Percepção
Percepção
Carlos Nery
Você já pensou se um dia
A nossa Terra se cansasse
De ter estado sob a gente
E ela toda tremesse, numa
Ameaça iminente?
Então, para onde iriam
O ciúme, o egoísmo e a inveja
Que ora à Terra nos prende?
Será que evitariam que nós
Caíssemos dela?
Ou iriam com a gente
Para o fim ou outra era?
Dada a limitação da percepção humana, tudo é representação do que julgamos ser a realidade! E tua certeza não seria só mais uma narrativa entre inúmeras que narram certezas?
O fato é só mais uma das muitas ilusões da nossa percepção alçadas ao status de certeza indubitável! E não digo que isso também não o seja!
Eu não falo do que está além de minha percepção. Mas, de acordo com sua percepção, é você julga me escutar!
A percepção é o ancoradouro do que julgamos ser a nossa alma! Tirando-se a percepção, que ideia de alma permanece? E que ideia de ideia?!
Nós somos escravos da percepção: nossos sentidos, a mão-de-obra; nossa realidade, o resultado da manufatura!
A percepção humana é como a hipocrisia, toda vez que você denuncia uma máscara, há outra a denunciar, de sorte que, a menos que você vivencie verdadeiramente suas práticas, nunca poderá verdadeiramente revelar a realidade que ela insiste em esconder!
Nem "poeira de estrela" eu sou! Antes julgo ser o que julgo que a minha percepção de diz ser "poeira de estrela"!
Mesmo quando parto do que entendo por percepção humana limitada, parto do que nem sei ser algum nada!
Se a percepção não me fizesse sonhar, eu acreditaria revelar alguma realidade! Mas, infelizmente, sempre estou dormindo!
Devido à sua limitada percepção, o ser humano nunca se liberta, apenas passa acreditar em uma das muitas narrativas de liberdade!
...mas a percepção não me diz nada nem sobre ela mesma, quanto mais sobre a realidade absoluta na qual ela mesma estaria inserida!
Eu conto coisas as quais me conta a minha percepção, pois que nem a romancear a realidade eu aprendi!
Somos todos contadores das histórias narradas pela nossa percepção! Posto isso e diante de tudo o que temos vivido neste mundo de impressões, ainda nos restará responder a uma pergunta: quantos pararam para escutar nossa narrativa?