O Valor do ser Humano Rubem Alves
As coisas óbvias e simples passam despercebidas, muitas vezes, diante de nós, e a gente perde a poesia, a poesia do cotidiano, a poesia do nosso teatro mágico. Ontem acabou, passou, já foi. Daqui a pouco nem existe ainda, nem começou. E a gente só tem agora pra poder se declarar,pra poder criticar, pra poder olhar no olho, pra poder se confessar, pra ser e estar.
Linda, transparente, uma mulher maravilhosa...
Cheia de charme, elegância e muito mimosa...
Fascínio de sensualidade, fêmea dengosa...
Sinto um desejo enorme de abrir meu coração...
Onde você já faz morada, transbordando-o de emoção...
Dizer pra você, mulher, que pra este sentimento não posso dizer não.
Astronauta tá sentindo falta da Terra?
Que falta que essa Terra te faz?
A gente aqui embaixo continua em guerra
Olhando aí pra lua implorando por paz
Então me diz: por que que você quer voltar?
Você não tá feliz onde você está?
Observando tudo a distância
Vendo como a Terra é pequenininha
Como é grande a nossa ignorância
E como a nossa vida é mesquinha
A gente aqui no bagaço, morrendo de cansaço
De tanto lutar por algum espaço
E você, com todo esse espaço na mão
Querendo voltar aqui pro chão?!
Ah não, meu irmão... qual é a tua?
Que bicho te mordeu aí na lua?
Querida Lua.
Confesso ter lhe procurado aqui na Terra. Procurei sua companhia, seu brilho, sua energia. Encontrei.
Encontrei um ser em forma carnal, um ser que me faz companhia, que transmite tamanha energia, que sinto estar próximo de ti, pois até no brilho de seu olhar encontro o seu brilho.
Vocês tem muito em comum. Esta mulher tem fases como você Lua. Horas está tão comigo, que sua luz me ilumina por completo, horas me abandona tomado pela escuridão, me faz perder o chão.
Nestas horas, queria eu acreditar que foi apenas um eclipse. Mas não.
Fecho os meus olhos e vejo o teu jeitinho...
Também teus lindos olhinhos...
E teu sorriso encantador...
Sonho acordado...
Que tu estas do meu lado...
E eu te chamando de amor.
Acumulei tantas dores...
tantos sofrimentos...
feridas incuráveis...
um pouco ficou no passado...
o restante não importa...
não tenho mais direção certa...
sou um ser sem dono...
E gosto, à noite, de escutar as estrelas. É como ouvir quinhentos milhões de guizos... Mas eis que acontece uma coisa extraordinária.
“Uma vez, li em um livro de poesias antigo, que Yelda é o nome que se dá para uma noite sem estrelas, na qual aqueles que sofrem por um amor perdido ou distante permanecem acordados, suportando e encarando a escuridão interminável da noite esperando pelo nascer do sol, na expectativa de que seu amor reapareça junto com ele. Depois que te conheci, todas as noites da semana passaram a ser Yelda para mim.”
—
Neste mundo não existe uma verdade,
Essa é a realidade, qualquer um pode se tornar um deus ou um diabo só precisa que alguém diga que essa é a verdade.
Todos temos o mesmo instinto para lutar ou fugir. Você foge quando tem medo, mas luta quando tem ira.
Assim que ela disse aquilo, eu finalmente entendi tudo. Ela não era mais pra mim como todas as outras raposas do mundo. Eu a cativei e agora ela era única. Pelo menos pra mim. E minha rosa não era como todas aquelas outras. Pois foi ela que eu reguei, foi ela que eu pus sob a redoma, foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se. Agora era minha rosa! E eu era responsável por ela. E eu tinha que voltar pra tomar conta dela.
