Pensamento do dia

O cerrado
Mais antigo que as eras
Ficou todo enrugado
O chão de quimeras
Um poema encantado

Maleta de viagem

O poeta veio pro cerrado
foi visto na meseta
em minas foi saudado
nas mãos poemas e uma maleta

Depoimento

A caixa de surpresas do planeta
Está cheia de espantos e trova
Em cada rima o coração do poeta
E nos lamentos o amor à prova

Se és do cerrado
Quanto mais amado
O cerrado é admirado

Se és sem moradia
E vive em romaria
O cerrado é ousadia
E aqui tem poesia!

E desde então, sou cerrado
Desde quanto cá vim
sou árido, ressecado
Por servidão, assim
cá estou, sou, até o fim...

Se buscar bem terás achado
Não os galhos (ressequidos) do cerrado
Não o chão (cascalhado) do cerrado
Mas a diversidade (inexplicável) do cerrado.

(Parodiando Carlos Drummond de Andrade)

Eu não tenho mais saudade
Tu trouxe vida na minha vida
Tu foste amor de verdade
Eu já estou de partida

De partida!
Pois quem vai volta
Volta na saudade,
de ida e vinda
Embora seja outra rota
Várias até que se finda
Então,
que venha outra cota
E também outra filosofia
Pois a vida é uma pelota,
e viver uma mercearia...

Sou de onde o cascalho forra o chão
Onde o vento se perde no horizonte
Aqui nasci, e a poeira trago na canção
Sou do cerrado, árido, a minha fonte
Onde bebo da água da poética ilusão

E assim a poesia é reticência...
Começo, recomeço, interrupção
De balanço na ilusão em reverência
Num recanto totalmente atemporal
Dum balé de palavras em penitência
De amor, alegria, lágrima, em arte final

Sou um incorrigível romântico
A poesia é a lira do meu coração
Com ela alinhavo um cântico
Para embalar-te na emoção
Da rima de verso semântico
Desbravada da iluminação

A escola é como se fosse um reforço , pois quem ensina de verdade é a vida

Se achas o cerrado estranho
experimente-o
ele é diversidade em tamanho...
E encanto!

Poetar é uma explosão de alma tão intensa, que nada acalma, só papel e tinta e os conselhos do vinho...

Eu na janela
além dela
o cerrado
cascalhado...
Não sei se fico
ou voo,
num pinote salvífico.

Eu era Rio
agora cerrado
e neste sulcado
sou vestígio

Chover no cerrado
cada gota
banha o ressecado

Te encontro
na saudade

Tal maldade
desencontro

Cada reencontro
outra saudade...

Maio, 2016

Nada como chuva
Molhada
O cerrado uiva

O relógio marca
12 horas no cerrado
não sei de qual arca
só sei que estou calado
quantas mais vou precisar
pra esquecer,
e novamente ser amado?
Quem viverá vai ver!

15/05/2016, 12'00"
Cerrado goiano