O Homem mais Apaixonado do Mundo

Era só mais um idiota que ficava rodeado de amigos também idiotas, falava besteira e comentava das meninas que passavam. Mas alguma coisa nele, que eu não sei ao certo explicar, me chamava atenção como um vício.

(...) Queria tentar de alguma forma livrar mais um ser humano de tanta dor. Eu te salvaria desse filme repleto de drama que ninguém entende, só eu sei de cor.

E de novo, em mais uma temporada, eu interpreto um mocinho insosso. Faço a linha bobo, certinho, preocupado, apaixonado, inseguro, entregue e careta. Nada dá certo na maioria dos capítulos. E quando dá, é cena curta.

Eu fui ficando cada vez mais triste, melancólico, deprimido. Já não conseguia nem comer, nem dormir direito. Já havia passado da fase de causar dó.

Nesses últimos dias resolvi pensar mais em mim. Tô dando um tempo disso de amar por inteiro, de viver pro outro, somente pro outro. É que cansei de amores imensos. Amores que, muitas vezes, mal cabiam dentro de mim.

(...) E emagreci mais também. Não sei lidar com essa coisa de amar na medida certa.

É isto. Eu já não sei se faz mais sentido as coisas. Ando sem entender quase nada que acontece.

Acho que o mais difícil foi a hora em que resolvi ir embora, mesmo querendo ficar.

E lá vou eu, mais uma vez, mudar minhas roupas, meu cabelo, renovar gostos e conceitos. Acreditando que, algum dia, as outras coisas possam também mudar.

Passei também a não atender celular. Com o tempo, já não marquei mais nada e fui cortando papo. Não queria mostrar que estava tudo bem, porque não estava.

Eu já sai dessa. Não dá mais pra continuar com essa sensação de velhice e desânimo. Há uns três meses praticamente não saio de casa, fico enjoado com tudo, tomo ódio de tudo. Perdi o contato com as pessoas que eu considerava interessantes, fico vivendo de um jeito que não é pra ser. Uma vida toda interna, lendo, pensando, maquinando, escrevendo, ouvindo música melancólica o tempo inteiro. Daí, então, hoje percebi que me sinto bem... Não dá pra explicar. Lá fora tem muita nuvem azul e anda fazendo o maior sol.

Já não sinto mais aquelas dores de antes. Não choro mais. Não sei o que é dentro, o que é fora. Tá tudo seco. Eu já não sinto nada, o que é ainda pior.

Ando economizando palavras. Passei a ser mais direto com aquilo que eu quero.

Essa perda prematura das coisas é o que mais machuca.

Tenho tentado ser mais humilde ultimamente. Parei com esse negócio de sair dizendo meia dúzia de desaforos, agredindo todo mundo. Fui bloqueando, aos poucos, alguns comentários mesquinhos, pequenos, infelizes e destrutivos. Foi preciso mudar.

E então, meio que desesperado, encerro a ligação o mais rápido que posso porque tenho medo de falar umas besteiras. Porque eu não sei se você me espera da mesma forma como eu espero você.

(...) E quando volto a pensar nisso, vejo as cicatrizes enormes que ficaram. Uma mais profunda que a outra. As piores são aquelas estagnadas na alma.

(...) Quando dei por mim, eu já havia emagrecido muito, não me equilibrava mais.

(...) Detesto ficar repetindo essas coisas, dizem que a gente até acaba atraindo mais coisas ruins. Repito porque eu ando muito triste mesmo, e acho que não tem como ficar pior.

(...) Daí que eu não tenho mais saco pra aturar relacionamento complicado. Hoje eu queria alguma coisa que não me enchesse a cabeça.