Poema a Morte das Casas de Ouro Preto

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O difícil é a moral estática, é mais fácil preparar os homens para a morte que ajudá-los a viver o dia a dia.

O hábito é que me faz suportar a vida. Às vezes acordo com este grito: - A morte! A morte! - e debalde arredo o estúpido aguilhão. Choro sobre mim mesmo como sobre um sepulcro vazio. Oh! Como a vida pesa, como este único minuto com a morte pela eternidade pesa! Como a vida esplêndida é aborrecida e inútil! Não se passa nada, não se passa nada. Todos os dias dizemos as mesmas palavras, cumprimentamos com o mesmo sorriso e fazemos as mesmas mesuras. Petrificam-se os hábitos lentamente acumulados. O tempo mói: mói a ambição e o fel e torna as figuras grotescas.

O que é a história? É o trabalhar para elucidar progressivamente o mistério da morte e vencê-la um dia.

Boris Pasternak
Doutor Jivago

Todos os homens tremem ante a punição e todos os homens temem a morte; lembra-te que te assemelhas a eles, e portanto não mates nem contribuas para a matança.

Ao lado do homem vou crescendo

Defendo-me da morte quando dou
Meu corpo ao seu desejo violento
E lhe devoro o corpo lentamente

Mesa dos sonhos no meu corpo vivem
Todas as formas e começam
Todas as vidas

Ao lado do homem vou crescendo

E defendo-me da morte povoando
de novos sonhos a vida.

Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas

E entre quatro paredes densas
DE funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
com o poema do tempo.

POEMA SAPIÊNCIA DE NORDESTINO
Orgulho-me de ser nordestina, não tenho vergonha de falar, somos um povo alegre temos historia para contar, não fale mal da minha cultura tenho orgulho de ser de lá!
Só, fala mal de nordestino, quem não sabe da missa a metade, eu nunca vi um povo mais sofrido com tanta criatividade!
Nordestino não tem dinheiro, mais vive na riqueza, são tantos contos que contam que choramos de rir, o que falta em dinheiro, sobra em criatividade!
É tanta sapiência neste povo sofrido, eu não vi em outro lugar só do povo nordestino!

Poema

Todo o negro dos teus cabelos
Tudo que cerca o teu olhar
Até as coisas mais simples
São tudo

Cada pedaço do teu rosto
Até aquele seu moletom fosco
Pequenos detalhes
Quase ínfimos
São tudo
(e um pouco mais)

Quando você compreende o sentido da renúncia, aprende a amar. É nesse momento que a felicidade genuinamente se apodera do seu coração.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

A arquitetura como construir portas,
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e tecto.
O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.

Até que, tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até fechar o homem: na capela útero, com confortos de matriz, outra vez feto.

Por trás do que lembro,
ouvi de uma terra desertada,
vaziada, não vazia,
mais que seca, calcinada.
De onde tudo fugia,
onde só pedra é que ficava,
pedras e poucos homens
com raízes de pedra, ou de cabra.
Lá o céu perdia as nuvens,
derradeiras de suas aves;
as árvores, a sombra,
que nelas já não pousava.
Tudo o que não fugia,
gaviões, urubus, plantas bravas,
a terra devastada
ainda mais fundo devastava.

Rasas na altura da água
começam a chegar as ilhas.
Muitas a maré cobre
e horas mais tarde ressuscita
(sempre depois que afloram
outra vez à luz do dia
voltam com chão mais duro
do que o que dantes havia).
Rasas na altura da água
vê-se brotar outras ilhas:
ilhas ainda sem nome,
ilhas ainda não de todo paridas.
Ilha Joana Bezerra,
do Leite, do Retiro, do Maruim:
o touro da maré
a estas já não precisa cobrir.

O Engenheiro

A luz, o sol, o ar livre
envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras:
Superfícies, tênis, um copo de água.

O lápis, o esquadro, o papel;
o desenho, o projeto, o número:
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nenhum véu encobre.

(Em certas tardes nós subíamos
ao edifício. A cidade diária,
como um jornal que todos liam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro).

A água, o vento, a claridade,
de um lado o rio, no alto as nuvens,
situavam na natureza o edifício
crescendo de suas forças simples.

A um rio sempre espera
um mais vasto e ancho mar.
Para a agente que desce
é que nem sempre existe esse mar,
pois eles não encontram
na cidade que imaginavam mar
senão outro deserto
de pântanos perto do mar.
Por entre esta cidade
ainda mais lenta é minha pisada;
retardo enquanto posso
os últimos dias da jornada.
Não há talhas que ver,
muito menos o que tombar:
há apenas esta gente
e minha simpatia calada.

Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento.

Machado de Assis

Nota: Autoria não confirmada.

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

Fernando Teixeira de Andrade

Nota: A autoria do pensamento tem vindo a ser erroneamente atribuída a Fernando Pessoa.

Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar.

Machado de Assis
Ressurreição (1872).

Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.

Machado de Assis
Assis, M. Obra Completa de Machado de Assis. vol. II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar 1994.

Nota: Conto "Verba Testamentária" da obra "Papéis Avulsos" de Machado de Assis.

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Os homens distinguem-se pelo que fazem; as mulheres, pelo que levam os homens a fazer.

Carlos Drummond de Andrade
"O Avesso das Coisas: Aforismos". Rio de Janeiro: Editora Record, 1990.