O que Espera de Mim
O tempo é relativo: na espera, arrasta-se; no deserto, revela sua face infinita, lembrando que a eternidade não é ausência de fim, mas excesso de instantes.
Cicatrizes são medalhas da alma, não se espera emoção por ter elas, essas marcas de batalhas, insígnias de coragem invisível que um dia, foi a única moradia conhecida.
Migalhas espalhadas no chão para nós, pombos de olhar cansado. Mas a alma, mesmo à espera, não se curva, sabe que há céus inteiros por onde voar.
A segunda-feira nos lembra que o tempo não espera: cada manhã é um convite a reconstruir o que fomos e a aproximar o que ainda sonhamos ser.
A fé é idioma de quem espera em silêncio, aprender a calar é ouvir o divino, quem pratica esse idioma ouve caminhos, esperar em paz é conversa com o além.
Vivi o silêncio de deus e vi que ele estava lá, ausência de voz não foi abandono, foi espera, no silêncio, aprendi que a presença persiste, mesmo calado, Deus se fez companhia.
O futuro não é uma miragem que nos espera passivamente na linha do horizonte, mas a consequência imediata e visceral da sua coragem de romper com o passado aprisionador, de dizer um "não" trovejante àquilo que insiste em se manifestar como um presente indesejado. Não permita que a nostalgia de uma infância humilde, ou a dor de um erro pretérito, congelem a sua capacidade de avançar, a felicidade reside em construir o novo, desfazendo-se do peso dos excessos inúteis, as tristezas antigas e a compaixão malgasta por quem não merece.
O tempo não espera. Gastamos nossa vida economizando tempo, mas o que realmente desperdiçamos é o único momento que possuímos, o agora.
A espera é o lugar de treino onde a paciência cresce e se aprimora. Não é tempo perdido e parado, mas um momento especial onde Deus trabalha em coisas que não podemos ver. Se quisermos colher antes da hora, teremos frutos amargos, é essencial respeitar o tempo da semente, honrando o silêncio da terra onde a promessa ganha força.
A Lucidez do Paraíso é o Instante do Devaneio
O Paraíso não é um jardim que nos espera,
com portões de pérola e árvores de ouro estático.
Não é uma recompensa por uma vida finda,
mas uma suspensão lúcida do tempo presente.
Ele reside naqueles instantes-limite,
em que a consciência se afina e a imaginação se liberta.
A lucidez é a navalha que corta o ruído do mundo,
reconhecendo o peso exato de cada elo da corrente.
Ela sabe: o muro é muro, a dor é dor, o efêmero é a regra.
Não há ilusão que resista à sua luz fria.
Mas a alma, cansada da geometria do real,
não aceita a clausura do que é apenas "fato".
Então, o devaneio se apresenta.
Não como uma fuga cega ou uma negação covarde,
mas como a afirmação mais alta da potência do ser.
O devaneio é o arquiteto que refaz o mapa da realidade,
desenhando rios onde antes havia deserto,
dando voz ao silêncio que a rotina impõe.
É a permissão para que o possível
se sobreponha à tirania do presente.
E o Paraíso, finalmente, não é a terra de ninguém,
mas o ponto exato de interseção:
É a lucidez que reconhece a precariedade da vida
(sabe que o tempo vai passar, que a beleza é breve)
e, por isso mesmo, usa o devaneio
para saturar o momento com uma perfeição temporária.
É o piscar de olhos onde a razão e o desejo conspiram:
"Isto não é real, mas é tudo o que importa."
Naquele instante de flutuação, a mente está desperta
(lúcida de sua própria criação),
e a alma está em êxtase
(devaneando um mundo que ela mesma sustenta).
O Paraíso, portanto, é a plena consciência da nossa capacidade de ser feliz, mesmo que seja apenas um pensamento. É o gozo da ilusão assumida.
É quando a mente, lúcida e livre, se permite voar.
A vida é um rio que não espera.
Não lute contra a corrente.
Aprenda a navegar com coragem
e a beleza do caminho se revelará.
“Hoje deixe que o amor seja brisa e tempestade, sussurro e clamor, doce espera e voejo ardente de reencontro.” ©JoaoCarreiraPoeta.
"O medo congela o relógio: para quem teme, um minuto de espera pesa mais que um ano de vida vivida."
