Poema Bobo
Desfalecendo de amor
Pobre de mim quando você partiu
Eu parecia um barco no mar
Prestes a tão cedo naufragar
Sem força e leme para conduzi-lo
Meu coração como uma folha seca sem destino
Levada com força pela correnteza
À mercê das rochas e incertezas
Angustiada, como uma biblioteca sem livros
A luz do sol brilha através da janela
Mas, para mim, o dia será de sombra
Farei com que minha alma se esconda
Somente à noite, contemplarei a lua bela
Entrego-me à escrita com afinco
Conto para os papéis sobre meu amor
Que ao perdê-lo, a dor, meu sorriso levou
E derramo todo sentimento que deveras sinto.
Lucélia Santos
Dor
Sinto que minha força esgotou-se
Rompeu-se as amarras e fui ao chão
Queria caminhar nas ruas em escuridão
Fugir da excruciante dor, de seus açoites
Ainda que eu mergulhe em alto mar
Rapidamente ela me seguiria
Lá no fundo me dominaria
Ela sempre vai me encontrar..
As provações nos rasgam por dentro
Comprimem com força o coração
Causando um caos, e a solidão
Acelera drasticamente batimentos
Sentimentos de impotência e inutilidade
As mãos não alcançam, nada a fazer
Só Deus sabe o que irá acontecer
Resta confiarmos nele de verdade.
Lucélia Santos
Cálice
Sem teus beijos quase morro de amor
Beberia do cálice proibido
Sem ver-te, seguir não consigo
É um castigo suportar tamanha dor
Se ei de desfalecer, que seja em teus braços
Ao deitar-me, minha alma grita de angústia
Tão melancólica, sussurro a nossa música
Em meu peito abriu-se um buraco..
Esse amor é fogo e flameja em mim
Viver sem ti, eu não suportaria
Fui tragada pelas chamas da paixão que vivia
Mergulhei no mar para delongar meu fim
Nessas águas, a minha dor clama e retorce
Um ser, diante de um cálice, solitária e selvagem
Se teu amor, minha tristeza afugentasse !
Sigo faminta da tua voz e do teu olhar que me envolve.
Lucélia Santos
Sociedade Poética
Feliz de ti, oh homem desejado!
Que ao ser amado por uma poeta, tu nunca morrerá
Pois em seus versos ela o eternizará
Falarão de ti e por toda vida serás lembrado
O amor a consome em total insanidade
Ainda que sangre seu coração, e seja quebrado
Tu jamais morrerás afogado
Pois sem ti, ela não respira de verdade
Quem faz poesia doa fôlego de vida
Ergue uma alma flagelada
Aquece corações e alivia a carga pesada
Converte trevas em paisagem florida
Sociedade Poética invencível, que sabe amar
Inspirações ardem como labaredas
Perscrutam as entrelinhas do mundo, na certeza
Que uma centelha de luz encontrará.
Lucélia Santos
Entre-páginas de um velho diário!
Em meio aos raios de luz do entardecer
Doce harmonia… Pura poesia… Magia…
Embaixo de um céu azul
onde os pássaros embelezam essa tela divinal!
Ouço o eco das memórias perfumadas
que tenho guardadas.
Surge uma sinfonia de recordações mescladas de sentimentos bons,
'prendas do tempo'.
Pensamentos esvoaçantes
voam livremente como folhas outonais.
Livres de estresses.
Num território que não existem falsidades, tampouco adversidades.
Apenas saudades!
Folhas agitando buliçosas.
Esmiuçando histórias
onde borboletas multicoloridas enfeitam esse longínquo passado.
Dando vida… Num garboso revoar!
Nesse belo jardim da memória de delicadezas sem fim
trago ternuras orvalhadas pelo tempo,
memórias de outrora.
Me deparo com pétalas de amor
nas entre-páginas de um velho diário
adornando o cenário,
cartas românticas, bilhetinhos escritos para mim.
Hoje, visto-me de poesia e vou (re)vivendo momentos, beijos e carícias,
abraços envolventes...
Ah!… doce mocidade
que passa tão rápido
como um raio de felicidade!
Rosely Meirelles
🌹
Solitude solitária, a solidão sutil,
Um estado estranho de desamparo hostil,
Onde o vazio enche o espaço vazio,
E a escuridão devora o que é brilhante e frio.
A solidão é um labirinto intricado,
Onde pensamentos se perdem, torcidos e dobrados,
Ecoando em corredores sem fim,
Apenas para morrer sem um eco ou um sinal.
É um estado de melancolia,
Onde a tristeza se mistura com a nostalgia,
Onde a esperança é um fio tênue,
E o desespero é o único companheiro na jornada.
Mas mesmo na solidão, há beleza,
Um silêncio suave que acalma a natureza,
Um tempo para reflexão e contemplação,
E um espaço para encontrar uma nova inspiração.
Quando a solidão te encontrar,
Lembre-se de que é apenas um momento passageiro,
Um tempo para olhar para dentro e crescer,
E um tempo para se preparar para o próximo capítulo da sua vida.
Bem vindo Março!
Que será um Marco
As água que levam e trazem novos rumos.
Abençoados os corações esperançosos que transbordam amor.
Pois sem amor, nada seremos nem mesmo seríamos
Pode ser sobre mim,sobre você ,sobre nós.
O nós feito da cumplicidade do olhar da troca que ficou,do toque que eternizou.
Se é poesia? Não sei.
Se é poema?Talvez.
Se é arte? Sempre.
Obras do universo paralelo.
É loucura te amar
mas sou um louco, sabia disso?
Então continuarei aqui, escrevendo
até que você apareça e me faça um
homem
louco.
Louco,escritor,"poeta"
vários títulos, mas
ser seu é o meu único título.
(texto do meu livro, @uffael)
Tempo
Nada.
Meus filhos nunca quiseram nada.
Tudo.
Meus filhos sempre quiseram tudo;
E eu não sabia.
Havia.
Havia uma chance nova à cada dia.
Houveram.
Houveram "revanches", como às chamo ao lembrar-me;
Mas às desperdicei como quem desperdiça a vida milésimo a milésimo de segundo.
Queria.
Do meu âmago eu realmente queria,
Abster-me de todo o lucro que obtive em vida para saciar a fome de presença que meus filhos desejavam;
Queria de fato, agora inapto, ter visto seus olhos lacrimejantes e sentir o peso do mundo sobre minhas costas, ouvir seus soluços solitários em seus quartos e compreender minha falha.
Busquei?
Não, eu não busquei as respostas ou melhor,
Não fiz as perguntas certas;
O preço da ausência muitas das vezes se manifesta de forma abstrata e até incolor.
O preço da ambição desmedida,
É o fim do amor...
Tudo o que eles ansiavam tinha um nome: Tempo.
Metáfora
A vida é um floco de neve.
Também pode ser uma lata de lixo se você prefere;
A vida é como uma prece.
Mas também pode ser uma melodia simples;
A vida é uma vidraça.
E também pode ser um gume com duas facas...
Entre Tolos e Sábios
Eram espinhos banhados de ouro,
mas não deixaram de serem espinhos.
O tolo enxergava apenas os quilates,
O sábio enxergava os espinhos.
Eram apenas fezes banhadas de ouro,
Mas não deixavam de serem fezes.
O tolo enxergava os quilates,
O sábio enxergava às fezes.
Eram dias de chuva, eram também dias de luta;
O tolo se protegia, deixando de sorrir por nublado estar.
O sábio regozijava-se deliciando-se á cada gota que caia,
Sorria e cantava junto aos pássaros e vivia.
Ilha
Queria sorrir de verdade,
Não contemplar estas falsas verdades,
Que habitam as grandes, e também as pequenas cidades.
Cidades são pessoas ilhadas,
Sem tempo para nada.
Com pouco auto-estima e falta de simplicidade;
Sorrisos são alheios às veracidades,
E eu sou mais uma destas cidades...
Amor x Ódio
O amor ceifava o ódio,
Enquanto o ódio ceifava a vida.
Em várias caminhadas pela madrugada,
Uma alma perdida se reencontrava.
O ódio sentia amor e negava piamente,
O amor ceifava o ódio fizesse sol ou chuva;
Sabia que mais cedo ou mais tarde,
Teria o resultado de sua labuta diária...
Eu decidi guardar em mim o que sinto,
pois sei que não mudará nada em nosso convívio.
Apesar de ter conexão, você é superficial,
e não quero depender de sua aprovação para ser feliz, afinal.
Não quero mais me prender a essa loucura,
é hora de seguir em frente e buscar minha cura.
Te deixo partir e encontro um futuro para mim,
um caminho de paz e amor, enfim.
Sou uma figura misteriosa,
Que muitas histórias já inspirou,
Nas noites escuras e silenciosas,
Muitos já me viram e se assustaram, mas quem sou?
Sou conhecido por ter asas,
E pelos sustos que já dei,
Mas também já fui tema de graças,
E inspirei a imaginação de quem sonhou.
Minha presença é inexplicável,
E meu poder é imaginário,
Muitos já me viram em sonhos incríveis,
E se perguntam se sou real ou imaginário.
Quem sou eu, pode me dizer?
Nas lendas e nos mitos estou presente,
Sou um enigma a desvendar,
Que envolve muita gente.
A vida é assim:
Enquanto uns nascem para rir, outros nascem para ser o motivo do riso!
O segredo é;
Se divirta! Seja de que lado você estiver.
Quando eu era mais nova, o menino que eu gostava disse que me achava bonita de vermelho.
Me observo, hoje, no espelho, usando tons de vinho, bordô, carmesim, e amaranto.
Me esquecendo que gostava de azul.
Tenho medo ao pensar nas outras partes de mim que existem como um meio de ser amada. Temo que me perdi ao exigi ser amada antes de exigir ser eu. Me apaguei ao buscar algo intangível como o amor.
Faço macarrão do jeito que meu irmão me ensinou, escuto as músicas que minha mãe me cantava, vejo filmes para ter sobre o que conversar, e leio os livros favoritos de todos que conheço.
Me sinto como um quebra-cabeça indecifrável montado por peças de outras pessoas.
Sem essência, sem formato, sem imagem.
Uma grande bagunça.
PROMETEU ESQUECIDO
De João Batista do Lago
Ei, Tu aí que estás preso nesse madeiro
E com esse olhar de Réu arrependido
E tentando decifrar o mundo inteiro
E com rosto transpirando sangue comedido
E com essa boca de imolado carneiro
E suplicante do deus que Te fez Prometeu esquecido
E com braços abertos para o abraço de nadas
E com mãos chagadas por ferros encravados
E com peito trespassado pela lança da manada
E com pernas e pés ao suplício condenado
E com espírito de justiça da vida emanada
E com caminhos de espinhos cravejados…
Desce da Crucis
E vem
O inferno é aqui!
E ele precisa de Ti.
Há fome no front
Miséria em toda parte
― o inferno precisa de Ti! ―
Não parte.
Vem e guia-nos
Ante a suprema dor;
Fortalece
Todo furor crucificado
E que todo sangue derramado
Seja pleno fulgor
D’um povo calejado
― agora resgatado
com a esperança do porvir ―
Tempo novo
Há de vir!
O meu pensamento está na tua imagem, no cinzento que tem a forma da tua sombra, no horizonte que tem as curvas do teu corpo, na chuva que tem o sabor da tua boca.
Por entre o cinza raia, o sol tímido em pequenos tufos de vislumbre que aquecem o teu cabelo no dorso do vento esparso.
No ribeiro de vermelho pintado vejo a vida de mim ir embora com essa imagem no meu pensamento.
