O Poema eu sei que Vou te Amar Inteiro

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"Mesmo quando eu estava no orfanato, quando percorria as ruas tentando encontrar algo de comer para me manter vivo, mesmo então pensava em mim como o maior ator do mundo. Eu tinha de sentir a exuberância que é fruto da absoluta confiança em si mesmo."

E aí eu só olhei pra bem longe, muito além daquele Sol, e todo o meu passado se pôs junto com ele. E eu senti a alma clarear enquanto o dia escurecia.

Em todas a vezes que eu neguei o que eu sentia, é porque não queria que você soubesse o quanto eu precisava de você aqui, todos os dias.

Eu só escrevo quando eu quero, eu sou uma amadora e faço questão de continuar a ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então em relação ao outro. Agora, eu faço questão de não ser profissional, para manter minha liberdade.

Clarice Lispector

Nota: Trecho de entrevista com Júlio Lerner para a TV Cultura, em 1977.

Parece haver uma lei que rege todas as nossas ações, então eu nunca faço planos.

Então uma voz que eu não ouvia há muito tempo, tanto tempo que quase não a reconheci (mas como poderia esquecê-la?), uma voz amorosa falou meu nome, uma voz quente repetiu que sentia uma saudade enorme, uma falta insuportável, e que queria voltar, pediu, para irmos às ilhas gregas como tínhamos combinado naquela noite. Se podia voltar, insistiu, para sermos felizes juntos. Eu disse que sim, claro que sim, muitas vezes que sim, e aquela voz repetiu e repetia que me queria desta vez ainda mais, de um jeito melhor e para sempre agora.

"Eu era muito jovem para ter um carro. Então transava com as moças no banco de trás de minha bicicleta".

Se tudo isso existe, então sou eu. mas por que esse mal-estar? É porque não estou vivendo do único medo que se existe para cada um de se viver e nem sei qual é. Desconfortável. Não me sinto bem. Não sei o que é que há. Mas alguma coisa está errada e dá mal-estar. No entanto estou sendo franca e meu jogo é limpo. Abro o jogo. Só não conto os fatos de minha vida: sou secreta por natureza. O que há então? Só sei que não quero a impostura. Recuso-me. Eu me aprofundei mas não acredito em mim porque meu pensamento é inventado.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Esse homem é o soldado armado com a espada e eu sou o soldado armado com a pena... Mas eu triunfarei onde Napoleão foi derrotado, pois conquistarei o mundo.

Hoje eu só queria ouvir "eu te procurei pra saber se você está bem".

Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você. acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim.

Eu também queria escrever, e seriam duas ou três linhas, sobre quando uma dor física passa. De como o corpo agradecido, ainda arfando, vê a que ponto a alma é também o corpo.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Temas que morrem.

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Afinal de contas, eu tinha feito tudo que me havia proposto na vida. Dera os passos certos. Não dormia na rua. Claro, havia um bocado de gente boa dormindo nas ruas. Não eram idiotas, apenas não se encaixavam na maquinaria necessária no momento. E essas necessidades viviam mudando. Era uma luta desigual, e se a gente dormia na própria cama já era uma vitória contra as forças. Eu tivera sorte, mas alguns dos passos que dera não os dera inteiramente sem pensar. Em geral, porém, era um mundo horrível, e eu muitas vezes me sentia triste pelos outros. Bem, ao diabo com isso. Peguei a vodca e tomei um trago.

Eu não gosto nunca de nada e gostei tanto de você. É? Droga. O quê? Eu falando de gostar. E daí? E daí que vai acontecer tudo de novo. O quê? Vou sentir demais, falar demais, escrever demais, você vai embora. Agora eu vou embora. E depois? Depois não sei. Tá. Eu ficaria, sério, eu ficaria muito, muito, muito. Eu sei.

Se eu vivo bem sem você, porque eu continuo te olhando? Porque eu sempre volto aqui? Porque eu ouço musicas que falam de tristeza? Por quê? Você não vale isso. Mas eu faço. Eu continuo fazendo.

Eu e você não acontecemos por uma relação causal, mas por uma relação de significado.

E eu corro no espelho de novo e repito cem vezes que não gosto de você. Não gosto de você. Não gosto de você. Porque se eu gostar de você, eu sei que você vai embora. E eu simplesmente não agüento mais ninguém indo embora. (...)

Às vezes eu falo pra mim mesma: isso não pode estar acontecendo comigo, definitivamente.

Se a dor tiver que vir, que venha rápido”, eu disse. “Porque tenho uma vida pela frente, e preciso usá-la da melhor maneira possível.

Ele era o tipo de homem que eu jamais poderia me apaixonar e então, eu me apaixonei.