Platao - Apologia de Socrates
Faz um favor? Devolve aqui meu coração. Pode ser quebrado e despedaçado, não tem problema. Eu vou remendar cada pedacinho que sobrou e vou transborda-lo de amor, já que designei essa função a você e você simplesmente falhou. Você apenas o esvaziou com seu egoísmo, com sua ingratidão e sua insuficiência. E o pior é que você o despedaçou em pedaços minúsculos e difíceis de colar. Mas sei que depois de um tempo eu vou por tudo no lugar e me recompor, porque tenho certeza que o amor vai bater na minha porta novamente e quando ele bater, eu estou disposto a apanhar.
Confesso que no início foi difícil e doeu colocar um ponto final em nossa história, mas doeu ainda mais aceitar que o fim, enfim, tinha chegado. Mas depois de um tempo, fui deixando as lembranças nas esquinas do tempo e junto com elas a saudade e os sentimentos que um dia ousei a sentir. Não me arrependo de ter te amado, mas me arrependo de ter depositado todo o meu amor em você, logo em alguém tão vazia de sentimentos. Hoje, todos os meus cacos se encaixaram, assim como um quebra cabeça e agora eu sei que mesmo com um coração remendado, estou pronto para amar de novo. Talvez não seja da mesma forma e intensidade que eu te amei, mas eu estou disposto a amar novamente, um dia, talvez, quem sabe.
Antes eu conseguia falar sobre os meus sentimentos, eu desabafava com meus amigos e escrevia com facilidade, era como se as palavras saíssem naturalmente do meu corpo e já soubessem o caminho para o papel. Hoje, pego a caneta, o papel e passo horas e horas pensando no que escrever e no final, a folha continua sem nenhuma palavra ou risco sequer. Antes eu conseguia falar tudo o que estava se passando comigo e eu falava mais que a mulher sem pontos, chegava a perturbar meus amigos de tanto que eu falava. Mas agora responder “sim” e “não” virou uma rotina, são respostas automáticas. Quando me perguntam se eu estou bem, eu respondo automaticamente sim, mesmo sabendo que não, mesmo sabendo que eu estou desmontando por dentro. Quando me perguntam se aconteceu alguma coisa, eu respondo automaticamente não, mesmo sabendo que sim, mesmo sabendo que aconteceu tudo. Acho que não consigo mais confiar nas pessoas, porque de certa forma, as pessoas julgam. Ou talvez eu não seja mais um poço de sentimentos, talvez eu até seja o poço, mas vazio, apenas o pó.
As lagrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, eu queria desabafar e as únicas coisas que eu tinha, era um papel e uma caneta, eles eram meus únicos amigos naquele momento. Eu nunca me senti tão só em toda minha vida, eu olhei para o lado, olhei para o outro e vi meu telefone, desesperadamente o peguei, disquei o número da minha melhor amiga. Tocou uma, duas e no terceiro toque desliguei. É, eu realmente estava só, então voltei para o papel, peguei a caneta e comecei a desabafar. As lágrimas rolavam enquanto as palavras surgiam em meio àquela folha branca. Depois de um tempo, eu parei de escrever, eu estava tão pensativo, que me peguei pensando se alguém sentiria minha falta se eu morresse hoje. Se alguém iria lembrar de mim quando ouvisse minha música preferida, sim, aquela que eu cantava loucamente o refrão. Se alguém ia lembrar do meu sorriso e das minhas crises de riso exageradas, daquelas que eu não conseguia parar de rir e chegava a doer a barriga. Se alguém ia lembrar de mim ao ver uma foto, um vídeo, ou um texto. Pensei nisso por horas, então notei que a minha única melhor amiga, era a solidão. Porque ela sempre está comigo e não me abandona. E isso é triste.
A solidão é apenas uma realidade. E eu tenho que carrega-la e aprender a conviver com ela… Todos os dias.
Sinto uma dor fina no peito e nem morfina da jeito, sinto um aperto enorme no coração e eu sei que pedir ajuda já é em vão. Minha cabeça gira como a terra em torno do sol, minha mente vaga por aí em busca de respostas. Minha alma se perdeu do meu corpo e acho que morreu no caminho. Meu corpo não exala mais nenhum sentimento, só ocupa um espaço no mundo. Sou como uma estátua, sem esperança, sem sentimentos e sem vida. Morri por dentro e ninguém percebeu, ninguém nunca percebe que alguém está morrendo, na verdade a única coisa que sabem fazer é apontar o dedo, julgar e só enxergar o próprio umbigo. E talvez esse seja o defeito da humanidade.
Meu coração dói, minha alma geme, meu corpo definha e pede por você. Meus olhos inundam, minha boca seca e palavras de ajuda não são mais suficientes para que eu me mantenha nesse mundo e nessa realidade. O único jeito de fugir da realidade era dormir que hoje, para mim, não significa mais tranquilidade e descanso, mas sim um poço de lembranças e milhões de pesadelos. Meu corpo despido entregue aos lençóis, te imagina ao meu lado, me aquecendo nas noites frias e nas madrugadas sombrias. Meu corpo pede você, minha alma grita por você e meu coração quase parando te espera, mesmo sabendo que talvez você nunca chegue, mesmo sabendo que é impossível te esperar por tanto tempo, se o mesmo já está parando de bater.
Estou aqui, mas meu coração está lá, junto a ela. Assim como todo sorriso que dou, todos os meus pensamentos são para ela. Chego a achar que esse amor vai além dessa vida e que começou bem antes dela. Quando a olho meu coração dispara e fica em ritmo de escola de samba, cara. Quando a ouço falar com aquela voz doce, suave e ao mesmo tempo excitante, meu corpo todo se arrepia, minhas pernas tremem e ao mesmo tempo tudo de ruim que há dentro de mim, vai embora. Mesmo que seja por alguns instantes. Quando a vejo sorrir, com aqueles lindos dentes certos… Eu entro em transe, começo a soar frio… Ela tem total poder sobre mim, mesmo ela não sentindo a mesma coisa ao meu respeito, eu ainda acredito que esse amor não vai acabar assim tão facilmente. Não pode acabar, não assim.
Talvez seja por isso que sempre magoo as pessoas, porque elas esperam muito de mim e eu não sou nem metade.
Sabe aquela angústia, solidão e um vazio que nunca é preenchido? Mesmo que todos estejam a sua volta? Mesmo que todos te cumprimentem e tentem te deixar bem? Então, é isso que eu sinto todos os dias da minha vida. Acho que não é normal se sentir mal e sozinho o tempo todo. Mas mesmo que eu faça de tudo para reverter essa triste e deprimente situação, nada muda. O jeito é colocar um sorriso no rosto, dizer que está tudo bem e seguir vivendo. O que ninguém sabe, ninguém julga.
A falta que você me faz afeta as arterias do meu coração, ele falha toda vez que eu lembro de você.
Deixe sua alma brilhar como o sol do meio dia, para que você possa iluminar o dia de pessoas de almas nubladas.
Queria que você parasse de ver apenas o que está a mostra e me enxergasse por baixo da pele, através dos ossos, adentrando a alma.
"Eu não creio em bruxas, mas que elas existem, elas existem."
Miguel de Cervantes acreditava nelas
e falou pura verdade:
Viveu na época em que elas eram proscritas
por simples ignorância.
Ardiam nas fogueiras por serem diferentes.
Se tivessem olhos verdes, ERAM BRUXAS!
Se lessem Tarô, se fossem misteriosas,
se gostassem da noite, se fizessem poções,
se acendessem velas, se tivessem cabelos vermelhos,
se vestissem negro, se tivessem unhas grandes,
se fossem intuitivas, se usassem amuletos,
se falassem sozinha ou com os bichos,
se vivessem na floresta... ERAM BRUXAS!
O tempo da caça às Bruxas passou,
mas ainda hoje elas sobrevivem
dentro de cada mulher
que de anjos e bruxas todas têm um pouco.
Cika Parolin