Poema a Morte das Casas de Ouro Preto
Poema Mórbido
Quando eu morrer
Não quero luxo
Não quero nada incrustado de ouro
Nem nada que seja tão caro
O que importa é se vivi bem a vida
Amei e fui correspondida
E aproveitei cada segundo
Como se ele fosse o último
Não que esteja sendo mórbida
E já pensando na morte
Mas quem sabe eu esteja sem sorte
E ela me busque amanhã?
Verdadeiro valor não dão à gente;
Essas honras vãs, esse ouro puro
melhor é merecê-los sem os ter
que possuí-los sem os merecer.
Poema de Natal
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Poema enjoadinho
Filhos . . . Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete . . .
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los . . .
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
Poema: A CASA
Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque a casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Na Rua dos Bobos
Número Zero.
O sentido normal das palavras não faz bem ao poema.
Há que se dar um gosto incasto aos termos.
Haver com eles um relacionamento voluptuoso.
Talvez corrompê-los até a quimera.
Escurecer as relações entre os termos em vez de aclará-los.
Não existir mais reis nem regências.
Uma certa liberdade com a luxúria convém.
Quem busca o suficiente sonha em preto e branco,
eu quero sonhar colorido
viajar no impossível
caminhar nas estrelas
RACISMO?!
Amigo branco, algumas coisas que tu deves saber:
Quando nasço, sou preto
Quando vou à escola, sou preto
Quando apanho sol, sou preto
Quando tenho frio, sou preto
Quando tenho medo, sou preto
Quando estou doente, sou preto
Quando morro, sou preto
E tu amigo branco?
Quando nasces, és cor-de-rosa
Quando vais à escola, és branco
Quando apanhas sol, ficas vermelho
Quando tens frio, ficas azul
Quando tens medo, ficas pálido
Quando estás doente, ficas amarelo
E quando morres, és cinzento
E és tu que me chamas "pessoa de cor"?
Preto e branco, ou cinza se preferir.
A vida não é tão colorida
quanto gostaríamos que fosse.
Mas e se a questão não for a vida em si
e sim a forma pela qual olhamos para ela?
E se as cinzas forem o reflexo complexo
de nosso próprio pensar e agir?
Talvez nosso universo seja preto e branco
por sermos limitados demais para enxergar as cores.
As vezes eu acho,
Que todo preto como eu,
Só qué um terreno no mato,
Só seu,
Sem luxo, descalço, nadar num riacho,
Sem fome,
Pegando as fruta no cacho,
Ae truta, é o que eu acho,
Quero tambem,
Significa "Caçadores de Sombras: mais bonitos de preto do que as viúvas de nossos inimigos desde 1234".
(Os Instrumentos Mortais: A Cidade dos Ossos)
'. Uma Verdadezinha .
Eu não carrego gadanha nem foice.
Só uso um manto preto com capuz quando faz frio.
E não tenho aquela feições de caveira que vocês
parecem gostar de me atribuir à distância.
Quer saber a minha verdadeira aparência?
Eu ajudo. Procure um espelho enquanto eu continuo.'
Opostos
Eu sou o preto; ele o branco.
Eu sou MPB; ele rock.
Eu sou a lua; ele o sol.
Eu sou mar; ele montanha.
Eu sou doce; ele salgado.
Eu sou matemática; ele português.
Eu sou lado B; ele lado A.
Eu sou vermelho; ele amarelo.
Eu sou silencio; ele multidão.
Eu sou Brasil; ele Argentina.
Eu sou Iemanjá; ele Exu.
Eu sou cachorro; ele gato.
Eu sou dia; ele noite.
Eu sou filme; ele futebol.
Eu sou terra; ele ar.
Eu sou sussurro; ele grito.
Eu sou pandeiro e violão, ele bateria e guitarra.
Eu sou chá; ele coca-cola.
Eu acredito em Deus; ele ateu.
Eu sou positivo; ele negativo.
E agora me pergunto: Os oposto se atraem?
Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.
Nota: Apesar de muitas vezes atribuída a Voltaire, a frase é de Evelyn Beatrice Hall, que a escreveu para ilustrar as crenças de Voltaire, na sua biografia sobre o autor "Amigos de Voltaire".
...MaisOs covardes morrem várias vezes antes da sua morte, mas o homem corajoso experimenta a morte apenas uma vez.
A morte não é nada para nós, pois, quando existimos, não existe a morte, e quando existe a morte, não existimos mais.
É "de esquerda" ser a favor do aborto e contra a pena de morte, enquanto direitistas defendem o direito do feto à vida, porque é sagrada, e o direito do Estado de matá-lo se ele der errado.
