Nos Bracos do Pai
A morte está na próxima batida do coração. Silenciosa, paciente, invisível, ela se esconde entre os intervalos do sangue, entre o suspiro que não percebemos e o instante que chamamos de agora.
Cada pulsar é um aviso, uma lembrança de que somos passageiros, fragmentos de luz que dançam por tempo incerto, que respiram, amam e sofrem, sem garantias.
E, ainda assim, é nesse compasso efêmero que a vida floresce. É no saber que a morte nos observa de perto que cada gesto ganha intensidade, cada olhar, profundidade, cada abraço, a eternidade contida em segundos.
Porque viver é isso: sentir o frio da presença do fim enquanto o coração, teimoso, insiste em bater. E na próxima batida… talvez sejamos eternos, talvez sejamos nada, mas, até lá, somos tudo aquilo que ousamos ser.
Tese sobre o Caos e a Consciência
Antes da inteligência humana, havia o caos — não mero desarranjo, mas um abismo fecundo, um entrelaçar de forças indomáveis e silenciosas que pulsavam sem testemunha. A expansão do universo — efeito da grande explosão — moveu massas, gerou órbitas, incendiou estrelas; e ao longo de milênios incontáveis, dessas forças surgiu uma ordem apenas aparente: uma harmonia caótica, tão tênue quanto ilusória.
Os humanos, criaturas de um lampejo tardio de consciência, acreditam enxergar perfeição onde há apenas fluxo, perceber mistério onde existe apenas processo, e, com vaidade, tentam nomear o que escapa a toda nomeação. A inteligência, ainda jovem, nasce dos erros involuntários do próprio caos, e é com ela que se edifica a pergunta — não a resposta.
A consciência — esse clarão que se anuncia no “penso, logo existo” — produziu infindáveis interrogações. Mas que respostas poderia oferecer a criatura que emergiu de uma ignorância tão profunda? É impossível que uma mente tão jovem compreenda o abismo anterior a si mesma, o princípio inominável de onde tudo se ergueu, o silêncio primordial que, ao se desfazer, fez nascer não apenas o universo, mas também a angústia de quem o contempla.
— Evan do Carmo, 14-10-205
Sobre a Vaidade da Sabedoria
A sabedoria não leva a nada.
Como morre o tolo, morre o sábio.
Tudo o que o sábio sabe é, em última instância,
para alimentar a própria vaidade —
para poder se orgulhar do que supõe ter entendido.
É verdade que, às vezes, a sabedoria o livra
de certos abismos onde o tolo cai sem perceber.
Evita-lhe perigos, enganos, precipícios.
E o tolo, ignorante de tais ciladas,
paga caro — muitas vezes com a própria vida,
morrendo antes da hora,
ceifado pela própria inconsequência.
Contudo, nem isso é razão suficiente
para que o sábio receba honras imerecidas
por seu árduo trabalho em busca do saber.
Pois todo conhecimento, por mais vasto,
se perde no tempo e no espaço,
como areia que escapa por entre os dedos
do homem que acreditava segurá-la.
Às vezes é bom cancelar algum compromisso,
relaxar a gravata, dar folga ao ofício.
Ser um homem comum,
que não raro se passa por outro
neste teatro do absurdo,
como personagem de um drama fictício.
Às vezes é bom calar a voz,
segurar a pressa, suspender o vício.
Ficar sozinho, sem ser solitário,
num pacto mudo como um sacrifício.
Às vezes é bom cancelar algum compromisso,
relaxar a gravata, dar folga ao ofício.
Andar nas nuvens, dançar na chuva
e aprender o caminho do vento.
Saber que tudo passa
e que a vida cobra o tempo esquecido
no porão da memória.
Consumimo-nos por algo maior que nós mesmos — pela posteridade, pelo futuro ausente.
Ser poeta é mergulhar no abismo e reconhecer,
no seu riso frouxo, o eco dos aplausos do caos,
sentir no âmago do desespero,
e mesmo assim se sentir contente.
Meu investimento de hoje é adquirir conhecimento saudável para poder passar para as próximas gerações.
@ManualDoInvestidor
Álcool, sexo e metal, uma tríade que define a essência da vida noturna
Me lembra de que eu não tenho problemas com bebidas, bebo, fico bêbado e durmo.
Sou um renascentista
Talvez eu tenha nascido fora do tempo,
mas minha alma caminha pelas ruas de Paris.
Não as ruas apressadas do turismo,
mas aquelas onde a madrugada ainda cheira a vinho, tinta e papel.
Onde os músicos tocam como se o destino dependesse de um acorde
e os poetas bebem a lua em silêncio.
É ali que existo — entre o som e a palavra,
entre o piano e o abismo.
Sou um renascentista: músico, poeta, pianista.
Vivo entre o sagrado e o profano, entre o vinho e o verbo.
Cada nota que toco é um pedaço de mim tentando renascer,
cada verso, uma confissão que o tempo não conseguiu apagar.
Não bebo para esquecer, bebo para lembrar —
que a vida, como a arte, é feita de breves eternidades.
Quando sento ao piano, sinto Paris me ouvir.
Os fantasmas de Debussy e Ravel espiam por sobre meu ombro,
e o Sena, lá fora, parece repetir minhas notas nas águas.
O poeta em mim escreve o que o músico sente;
o músico traduz o que o poeta pressente.
É uma comunhão silenciosa entre o som e o pensamento —
a forma mais bela de loucura.
Ser renascentista é não aceitar a indiferença dos tempos modernos.
É crer que a beleza ainda pode salvar,
que o corpo é templo e o amor é arte.
É brindar com o vinho e com o caos,
com a esperança e o desespero,
porque tudo o que é humano é divino quando há música no coração.
Sou um renascentista.
Poeta, músico, homem que vive nas ruas de Paris —
onde o tempo se curva diante de um piano,
e o vinho se torna prece nas mãos de quem ainda acredita
que a vida é, acima de tudo, uma sinfonia inacabada.
As suas conquistas estão bem diante dos seus olhos, basta olhar tudo o que conquistou e sentirá a mágica fluir.
Os seus pensamentos geram emoções que te fazem acreditar que você pode conseguir algo, basta acreditar que terá.
Investir em segurança de uma empresa é uma das primeiras coisas que se deve fazer na construção.
@ManualDoInvestidor
Diante da angústia e da constatação de que tudo acaba no niilismo — nome dado ao empenho de alcançar o vento —, o homem se depara com a finitude inevitável e não encontra sentido na busca por poder, dinheiro ou fama. Tudo o que se faz debaixo do sol é vaidade, competição para vencer o outro. No entanto, é apenas no outro, no convívio e na partilha com o semelhante, que se pode encontrar alguma razão ou sentido, aquilo que às vezes chamamos de felicidade.
Evan do Carmo
RIO DE JANEIRO
Evan do Carmo
Que poeta passaria sobre ti, adormecido
em tuas ruas estreitas, a um mar imenso?
Os meninos da Candelária
não se esqueceriam de ti
ao descreverem um paraíso.
Teus poetas atingem
ainda em vida
a perfeição.
Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Sol e Poesia,
hermética canção, bruxo de Cosme e Mil de Castro, Chico, Buarque.
Embarque, EMBARQUE à perdição.
Que estrangeiro não morreria
para que tu estejas sempre linda?
Todo carioca um dia vai ao morro,
caminho reto,
da queda à ascensão.
Qual dos deuses não desceria
do Olimpo
para viver
um dia apenas
em tua copa ou em tuas cabanas?
Os meninos da Candelária
não se esqueceriam de ti
ao descreverem um paraíso.
Teus poetas atingem
ainda em vida
a perfeição.
Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Sol e Poesia,
hermética canção, bruxo de Cosme e Mil de Castro, Chico, Buarque.
Embarque, EMBARQUE à perdição.
Que estrangeiro não morreria
para que tu estejas sempre linda?
Todo carioca um dia vai ao morro,
caminho reto,
da queda à ascensão.
Qual dos deuses não desceria
do Olimpo
para viver
um dia apenas
em tua copa ou em tuas cabanas?
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