Nos somos do Tecido que Sao Feitos nossos Sonhos

Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados.

Palavras não existem
fora da nossa voz as
palavras não assistem
palavras somos nós

(A doença, Poemas Reunidos, Publicações Dom Quixote, 1999)

Na mesma noção de corpos em arte
Nós somos um símbolo
Mistério de ser.

Do irreal resulta a impotência; o que não somos capazes de conceber não podemos dominar.

Acredito ter achado o elo perdido entre o animal e o homem civilizado: somos nós.

Existe uma dura lei: quando somos ofendidos, nunca nos recuperamos até que perdoemos.

Somos limitados por tudo o que não sentimos.

A nossa pátria está onde somos amados.

Somos prisioneiros de ideias.

Somos inocentes, mas responsáveis. Inocentes perante aquele que já não existe, responsáveis perante nós próprios e os nossos semelhantes.

O estudo é um trabalho em que somos obrigados a pôr toda a nossa vontade para realizá-lo com o maior rendimento possível.

A inteligência! É uma questão de química orgânica, nada mais. Não somos mais responsáveis por sermos inteligentes do que por sermos estúpidos.

Somos sempre filhos de alguém.

A felicidade é sermos felizes, não fingir que somos perante os outros

Nós, os pobres, somos como o algarismo zero, que por si só nada vale e faz valer a cifra que a ele se junta - tanto mais quanto mais zeros lhe forem acrescentados.

Somos tão responsáveis por amar sempre como o somos por nunca amar.

Quando somos belas, ficamos ainda mais belas sem adornos.

O mundo julga-nos, não pelo que somos, mas pelo que parecemos ser.

Nada Fica

Nada fica de nada. Nada somos.
Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos
Da irrespirável treva que nos pese
Da humilde terra imposta,
Cadáveres adiados que procriam.

Leis feitas, estátuas vistas, odes findas —
Tudo tem cova sua. Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos
Poente, por que não elas?
Somos contos contando contos, nada.

Não somos nada, sem felicidade.