Peito Apertado
Que é isto que aperta meu peito?
Minha alma quer sair para o infinito ou a alma do mundo quer entrar em meu coração?
A uma mulher
Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito
Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias
E a angústia do regresso morava já nos teus olhos.
Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino
Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne
Quis beijar-te num vago carinho agradecido.
Mas quando meus lábios tocaram teus lábios
Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo
E que era preciso fugir para não perder o único instante
Em que foste realmente a ausência de sofrimento
Em que realmente foste a serenidade.
Rio de Janeiro, 1933
Errante
Meu coração da cor dos rubros vinhos
Rasga a mortalha do meu peito brando
E vai fugindo, e tonto vai andando
A perder-se nas brumas dos caminhos.
Meu coração o místico profeta,
O paladino audaz da desventura,
Que sonha ser um santo e um poeta,
Vai procurar o Paço da Ventura...
Meu coração não chega lá decerto...
Não conhece o caminho nem o trilho,
Nem há memória desse sítio incerto...
Eu tecerei uns sonhos irreais...
Como essa mãe que viu partir o filho,
Como esse filho que não voltou mais!
De tanto olhar para longe,
não vejo o que passa perto,
meu peito é puro deserto.
Subo monte, desço monte.
Eu ando sozinha
ao longo da noite.
Mas a estrela é minha.
Força, atitude, coragem, respeito, amor e memórias cravadas em meu peito!
Abraço tem que ser apertado, sorriso tem que ser engraçado e momentos têm que ficar guardados. Palavras têm que ser sinceras, olhares têm que ser frequentes e amor tem que ser real.
Faça-se a dura vontade do que habita meu peito: Vem, Jonathan, traz flores pra minha mãe e um par de algemas pra mim.
Gente bacana mora dentro. Tem lugar cativo no peito, único e exclusivamente reservado, independentemente de distância. Quem cativa nunca é ausente. Entra sem pedir licença e não “arreda” o pé. Não dá um passo sem pegar carona em nosso pensamento.
Convence as paredes do quarto e dorme tranquilo, sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo.
Há uma bússola localizada bem ao lado esquerdo do meu peito. E apesar de tantas buscas, encontros e desencontros; corajosamente, sigo. Combinei comigo não deixar de acreditar...
APERTO NO PEITO
É o aperto no peito. É esse aperto no peito. Esse é o sinal. Passaste toda a vida a ignorá-lo, a passar por cima dele, como se não tivesse importância. Como se ele não fizesse parte de ti. Como se não fosse a tua alma a gritar, a chamar.
Sempre que fazias algo que te provocava esse aperto, sempre que decidias algo, escolhias algo, pensavas em algo que te provocava esse aperto no peito, achavas estranho, mas… seguias em frente. «A vida é para ser vivida», pensavas.
Esse aperto não te parava, não te detinha, não fazia com que revisses as tuas posições. Não fazia com que atrasasses o caminho, ao menos até saberes do que se tratava. Não. Isto já passa. É ansiedade. É depressão. Vou tomar alguma coisa, isto já passa.
Mas o aperto não passou. Até que te habituaste a viver com ele, a conviver com ele. Até que ele passou a fazer parte de ti. Passaste a achar que era natural, viver era assim, a vida era assim. E a tua alma, que anda a gritar, a pedir socorro, a pedir ajuda, só sabe falar contigo dessa maneira. Através de um aperto no peito.
E ao desprezares esse mal, estás a desprezar a tua alma. E ela precisa tanto de ti… Precisa da tua atenção, do teu respeito e do teu discernimento. Precisa do teu caminho, da tua astúcia e da tua inteligência. Não para a maltratares, excluíres e para fingires que ela não existe. Não para a rejeitares, para lhe faltares ao rigor e para a modificares. Não.
Ela precisa de ti para seres quem és, verdadeiramente e livremente. Precisa da tua sabedoria para se manifestar. E precisa da tua escolha para aceder à luz.