O Homem Errado Luis Fermando Verissimo

Cerca de 62102 frases e pensamentos: O Homem Errado Luis Fermando Verissimo

Céu
Pendurei os sonhos no céu,
vivo tentando alcança-los,
minhas estratégias fracassam
não consigo nem tocá-los.
Pedi ajuda ao poeta
pra poder derrubá-los
disse-me que sonhos do céu não caem
para tê-los
é preciso busca-los a cada dia mais.

Inserida por Moapoesias

Formigas
A preciosidade é sempre interna
Não depende de externos fatores
Não é pela cor da pele que se
definem-se os louvores.

Na sombra dos escurecidos cílios
pálpebras se abrem reticentes,
o mundo se deslumbra em brilhos
iluminando os olhares carentes.

Na sombra das folhas verdes
formigas marcham exuberantes
despontam raízes na profundeza do mundo
buscando a água da vida,
que corre nas folhas divididas
da vida que alimenta outra vida.

Na sombra dos versos iludidos
repousa o poeta que sonhou
sente seu tempo perdido
marcado pela vida que murchou.

Inserida por Moapoesias

Saudades
Com o passar do tempo
acabamos nos afastando de vários amigos.
Saem suave como a leveza do vento
e alguns nunca mais voltam.
Com eles vai o futebol dos fins de semana,
histórias de amores fantasiosos,
na mesa de muitas falas e bebedeiras.
Mais tarde as lembranças
Provocam saudades enormes.
Alguns nunca mais veremos;
Outros, um alô e nada mais.
Também há os que ficam por perto
Fieis e leais, outros que mesmo longe estão pertos
destes, permita Deus,
não quero me afastar... Jamais.

Inserida por Moapoesias

Certo
Certo dia é qualquer dia.
Qualquer, quem diria, é o dia certo.
Portanto, certo é qualquer dia.

Inserida por Moapoesias

Lobista
- Olá doutor. Como vai?
- E aí grande Zé das Moças?
- Onde tens andado Doutor?
- Estou na capital.
- É mesmo? Fazendo o quê?
- Sou lobista.
- Bah Doutor. Eu nem sabia deste teu lado destemido.
- Imagina. Nada disso Zé.
- Mas só tem bicho grande nisso aí doutor.
- Isso é mesmo. Só tem feras.
- E como faz para alimentar todos? Custa caro não é doutor?
- Ah sim, não é barato. Mas sempre se dá um jeitinho. Tem muitas obras e outras oportunidades nestes pais.
- Isso é mesmo...
- Até mais Zé.
- Uma boa tarde Doutor.

Enquanto o finório se afasta Zé pensa: pelo jeito este negócio de lobos dá bem mesmo. Tá por cima da carne seca o doutor.
Carrão importado.
Beca impecável... Bela loba.

- Bem cuidado aí doutor!

Inserida por Moapoesias

A arte poética é sempre um desejo, um sonho, uma busca.
Quando vira fato já deixou de ser poesia.

Inserida por Moapoesias

Talheres
Não vou arrancar minha roupa para ser devorado pela ganância mercantilista e cinzenta da cidade.
Nem tão pouco adormecerei bêbado em algum viaduto abandonado.
Também não vestirei peças novas engomadas e com etiquetas consagradas.
Assumo meu “look” de camisetas detonadas.
Espero à porta do banheiro.
Não tenho pressa.
Entro só com o creme dental.
Não vou fazer a barba.
Não me importo em ser deselegante.
Se na fila tiver idosos saio dela para ser gentil, não precisam saber o motivo.
É nisso que está Deus, não nas ostentações das imponentes Catedrais e nos vestidos de alto padrão que ali entram.
"Bem-aventurados os humildes de coração, pois deles será o Reino dos Céus".
A gratidão não se veste de vaidades.
Alimento-me da mais pura simplicidade, não me ajusto com tantos talheres.
Um sanduíche...
Por favor!

Inserida por Moapoesias

Rosas

Não mandarei no teu endereço levar
Nem trago, pra você, rosas na mão.
Por saber onde sempre vais estar
Entrego-as direto ao meu coração.

Inserida por Moapoesias

Que não escrevi

A bela poesia que não escrevi
Faz-me lembrar do tempo passado.
Do fogo clareado que acendi.
Das noites quentes que ainda assim não dormi.

Das geadas branqueando as laranjeiras,
Das chaminés fumegando,
Dos sonhos cruzando as porteiras.
Da felicidade que encontrei chorando.

Revivo em silêncio sofrendo calado.
O cisco foi pra fora varrido.
Adormeço calmamente pra não ser acordado
Fecho a porta lentamente para ser esquecimento.

Inserida por Moapoesias

Frete

Pago frete pra vida me levar.
Vou com ela sem destino.
Por vezes correndo num disparar,
Por outras, calmo feito sonho de menino.

Não me preocupo em fugir do pedágio.
Abro porteiras no caminho,
Raramente vou acompanhado
Comumente ando silencioso e sozinho.

Esqueci numa parada escura
Meus sonhos dourado de poeta.
Minha preguiça passou do outro da rua
Pedalando lentamente a sua bicicleta.

Subitamente acelero o pé pesado da saudade.
Morre os anos, mas não mato o que quero.
Não envelheço. Que se dane a idade.
Encontrar-te feliz sorrindo desejo e espero.

Inserida por Moapoesias

Disfarce

Sonhas em ser feliz?
Tente ser humildemente você.
Cuide-se, alimente sim suas vaidades.
Tendo vontade disfarce até a idade.
Sinta-se bem. Julgue-se bonito.
Respeite sempre seus princípios
Mas arisque um pouco mais.
Lembre-se que o mundo do faz de conta é finito.
E a perfeição artificial
Acaba fazendo mal.

Inserida por Moapoesias

Defumando versos

Tirou do violão, talvez a derradeira nota.
A voz não respondeu.
Mudo, apoiou o rosto no próprio instrumento.
O fogo ainda o aquecia.
A parede da alma amarelada.
O tudo de mãos dadas com o nada.
A fumaça aumentava
Preenchendo cada vazio da poesia da sua vida,
Defumando os versos, provocando tosse na rima.
O pensamento mal cavalgava lembranças
De um alfabeto extinto.
De súbito soprou a vela
Percebendo a complexidade escura do labirinto.
Apenas vestígios de carvão.
Nas cinzas, o destruído eterno.
Nada mais das chamas galopantes
Vistas pouco tempo antes.
De costas deitou-se no chão.
Cobriu o rosto com o próprio chapéu.
De qualquer forma não viria o céu.
Nos olhos apenas nuvens formando véus.

Inserida por Moapoesias

Última foto
Era a última foto.
E toda aquela seriedade não se justificava.
Exatamente num dia de mau humor ela foi tirada.
Agora, por muito tempo assim estará.
Faltará nela o sorriso.
Melhor estar sempre pronto para a última foto,
Sorrindo para a vida,
Extrapolando a alegria,
Esbanjando simpatia.
Mantendo a expressão linda
Mesmo sem saber qual será seu dia,
Afinal a vida com tristeza será sempre mais vazia.

Inserida por Moapoesias

Sem metáforas
Feito menino atrás da bola.
Feito caderno indo à escola.
Feito pipoca pulando na panela.
Feito príncipe na busca da Cinderela.

Toco na pele cheirosa e macia
Da mais inspirada e sensível poesia.
E do verso balançado pela ventania,
Brota sorrindo o mais belo cacho de alegria.

Sigo no sinal verde da vida.
Escrevo uma frase para nunca ser lida.
Bate a angústia intrometida,
Soa o sinal, é hora da despedida.

Inserida por Moapoesias

Presente
Abri a caixa com cuidado.
Era o presente da minha vida.
E como eu estava lindo nela.

Tive vontade de correr na rua
De sentir a chuva,
Não me contive, pulei a janela.

Se for idiotice não importa.
Chame-me pra dentro
Que desta vez entrarei pela porta.

Inserida por Moapoesias

Não esta aqui
Olhe esta velha foto.
Até já marcou de tinta o álbum.
Eu tinha entre doze e quatorze.
Sim, pode rir, faz tempo. Isso eu sei.
Os olhos vermelhos?
Era assim, os outros todos estão assim.
A calça do Chico! Que é aquilo?
Nunca mais soube dele...
Sonhava em ser piloto.
Naquelas árvores ao fundo tem um riacho.
Muitas vezes pescamos por lá.
O Juca, este alemãozinho aí, mudou-se ainda menino.
Foi para o Mato Grosso.
Ele não queria ir, mas o pai vendeu tudo aqui e foram.
Casou, teve filhos.
Morreu há pouco tempo num acidente.
A do cantinho é a Nina irmã do Zeca.
Uma mulher linda! Eu era apaixonado por ela.
Nunca mais a vi.
Este outro retrato me faz rir,
É muito engraçado.
Mas a que eu procuro... Não esta aqui!

Inserida por Moapoesias

Maresia
Do mar,
Restou-me a maresia.

Da minha música preferida...
Notas sentidas.

Do amor...
A poesia.

Das enumeras palavra...
A hipocrisia.

Das promessas...
Demagogia.

A água vazou
A caixa ficou vazia.

O carnaval morreu
Pela falta de folia.

Emoção ancorou
Naquele fatídico dia.

Inserida por Moapoesias

Finitude
Que a cada dia eu tenha um objetivo e um motivo pra lutar.
Que eu agradeça sempre antes de deitar.
Que a tristeza e as desilusões não me façam perder a ternura.
Que eu entenda que nem tudo o que quero é viável.
Que não se vive sem uma pitada de dor.
Que a finitude seja por mim respeitada.
Que algumas saudades não significam nada.
Que passo rapidamente de decapitador e decapitado.
Que quanto mais ofereço mais sou recompensado.
Que sou humano, mas nem sempre sou errado.

Inserida por Moapoesias

Pó alérgico
Desafiante é calar o silêncio noturno
Escrito na profundidade oceânica
De uma voz insistente que nada diz.
Sou na vida apenas um atrapalhado aprendiz.
Sou regra
Desconheço a exceção.
Aprendi a dar
Mesmo sem receber perdão.
Sinto o ácido correr-me a alma
Letal e amargamente sem pressa.
Dizer a quem?
A ninguém interessa.
O pó alérgico da insônia me faz suspirar
E fico sem sono para deitar.
Perdi a matricula para a escola do viver.
Não sei como é.
Assim é minha vida.
Assim são meus dias.
Assim pra sempre há de ser.

Inserida por Moapoesias

Quando o sonho termina

Quando acaba o sonho
A vida dispensa o estepe.
Sopra um vento enfadonho.
A alegria desaparece.

Quando acaba o sonho,
Perde-se a vontade de acordar.
Passa-se a viver com sono
E a não mais se suportar.

Quando o sonho termina
Ficam lembranças armazenadas
A luz da alma não mais ilumina
Tudo fica triste não se quer mais nada.

Quando o sonho se vai
O amor não vai junto
Pela porta ele não sai
Apenas adormece em algum ponto.

Quando o sonho diz adeus
O ânimo desanda
Nas lembranças os momentos meus e teus
Emudecendo os instrumentos da banda.

Inserida por Moapoesias

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