Perdi um Sorriso

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Pode ser um pecado pensar mal dos outros. Mas raramente será um engano.

O beijo fulmina-nos como o relâmpago, o amor passa como um temporal, depois a vida, novamente, acalma-se como o céu, e tudo volta a ser como dantes. Quem se lembra de uma nuvem?

Há pessoas que têm uma biblioteca como os eunucos um harém.

Do fanatismo à barbárie não há mais do que um passo.

O mundo é como um camponês embriagado; basta ajudá-lo a montar sobre a sela de um lado para ele cair do outro logo em seguida.

Martinho Lutero
LUTERO, M., Apophthegmata

Para que haja grandes poetas é preciso que haja também um grande público.

Um homem que não morreria por algo não é digno de viver.

Tudo que um homem pode imaginar outros homens poderão realizar.

Quando um homem assume uma função pública, deve considerar-se propriedade do público.

A poesia não é um modo de libertar a emoção, mas uma fuga da emoção; não é uma expressão da própria personalidade, mas uma fuga da personalidade.

# 288

Não sou Ninguém! Quem és?
És tu - Ninguém - também?
Há, pois, um par de nós?
Não fales! Não vão eles - contar!
Que horror - o ser - Alguém!
Que vulgar - como Rã -
Passar o Junho todo - a anunciar o nome
A charco de pasmar!

O pensamento, único tesouro que Deus põe fora do alcance de todo o poder e guarda como um elo secreto entre os infelizes e Ele próprio.

Quando se acaba de ouvir um trecho de Mozart, o silêncio que se lhe segue ainda é dele.

Oxalá pudéssemos meter o espírito de Natal em jarros e abrir um jarro em cada mês do ano.

Os grandes erram sempre ao brincar com os seus inferiores. A brincadeira é um jogo, e um jogo pressupõe igualdade.

Uma ideia é um ponto de partida e nada mais. Logo que se começa a elaborá-la, é transformada pelo pensamento.

Um título universitário não te encurta as orelhas: só as esconde.

Se queres ofender um adversário, elogia-o em voz alta pelas qualidades que ele não possui.

Em política, sempre é preciso deixar um osso para a oposição roer.

Tecendo a manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.

João Cabral de Melo Neto
Poesia completa. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2020.