Perdi um Sorriso

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As pessoas importantes fazem sempre mal em se divertir à custa dos inferiores. A troça é um jogo, e o jogo pressupõe a igualdade.

Um erro que impede os homens de agir é o não saberem daquilo que são capazes.

A liberdade é um conceito vago.

Aqueles que se lembram de que devemos ter um fim neste mundo, as suas querelas cessam prontamente.

O amor não passa de um prazer. A honra é um dever.

A arte de um autor está em rasurar.

Sou um homem e errei; não há nada de surpreendente.

De um mal deriva outro.

Prova-se a virtude de um homem apenas na hora do perigo.

Para sobreviver no futuro, você deve tornar-se um viciado em novidades. Abandone o passado e construa as oportunidades com base na imaginação.

Um verdadeiro amor é segunda inocência.

Camilo Castelo Branco
BRANCO, C., Coração, Cabeça e Estômago, 1862

Uma obra de arte é um canto da criação visto através de um temperamento.

Se um escritor quisesse demonstrar que a liberdade não lhe é necessária, pareceria um peixe querendo convencer-nos de que a água não lhe é útil.

Um vasto plano seria inútil.

É menos aborrecido ver a mulher que amamos ser possuída pelo marido que por um amante rival.

A verdadeira glória de um vencedor é a de ser clemente.

Para suportar a sua própria história, cada um acrescenta-lhe um pouco de lenda.

Vocês sabem que numa corrida, embora todos os corredores tomem parte, somente um ganha o prêmio. Portanto, corram de tal maneira que ganhem o prêmio.

Que grande peso é um nome demasiado famoso.

O Cão Sem Plumas

A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.

O rio ora lembrava
a língua mansa de um cão
ora o ventre triste de um cão,
ora o outro rio
de aquoso pano sujo
dos olhos de um cão.

Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.

Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.

Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos povos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.

Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.
Jamais se abre em peixes.