O Cometa de Carlos Drumond de Andrade

A razão do mais forte é sempre a melhor.

Pouco saber exalta o nosso amor-próprio, muito saber humilha-o.

Todo o argumento permite sempre a discussão de duas teses contrárias, inclusive este de que a tese favorável e contrária são igualmente defensáveis.

Enquanto se ameaça, descansa o ameaçado.

O estudo confere ciência, mas a meditação, originalidade.

Velho pássaro, este mundo
dorme como um menino
e se renova cada manhã.

Um autor estraga tudo quando pretende fazer bem de mais.

A beleza é uma letra que se vence à vista, a sabedoria tem o seu vencimento a prazos.

A constância é o fundo da virtude.

Amai o que jamais se verá duas vezes.

A chave de todas as ciências é inegavelmente o ponto de interrogação.

A inveja, que abrevia ou suprime os elogios, é sempre minuciosa e prolixa na sua crítica e censura.

Perdoamos mais vezes aos nossos inimigos por fraqueza, que por virtude.

Compreender é perdoar.

Os avarentos não crêem numa vida por vir, para eles o presente é tudo.

Nem a fortuna nem a grandeza são, por si sós, suficientes para sermos felizes.

A impunidade é segura, quando a cumplicidade é geral.

O pretexto normal dos que fazem a infelicidade dos outros é de quererem o bem deles.

A ambição sujeita os homens a maior servilismo do que a fome e a pobreza.

O fim da vida não é a felicidade, mas o aperfeiçoamento.