Perda de um Amor por Orgulho
Licor Pernod
No caos o pão que o diabo amassou sentiu calafrios com a tua chegada e virou pó,
o peso da rotina desapareceu, o café das manhãs voltou a ter cheiro e sabor.
Desviar de alguns reflexos que faziam parte da minha órbita antiga fizeram com que algumas emoções perdessem a razão se tornando inúteis.
Dentro de mim cicatrizes foram fechadas, dentro de mim percorre a tua alma.
O som mais bonito do mundo é o da tua voz, quando o jardim das violetas escutam a tua melodia as abelhas se aproximam e espalham o pólen, assim como as borboletas pousam e de tão confiantes dormem.
Uma surpresa, o sentido de ressignificar, um novo enredo e a nossa conexão merece um licor Pernod.
Enlutado
No alvoroço da vida corrida ao anoitecer encontrei a minha mente apimentada no mundo dos sonhos.
Vasculhando entre alguns recortes e escritos de gaveta vi nascer com uma alegria imensa mais uma poesia complexa, inteira e ainda vos digo ademais, nascia ali mais um fenômeno da arte escrita no detalhe.
Até que eu acordei as pressas além de muito assustado com os latidos ofegantes da gangue dos cachorros caramelos em frente o portão da minha casa, isso me tirou metade do brio da poesia que estava por emergir, logo a outra metade da surreal poesia perdi no momento pelo qual fui lavar o rosto e beber água para tentar controlar as emoções e recuperar o raciocínio de tanto valor.
Além disso, foi uma pena perceber que havia perdido mais uma arte rara da escrita para o meu próprio subconsciente.
Enlutado como uma múmia voltei a dormir no desejo talvez de reencontrar os caminhos daquela tão sonhada poesia.
Pirata
Outrora fui pirata e roubei a maior joia existente, roubei o teu coração e com ele guardado naveguei em outros mares desconhecidos me aventurando e ao mesmo tempo perdido em meio a tanta solidão da alma.
Vindo das profundezas do mar ouvia os sussurros do canto das sereias implorando para eu voltar a terra firme, porém o magnetismo do que era misterioso ainda corria em minhas veias e assim perdurou por longos e insaciáveis anos.
Invadi mundos, conquistei tesouros, empilhei moedas de ouro e prata, mas ao descer no calabouço aonde deixara a maior joia conquistada guardada e intocável, percebi com a clarividência da vida que o maior saque quem havia levado era eu, pois lamentavelmente descobri com o tempo que a distancia e os mares navegados só estavam me conduzindo cada vez mais para longe do que eu nunca deveria ter deixado para trás, ou seja, o meu próprio coração.
Olhando as estrelas
Sentado no batente do quintal de casa no começo silencioso da madrugada olhei para as estrelas e elevei o nível das minhas lembranças do meu grande amor. Pude ver várias passagens dos nossos graciosos dias juntos, tantos elogios, quantos beijos, quantas emoções em forma de carinhos e os cuidados sendo tratados como sagrados.
Noite a dentro, recordar os teus hábitos, sentir nas flores o teu cheiro e ver aquela estrela dentre tantas que escolhestes como nossa e apenas como nossa, me deixou com saudades do teu santo abraço.
Um carrossel de memórias está passando em frente as estrelas e eu consigo enxergar cada sentimento, cada dia vivido, eu consigo enxergar você.
Eu lembro...
Lembra quando éramos adolescentes e quase todos os dias eu te levava balas e outros doces,
Lembra o jeito que eu te olhava, como nunca tinha olhado para ninguém antes.
Tocar em você era uma sensação de alegria imensa, ver você sorrindo ou apenas prestando atenção na aula já era o bastante para o meu mundo imaginário começar a funcionar a todo vapor.
Um dia me cumprimentastes na hora de irmos embora da escola com um beijinho a meio lábios, te confesso sobre a insônia que me possuiu por três longas noites.
Fascinado pelos teus olhos castanhos claros e louco pela tua voz ao falar comigo era impossível não querer te amar.
Foram tempos memoráveis, sinto falta daquela época, sinto falta da escola, dos amigos, das nossas brincadeiras, sinto sua falta até hoje Rafaela.
Abalo sísmico
A quilômetros de distância fizestes aqui as rochas tremerem.
Encadeado por um frenesi dos desejos, brinquei com as minhas imaginações e fui levado como refém as efervescentes e cativantes manhãs ardentes de nossos domingos passados.
Um tremor ardente acontece, as águas do rio calmo começam a se revoltar sem direção, a grama alta se movimenta sendo surrada de um lado para o outro com violência e ao longe consigo ver as montanhas se mexerem.
Nocivos ao tempo, involuntários as necessidades, um mundo a parte ressurgi em meio a nostalgia e tão fulminante como um tremor de terra 7.7, ele invade as emoções de um coração\corpo num domingo qualquer em um novo amanhecer.
Sertão
Na raça ou no talento influenciado pela devoção e pela resistência continuei a caminhar pelo solo árido em busca do que da vida as coisas.
Sol latente, ar seco, cactos espinhosos, lagartos atenciosos e lá no alto as únicas sombras eram dos urubus que me seguiam, segundo eles na minha própria marcha fúnebre.
Bem ao longe, mesa farta, bodes pulando, vozes de felicidade eram ouvidas, corri e corri com todas as minhas forças parecia próximo o barulho do rio corrente, mas do nada as imagens começaram a ficar turvas, os sons não se ouviam mais, me dei conta em prantos que aquele cenário era uma aterrorizante miragem. Cai e por horas as sombras de poucos cactos e urubus fiquei a beijar o solo quente imaginando que ali aconteceria a frase, " do pó viestes ao pó voltarás".
Devoto, enraizado na crença das orações milagrosas fiquei de joelhos e por longos minutos fiz um oração daquelas que faz tremer o chão e abrir os céus.
Então continue a caminhar e subi um morro alto e dali pude ver uma grande árvore e em toda sua volta uma vegetação rasteira e mais ao longe uma chuva gigantesca estava indo embora na direção oposta porém deixou um belo arco íris de recordação pelo presente das águas deixadas em abundancia.
No ninho da desolação o suor derramado e o poder da oração cativaram o meu coração e me deram a direção e o fio da esperança reascendeu na minha terra, nas minhas crenças e na minha honra.
Reino da primavera
No reino da primavera a elegância das rosas são vistas como ternas e graciosas, pois sua singularidade tem personalidade para inspirar sonhos, aventuras e amores.
O perfume das flores exala inocência, pureza e paixões, a respiração se prende e se solta em movimentos desconectados sem saber se esse mundo é real ou vai virar história.
Logo, as pétalas de algumas rosas flutuam ao sabor dos ventos com suas cores e caem dançando nas fantasias do imaginário para alguns e para outros caem como um despertar.
Entregue aos sentidos, despidas do silêncio e pulsantes no misto das revelações ou das emoções, no reino da primavera as rosas brincam de existir em dois mundos, brincam com a pluralidade das razões e dos sentimentos.
Pensante
Uma noite, a lua cheia, a solidão, lágrimas,
Estrela cadente passando , uma vida sendo vista na velocidade de um relâmpago,
Muitas estrelas, as árvores balançando, um sonho, o paraíso.
Escolha!
Boas são as escolhas.
Ainda que haja marcas quando os teus olhos dormem, o sol continua a brilhar forte iluminando os girassóis nos teus sonhos.
Sei que já te machuquei mas nada me impedi de te oferecer um futuro intacto.
O excesso da dor pode morrer no passado se jogar areia em boa quantidade e deixa-lo afundar, mas isso é uma escolha.
Dessa vez, os efeitos colaterais como a perda de confiança, a insônia e os medos podem superados, deixados para trás, podemos construir uma nova realidade, podemos viver com novos sentimentos.
A escolha está em suas mãos, o presente pode ser agora.
Possibilidades
Poucas palavras de incentivo, mas muitos gestos de carinho,
Poucas distrações, expectativas em alta na dedicação com as preocupações,
Abrir mão das promessas pode ser o atalho para se quebrar os costumes,
Observa o mar moldando as rochas nas encostas, ou a aurora boreal surgindo do nada em uma noite de profunda escuridão e frio, trás possibilidades no imaginário do sonhador que acompanha a música sem saber dançar,
Duelar é um processo, atingir o propósito é insano.
Do lirismo ao realismo, das ilusões ao superficial da felicidade, profundas são as buscas pelas razões curiosas do destino.
Depois do vinho o profeta surge, as revelações de um conquistador emanam e o sagrado acontece.
Olho por olho, pele por pele, o encontro dos desejos com a nudez entram em sintonia e fazem os dois corpos levitar.
No deleite das emoções os sorrisos transbordam e seguem noite a dentro com essência pelas correntezas de uma alegre canção.
Amantes
A luz dos vaga lumes o teu pouso foi ávido e desnudo por entre as flores,
Com as pimentas queimando na brasa e as borboletas fingindo dormir, uma enorme loucura foi se desenhando no alvorecer,
Almas incendiadas, corações perdidos, palavras desconexas, gritos jogados aos ventos,
O que jorrava em abundância eram os secretos desejos de dois corpos empolgados e inspirados naquele momento proibido e vigiado pelo pecado do seu ninguém poder saber,
Golpes fulminantes, embriagados de prazer, uma constelação brilhante é vista ao mesmo tempo que sorrisos são divididos,
Cegos de emoção porém relutantes com a razão,
Amantes que se dão, amantes que se vão.
Ser lírico
No teu conto de fadas sei que tentas resistir ao absurdo, mas no enredo da vida os teus ouvidos clamam pela minha voz.
Na condição de um ser lírico e sem fazer cerimônias sigo minhas intuições no repleto dever do erro.
Jogue seu charme mais uma vez e eu escalarei essa muralha para roubá-la e nunca mais devolvê-la.
Desvio
Querer muito não é o mesmo que aceitar tudo,
Muitas estradas não possuem apenas linhas retas, são em suas curvas que moram os perigos e nos seus trevos que seguimos escolhendo os caminhos,
Guiado pelo rastro de perfume deixado, fui conduzido através da cumplicidade do entardecer, escolhido a dedo cai nos segredos do vestido vermelho achado pendurado numa árvore fora da pista em direção a uma estradinha de terra batida,
Esse atalho peguei, uma surpresa encontrei, uma revelação vive,
Uma garrafa de vinho levei, uma música escolhida deixei, e novamente na estrada seguindo em linha reta continuei.
Imprevisíveis
No jogo proibido os pedidos de pare não tem valor, apenas a ousadia costura o tecido rasgado,
O desejo é impermeável, ele é o açúcar mexido no copo do pecado,
A natureza é rebelde nos corpos ardentes, ela inflama as emoções e inspira sentimentos,
Quando a tempestade é constante o deserto vira rio, uivar sobre o topo da montanha da o rumo certo para o sol perdido se alinhar em cima das geleiras as fazendo derreter,
Eu e você somos o imprevisível e num piscar de olhos podemos fazer tudo acontecer.
Preço caro
Na neve densa a raposa branca é invisível,
A audácia assombra aqueles que desafiam a confiança de um sentimento criado em versos vazios,
Intenso e dramático é o motivo pelo qual caço, mas entre os pinheiros e a neve percebo que estou sendo vigiado,
Marcas de pegadas são vistas, o cheiro da carne é sentida, tão próximos e tão invisíveis nessa camuflada aventura que atiça e enfeitiça,
Maduros são os desejos desse encontro provocados por aquilo que nos motiva,
Um tiro é dado a corrida em disparada acontece, a sedução é excitante, a perseguição é um atrevimento sem pudor,
Minha sanidade foi testada, agora o preço é caro a se pagar.
Resgate
Uma bolsa aberta, o celular amostra, três cervejas jogadas ao chão e uma fotografia sobre a mesa do bar,
Unhas mal feitas, cabelos descuidados, rosto com a expressão de quarenta e oito horas sem dormir,
No abraço um sorriso falso seguido de dois soluços e lágrimas derramadas no meu camisão,
Depois de meias verdades ditas a respiração é controlada e o olhar volta a ter originalidade,
A noite chega, a conversa ao pé do ouvido demonstra, a conta é pedida, ao sairmos a fotografia fica, o motivo deixou de ter sentido,
No caminhar até o carro as mãos se conectam, o olhar decidido se apresenta, beijos são trocados, a reposta é bem vinda.
Golpe dos ventos
Uma paixão grita alto, pode derreter até o aço com seu calor, mas senão for bem alimentada ela passa fome e morre no casulo do silêncio e da solidão.
No fim das contas, deixa o vento soprar e se ele vier com muito barulho desvia que lá vêm tempestade, agora se soprar ventos calmos descubra como abraçar,
Saiba oferecer um castelo com sol e água em abundancia e depois celebre o milagre de unir dois mundos em uma essência distinta.
Ninguém sabia
Ninguém conseguia entender porque eu cavei buracos na Lua, ou porque eu corria atrás das estrelas,
Ninguém sabia os motivos que me prendia por dias no meio dos mares pescando as ondas gigantes ou entendiam pelo qual objetivo eu tentava amarrar as montanhas do Everest no laço.
Cegos pelo que são e pelo que seus corações vivem, nada puderam fazer para me ajudar ou para me compreender pois todos viviam em cavernas e tinham medo de sair das sombras feitas por fogueiras que os aprisionavam.
Eu estava correndo, tentando, lutando e insistindo em como mudar o mundo para reformar o meu ego e poder recuperar o teu coração.