceleradíssimas pancadas
No coração. Ataca-me a existência
A mortificadora coalescência
Das desgraças humanas congregadas!

Em alucinatórias cavalgadas,
Eu sinto, então, sondando-me a consciência
A ultra-inquisitorial clarividência
De todas as neuronas acordadas!

Quanto me dói no cérebro esta sonda!
Ah! Certamente eu sou a mais hedionda
Generalização do Desconforto…

Eu sou aquele que ficou sozinho
Cantando sobre os ossos do caminho
A poesia de tudo quanto é morto!

A um carneiro morto

Misericordiosíssimo carneiro
Esquartejado, a maldição de Pio
Décimo caia em teu algoz sombrio
E em todo aquele que for seu herdeiro!

Maldito seja o mercado vadio
Que te vender as carnes por dinheiro,
Pois tua lã aquece o mundo inteiro
E guardas as carnes dos que estão com frio!

Quando a faca rangeu no teu pescoço,
Ao monstro que espremeu teu sangue grosso
Teus olhos - fontes de perdão - perdoaram!

Oh! tu que no perdão eu simbolizo,
Se fosse Deus, no Dia do Juízo,
Talvez perdoasses os que te mataram!

Augusto dos Anjos
ANJOS, A. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

Monólogo de uma sombra

Sou uma Sombra! Venho de outras eras,
Do cosmopolitismo das moneras...
Pólipo de recônditas reentrâncias,
Larva de caos telúrico, procedo
Da escuridão do cósmico segredo,
Da substância de todas as substâncias!


A simbiose das coisas me equilibra.
Em minha ignota mônada, ampla, vibra
A alma dos movimentos rotatórios...
E é de mim que decorrem, simultâneas,
A saúde das forças subterrâneas
E a morbidez dos seres ilusórios!


Pairando acima dos mundanos tectos,
Não conheço o acidente da Senectus
— Esta universitária sanguessuga ,
Que produz, sem dispêndio algum de vírus,
O amarelecimento do papirus
E a miséria anatômica da ruga!


Na existência social, possuo uma arma
— O metafisicismo de Abidarma —
E trago, sem bramânicas tesouras,
Como um dorso de azêmola passiva,
A solidariedade subjetiva
De todas as espécies sofredoras.


Com um pouco de saliva quotidiana
Mostro meu nojo à Natureza Humana.
A podridão me serve de Evangelho...
Amo o esterco, os resíduos ruins dos quiosques
E o animal inferior que urra nos bosques
E com certeza meu irmão mais velho!


Tal qual quem para o próprio túmulo olha,
Amarguradamente se me antolha,
À luz do americano plenilúnio,
Na alma crepuscular de minha raça
Como uma vocação para a Desgraça
E um tropismo ancestral para o Infortúnio.


Aí vem sujo, a coçar chagas plebéias,
Trazendo no deserto das idéias
O desespero endêmico do inferno,
Com a cara hirta, tatuada de fuligens
Esse mineiro doido das origens,
Que se chama o Filósofo Moderno!

Sofredora

Cobre-lhe a fria palidez do rosto
O sendal da tristeza que a desola;
Chora - o orvalho do pranto lhe perola
As faces maceradas de desgosto.

Quando o rosário de seu pranto rola,
Das brancas rosas do seu triste rosto
Que rolam murchas como um sol já posto
Um perfume de lágrimas se evola.

Tenta às vezes, porém, nervosa e louca
Esquecer por momento a mágoa intensa
Arrancando um sorriso à flor da boca.

Mas volta logo um negro desconforto,
Bela na Dor, sublime na Descrença.
Como Jesus a soluçar no Horto!

O Bandolim

Cantas, soluças, bandolim do Fado
E de Saudade o peito meu transbordas;
Choras, e eu julgo que nas tuas cordas,
Choram todas as cordas do Passado!

Guardas a alma talvez d’um desgraçado,
Um dia morto da Ilusão às bordas,
Tanto que cantas, e ilusões acordas,
Tanto que gemes, bandolim do Fado.

Quando alta noite, a lua é fria e calma,
Teu canto, vindo de profundas fráguas,
É como as nênias do Coveiro d’alma!

Tudo eterizas num coral de endeixas…
E vais aos poucos soluçando mágoas,
E vais aos poucos soluçando queixas!

Augusto dos Anjos
ANJOS, A. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

POR MUITAS E POUCAS...

Ahhh!!! Essa sensação de abandono, me consome
Me afasta das pequenas proezas da vida, me inibe
Me traz paz, é estranho como me conforto
Essas palavras desleixadas, pequenos espinhos na minha alma
Essa dor, de ausência total, me corroi, me protege
Choro por nada, me alegro por tudo
São muitas coisas em tão poucos momentos
São meus tormentos, feridas do coração
Colírios nos meus olhos, assim pequenos desgastes
Por favor, me abracem!!!!
Ninguém, me vê!!! oh!!! não me enxergo
Me reprimo e me encontro, oh!!! solidão companhia eterna
És esfinge e eu não te decifrei, me devoraste
Pudera!!! Por muitas e poucas coisas me desfaço
Choro, como sabe bem chorar,
É bom sentir o docinho amargo dos sais de minhas lágrimas
São poucas coisas, me alegro...
Por muitas coisas me entristeço e choro,
De prazer, de emoção, alegria, de tristeza
Por muitas e poucas minha face é nascente
Afluente de rios tranbordantes, deltas que dasaguam em margens estancadas nos oásis
Miragem cheias de verdades...
Por muitas e poucas eu sou ilusão...
Estado de vida latente, sou abandono
Definição concreta de solidão, sinónimo de saudades
Sou ao mesmo tempo sono tranquilo, em marés de pesadelos
Por muitas e poucas não aprendi a sonhar, imagino
Fecho os olhos e me conformo sonânbula, me debato
Por muitas e poucas sou solidão rodeada de gente, que procuro amar.

Como dizia o poeta:
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
cuidado com quem andas!

"QUEM DERA QUE ONTEM VOLTASSE A ACONTECER"
Aquela sensação de ter comigo algo unico
Que talvez jamais volte a ter
Algo que sempre desejei e que sabia que ontem
estava indo para sempre...
Ah!!! Como desejei ser dona do mundo ontem
Não que minha pretensão esteja acima dos designios de Deus
Longe de mim...
Apenas porque minha dor era maior k o peso do mundo
So ontem, eu realmente chorei, e chorei de mais
Aquela sensação do Déjà vu mal definida
O ter k te deixar partir sem vontade de te largar
Ontem foi assim...
Ai eu vi o quanto fraca eu sou e como doi a partida
Pior que a saudade é a certeza que não haverá volta
Quem me dera que ontem voltasse a acontecer
Não pelo prazer da dor de te ver partir
Apenas pela felicidade de te ter ai pertinho de mim
Nem que seja numa triste despedida.
Ontem tudo o que eu queria era chorar
Tinha tanto para te dizer e nem sequer abri a boca
Sabia que apesar de não me ouvires
tinhas a certeza do que eu te queria dizer, sempre quiz
e agora que te posso dizer...
Nada mais te posso dizer senão que ontem foi o dia que eu n quiz que terminasse.

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