Pessoas Boas Dormem bem
Bela confusão
Acordado penso naquele lugar repleto de plena felicidade,
dormindo vivo neste mesmo lugar e me sinto completo.
'CALAFRIOS'
Permaneces aí prostrado,
herói.
Imortal tal qual meus poemas dormentes.
Anacrônico,
fiz setenta semana passada.
Fantasiando abraços,
crenças.
Destinos grisalhos,
sombra molhada...
Estrelas aportam teus fascínios.
Porém,
caem sem que percebamos,
devorando terras prometidas,
paralisadas!
Enérgico,
seguras meros destinos com as mãos.
Impelindo sonhos,
fincando o divã do alvorecer...
És letal,
ainda não sei!
Mas tenho calafrios na espinha dorsal.
E falo de amor usual aos tantos órgãos fatigados.
Recitando canções diurnas,
sou breve poema.
Épico paradisíaco.
Infernal...
'ESCOLHAS - Fragmentos I'
Teus filhos dormem tranquilos,
sossegados.
A comida está à mesa,
tem sabor agrião e cansaço...
Espalha a felicidade por mais insano que sejas.
Não impedes o abraço,
e as fadigas que te vem,
no dia a dia embaraços...
Sabe-se,
és ferida pelas circunstancias das buscas.
Não tornar-te insignificante,
já és tão gigante...
Beijas as mães que geram vidas,
aos fortes,
aos fracos.
Torce a fatalidade nos braços...
E nas tuas diligências - ser diário -,
fazendo do coração: diamante!
Alucinante na mera intuição.
Tu decides!...
Ter umas caixinhas de bombons e uma felicidade no travesseiro, já é muito para quem dormia ao relento e sonhava com as estrelas no amanhecer...
Hoje
Tudo que eu queria
Era amanhecer o dia
Olhar ao lado
E te ver dormindo
Meu Deus
Meu dia seria lindo!
Hoje
Eu queria tanto
Escrever poesia
Olhar pra lado
E te ver sorrindo
Todos os meus sorrisos
seriam por ver
Teus olhos brilhantes
Hoje
Tudo que eu queria
Era deitar ao teu lado na rede
e dizer que preciso
pra sempre do teu olhar
...e só isso
Paz e simplicidade
e amor
e amizade
Cumprir o compromisso
E provar ao longo da vida
que de tudo que um dia eu disse
Nenhuma palavra foi esquecida,
Edson Ricardo Paiva.
Vivemos
Dormimos e acordamos
e sonhamos
e cumprimos compromissos
e enquanto isso vivemos
Vivemos
e enquanto vivos
Precisamos
Vencer diária e constantemente
Todas as lutas
As quais
Queríamos tanto
Que não fossem tantas
E quanto mais queremos
(não vencê-las ou perdê-las)
Desejamos somente
Que não fossem assim
Tão duras, frias...tão sombrias
Poderia ser somente
dias felizes da vida da gente
Mas a vida vai passando
Corre inteira
Chegando às raias da loucura
Simplesmente porque a gente
Certamente
Tem muito de louco
Vivemos
E o nosso tempo
é tão curto...tão pouco
Desperdiçamos muito
das poucas alegrias
Com coisas que certamente
Vão valer
Pouco mais que nada
Pois é assim que serão vistas
Tão tolas e inúteis conquistas
Edson Ricardo Paiva
Eu hoje acordei mais tarde
Pra falar a verdade
Não sei dizer se eu dormi
E enquanto aqui
Tranquei-me em meu escuro
Apagado em mim mesmo
Sem sentido ou ressentimento
Me anulo
Pensando em palavras bonitas
Que agora não coadunam
Porquanto jamais foram ditas
Nesse instante eu concluo
Que o ouro, em certas horas
Acaba por ser o mais importante
Mas verdade
Isso
Se diz...ou não
Promessas se perde de vista
Coração, se comove ou magoa
Riquezas se acumula
Mas amor ...
Amor se conquista
Uma vez conquistado, se preserva
Pra preservar se respeita
Amor desleal
Pé descalço deslizando em lamaçal
despedaçar joia rara
não ouvir som de lira
Fazer em cacos cristal
Tem coisas na vida
Que transformam beleza em coisa
E enquanto coisa
Torna-se a tudo mais um
Na vala comum
Um mais um não tem diferença
Apesar de tudo que se pensa
Foi-se a graça, não faz mal
Não passa de coisa igual
.
Edson Ricardo Paiva.
Sonhou e acordou
E dormiu e não sonhou
E por não saber sonhar
Seguiu sonhando
Os sonhos mais errados desta vida
Aprendeu a subir em árvores
E descobriu o modo certo
de atravessar as ruas sem morrer
E mesmo sem cair das árvores
Aprendeu melhor que ninguém
A ser alvo das dores
Que se sentia ali mesmo, no chão
E tentaram roubar-lhe a alma
Quiseram-lhe apagar
O brilho dos olhos
Muito fizeram
Pra tirar-lhe a poesia, que fluía
Mas ela estava no mundo
Seus olhos simplesmente viam
Machucaram-lhe a palavra
Segundo a segundo
Plena e claramente o afogaram
Num pântano infecundo
Quebraram-lhe os cântaros
Temiam que ele fosse um pássaro
Que fingia tanto bem ser homem
Mas de homens e pássaros
Só prende-se corpos
Ambas as almas voam
Nisso destoam de tudo mais:
Enxergar o vento que não se vê
E faz voar
O coração que seja leve
Mas não há nada neste mundo
Que os leve à força
Ou que lhes apague a maneira de sonhar
Nem dinheiro no qual se apeguem
E assim trilhou seu rumo
Sonhando, voando e vivendo até morrer
Como seguem seus rumos
Os pássaros
E os homens sem costume
de terem os sonhos aprisionados.
Edson Ricardo Paiva.
Agora
Tudo que eu queria
Era ouvir uma canção
Para dormir
Hoje
As canções que eu ouço
E que mais ouvi na vida
Foram canções de ida
E despedida
Se eu soubesse fazer poesia
Escrevia pra você
A canção mais suave
Um poema bonito
Com letra meio tremida
Eu diria alguma coisa
Qualquer coisa sobre chegada
Ao invés de partida
Uma frase sobre carinho e bem-querença
Algo assim; sobre ficar
Em qualquer lugar bendito
Um cântaro de água gelada
Um sorriso
Meia xícara de chá
Algum espaço qualquer
Onde eu pudesse sonhar
Olhar pros lados
Me sentir em paz
Agora
Tudo que eu queria
Estar distante
Ainda assim
Próximo e diante de um olhar
Que brilhasse ao máximo por mim
Só pra mim e mais ninguém
Eu sei que deve haver
Um olhar assim
Em algum lugar do mundo
Este imenso vazio
Não é possível que não haja alguém
Que sinta alguma espécie de arrepio
Uma certa alegria ao me ver chegar
Queria que me dissesse
No simples gesto de um lindo olhar
Pra esquecer a tristeza, o passado
... o resto
Me abraçasse com carinho
E me pedisse pra ficar.
Edson Ricardo Paiva.
"Nem sempre é preciso
dormir para sonhar
Mas o ato de acordar
É indispensável
Pra poder viver os sonhos"
Edson Ricardo Paiva
E então a minha vida é assim antes de ir dormir eu escrevo algo pra lembrar de você mesmo sabendo que você nunca vai ver,mas na verdade isso não me interessa muito o que realmente me interessa é lembrar de você todos os dias da minha vida...
Primeiro eu acordo
Pra depois tentar dormir
Vivo esta confusão
Pra cumprir o itinerário
E nesse espaço de vida
Que eu vivo ao contrário
Eu não sei mesmo o que vi
E o que foi ilusão
É a cada dia mais confuso
Este parafuso horário
É quase que impossível
organizar dentro da mente
Aquilo que foi extraordinário
daquilo que eu faço comumente
Há calamidades nos dois Mundos
Meu estado Alfa
é de alerta profundo
Quando a mente finalmente entra em Beta
Estou eu quase dormindo
Hoje amanheceu chovendo
O pássaro dormia, ele partiu
Meu dia amanheceu calor
Olhando o mesmo mundo
O vejo mais distante
Desejo ao pássaro
Uma boa viajem somente
Não tem como sentir
A dor de fazer tudo igual, diferente
Meu dia amanheceu
Tão quente
Sem motivo pra calar
Não faz mal estar tudo bem
Quando estar tudo bem
Não é, nem de longe, importante
O ar quente do balão
O vento forte contra a asa do avião
O tempo breve, cuja vida abrange
A grandeza do anjo
A beleza do jardim lá fora
O pássaro que há muito adormecido
Fez uma curva no céu
Acenou-me um adeus
Era a hora de partir
A corda do violão
Arrebentou, quando eu não estava perto
Se fez algum ruído ou não
Não sei
Somente o anjo, coração deserto
Decerto estava lá pra ouvir.
Edson Ricardo Paiva.
O Sol queima meu rosto
é final do mês de Julho
Quando é noite
Eu tento dormir
Porém os meus sonhos
me acordam
O silêncio no meu quarto
ressuscita barulho insondável
O sono, outrora tão amável
hoje é inefável falso amigo
A minha alma não encontra
Abrigo em meu corpo cansado
A desordem em que se acham
Meus pensamentos
A cada dia e a cada hora
cada vez mais lentos
A cada hora mais tementes
de novos tormentos
Me fazem duvidar
Que o Sol de agosto
Haverá de trazer-me
Qualquer qualidade
de alento
Procuro e não encontro
Motivos para as coisas
Que me acontecem
Se os há, não me lembro
Não há motivo que me leve a desejar
Que a vida continue acontecendo
Quando o Mês de Setembro chegar
Se você foi feliz ou não foi
Dormiu bem à noite ou não
Se teve um emprego ou dois
talvez não tenha tido nenhum
Trabalhou como um cão
ou caminhou na macia
areia branquinha
de uma linda praia
A vida continua sempre
Mesmo que um dia
Ela acabe pra você
Se você soube vencer
Se você não sabe perder
Se soube ou não viver
Mesmo que um dia
a vida acabe pra você
a vida sempre continua
um dia a gente
atravessa a vida
Como quem
atravessa uma rua
mesmo que você pense
que do lado de lá
não tem nada
Existe sempre
outra calçada
do outro lado da rua
mesmo que a vida acabe
é lá
que a vida continua.
Você tentou dormir
Sorriu e sonhou acordado
desistiu da vida
A noite inteira
É manhã, outra noite está morta
De manhã tem jornal na porta
Más notícias na soleira
Por mais que você queira
Ficar assim, pra sempre triste
A tua alegria resiste
Você tentou e ficou
Sozinho assim, sem ninguém
Do alto da tristeza onde subiste
Você olha pra estação
Daqui à pouco há de partir
O último trem
Com medo de ficar até o fim
Sem nada, parado e olhando
tua vida estagnada
Num lampejo
desce correndo as escadas
Corre em busca do infinito
deseja mais depressa
que teu grito pode alcançar
e passa pela porta
no momento do último apito
agora você está na estrada
No passado que ficou
Não há mais nada em que pensar
De hoje em diante,
daqui pra frente
Sua vida estará sempre rumo
a alguma paisagem bela
Nem é preciso olhar pelas janelas
Pra entender que até hoje viveu
Uma vida plena de ilusão
Agora, adormeça
de forma serena
Não te esqueças que está a caminho
De um lugar
Sem rádio, televisão
ou jornais com notícias sombrias
Quando amanhecer um novo dia
Você já terá chegado
Ao Mundo dos teus sonhos
Tão profundamente
desejados.
