Pessoas Sábias
A mais perigosa desaprendizagem
Começa-se por desaprender de amar os outros e termina-se por não encontrar nada mais digno de amor em si mesmo.
(do livro em PDF: 100 aforismos sobre o amor e a morte )
O homem do conhecimento, ao obrigar seu espírito a conhecer, contra o pendor do espírito e também, com frequência, os desejos de seu coração – isto é, a dizer Não, onde ele gostaria de aprovar, amar, adorar – atua como um artista e transfigurador da crueldade.
Julga-se que a necessidade é a causa que cria algo; mas a necessidade, na maior parte das vezes, é o efeito desse algo.
No fato de um homem bem-educado fazer bem aos nossos sentidos: no fato de ele ser talhado em uma madeira que é dura, suave e cheirosa ao mesmo tempo. A ele só faz gosto o que lhe salutar; seu prazer, seu desejo acabam lá onde as fronteiras do salutar passam a estar em perigo.
As mulheres têm a inteligência; os homens, o sentimento e a paixão. Isso não está em contradição com o fato de os homens realizarem muito mais coisas com a sua inteligência: eles têm impulsos mais profundos, mais poderosos; são estes que levam tão longe a sua inteligência, que em si é algo passivo. Não é raro as mulheres secretamente se admirarem da veneração que os homens tributam ao seu sentimento.
É fácil as mães sentirem ciúme dos amigos de seus filhos, quando eles têm sucesso extraordinário. Habitualmente a mãe ama, em seu filho, mais a si mesma do que ao próprio filho.
Eu procurava homens grandes, nunca encontrei mais do que «macacos de imitação» do seu próprio ideal.
O homem é uma corda estendida entre o animal e o super-homem - uma corda sob o abismo. É o perigo de transpô-lo, o perigo de estar a caminho, o perigo de olhar para trás, o perigo de tremer e parar. O que há de grande do homem é ser ponte e não ser meta: o que pode amar-se, no homem, é ser uma transição e um ocaso. Amo os que não sabem viver senão no ocaso, porque estão a caminho do outro lado!
(Assim Falou Zaraustra)
"Que é a moral cristã? A sorte despida de sua inocência; a infelicidade contaminada com a ideia de “pecado”; o bem-estar considerado como um perigo, como uma “tentação”; um desarranjo fisiológico causado pelo veneno do remorso..."
Qualquer espécie de antinatureza é vício. O tipo de homem mais vicioso é o padre: ele ensina a antinatureza. Contra o padre não há razões: há cadeia.
A permissão para que todos aprendam a ler arruína, a longo prazo, não apenas a escrita, mas também o pensamento.
O mundo visto de dentro, o mundo determinado por seu "caráter inteligível" – seria justamente "vontade de potência", e nada mais.
Se vivemos próximos demais a uma pessoa, é como se repetidamente tocássemos uma boa gravura com os dedos nus: um dia teremos nas mãos um sujo pedaço de papel, e nada além disso. Também a alma de uma pessoa, ao ser continuamente tocada, acaba se desgastando; ao menos assim ela nos parece afinal — nós nunca mais vemos seu desenho e sua beleza originais. — Sempre se perde no relacionamento íntimo demais como mulheres e amigos; às vezes se perde a pérola de sua própria vida.
A frase mais pudica que jamais ouvi: “Dans le véritable amour, c’est l’âme qui enveloppe le corps” [No verdadeiro amor, é a alma que envolve o corpo].
(do livro em PDF: 100 aforismos sobre o amor e a morte )
