Pensamentos de Mário Quintana

Cerca de 171 pensamentos de Mário Quintana

Jamais deves buscar a coisa em si, a qual depende tão somente dos espelhos. A coisa em si, nunca: a coisa em ti.

(in: Caderno H, 1973.)

Feliz é aquele que sabe abrir os olhos quando acorda, enxergar sempre a manhã numa nuance mais exata.

Para sempre é muito tempo. O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo.

Abraçar é dizer com as mãos o que a boca não consegue, porque nem sempre existe palavra para dizer tudo.

Mas quando surges és tão outra,
e múltipla e imprevista...
que nunca te pareces com o teu retrato!
E eu tenho de fechar meus olhos,
para ver-te!

Mario Quintana
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006.

Nota: Trecho do poema Presença.

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Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ª feira...
Quando se vê, passaram 60 anos!

Mario Quintana
Antologia poética. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015.

Nota: Trecho do poema Seiscentos e sessenta e seis.

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O amor é igual a uma borboleta: quando você tenta pegá-la, ela foge, mas quando você está distraído, ela vem e pousa em você!

No fim você vai ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar…

Conhecer a si mesmo e aos outros ...Ver o mal com mais clareza...ó triste e doloroso dom!
E sofrer mais que todos, no final sem o consolo de ter sido bom...

Jamais deve buscar a coisa em si, a qual depende somente dos espelhos.
A coisa em si, nunca: a coisa em ti.
Um pintor, por exemplo, não pinta uma árvore: ele pinta-se uma árvore.
E um grande poeta - espécie de rei Midas à sua maneira - um grande poeta, bem que ele poderia dizer:
Tudo que eu toco se transforma em mim.

Só as crianças e os velhos conhecem a volúpia de viver dia-a-dia, hora a hora, e suas esperas e desejos nunca se estendem além de cinco minutos...

A amizade ė um amor que nunca more.

Sempre preferi deixar dezenas de mulheres esperançosas do que uma só desiludida.

Um lugar só é bom quando a gente pode fugir para outro lugar.

Y
Fase do encantamento - É quando o romantismo
esta à flor da pele. A admiração é muito grande
(o máximo), a sensação dos recém casados é
uma delícia.

A morte é quando finalmente podemos estar deitados com sapatos.

A lua quando fica velha, todo mundo sabe que vira nova.

Qualquer um pode se tornar um poeta quando está amando, o duro é ter que se fazer de um justamente por não estar.

Dos leitores

Há leitores que acham bom tudo o que a gente escreve. Há outros que sempre acham que poderia ser melhor. Mas, na verdade, até hoje não pude saber qual das duas espécies irrita mais.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Coexistência pacífica

Amai-vos uns aos outros é muito forte para nós: o mais que podemos fazer, dentro da imperfeição humana, é suportarmo-nos uns aos outros.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.