O Homem Ruivo e o Passarinho
Uma ilusão dá lugar a outra e por vezes no fim do caminho um rosário de quimeras relembra que, um dia após o outro plantámos sonhos na esperança de que nascesse um campo de girassol. Expectativa de quem não sabe voar mas acredita ter asas!
Nunca estamos preparados para enfrentar as feras que criámos.
Sejam as da nossa cabeça ou as da sociedade, actual.
Humildade é saber aceitar o fracasso com um sorriso e o topo sem exibicionismo.
Olhar os outros sem esquecer que cada um é ímpar e cada qual é o resultado de si mesmo.
Levantar as defesas perante o imbecil e saber que é hora de as baixar perante o sábio.
Ser humilde acarreta a humanidade de cada um, a gentileza e a temperança.
Não viva de saudade. O passado é isso mesmo e o presente é único, por mais cinzento que seja, já o futuro será sempre uma caixa fechada...
Por isso, sorria à noite que dá sempre lugar ao dia!
Gosto de acreditar que as minhas palavras ajudam a que pelo menos um desconhecido tenha os dias mais bonitos e as noites mais tranquilas.
Ilusão de poeta num mundo louco e escorregadio.
Se os acordes do piano despertarem em ti a recordação do meu rosto, e o dia vestir as cores do arco- íris… é porque o instante em vez do oposto, permitiu a amplitude do nosso sentir!
Por vezes estou tão cansada, não é o corpo, porque, do cansaço do corpo dou conta com uma boa noite de sono. Tenho a alma cansada!
Nessas alturas apetecia-me correr campo fora, de encontro ao vento, pegar num punhado de terra e lambuzar a alma, mas... tinha que ser num dia de outono: num daqueles dias em que a chuva miudinha fustiga o coração com a suavidade de uma lágrima fugidia.
E dou por mim a pensar: a minha doidice tem calos nas mãos e o coração suspira pela planície, por isso mesmo:
Não me encaixo num tempo de encaixes passageiros!
Não queiras o impossível... limita-te ao que cada um te pode dar para que não te exijam; aquilo que não és.
Nada mais simplório que um "eu te amo" levado ao limite na banalização do verbo amar.
Por isso, ame por inteiro e sem alarido e verá nascer borboletas nos olhos dos que ama.
A loucura, essa sombra que atinge a humanidade.
Para quê pensar nela se ela existe? Quando existe e se
existe, é porque temos medo.
Porque nos dobramos tantas vezes perante a
realidade que nos rodeia? (Pergunta mesquinha na
solidão rodeada de gente.)
A dúvida!... Só a dúvida tem o poder de infligir
chibatadas aos mais crédulos. Se não fosse por ela, o
abismo que separa a utopia da realidade seria menor.
