Olhando Devagar para elas
A amizade é algo mágico, não tem cor, não tem raça, não tem distância. Surge devagar e, quando percebemos, já faz parte de nós.
Está fazendo um ótimo papel - disse ele devagar - Mas aposto que está sofrendo mais do que deixa transparecer.
Foi me pegando devagar, aos poucos dominando
suave, doce
como a dizer te amo
foi ficando, mostrando que era para sempre
e de fato é
se sou feliz com ela?
nem um pouco, preferiria não tê-la conhecido
ela é dominadora demais
e não dá folga dia e noite
se gosto dela?
claro que não!!
maldita diabetes...
“A Vida Possível”
Estou aprendendo, devagar, a doer do jeito comum,
sem catástrofe, sem desespero
apenas essa dor doméstica
que todos carregam e ninguém confessa.
E quando a chuva finalmente der trégua,
quando eu me acostumar a esse mal-estar que não mata,
talvez eu encontre o caminho de volta:
não para a vida de antes,
mas para a vida possível.
Isaac Ordous
Eu sei que a pressa me empurra pro fim, e só de pensar já pesa pra mim,
por isso eu beijo devagar, amo forte, sem medo, porque viver correndo é partir mais cedo...
Veem-me cinzento.
Mas não é por falta de cor —
é por não pintarem devagar.
Não sou o que mostro.
Sou o que seguro para não cair.
O que calei para não ferir.
O que deixei por dizer
quando me disseram que já não havia tempo.
Aprendi a vestir sombras
com a dignidade de quem sabe
que até a noite tem camadas.
Ergui castelos no ar
com mapas rasgados.
Com linhas tortas, sim,
mas desenhadas com silêncio aceso.
Procurei luz sem a pedir.
Preferi arder por dentro
a que me apontassem o fogo.
E quando me disseram que o mundo era
preto ou branco,
guardei as cores no bolso.
Não para esconder —
mas para que alguém as quisesse ver.
Sou feito de todas as coisas
que não se veem à primeira.
De silêncios que gritam.
De memórias que ainda não aconteceram.
De palavras que nasceram antes da boca.
Não preciso de ser lido.
Mas se me lerem, que não me distorçam.
Procurem a cor, não as trevas.
As que tremem.
As que resistem.
As que sou.
Calma, é só o tempo passando. Devagar,sereno. Tudo que nele está acontecerá, independentemente da nossa vontade, coisas do tempo.
O tempo,por vezes é dócil e suave, por outras,voraz e cruel. Escolho a primeira versão temporal.
“Eu te quebro devagar, mas reconstruo do jeito que eu quiser.”
“Tiro a tua paz sem levantar a voz. É assim que começa a sedução.”
“Eu não minto… só conto a verdade no momento exato para te desarmar.”
“Se eu quiser, te prendo sem te tocar. Sedução não é toque, é controle.”
Solilóquio
“Aceitar o tempo é conversar com o próprio destino.”
Sou lento, sou devagar,
se não me procuras, não vou te buscar.
Sou calmo, sou observador,
não tenho tanta pressa pro amor.
Assim, às vezes, chances deixo escapar...
isso não chega a te incomodar?
Aborrecido eu estaria
se me perdesse por simpatia,
pois curar o que isso causa
é dor que consome e arrasa.
E de onde vem tanto receio?
Das duras lições do meio,
das relações sem freio,
que deixaram em mim um velho anseio.
E quanto aos teus devaneios,
teus desejos, tua solidão?
Como disse o grande mestre:
“Basta a cada dia a sua agonia”,
então sei que esses momentos logo passarão.
Enquanto o dia infinito sem sol se arrastava, eu piscava devagar para o teto rachado, onde aranhas teciam teias preguiçosas como minhas próprias desculpas. "A banda parar de tocar", murmurava para mim mesmo, ecoando aquela frase quebrada que o usuário jogara, talvez um erro de digitação, talvez um grito abafado de uma mente cansada como a minha. Mas que banda? A orquestra invisível da vida, com seus violinos desafinados e tambores surdos, que nunca parava de martelar na cabeça, mesmo quando eu implorava pelo silêncio?
Sozinho no sofá que cheirava a mofo e memórias podres, eu rolava para o lado, evitando o esforço de acender a luz. Amargo era o resíduo do café na língua, misturado ao gosto metálico da derrota autoimposta. A preguiça me ancorava, uma âncora enferrujada no fundo, de um mar de nada, onde peixes mortos flutuavam como promessas quebradas. Por que me mexer? O mundo lá fora, com suas corridas e risos forçados, não sentia minha falta e eu, solitário rei de um reino vazio, não sentia falta dele.
Deixei os pensamentos vagarem como nuvens cinzentas, preguiçosos demais para chover. O tigre flamejante?
Agora era só um gatinho ronronando debilmente, sua fúria dissipada no ar úmido. A morte, ah, ela demorava, preguiçosa como eu, talvez deitada em seu próprio sofá eterno, esperando que eu a chamasse. Mas eu não chamava. Somente esperava, no vazio que se expandia, engolindo horas como um buraco negro faminto. Continuei assim, ou melhor, parei de continuar porque no fim, o que era a história senão uma sucessão de nadas, amargos e solitários, ecoando até o silêncio final.
O desgosto é um silêncio pesado dentro da alma. Não grita, mas corrói devagar. É o choque entre o que esperávamos e o que a vida entregou, uma ferida que não sangra por fora, mas exige do coração uma força que ele nem sempre estava pronto para dar. O desgosto não é apenas um sentimento — é um peso que o corpo inteiro aprende a carregar.
Quando seu coração parecer que está saindo pra fora é porque ele está pedindo calma, vamos devagar ou simplesmente fique e fique sem tarefas, apenas, fique.
