Perdi um Sorriso

O silêncio não existe; viver é mantermo-nos no centro de um fluxo que só a morte interromperá.

Uns sofrem de um mal, outros, de outro, e entre os homens / - quantos o sol é capaz de ver - ninguém é perfeitamente feliz.

Uma acumulação de fatos não faz uma ciência, tal como um conjunto de pedras não faz uma casa.

No cimento quente,
A ilusão de um oásis:
Vaso de samambaias

É agradável quando seres iguais se unem, mas é divino quando um grande homem eleva para si quem é inferior a ele.

Um rico nunca se pode divertir com tanta alegria como um homem pobre.

É preciso um espírito especial para se fazer fortuna, sobretudo uma grande fortuna; não se trata nem do espírito bom nem do belo, nem do grande nem do sublime, nem do forte nem do delicado; não sei precisamente de qual se trata, e espero que alguém me possa esclarecer a tal respeito.

no sonho
da velha cerejeira em flor
passa um gato branco

Quando alguém tem motivos para se queixar de um amigo, convém separar-se dele gradualmente e desatar, de preferência a quebrar, os laços da amizade.

Impõe-se ter mais espírito para inspirar amor do que para comandar um exército.

Num banco de praça
a sombra de um velho assombra
o vento que passa.

Da ciência devemos dar a cada um o que ele pode digerir.

O sol envelhece.
pavio queima por um fio.
Verão que apodrece.

Um susto matinal:
na caixa do correio,
duas mariposas!

Um dos riscos de escrever máximas é que nos colocamos na condição de sermos citados.

Um governo seria eterno se oferecesse ao povo, todos os dias, um fogo de artifício.

Se os deuses conspirarem a favor, terei um novo surto de poesia e me tornarei um metafísico.

Se você precisa de muitas palavras para dizer o que pensa, pense mais um pouco.

LUMIAR

Dou-me conta do nome a que reduza
sua história este lugar e entendo

como um nome não é somente o som
arbitrário que a minha mão regista

prendendo o designado: um mar
sob a luz fina; tanto tempo fixa

um lugar no seu corpo, que se torna,
tal como o tempo que contém, flexível

O nome do lugar sempre designa
a fluidez da vida retida

(A moeda do Tempo, Assírio & Alvim, 2006)

Todos os gestos de um homem visam a Humanidade.