O Cometa de Carlos Drumond de Andrade

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É que a sabedoria é um trabalho, e sermos apenas sensatos custa muito, pois para se fazerem asneiras basta deixarmo-nos ir.

Paciência e nada de pressas fazem mais do que a força e a ira.

As grandes livrarias são monumentos da ignorância humana. Bem poucos seriam os livros se contivessem somente verdades. Os erros dos homens abastecem as estantes.

Sopra o vento
Segura-te borboleta!
Na pétala da flor.

A ignorância, lidando muito, aproveita pouco: a inteligência, diminuindo o trabalho, aumenta o produto e o proveito.

É na idade da ambição que se prova a têmpera dos homens.

O corpo é um caminho:
ponte, e neste efêmero abraço
busco transpor o abismo.

Sabei escusar o supérfluo, e não vos faltará o necessário.

É uma infelicidade ser tão breve o intervalo que medeia entre o tempo em que se é jovem demais e o tempo em que se é velho demais.

O temor da morte é a sentinela da vida.

O vento é o tempo:
sopra varre levanta lambe
desfaz o que foi feito.

Uma coisa não é justa porque é lei, mas deve ser lei porque é justa.

Quem não sabe nada, seja ele senhor ou príncipe, deve ser incluído no número das pessoas vulgares.

A devoção encontra, para praticar uma má ação, razões que um simples homem jamais encontraria.

Quem muito nos festeja, alguma coisa de nós deseja.

Queixam-se muitos de pouco dinheiro, outros de pouca sorte, alguns de pouca memória, nenhum de pouco juízo.

Fábula: A Raposa e a Cegonha

A Raposa convidou a Cegonha para jantar e lhe serviu sopa em um prato raso.

-Você não está gostando de minha sopa? - Perguntou, enquanto a cegonha bicava o líquido sem sucesso.

- Como posso gostar? - A Cegonha respondeu, vendo a Raposa lamber a sopa que lhe pareceu deliciosa.

Dias depois foi a vez da cegonha convidar a Raposa para comer na beira da Lagoa, serviu então a sopa num jarro largo embaixo e estreito em cima.

- Hummmm, deliciosa! - Exclamou a Cegonha, enfiando o comprido bico pelo gargalo - Você não acha?

A Raposa não achava nada nem podia achar, pois seu focinho não passava pelo gargalo estreito do jarro. Tentou mais uma ou duas vezes e se despediu de mau humor, achando que por algum motivo aquilo não era nada engraçado.

MORAL: às vezes recebemos na mesma moeda por tudo aquilo que fazemos.

Tendo a ser, mas pouco:
resta ainda um tempo
que me espera e reclama.

Um homem que ensina torna-se facilmente teimoso, pois exerce a profissão de um homem que nunca erra.

O poder é uma ação, e o princípio eletivo é o da discussão. Não há política possível com uma discussão permanente.