Paulo Freire Fracasso Escolar
Há razões para a chegada, assim como há razões para a permanência e, principalmente, para a partida.
Mente a mulher que diz não sentir ciúmes.
Nada é mais reconfortante do que conseguir imaginar a amiguinha da faculdade dele morrendo esmagada por um trem.
Mais reconfortante ainda é encontrar a ex dele e torcer pra que ela seja atropelada 5 vezes por um trator.
Eu sei, eu sei. É crueldade demais. Mas não é tão cruel assim quando estamos enciumadas.
Tanto eu quanto você, quando acabarmos de ler esse texto, estaremos envergonhadas por ter pensado tanta bobagem e desejado um mal tão grande à alguém que - de certa forma - nem faz parte da vida do homem que a gente ama - não faz parte como a gente faz.
Se você namora um cientista - que é o meu caso - você sabe bem do que estou falando. Quem disse que é fácil imaginar que a colega de alguma disciplina do mestrado é gorda e usa óculos fundo de garrafa?
Não é difícil imaginar uma bonitona usando óculos moderno e carregando um telescópio moderninho com ar de quem pode todas as coisas.
É difícil controlar esse lado maníaco e a vontade imensa de sair metralhando qualquer uma que cause a mínima suspeita de estar sorrindo pro seu namorado.
Eu não consigo imaginar uma mulher super equilibrada, que nunca cobra nada, super segura, nada ciumenta e calma. Não adianta! Essa mulher não existe. Mulher que é mulher vive controlando esses impulsos o tempo todo.
Daí o motivo de tantos homens reclamando de mulheres. Eles não entendem que nós pensamos muito na frente, temos a mente mais fértil que a da Stephenie Meyer e não é fácil controlar esses impulsos.
Qual o namorado que nunca ficou intrigado com o silêncio repentino da namorada? Se ele não aprontou nada, com certeza, ela lembrou de alguma sujeita que incomoda ela.
Eu combinei com o meu namorado que não ia mais ligar pra encher o saco porque eu estava com ciúmes.
Agora eu só ligo pra dizer que estou com ciúmes, mas não encho o saco - pode perguntar pra ele.
Por mais livros que você leia, a sua grande questão sempre será se dá pra você ser amada sem o corpo daquela modelo, ou o cabelo daquela outra, ou as medidas daquela outra.
No fundo eu sei que não é nada disso, é pura maluquice. Mas a maior maluquice é saber que mesmo a gente sabendo disso tudo lá no fundo, a gente insiste em morrer de ciúmes por ele.
Sabe... Essa coisa de ciúmes deve fazer parte de uma parcela de paixão que acompanha quem ama. Não dá pra não se apaixonar por alguns olhares e manias e covinhas na bochecha e olhos pequenos. Mas as pazes faz parte do amor, sem dúvida alguma.
A gente se engana mil vezes sentindo ciúmes e dizendo que ama ele de vez em quando, quando na verdade, amamos pra sempre.
Mulheres.
Ciúmes pra pessoas ansiosas é como álcool pra iniciantes. Você sente náuseas, febre, dor de cabeça. Você acorda assustada no meio da noite - isso quando consegue dormir -, chora à toa.
Argh! Uma chatice.
A melhor coisa é respirar fundo e vomitar tudo isso nele. Contar as mil coisas que gostaria de fazer com cada uma das sujeitas que você desconfia e pronto.
Ele vai rir um bocado de você e te dar um beijo na testa dizendo que você é a melhor. A melhor.
Simples e reconfortante como um copo d'água no deserto.
A gente sofre de ciúmes e quer matar algumas delas mas, antes disso tudo a vida era muito sem graça pra nós - pra você eu não sei, mas pra mim era um saco.
Amor...
Ele sabe que, no fundo, eu me declaro aqui.
Mesmo me picando - mentira, já nem estou mais me picando de ciúmes.
Agora eu tô sentindo amor.
Ah... Amor não se pede.
Amor se declara.
E, quer saber?
Ele sabe...
Ele sabe.
Você saiu e deixou um pote de iogurte com pedaços de pêssegos pra mim. Saiu deixando a imagem do seu rosto me dizendo que esses dias que te levam pra longe de mim e trazem de vez em quando vão acabar logo, e fez nascer em mim a esperança com um verde tão vivo como nos primeiros meses.
Desse jeito você não me deixa pensar em outra coisa a não ser em você, em como te agradar, te encher de mimos, tolerar suas manias e controlar as minhas.
Nós somos capazes de mandar sms no mesmo instante, ler o mesmo texto na Bíblia, ter a mesma revelação, ler o mesmo poema, comer a mesma comida, ver o mesmo filme, ouvir a mesma música, ainda que distantes.
Por você eu preparo o café enquanto apronto o almoço só pra você ter o prazer de tomar seu café-pós-refeição.
Eu sei, parece besteira, mas eu não faria isso por ninguém - você sabe.
Você saiu e junto com o pote de iogurte deixou uma chuva que refrescou a minha tarde e a minha nuca. Prendi o cabelo e fui pro quintal ver a chuva cair. Sabe aquele calor de amor que você sempre traz quando vai chegando perto de mim ou me olha de longe? A chuva me refrescou. E no instante em que fechei os olhos, vi você com seus olhos pequenos e furinhos na bochecha sorrindo pra mim e dizendo pela milésima vez que me ama e que não fico feia com o cabelo preso.
Qualquer um pode dizer que não nos entende, mas o que me interessa é o gesto, as palavras e a sua atitude de amor em tudo o que se refere a mim. Eu nunca me senti assim. Nunca ninguém fez nem disse nada disso a meu respeito.
Você me trouxe uma vida que eu ainda não conhecia. Um Cristo que eu ainda não conhecia.
Você me trouxe muito mais que amor, você me trouxe de volta - ou só me trouxe, porque tenho a impressão de que nunca estive aqui realmente.
Me trouxe risos e gargalhadas que parecem que nunca vão terminar. Me mostrou que esse meu jeito estranho não é problema pra você, que você não se importa com os dias que resolvo passar de pijama nem com os dias que só falto colocar um salto alto pra arrumar a casa.
Minha mania por cosméticos nunca te pareceu problema algum - obrigada por não espirrar quando está perto de mim. Eu sei que às vezes exagero no hidratante.
Essa chuva me trouxe uma espécia de filme de todas as suas caras e manias e momentos que me agradou mais que qualquer outra pessoa conseguiria.
Nenhuma outra pessoa consegue me fazer sentir o que só você, meu amor, consegue, porque somos tão amigos e tão namorados que já não sei dizer de quem preciso mais.
Eu preciso de você inteiro, como você é.
Sabe essa coisa de estarmos tão juntos que somos capazes de sentir o que o outro sente?
Então... É disso que eu preciso pro resto da vida. Porque desse jeito eu me sinto segura, você sempre sabe como estou.
Eu quero ser pra você tudo o que mais te agrada, te faz bem, te faz feliz. Uma vontade de rir, um banho de cachoeira, a vontade de chorar num final de filme.
Você me lembra o tempo inteiro que eu preciso ser feliz.
Que eu preciso ser feliz com você.
Eu amo flores e, particularmente, tenho amado mais ultimamente.
Sempre que posso compro algumas plantas para embelezar a casa. Gosto de colocá-las no quintal no fim-de-tarde e de espalhá-las pela casa depois que limpo tudo. Faz bem à elas, mas muito mais a mim. Me deixa com a alma um pouco mais tranquila, mais calma.
Gosto de observar o jeito de cada uma.
Algumas me dão o privilégio de ter suas flores por mais tempo, outras me fazem admirá-las o máximo que posso porque suas flores não duram mais que três dias, e suas folhas, mais que cinco.
Gosto de cuidar de cada uma delas e de conhecer o seu jeito, o canto da casa que mais lhe agrada, a maneira como rego que a deixa mais confortável. Gosto disso porque, com cada uma das minhas plantas - as que já tive e as que ainda tenho - me ensinaram que nada dura pra sempre. Me prepararam para quando eu descobrisse que a dor, e muito menos a alegria, não duram para sempre.
Tudo nessa vida se supera, inclusive algumas semanas sem as flores das plantas para embelezarem a minha tarde.
O que me incomodou hoje a tarde, enquanto eu procurava algumas coisas que irão mudar os meus próximos dias, foi o comentário de uma mulher. Ela estava comprando algumas plantas artificiais e resmungando entre uma réplica e outra de Poinsettia que preferia as plantas artificiais porque as naturais nem sempre estão bonitas, com flores deslumbrantes e folhas com um tom de verde que insiste em nos fazer lembrar da vida.
Sabe, pessoas assim não sabem conviver com ninguém. Se ela não consegue entender as fases das plantas - e ainda assim admirá-las - como fará para amar alguém?
Comprei um lírio perfumado. Coisa linda de se ver.
As flores ainda estavam fechadas e depois de uns dois dias uma flor me surpreendia a cada manhã.
Era muito bom acordar e ver uma nova flor aberta, perfumando a sala. Era branca, com alguns detalhes laranja e tinha um cheiro inconfundível.
Quanto todas as flores abriram - e eram muitas -, eu finalmente pude sentar para admirá-las. Foi bom olhar e ver tanta beleza numa coisinha tão simples. O simples fato das flores terem desabrochado deixou a casa mais bonita, alegre e leve. Não tinha como não notar.
Mas aí que no segundo dia elas começaram a murchar e caíram uma por uma, logo depois as folhas e só ficaram aqueles pauzinhos que sustentavam toda aquela beleza.
Talvez se esse lírio fosse seu, você o colocaria num lugar um pouco escondido já que ele não está tão bonito como antes. "Não serve para ser admirado".
Cuidar de plantas é assumir a responsabilidade de cuidar e amar mesmo nos dias secos, sem flores.
Se uma pessoa não é capaz de aceitar isso em uma planta, me fala como é que ela vai conviver com alguém? Amar uma pessoa?
Quando a gente ama, a gente assume os riscos de encontrar a pessoa num dia em que ela não está tão bem, não está com as suas flores desabrochando e suas folhas esbanjando vida.
Quando se ama é preciso aceitar a pessoa como ela é. Ter coragem de deixá-la lá, no cantinho que é só dela, nos dias em que ela está bem ou não.
Me dói saber que algumas pessoas escondem amores quando esses não estão bem, quando estão feios, em uma péssima fase.
Depois há quem diga que não sabe o motivo de tanto sofrer.
Passada essa fase, as flores nascem e as folhas voltam. E não há nada mais prazeroso que acompanhar cada detalhe desse renascimento. Acompanhar o renascimento de quem você ama amadurece o seu relacionamento, traz vida para os seus olhos.
Esconder os seus amores, sentimentos e momentos te impede de viver o mais bonito da vida: o renascimento.
As pessoas renascem a todo instante e sequer são notadas.
Tem sorte aqueles que tem a alma pura e conseguem encontrar em qualquer um, independentemente da fase em que esteja, um espírito doce, límpido, verdadeiro e disposto. Disposto para o que há de melhor na vida: as coisas simples.
Um sorriso, um abraço, estar com quem nos faz bem, observar algo belo... Coisas simples como acompanhar o renascimento de um lírio. Isso faz bem. Nos lembra quem somos realmente, nos faz entender que diante disso tudo só nos resta agradecer por ter um Deus tão cuidadoso e cheio de amor.
Renascer traz novos sorrisos, novas pessoas, novas flores.
Plantas e pessoas e amores e sentimentos não são como um doce que você empurra o prato e diz: "Não quero mais". Plantas e pessoas e amores e sentimentos precisam ser assumidos e encarados.
A gente só não desiste quando é amor. ;)
É necessário mais coragem para escrever do que para falar. A escrita nasce no momento em que está sendo lida... E, particularmente, eu sempre gostei de saber disso - mesmo não escrevendo com tanta frequência ultimamente.
Eu não tenho tido muito tempo de vir postar sobre coisas corriqueiras como o susto que tomei hoje saindo do conservatório - antes disso - , da música linda de Vivaldi que ouvi um professor ensaiando hoje.
Nem tenho tido muito tempo pra falar sobre os meus dias corridos e os que insistem em passar lentamente diante dos meus olhos, sobre amizade que fiz e que tem se mantido em pé apesar das tempestades e chuvas torrenciais.
O cheiro das árvores que estão no caminho que faço todos os dias, e como tem sido incrível encontrar o meu bem todos os finais de semana - apesar de não termos muito tempo pra gente sempre, mas o simples fato de nos termos por perto deixa minha alma em paz.
Eu, sinceramente, preciso voltar a escrever as besteiras de sempre, falar sobre o meu dia, deixar a preguiça dos dedos de lado e contar... Deixar que a escrita nasça enquanto alguém que eu nem faço ideia a lê lentamente, ouvindo uma boa música, ou então curtindo o silêncio de uma noite serena.
Mas hoje eu estou aqui escrevendo porque me sinto transbordar... Porque eu vivi os dois anos mais incríveis de toda a minha vida e finalmente sinto que completei o quebra-cabeça que tanto me quebrou a cabeça durante toda a minha adolescência.
Eu sempre te disse, Tharsis, em diversos momentos, o exato momento em que eu soube que era pra sempre, que nós somos pra sempre. E acho que te deixei confuso... Porque até hoje existem momentos que me fazem ter a certeza do 'pra sempre' entre a gente.
Você me fez viver tantas coisas inesperadas. Eu tinha tanto medo de viver no rascunho, afinal, eu vivia me preparando pra vida e nada do que eu planejei aconteceu.
Você veio e me virou do avesso, me mostrou que eu podia continuar sendo eu e você me amaria mesmo assim.
Hoje, enquanto eu voltava pra casa, pensei em nós e no quanto você me segurou durante esses dois anos.
Não caberia em um livro tudo o que vivemos...
E eu percebi, mais uma vez, que se não fosse você me emprestando seu ombro, sendo meu melhor amigo, apertando as minhas mãos quando senti medo, me olhando nos olhos quando eu quis desistir... Se não fosse você ao meu lado, com a sua voz mansa e carregada de um sotaque só seu, eu nem sei o que teria sido de mim e dos meus joelhos fracos.
Por tantas vezes eu te olhei com olhos marejados e sussurrei que estava cansada, que queria desistir, mas você sempre fez renascer em mim o desejo de recomeçar.
Já dizia meu avô que a saudade engana tão bem que às vezes pode parecer que é amor.
E durante os 18 meses que ficamos longe um do outro eu tive medo todos os dias de que a saudade estivesse nos enganando... E quando você veio de vez, veio pra ficar, pra me ver sempre, pra morar aqui perto, eu descobri que a saudade só nos ajudou durante todo esse tempo.
E pensar que eu nem sei como foi que eu suportei todo aquele tempo longe de você.
Mas só nos fez mais fortes, mais unidos. E eu te amo por isso e muito mais.
Você não desistiu, não reclamou da intensidade, não desfez dos meus dramas e manias.
Obrigada por ainda olhar o céu comigo, acreditar que eu converso com a lua e me falar coisas tão lindas todas as noites. Se lembra de quando você me mandou essa imagem?
Eu me apaixonei por você, meu cientista, e é lindo poder ver as estrelas através dos seus olhos e de toda a sabedoria que Deus te deu. No dia que você me mandou essa imagem eu não entendi lhufas, mas através de cada pontinho branco desse que insiste em brilhar no céu, eu pude ver o seu amor.
Amar você me fez ouvir e entender estrelas, e por isso eu transbordo de amor todos os dias.
Obrigada por ter me esperado e ainda me esperar por esses dois anos.
Obrigada por me entender, me respeitar e me amar do seu jeitinho que me encanta todos os dias.
Obrigada pelos abraços que viraram colo, confissão. Você correu pra me encontrar, me esperou em vários lugares, só pra eu me aconchegar nos teus braços e chorar tudo o que eu tinha pra chorar.
Eu esperei 19 anos por você, pela pessoa que oraria junto comigo nas madrugadas, que me motivaria a continuar independentemente da situação. Esperei pelo seu abraço, pelos seus olhinhos pequenos marejados, pelas diversas vezes que choramos abraçados pensando que não conseguiríamos suportar a despedida. Eu não sei me despedir de você.
Eu sempre tento estender o abraço, o beijo... Nunca fui preparada para me despedir de você e nem serei. Mas estamos aqui, amor. Conseguimos. E como nós mesmo sussurramos todas as noites:
"O nosso dia está chegando e aí não precisaremos mais de despedidas."
E eu quero dizer, amor, entre tantas palavras e melismas que eu estou aqui, te esperando, como desde antes mesmo de nos conhecermos.
Que eu só quero te fazer feliz sempre, segurar a sua mão e enfrentar o que tiver de ser, porque quem escreveu a nossa história está conosco.
Ele é fiel e é por isso que estamos aqui, sonhando mais do que nunca, esperando no que sequer conseguimos ver apontar no horizonte... Mas sabemos que é nosso, que está vindo.
Eu te amo porque ligamos um pro outro de noite só pra ficarmos em silêncio, esperando o outro pegar no sono. Te amo porque você me ajuda a cuidar das minhas plantas e entende meu amor por elas - mesmo eu não tendo a mão boa pra cuidar delas.
Te amo porque você consegue ouvir a música que toca dentro de mim e que me faz dançar todos os dias. Porque você faz a melhor limonada do mundo. Porque só você sabe o jeito certo de cuidar de mim, de fazer a minha cólica passar, de me entregar o chocolate certo na hora certa.
Te amo porque lê meus textos, entende minhas manias e respeita cada uma delas.
Te amo porque você me olha enquanto durmo e me acorda me enchendo de mimos, te amo porque você acha meus joelhos tortos bonitos e não implica com a minha mania de mudar de esmalte sempre.
Te amo quando você ouve jazz ou coloca reggae só pra me irritar. Te amo quando você me irrita, finge que não me ouve, pede pra eu explicar de novo, me troca pelo Flamengo ou por uma matéria qualquer do Tecnoblog.
Te amo quando você sorri e eu mordo as covinhas da sua bochecha, te amo quando você me beija, te amo quando você me aperta.
Te amo porque estudar música me faz pensar em você, porque quando componho eu penso em você. Te amo quando você me inspira.
Te amo mais ainda - e nesse momento, sinto tudo aqui dentro de mim virar do avesso e meus olhos marejam - porque você me conhece. Conhece o meu olhar, sabe ler aqui dentro, você enxerga bem depois da íris. Sabe quando a palavra me dói, quando lembrar do passado já é insuportável.
Você sabe como é dolorido pra mim ter que abraçar algumas pessoas, cumprimentar outras e até conviver com outras. E se não fosse esse seu olhar cúmplice, esse abraço acolhedor, eu não teria enfrentado nada daquilo.
Você sabe mais de mim do que eu mesma, sabe do que eu gosto, sabe do meu jeito simples de ver as coisas e da minha inconstância. Obrigada por nunca ter reclamado da minha inconstância.
Obrigada pelas noites que passou em claro depois que tive um pesadelo, pelas palavras de conforto que me ajudaram a perder o medo de viver do jeito intenso que tenho vivido.
Obrigada pelos passeios, pelos lanches no McDonald's, pelos sorvetes, chocolates e fins de tarde cheio de amor. Obrigada pelos presentes, por toda a sua dedicação em me agradar, me fazer bem. Você é lindo comigo. E eu te amo mais que a mim.
Eu sou doida, amor. Você sabe que sou. Vou ao mercado de pijamas, tomo banho de mangueira no frio, limpo o fogão descalça, mexendo com água e com ele na tomada, sempre me queimo com a cola quente, mudo a temperatura do chuveiro batendo com o rodo, brigo com a atendente do Ragazzo quando ela diz saber tudo sobre mim, sou estressada e quando estou nervosa não meço palavras. Hoje digo que vou bordar todo o nosso enxoval, amanhã digo que vou comprar tudo pronto. Hoje digo que vou aprender tricô, amanhã nem quero mais saber. Hoje estou querendo, amanhã não quero mais. Mas a minha maior loucura é querer você. E essa loucura nunca esteve a mercê da minha inconstância porque eu te guardei aqui dentro no meu sagrado, e ele é intocável.
Nos pertencemos.
Te amo quando volto pra casa com você, quando faço compras com você, quando caminho com você.
Mas eu te amo mais ainda quando deito em seu ombro e me encaixo tão perfeitamente que fico sonolenta e o mundo gira bem devagar. Nessa hora tudo poderia parar e eu ficaria ali eternamente.
Eu ficaria aqui por meses dizendo quando e porque te amo tanto assim, e penso em você tanto assim.
Eu sempre digo que, antes de você, eu me imaginava com qualquer pessoa. Mas depois de você isso ficou impossível, porque você completou o que faltava, me encheu de vida e me fez sorrir novamente.
Os dias tem sido bons, apesar de todas as tempestades torrenciais, eu tenho me mantido em pé. E isso me faz sorrir todos os dias, me faz querer mudar a cor do cabelo, do esmalte, do batom.
É bom olhar tudo isso e saber a pessoa boa que me tornei - apesar de todos os surtos e defeitos que eu não devia ter -, eu me orgulho, sinceramente.
Essa coisa de transferir a responsabilidade, sofrer ouvindo casinhos, bancar a forte, inflexível, esclarecida e indisponível não é comigo. Ninguém é mais forte que o amor.
Amando eu descobri novidades a meu respeito, lembrei de um passado escondido e decidi ser gentil. Porque, como já dizia Carpinejar "Sem gentilezas o amor cansa".
E eu não quero que esse amor aqui dentro canse.
Bom olhar em volta e perceber que segurei o mundo de muitas pessoas enquanto o meu desmoronava, mas agora elas estão bem, seguindo suas vidas, andando sozinhos sem ter que segurar a mão de alguém pra atravessar a rua. Elas cresceram e isso me fez bem, me faz bem.
Eu tenho esse meu lado mãe de todos e olhar os olhinhos marejados desses a quem ajudei me faz bem.
Eu não sei amar pouco.
Apesar dos traumas, eu resolvi amar muito. Mas também... Me contrario quando digo isso, porque se você me analisar alguns minutos, verá que esse amor não surge assim.
Eu só consigo amar depois que desconfio da pessoa até mesmo precisando inventar um motivo.
Depois que minha desconfiança cansa, eu amo.
Depois que eu amo, eu confesso. E aí já não haverá volta.
Falarei mais de quatro mil palavras por dia, não esconderei a resposta de uma pergunta sequer que você me fizer e continuarei falando e divagando sobre qualquer coisa enquanto eu sentir o triplo da responsabilidade caindo sobre você a cada palavra minha.
Porque, pra mim, ouvir as confissões de alguém é uma das maiores responsabilidades da vida.
Isso exige amor, paciência, bom humor, um bocado de fé e a simplicidade no olhar. Cada palavra que você ouve de uma confissão deve servir apenas para você amar aquela pessoa, e nunca usar o que ela disse contra ela em um dia cinza de raiva, mágoa ou coisa do tipo.
Confissões não servem pra fofoca: você ouve, sorri e consola. Simples assim.
E o mundo tá carente de ouvintes.
Falta quem decida morrer com e pelas confissões que ouviu. Distorcer confissões ou fazer delas fofocas apagam lembranças, podem estragar a vida de alguém. O que é dito não é pra ser devolvido.
Você não precisa ser ouvinte, mas se quiser ser, precisa aprender a cercar o silêncio de alguém com o seu silêncio. Precisa aprender que não nasceu pra julgar ninguém, mas para se julgar, e aí então, merecer amar.
Procurar alguém pra amar.
Ta aí uma coisa que eu não faria. É difícil fazer uma pessoa entender as coisas da maneira que eu prefiro entender - sim, porque a maneira mais fácil de entender tudo é entender do jeito que todo mundo entende.
Nada contra os caras que usam brincos, usam regatas, ouvem pagode, funk e have metal, que mascam chiclete colocando a língua pra fora, usam boné e não entendem nada das estrelas. Mas eu sou exigente.
Com 12 anos eu comecei a fazer a minha lista do homem perfeito, aquele com quem eu casaria. E eu vou te dizer que não era nenhum um pouco perfeito pra maioria das pessoas.
Eu escrevi que ele tinha que saber me irritar, me tirar do sério, mas também me deixar doida de amor com um só olhar. Tinha que ser nerd, falar de coisas que eu sequer sonharia em algum dia entender, ler os meus olhares e não sair do meu lado quando eu gritasse pedindo pra ficar sozinha.
Ele tinha que saber ignorar os meus chiliques, entender as minhas manias e respeitá-las - afinal, seria insuportável conviver com alguém que não respeitasse a minha organização pessoal.
Eu gostei de alguns rapazes. Gostei de verdade. Com 15 anos eu conheci um rapazinho que mexeu com meu coração. E ele me deixou ouvir as músicas que estavam no MP3 dele. Que horror! Ele ouvia pagode.
Eu desiludi.
Sofri por alguns dias, porque a amizade dele era importante pra mim, mas a minha exigência estava acima de tudo isso.
Por isso sempre fui chamada de inconstante. Uma hora gostava, outra hora não queria nem ver a cara do fulano.
Não preenchia os requisitos, me entende? Não me surpreendia. Se Deus tinha algo além do que eu pedia ou pensava, o homem que Deus separou pra eu casar deveria me surpreender. Mas eles não me surpreendiam.
Os agrados sempre eram previsíveis, as músicas nunca me agradavam, meus olhares nunca eram entendidos, e eu era nerd perto deles. Eu sempre gostei de escrever, e nenhum deles tinha a paciência de ler um dos meus textos de 3 páginas. Porque eu iria casar com um cara desses?
Mas eu tinha a maior das exigências: ele tinha que amar a Deus acima de tudo, acima de mim e de tudo o que a gente possivelmente construísse.
E lá estavam aqueles alguns que eu gostei na minha adolescência. Todos perdidos em algo dentro de si, esquecendo-se do essencial, do que sempre girou meu mundo: a vontade de Deus.
Eu até usei a amizade que tive com esses alguns pra falar do amor de Deus, e eu realmente acredito que a semente que eu plantei um dia florescerá.
Mas não passou disso.
Eu precisava me sentir segura espiritualmente com a pessoa com quem eu sonharia em me casar, não importa o preço que eu teria que pagar, o tempo que eu teria que esperar... Eu queria ele. Aquele que desde que eu estava no ventre da minha mãe Deus já cuidava pra mim.
Aquele que também estava me esperando.
Eu não acredito numa atitude de aceitar Jesus para agradar alguém.
Eu sempre digo que uma moça deve procurar por aquele que já é de Cristo, e não confiar naquele que ela traz do mundo para se converter e depois iniciarem um relacionamento.
Tenho exemplos disso dentro de casa.
Meu pai não era convertido, foi pra igreja por causa da minha mãe... E nos primeiros meses de casados, ele chegava do trabalho e ela servia Whisky pra ele. Ela orou por 15 anos para que ele se entregasse de verdade a Jesus Cristo.
E eu, definitivamente, não queria isso pra mim.
Eu preferi chorar muitas vezes mandando um ou outro rapaz que eu gostava muito sumir da minha frente, do que chorar anos a fio arrependida pela escolha que fiz.
Não me custou evangelizar nenhum deles, me custou algumas lágrimas fingir que eu não gostava, não atender o telefone, não responder o e-mail, excluí-lo das minhas redes sociais. Mas, sinceramente?
Foi a melhor coisa que eu fiz.
Eu confiei em Deus mesmo sem entender tudo o que acontecia, mesmo me achando uma louca inconstante que esperava algo que ninguém mais esperava.
Mas Deus me enviou ele.
O meu cientista que sabe me fazer ouvir e entender as estrelas. Que me mostra cada uma no céu, que me ensina sobre coisas que sempre me passaram despercebidas. Que se empolga nas suas explicações me enchendo de orgulho.
Eu esperei pela pessoa certa. A que preencheu todos os requisitos. Desse modo, não há motivos para desistência.
A gente se completa. A gente se encaixa. A gente se entende. A gente se ama como nunca amamos ninguém, e isso nem eu e nem ele precisamos dizer, porque a gente sente.
Amor, obrigada por me fazer ouvir e entender as estrelas todos os dias. Você é o que eu tenho de mais lindo, e presentes assim só são dados pelo Senhor. E à Ele eu serei grata pra sempre.
Te amo mais que a mim.
Eu sei.
Eu já devia ter vindo aqui postar um texto sobre um tema que uma leitora propôs.
Mas é que os dias tem sido tão confusos, tão poluídos sonoramente que eu não tenho tido um tempo com um silêncio precioso pra eu vir escrever.
Já ouvi alguns dizerem que só conseguem escrever ouvindo música. Mas eu não consigo.
Preciso de silêncio, mas de um silêncio tão profundo que me permita ouvir a minha respiração e os meus batimentos.
Mas o silêncio que está aqui em casa hoje não é agradável.
É aquele silêncio com cheiro de morte, lágrimas de dor e sorrisos constrangidos.
Diz a minha mãe que só viu o meu pai chorar desse jeito quando eu morri - a parte da história que eu morri eu deixo pra contar outro dia.
O meu avô faleceu ontem, às onze e pouquinho da manhã.
E dizer isso pro meu pai não foi nada fácil.
Dormir também não foi nada fácil, ainda mais porque durmo sozinha - numa cama de casal que é um exagero pra uma pessoa do meu tamanho -, e eu agradeci muito a Deus por ter um namorado tão prestativo que acordou às 4h da madrugada pra me acalmar depois de um pesadelo.
Dormir tá difícil, comer tá difícil, até fazer piadas é impossível.
Eu mal posso imaginar como vai ser daqui há algumas horas quando for a hora do sepultamento.
Como é difícil dizer esse tipo de adeus.
E exatamente por não saber me despedir de nada nem ninguém... Pela primeira vez eu não vou saber como terminar esse texto.
Descanse em paz, vô.
Sabe... Eu sempre fui meio doida, meio pra lá e pra cá, cheia das manias e sentimentos. Quando as pessoas descobriam que eu sirvo a Jesus elas ficavam espantadas... Não porque eu não dava testemunho, mas porque sempre fui muito alegre, sempre demonstrei meus sentimentos intensamente e sabia exatamente como chegar em cada tipo de pessoa com quem eu convivia.
E nessa época de escola eu tive muitos amigos, conhecidos e companheiros de altar - aquelas pessoas que tocam com você, cantam com você e trabalham na igreja com você.
Eu sei, não é de costume meu vir e escrever aqui no blog tão abertamente, falando das coisas que vivi e estou vivendo - sempre fiz isso de uma maneira meio escondida, sem que ninguém percebesse qual é o meu sagrado, pra ninguém tocar nele.
Mas é que hoje eu acordei triste - na verdade, acordei ouvindo a voz do meu amor e isso sempre me deixa bem - , mas aquele tristeza insistia em não sair daqui de dentro, e eu orei, e Deus me fez lembrar de muitas coisas e pessoas.
Durante toda a nossa vida conhecemos pessoas e coisas, pessoas que ficam um pouco no trem da nossa vida pra nos ensinar alguma coisa, nos entregar alguma coisa e depois, três ou quatro estações dali, já descem e seguem outros rumos.
Precisamos nos adaptar e readaptar a essas mudanças constantemente, porque é assim que segue a vida, nessas idas e vindas precisamos encontrar esquinas para sermos felizes tomando outros rumos, conhecendo outras pessoas, e deixar na lembrança aqueles que nos trouxeram um sorriso nos lábios ou uma lágrima nos olhos.
E numa dessas viagens - apesar de muito ter ouvido falar - eu conheci uma pessoa incrível, uma pessoa que finalmente faria toda a viagem da minha vida e jamais desceria na próxima estação. Porque, chegou um ponto que eu cansei das despedidas... E Ele chegou tão gentil, me pegou no colo e disse que jamais me deixaria.
E desde aquele momento, pra ser mais exata, uma madrugada de um inverno, prostrada no chão do meu quarto, com uma Bíblia aberta ao lado, e a janela entreaberta, uma brisa fria entrando no quarto e secando as lágrimas que escorriam no meu rosto. Eu tinha 16 anos, e nesse dia eu conheci o grande amor da minha vida.
Aquele que jamais me deixaria, que jamais morreria - porque Ele já morreu uma vez e ressuscitou.
E nessa mesma época eu tinha amigos 'da igreja', amigos em quem eu me inspirava sempre a compor e buscar em Deus a alegria de viver - essa alegria que muitos não sentem e tentam encontrar em muitas coisas erradas por aí. Mas eu não estou aqui pra falar o que é certo ou errado.
Eu quero entender muitas coisas, e se você se encaixa numa dessas pessoas que logo abaixo vou descrever, e você tem uma explicação para todos os meus questionamentos, eu vou ficar muito feliz se você me procurar...
Porque, nessa época, esses 'amigos da igreja' que eu tinha iam nos mesmos cultos que eu, e perto deles eu me achava menor ainda... Porque eles eram tão usados nas mãos de Deus que, pra mim, todo o tempo de oração que eu dedicava a Deus jamais seria o suficiente para eu ter a unção que aqueles tinham.
Eu fazia questão de ser amiga deles porque eles me inspiravam na minha vida com Deus, eu orava e pedia a Deus que me usasse como usava fulano ou sicrano.
E a gente amadurece...
Eu mudei de cidade, cresci, amadureci.
Durante esses quase 5 anos de vida com Jesus - de verdade, porque antes disso eu conhecia Jesus só de ouvir falar - , eu errei muito, quis parar, quis desistir... Mas nunca deixei de confiar em Deus, de crer que Ele é o Deus da minha vida, da minha casa, e que uma hora tudo se resolveria.
Eu passei por tantas coisas... Mas sempre crendo que Ele tava ali do meu lado, pronto pra segurar a minha mão e me tirar todo o medo.
E hoje, procurando por aqueles 'amigos da igreja', eu encontrei eles servindo ao deus da bebida, das drogas, da prostituição, do engano, da mentira, dos falsos amigos, e doeu aqui dentro... Doeu muito.
Porque, apesar de todos os momentos difíceis, eu nunca deixei de servir a Deus, de crer Nele.
Porque, naquela madrugada de inverno, Ele me ensinou que pra servir eu não preciso estar no altar, eu não preciso estar trabalhando na igreja - isso tudo é muito importante - , mas antes de servir na igreja, eu sirvo aqui no meu coração, aqui dentro da minha casa.
Muitos líderes, pastores e amigos me decepcionaram, me machucaram.... Mas Ele não me deixou, mesmo quando eu não conseguia ouvir a Sua voz, eu sabia que Ele estava ali.
Hoje eu queria entender o que fez os meus 'amigos' pararem... Desistirem de continuar servindo.
Porque eles sempre estiveram cansados de ouvir que todo mundo pode nos desamparar, mas Deus jamais fará isso.
Porque você parou? O que Deus te fez pra você deixar Ele? Ele deixou de te carregar no colo? De segurar a tua mão? De secar as tuas lágrimas?
Quando você tocava o seu violão, o seu teclado, quando você cantava, quando você dançava, você não sentia mais que Ele te via, te ouvia?
Quando você entoava a primeira nota, desenhava a melodia da adoração a Deus, você não sentia aquele friozinho na barriga? Aquela vontade de se jogar nos braços Dele sem se importar com mais nada?
Ele te deixou com medo?
O que Deus te fez pra você abandonar tudo e estar aí, agora, nesse lugar?
Que Deus me faça entender isso....
Porque eu, apesar de todas as vezes que eu achei que fosse difícil só pra mim, eu queria quebrar tudo - e já quebrei tudo muitas vezes -, queria sair correndo e fugir dali... Ele continuou segurando firme e minha mão e sussurrando que tudo ficaria bem.
Porque Jesus, antes de ser o meu Deus, ele é o meu Pai. E eu pensei que fosse assim pra você também.
Que o meu Pai te visite hoje, e eu não peço que te faça voltar... Porque quem conhece Jesus uma única vez, não quer largar Ele nunca mais.
Ver esses tantos amigos meus nessas situações só me faz pensar que eles nunca conheceram a Jesus, porque se tivessem conhecido, não veriam prazer nas coisas do mundo, porque só dá pra VIVER NUMA BOA se for aos pés de Jesus.
Eu não tenho tido muito tempo de vir aqui escrever, realmente. Meus dias tem sido um pouco estranhos, diferentes dos que eu já tinha me acostumado.
Tá tudo com um cheiro diferente, uma cor diferente. É tempo de me readaptar a tudo isso.
Eu tive que me acostumar a viver sem o cheiro do mar, sem a brisa no final de tarde, sem as paisagens que passagem despercebidas por muitos, sem o cheiro de peixe no calçadão do mercadão e o sorriso estampado nos rostos dos artistas de rua.
Aí eu tive que me acostumar com o mau cheiro das ruas, a cor acinzentada de tudo, as pessoas mal humoradas e a vida passando rápido demais.
O bom disso tudo é que mesmo vindo o vento e mudando tudo de lugar, levando as folhas secas boeiros adentro, a vida sempre nos traz flores - pessoas que realmente vem perfumar a nossa vida nos trazendo um pouco de ar puro.
Claro que eu amo a minha casa, o meu cachorro - apesar de eu estar de mal dela por um tempo - , meus livros, minhas coisinhas, minhas partituras, meu teclado, meu violino, as viagens que fiz, as músicas que ouço. Mas nada disso se compara ao prazer de ouvir o barulhinho de uma mensagem dele chegando, ou de ouvir meu celular tocando e meu coração disparando tão loucamente que eu tenho medo de morrer antes de falar 'alô'.
Nada se compara a algumas coxinhas do Ragazzo - não pelas coxinhas, apesar de serem ótimas, mas podem ser as da padaria Real - mas o que é mesmo incomparável são as companhias.
Eu ando meio parada comparado com a vida que eu tinha. Não faço mais 300 cursos, nem escrevo com tanta frequência, nem estou escrevendo um livro, muito menos estudando física e matemática loucamente. Eu andava tão bem maquiada, com o cabelo muito bem arrumado e meu coração remendado e nenhum dos muitos que viviam ao meu redor eram capazes de notar como aquilo tudo que eu vivia e fazia não era verdade, não vinha de mim. Vendo tudo daqui de onde estou, é meio cômico pensar que eu pensava que daquele jeito tudo daria certo, que no final eu realmente seria feliz como pretendia. Meu coração parecendo um cactus, eu indiferente a todo e qualquer sentimento...
Tem horas que é preciso a gente mudar de lugar, mudar de atitude, mudar de pensamento.
Eu que pensava que distância significava tudo, descobri que não é nada quando alguém significa tudo.
Bom mesmo é quando esse vento sopra e finalmente nos ensina que recomeçar acontece todo dia, a toda hora e que é extremamente importante entender isso... Entender no sentido de mastigar, deglutir, entende? Aceitar.
Entender que é preciso recomeçar depois que todo o amor que existe em você é rejeitado, submetido a provas e, muitas vezes, esquecido.
Recomeçando eu aprendi a me completar e a deixar entrar na minha vida aqueles que me façam transbordar.
Uns 3 ou 4, mas o suficiente para que eu me sinta bem e tenha em quem confiar.
Ao meu amor, todo o amor que carrego desde sempre em mim. À minha família, sustentam tudo aqui. E aos meus amigos, que me fazem continuar sempre.
Recomeçando você aprende a cuidar de si, a cuidar dos seus. Cuidar do que você sente, do que você faz, do que você vê e agrega. Você aprende a se amar nas duras perdas, e descobre que você ali, sozinho, pode sim sentar no degrau da varanda e esperar o vento soprar forte e mudar tudo de lugar, secar as suas lágrimas, bagunças os teus cabelos e levar tudo o que não presta. Reconhecer que existem coisas que não dá pra comprar, substituir, esquecer ou implorar. Essas coisas nos são dadas de presentes, presentes divinos dados por Deus. Deus, a quem devemos ser eternamente gratos por tanta graça; porque - se for por merecimento - nada disso teríamos.
O sonho pode mover nossas vidas, mas só a fé pode iluminar o caminho. E eu tenho muita fé que o vento, finalmente, vai soprar e mudar tudo de lugar, de novo.
Quando eu era menina bastava esse sol queimar lá fora e todos os meus problemas estavam resolvidos. Eu pegava meus brinquedos e ia brincar de fazer comidinhas para as minhas bonecas, plantava alguns grãos de feijão em algodão só para vê-los crescer, e quando estavam bons, eu pedia pra minha mãe cozer eles junto com os outros que ela comprava na feira - sim, porque na minha época as donas de casa compravam feijão na feira e ele não custava o olho da cara. E olha que nem faz tanto tempo assim.
Mas hoje eu não tô afim de reclamar do preço do feijão, eu só lembrei de como era bom olhar o sol, de como eu me irritava quando a mãe vinha passar protetor solar porque eu dizia que a comidinha ia queimar. Ainda sinto o cheiro das folhas, da terra, do pouco de água que eu jogava. Lembro dos jogos de pratos e copos que o meu pai comprava pra mim e eu cuidava tão bem de tudo aquilo, eu não ia dormir sem levar e secar todos eles - mal sabia eu o quanto eu reclamaria da louça interminável que lavo e seco todos os dias.
E olhando esse mesmo sol escaldante que tá deixando todo mundo louco, com vontade de entrar numa bacia de gelo a cada meia hora, é que eu comecei a perceber - pela milésima vez - como o tempo passou rápido.
Ontem eu vestia PP, calçava 34, pedia pra mãe os brinquedos que passavam no comercial da TV - e raramente ganhava um deles - , e tomava creme de laranja todos os dias cedo. Hoje eu insisto em experimentar o P, mas já é M, calço 36, vou pra dois anos de namoro e meu pai quer que eu tire a habilitação pra ajudar na correria da semana.
E digamos que eu sou lá muito estranha porque ora quero que o tempo passe, ora quero que ele volte.
Não suporto quando o Tharsis se atrasa meia hora, mas esperaria por ele por toda a minha vida. A cozinha suja me incomoda demais e, se não estou empolgada, me irrita mais ainda ter que arrumá-la, mas nada disso me incomoda se as pessoas que eu amo estiverem esperando uma comidinha gostosa pra janta.
Não suporto que interrompam o processo de qualquer preparação que eu esteja fazendo: desde uma colherada no brigadeiro antes de enrolar até uma beliscada no bife antes que eu jogue o molho. Mas se eu sentir amor, nada disso me incomoda.
Eu sou intensa, prefiro não carregar lembranças do que faltou dizer, digo logo tudo o que preciso dizer. Essa minha mania de realismo chega a ser cruel, mas faz bem, às vezes. Às vezes faz mal, aí é hora de correr atrás, me desculpar e fazer um strogonoff pra tudo ficar bem de novo.
Eu assim: meio criança, meio mulher, meio velha, meio louca.
A canção pra mim é tudo, é nela que eu me escondo e estudar canto erudito, pra mim, tem sido abrigo.
Abrigo que começa numa canção e termina nos braços dele, porque é dele que eu tô precisando agora, que eu preciso hoje, amanhã e sempre. Sorrir renova o fôlego. Ele me faz sorrir, e é dele que eu preciso pra sorrir e renovar o fôlego que me faz cantar todos os dias.
Todos os dias.
Eu sempre tive essa preocupação idiota de dizer apenas coisas que não ferissem. Ela podia estar sangrando e eu saber exatamente o que dizer pra estancar o sangramento, mas ia doer, então eu me calava e saía de fininho como se não soubesse da cura.
Foi aí que eu também sangrei, também me feri, e procurei alguém que tivesse a cura. Eu encontrei palavras doces, cheias de uma coisa colorida e flácida, sem cheiro e sabor, que não me causava reação alguma. Eu continuava sangrando, a ferida continuava ardendo. E quanto eu pensava em esfriar a cabeça, refletir um pouco, eu ia olhar o mar, e a brisa que encostava suavemente na ferida fazia arder.
Apesar de muitas conversas que tive com tantas pessoas de olhar sem brilho e mãos mais geladas que as minhas, pouca coisa foi dita. O essencial - ou seja, aquilo que eu realmente precisa ouvir e que eu ainda não sabia que era a parte mais dolorida de tudo - sempre ficou no fundo, esmagada por uma maldita superficialidade.
Todo mundo vem com a ladainha de que, nessas horas, é preciso alguém chegar, sentar ao lado com cara de piedade, segurar a sua mão e dizer: "Calma, eu estou com você." E eu concordo - apesar da ladainha -, concordo plenamente. Mas não é só isso. E onde ficam as verdades? A mesma pessoa que segura a mão pode deixá-la, não porque quer, mas porque também precisa viver.
Se tá doendo, tá sangrando... Experimente ouvir a verdade. Eu resolvi dizer a verdade e perdi todos os meus amigos. O que eles não entendem e talvez nunca entenderão é que foi com a verdade que eu me curei, e sarei, e carrego as marcas com orgulho porque cada uma delas me lembram de como foi difícil, mas eu sobrevivi.
Eu resolvi falar a verdade e doeu neles. Porque a primeira reação que algumas verdades causam é a perca da força, o mundo desabando sobre a cabeça, a vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo. Mas depois, depois que os ânimos se acalmam e o vento seca o suor misturado com as lágrimas do rosto, aí vem uma força que vai brotando devagar e trazendo uma esperança, uma vontade de mudança que nada nesse mundo paga.
Triste é pensar que quem sofre nem sempre está disposto àquela dor do parto, àquela dor que faz mudar tudo de rumo.
Ser curado é olhar a cicatriz como algo belo. Uma cicatriz significa: Eu sobrevivi!
E eu sinto essa vontade louca de ir muito além daquilo que me espera, mas isso não significa que eu queira ir acompanhada por alguém de sorriso fácil. Sinto saudade das pessoas de riso fácil que conheci, das pessoas que me fizeram bem, dos momentos felizes que tive ao lado dessas pessoas. Mas eu não as quero de volta. Não quero porque, por culpa delas, eu desconfio de todo e qualquer sorriso fácil que me aparece entre uma música e outra.
Quem disse que a dor não faz a gente crescer?
Passei da fase da ferida mal curada, que qualquer brisa despertava aquela ardência insuportável e, argh, essa ferida cicatrizou porque eu cansei de esperar o tempo como se fosse um carrossel colorido me prometendo sonhos cor-de-rosa.
É... O tempo passa rápido demais, e a gente vai descobrindo e redescobrindo maneiras de se proteger. E porque não descobrir que estar sozinho, às vezes, é muito melhor?
Eu sempre quis um amor. Sempre quis amar, ser amada. Mas eu sempre quis isso de uma maneira diferente. Nunca quis ter um amor para sair de mão dada com ele mostrando ele pra todos os meus amigos, me gabando por estar feliz com um cara legal que me bajula o tempo todo e gruda em mim mais do que um chiclete.
Eu sempre quis um amor porque sempre imaginei que a única companhia do mundo que nunca me faria mal é a companhia de um amor de verdade.
Não sei você, mas eu não curto me socializar, e isso tem causado diversos problemas.
Eu amo o que faço, amo conhecer pessoas que gostem das mesmas coisas que eu, amo conversar sobre música, livros, cinema, escritores, coisas da infância. Eu realmente amo aconselhar, falar do que sei e do que ainda quero saber, conhecer, viver.
Mas tudo isso é apenas um momento, como quando você tá na fila do banco esperando ser atendido, ou na fila da padaria esperando o pãozinho quente. Aquilo passa, as pessoas saem, seguem suas vidas. E o que te sobre? O teu amor.
É pra ele que você vai correr quando chegar em casa, é pra ele que você vai contar que a tia da fila do pãozinho da padaria estava dando em cima do padeiro, e no colo dele você vai querer dormir depois de uma longa conversa.
O problema é que as pessoas aprenderam - não sei com quem - que as pessoas lá de fora, principalmente as de riso fácil, são dignas de confiança, devoção, dedicação e ão, ão, ão.
Desculpa, eu não sei confiar assim. Eu não sei me entregar assim. Eu não sei.
Eu gosto do silêncio, prefiro o vazio, nem sempre estou pra conversas agitadas nem gargalhadas escandalosas.
Pode ser que quando eu estiver querendo isso, você não queira.... Porque eu gosto de contrariar. É mais forte que eu.
Eu falo o que penso, sou transparente, não gosto de pessoas desleixadas, nada mais me irrita que a falta de dedicação em qualquer coisa. Se você não quer se dedicar, não faça.
Sou sincera, de poucas ou muitas palavras. Nunca me esqueço do dia que fiquei calada enquanto uma pessoa falava coisas horríveis pra mim, e depois briguei quando me zuaram porque o São Paulo estava perdendo pro Corinthians de 3 x 0. Meu avô me olhou sorrindo e disse que sou como ele. Posso ser brisa ou vendaval, só depende de como e quando você me vê passar.
Não venha me julgar porque não costumo sair nas fotos da 'galera', porque sou isolada, porque penso demais, porque sou quieta demais, porque sou intensa demais. Porque, porque, porque.
Eu sou feliz assim e isso me basta. E devia bastar pra você, já que tem uma mosca defecando no seu nariz e você não vê.
Eu sou assim desde sempre, e não quero mudar. Tente me conhecer, eu não vou te tratar mal - desde que você não me venha com assuntos torpes.
E se você é de sorriso fácil, vive tagarelando, gargalhando por tudo e por nada e dizendo que ama todo mundo, e ainda me vem com o papo de que tudo isso é porque você é feliz, saiba que eu não acredito nisso. Felicidade é um estado de espírito, e eu realmente espero que você seja um ser humano com preocupações, dúvidas, medos, como qualquer outro. E assim como qualquer outro ser humano, você também precise levar a vida um pouco a sério.
Tenho medo de pessoas assim, porque pessoas assim não tem noção do que dizem, não pesam as palavras e saem ferindo como se machucados cicatrizassem da noite pro dia, como se, depois de cicatrizados, eles não deixassem marcas eternas. E foram exatamente essas pessoas que me ajudaram a ser o que sou hoje. E sou grata a elas, de qualquer forma, pelas dores, decepções, ilusões, noites intermináveis.
Porque foi pelo sorriso fácil de cada uma delas que eu descobri que só quem realmente faz parte do meu mundo são aquelas pessoas que me aceitam exatamente do jeito que eu sou.
Eu lembro que era uma noite como outra qualquer. Depois de um telefone eu demorei um pouco pra dormir - já que eu nem lembro quando foi a última vez que peguei no sono sem ouvir a voz dele -, e naquela noite eu tive que dormir sem ouvir a voz dele. Foi terrível. Eu virava de um lado, virada do outro, e nada do sono chegar. Peguei o celular várias vezes, discava o número dele, mas não apertava SEND. Eu não podia. Ele tinha me dito que estava na festa de aniversário da prima dele, acabaria tarde e ele dormiria na casa da tia. Eu não queria aparentar a namorada chata - não que eu não seja, mas só ele sabe disso.
Acho que de tanto me dobrar e desdobrar na cama tentando encontrar uma maneira de conseguir pegar no sono, eu acabei dormindo. A noite passou muito rápido - não que eu tenha visto passar, mas é que eu mal fechei os olhos e o sol já estava raiando.
Minha mãe veio me acordar com um sorriso desconfiado dizendo que precisava sair com meu pai e que voltaria em 40 minutos e a mesa do café da manhã tinha que estar posta.
Não gosto de ser acordada às 07:00 da manhã pra arrumar a casa, isso eu faço depois das 10:00. Mas como eu já estava acordada e demoraria cinco horas pra pegar no sono de novo, resolvi levantar.
Lembro que vesti uma calça jeans, uma segunda pele preta e uma blusinha listrada por cima. Era Outubro de 2010, o inverno já tinha passado, mas eu ainda sentia frio.
Dei uma sacudida no cabelo, olhei a minha cara pálida enquanto escovava os dentes, e fui preparar o café.
Ouvi o motor do carro do meu pai, a Fanykita fez o escândalo de praxe que ela sempre faz quando meus pais estão chegando, e eu continuei na cozinha. O pai estacionou o carro na garagem, a mãe entrou em casa primeiro e ela estava estranha, achei que meu pai tivesse comprado kinder ovo pra me fazer uma daquelas surpresas engraçadas quando ele entra em casa segurando o kinder ovo como se fosse me entregar pra uma criança de cinco anos.
Eu apareci na porta da sala e meu pai segurava a porta do carro enquanto ele saía. Ele, o seu óculos, a sua mochila, e um sorriso que quase me fez desmaiar.
Eu mal pude acreditar.
Na noite anterior ele tinha me dito que estava no aniversário da sua prima, e naquele momento, lá estava ele, bem na minha frente, me olhando como quem olha um eclipse. Eu não tive outra reação além de dar um sorriso sem graça e abraçá-lo rapidamente antes que minhas patelas resolvessem ali mesmo caírem.
Eu queria ficar ali olhando ele por um bom tempo. Olhando por toda a minha vida.
Eu corri pro meu quarto e pulei na minha cama. Fiquei pulando em cima da cama como uma criança feliz. Eu não queria aparentar tanto nervosismo - o que foi inevitável - , mas eu precisava extravasar de alguma forma.
Cansada, eu sentei na beira da cama e naquele momento eu percebi que a vida, apesar de bruta, ela pode ser mágica.
Depois de tudo o que eu tinha passado, depois de todos os choros, decepções, ilusões, textos e músicas, eu respirei fundo e entendi que o que estava em mim era o que eu realmente precisava. Eu vi que tudo tinha passado, mas o que ficou era o que realmente me importava.
Ele estava ali. E não importava que eu tinha sido deixada uma vez, ele estava ali e alguma coisa me dizia que ele não faria igual.
Eu pensei nele durante todos aqueles meses imaginando que seria mais uma de minhas alucinações românticas, mais um dos meus quase sonhos realizados. Só de pensar que ele estava na sala, a poucos passos de mim, meus olhos marejavam.
E eu a pensar que aquela cicatriz deixada doeria horrores nos dias de chuva, que eu passaria o resto da vida olhando pela vidraça molhada pela chuva e lembrando de como eu poderia ter sido feliz. Mal sabia eu que a felicidade eu ainda não havia conhecido.
Eu ouvia aquela voz todos os dias, e eu tentei afastá-la de mim. Como eu tentei. Joguei sobre ela todos os meus medos, traumas, coisas travadas, coisas duras. E isso só me fez sentir mais amor.
Naquele instante, sentada ali, sentindo o cheiro do lírio que estava embaixo da janela do meu quarto, eu aceitei que eu não podia mais negar o que eu sentia. Respirei fundo e fui pra sala.
Ele estava sentado, arrumando o óculos, com cara de quem não estava envergonhado.
Eu sentei tensa ao lado dele, olhei-o por alguns instantes e tenho certeza que não pude conter meus olhos marejados.
Ele encostou na minha mão direita, que estava sob o sofá, e pareci levar um choque. Ele insistiu e a segurou e somente ele, com todo aquele jeitinho especial, consegue esquentar as minhas mãos.
Ele olhos os meus olhos como quem olha um aquário procurando peixes coloridos, e disse que me amava.
Eu queria tanto ele ali. Eu desejei por meses seguidos olhar ele sentado ao meu lado, eu me aproximei e encostei no ombro dele. Ele me abraçou como se nunca mais fosse me soltar, e sussurrou que nunca me deixaria.
Eu tinha esperado dezenove anos por aquela frase. Mas não somente pela frase, pelo momento, pela voz, pelas mãos, pela intensidade. Havia amor naquilo. Muito amor. E eu quis chorar litros no ombro dele, dizer o quanto eu esperei por ele, e como eu temi nunca encontrá-lo. Como eu temia os famosos desencontros da vida.
Mas você me encontrou, True. Me encontrou e me amparou.
E hoje, ao te ouvir novamente, você sussurrou a promessa que me fez aquele dia. E dessa vez eu chorei litros.
As pessoas prometem e continuam a vida como se nada tivesse acontecido. Eu sempre pensei que promessas são mais que compromissos. São coisas que te incomodam até que sejam cumpridas. Se você prometeu você perde o sono, a fome, você emagrece, engorda, fica ansioso, rói as unhas, morde os lábios... Promessas deviam incomodar.
E se você prometeu e ainda não é hora de cumprir, você se lembra da promessa todas as vezes que olha a pessoa.
E de tudo o que eu já ouvi, vi e vivi com você, hoje foi um dos momentos mais lindos. Você lembrou da promessa, e sussurrou com embargo na voz, como se faltasse pouca coisa para que as lágrimas finalmente rolassem pelo seu rosto.
Eu me lembro que quando você foi embora - levando um pedaço de mim - , eu fiquei por semanas ouvindo 'Can't Take My Eyes Off You - Lady Antebellum' porque me lembrava o seu cheiro. E hoje, quando resolvi postar esse texto, voltei a ouvir essa música e sentir o seu cheiro.
Resolvi vir aqui escrever porque, assim como eu, você ainda preza pelos detalhes, e são esses seus detalhes que me fazem te amar mais do que cabe em mim.
É amor, porque, se não fosse amor, não haveria saudade nem o meu pensamento o tempo todo em você.
E eu estou aqui sob efeito do remédio, lutando contra o sono – já que dormi a tarde inteira e continuo com sono -, e lembrando de mim há meses atrás. Na verdade, estou sentindo uma saudade insuportável da peça que faltava no meu quebra cabeças, da metade da minha laranja, da cutícula da minha unha, dessa minha metade toda amor que me fez a pessoa mais feliz do mundo.
Eu me lembrei de mim, lembrei das minhas filosofias – aquelas que eu criava sobre tudo e qualquer coisa que pudesse fazer o ser humano sentir qualquer coisa -, lembrei das muitas vezes que achei que amar era só conseguir ver, e desamar era só não ver mais. Lembrei de como sempre foi fácil pra mim largar tudo e seguir outro rumo, jogar tudo pro alto sem me importar se iria voltar ou não. Simplesmente virar as costas e esquecer de tudo. Deixar tudo guardado num baú que eu abriria num dia chuvoso, onde eu não teria nada pra fazer além de rever umas fotografias e reler algumas cartas, tomando um chocolate quente debaixo de um edredon qualquer. Eu sempre fui de esquecer das pessoas com tanta facilidade. Não que eu não amava, que eu não me importava, mas eu sinto que fui treinada – mesmo que inconscientemente – a descer do trem e deixar que as pessoas que eu amo continuem nele. Fui treinada a descer do trem sem olhar pra trás, parar na estação, observar o trem ir embora e não sentir dor. Eu sempre soube que passaria outro trem, e eu conheceria outros que me fariam felizes, de maneiras diferentes, mas me fariam.
E depois, quando o vazio da saudade batia, eu olhava o céu, suspirava, colocava o vazio no bolso e ia ouvir uma sinfonia, assistir um filme ou ler um bom livro. E seguia. Sempre segui. Sempre segui achando que jamais encontraria um olhar que me faria ficar no trem, que faria todos os meus caminhos me encaminharem pra um único lugar. Sempre segui achando que jamais seria pouco dizer que amo, que quero, que preciso, que desejo. Segui jamais imaginando que seria tão pouco qualquer palavra perto do que eu fosse sentir.
Você foi lindo comigo. Lindo, mesmo distante e tão perto. Me estudou e sabia exatamente que qualquer surto que eu pudesse ter era um sinal de que eu estava reagindo, de que eu estava me aproximando de tudo de novo. Aquelas inúmeras vezes que você me olhou quase sorrindo, me curaram e me fizeram sonhar que um dia nosso encontro iria acontecer inteiro.
E eu deixei de buscar em filmes, músicas, livros e bonsais aquele certo tipo de consolo que eu jamais encontrei. E eu voltei a ter o gosto doce de menina romântica, e aquele gosto ácido de mulher moderna.
Fazia tempo que eu não parava pra escrever qualquer coisa, ouvindo uma boa música.
Estou pensando em você. Eu penso, repenso e trepenso em você. E eu apenas fecho os olhos, e te sinto mais perto. Bem perto. Cheirando o meu cabelo e sussurrando que me ama, e que eu tô linda mesmo com os olhos inchados e com o nariz vermelho depois de tanto chorar de saudade.
Ei, senta aqui. Tá vendo como a sala dessa casa é confortável? Eu amo esse fim de tarde aqui... A cortina é verde e deixa um cheiro agradável na sala.
Sente a brisa entrando pela janela.
Engraçado...
Quando eu te vi pela primeira vez saindo daquele carro, com aquele óculos e aquela pasta que te deixava com uma cara de estudante irresistível, eu saí dizendo aos quatro ventos que eu te precisava independentemente se fosse perto ou longe.
Mas agora... Com essa brisa batendo em nosso rosto eu só consigo sussurrar que eu te preciso assim bem perto. Bem perto de mim.
Chega mais perto. Tá vendo meus olhos marejados? Todas as vezes que eu te olho eu penso o quanto vai valer à pena esperar todo esse tempo pra te ter comigo sempre.
Eu sabia, no fundo eu sabia, que continuando por aquele caminho por onde eu vinha eu tropeçaria em algo maravilhoso.
E eu não me arrependo de cada palavra, de cada olhar, de cada gesto. E eu nunca vou esquecer de cada momento, de cada encontro.
Eu me apaixono ainda mais cada vez que eu te olho. Acredite, se eu te olhar cem vezes, vou me apaixonar ainda mais cem vezes por você.
Segura a minha mão. Segura como naquele primeiro dia em que a gente sentou nesse mesmo sofá e pela primeira vez eu te olhei nos olhos. Naquele dia foi quando eu senti que amar não tem remédio.
Eu não sinto falta da Mayara que eu fui. Hoje eu só sei sentir falta de você, do seu cheiro, do seu abraço, do seu carinho.
Tá difícil. Pelo menos pra mim. Eu tô olhando tudo aqui agora e tá difícil. Mas quando eu penso em nós, nessa força que subestima tudo ao meu redor, quando eu penso nisso tudo eu penso que o nosso amor pode ser maior que todos esses ventos contrários.
Eu sentei aqui com você porque eu precisava te dizer tanta coisa. Mas agora, olhando os teus olhos marejados e as tuas mãos nas minhas, eu não consigo pensar em mais nada.
Me abraça e diz que você também quer isso, que daqui a pouco a gente vai rir de tudo isso e a gente vai estar feliz, ouvindo jazz e fazendo strogonoff.
Fecha os olhos. Meu avô dizia que quando se ama é mais fácil ver a vida de olhos fechados.
Sabe o que eu vejo quando eu fecho os meus? Você tirando alguma coisa do bolso do seu terno na porta da igreja. Eu só gostaria muito de saber o que é.
Eu amo seu sorriso.
Quer ver como a minha cabeça encaixa perfeitamente no teu ombro?
Eu gosto do que é simples, gosto de situações claras, gosto de olhares honestos e eu não gosto de me perder de nada disso. A questão é que nem eu e nem você temos o poder de controlar a força das coisas quando elas precisam acontecer e eu até posso sentir saudade das coisas que perco, mas não as desejo de volta. Penso que se já doeu uma vez, não compensa ter de novo.
Eu sempre falei que todo mundo se adapta a sentimentos, lugares, climas e amores, só não lembro de ter dito que isso dói. Adaptar-se dói.
Eu não sou lá a amiga que qualquer pessoas gostaria de ter. Se você quer a minha amizade, tem que querer a verdade, mesmo que ela doa. Mesmo que a realidade seja cruelmente dolorida. Porque eu aprendi a ser cruelmente realista, e isso também sufoca.
Eu nunca fui de me entregar a amizades, de sofrer com o rompimento de uma amizade... E se você quer ser meu amigo, você precisa saber disso.
Eu cuido, aconselho, empresto o ombro e sou loucamente insensata quando quero fazer um amigo sentir-se melhor. Eu faço companhia, sou engraçada - ou tento ser - , ouço músicas, leio textos, toco teclado e até ensino técnica vocal. Faço comida, limpo a casa, passo roupas e jogo Forca. Penteio os seus cabelos, escolho a maquiagem, palpito na roupa e ajudo você a colocar as suas pulseiras.
Brigo com você, te ensino a cozinhar, te mostro que antes de cortar o pepino pra por na salada é preciso tirar aquela 'espuminha' dele. Eu chego sem você perceber.
A questão é que eu sei que a amizade cresce, fica intensa e tudo mais, como qualquer outra amizade... Mas aí que na saída eu surpreendo.
Eu saio, sumo, desapareço como se nada tivesse acontecido.
Eu aprendi assim... Apesar de tudo, você chegou até a varanda da minha casa. Eu não deixo amigos entrarem. Eu não deixo crescer, não deixo tomar conta.
Eu posso contar segredos, fazer promessas e te dar presentes. Mas não vai doer quando você for embora.
Vira lembrança.
Não que eu trate isso como algo descartável. Eu só não deixo entrar em casa porque eu aprendi que se você entrar em casa eu posso me decepcionar.
Eu prefiro te ver ir embora me deixando com o seu doce, do que te mandar embora me deixando amarga.
É desnecessário sofrer por alguém que um dia vai embora. É desnecessário deixar alguém entrar em casa se não vai ficar pra sempre.
Toda casa só devia ter lugar pra dois e a minha já está devidamente ocupada, decorada e perfumada.
Você pode me chamar de monstro, mas desistir de não me decepcionar com as pessoas foi meu maior ato de coragem.
Eu posso ser sua amiga, mas não espere meu sofrimento ao te ver partir seguindo o seu caminho.
Ninguém me ensinou ou me motivou a isso. Eu me virei sozinha, aprendi sozinha, isso me endureceu um pouco mais.
Calos. Calos daqueles que não doem mais.
Me respeite. Tem coisas da gente que não são defeitos nem erros, são só jeito da gente ser.
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