Noite
Senhor, que minha presença seja um reflexo da Tua Luz Divina, como estrela que brilha na noite escura, guiando os corações perdidos ao Teu Eterno Caminho de Amor e Salvação.
Poema da Tarde
Sou pertinaz em falar das tardes.
Ora, o que há de mais ocioso? A noite?
Pobre noite... dama
que corre de mão em mão.
O efervescer ardente é denso
aos meus olhos molhados de suor.
E a tarde vai... voa como
meus funestos versos fracos.
Tarde! Pra quê serve a tarde?
Extenso descanso dos glutãos,
carrasca dos sertões...
Dona insana do meu labor.
O verdadeiro olho branco da noite
É o buraco branco no céu
Das diferentes formas de tentar segurar o céu
E suas consequências
Cai a tarde tristonha e serena
Em macio e suave langor
Nenhum aplauso vale mais
Que
Você se olhando com admiração
Não satisfeito com os sentimentos
O ansioso se impõe aos imaginários
Água que afunda o barco
É a de dentro
Quem não se decide
Vê acontecendo
Não há detalhe mais bonito
Que a atenção
A qualquer momento a história é outra
Olha pra frente
A prova é individual
Nossa alma é negra, intensa, carrega no peito a fúria e a beleza, como a noite que não teme a escuridão.
O som pulsa, grita, ecoa, é o sangue que vibra no coração.
Entre acordes rasgados e gritos livres, sentimos o peso e a liberdade, somos o fogo, a dor e cura, somos sombras que dança com verdade.
O som pesado é nosso sangue,
guitarras gritam o que a boca não alcança.
No peso das notas, nos sentimos livres, no silêncio entre elas, encontramos sentido.
By Vander Hacher
Quem é mais sentimental?
Havia um corpo encolhido bem tarde da noite. Os joelhos eram refúgio, e o vidro da janela, um altar onde a sombra repousava entre luzes cansadas.
Lá fora, nada se via. No quarto, uma música animada tocava baixinho, mas dentro dela o tempo desafinava um coral de Belchior ao mesmo tempo onde o passado apaixonado acendia uma ponta de ilusão.
Ela não sabia o nome do caminho, mas reconhecia as esquinas do retorno. Sabia apenas que não cabia mais
em roupas da antigas.
Então, ergueu-se. Lembrou do velho e novo evangelho. Com um gesto simples amarrou o cabelo, a pena entre os dedos, recomeçou a costurar o verbo e escreveu uma nova palavra.
Do papel, brotou uma mulher
que não pedia mais para ser salva. O amor, enfim, voltou a habitar-lhe o pulso. A esperança, tirou a sobrecarga e agora ela respira aliviada.
Agora, ela também espera. Não como quem aguarda, mas como quem floresce. Porque sabe: alguém virá,
e o encontro não será desordem.
Virá com mãos que decifram e com olhos que não temem o espelho. E quando vier, reconhecerá não o que ela foi, mas o que sobreviveu.
O sol brilha soberano e imponente o dia todo. Mas é na escuridão da noite que o singelo e democrático brilho das estrelas nos encanta.
Catedral da Noite
Na abadia do crepúsculo, sombria e ancestral,
Onde teias pratejam o mármore funeral,
As estátuas choram lágrimas de pó e solidão,
Guardando um segredo morto em cada coração.
A lua, farol pálido de um destino amaldiçoado,
Beija os vitrais quebrados do tempo condenado.
Sombras se arrastam lentas,em dança sem perdão,
Vestidas de nevoeiro e eterna desilusão.
Os corvos são os monges deste claustro sem fé,
Gravando em suas asas o eco de um réquiem.
O vento sussurra salmos de um hymno funeral,
Enquanto a podridão exala seu perfume eternal.
E na nave do abismo, onde o tempo desmorona,
Uma alma ainda vaga,pálida e abandonada.
Ela busca um reflexo na fonte do esquecimento,
Preso no laço eterno de um frio tormento.
O órgão toca uma fuga de notas de agonia,
É a música das almas que a luz já não guia.
E cada gota que cai da umidade sem fim,
É um verso da poesia que a morte escreve aqui.
Assim, na catedral que o musgo vai coroar,
O gótico se ergue,sem fim para findar.
Onde a beleza mora na mais profunda dor,
E o silêncio é o verso mais puro do terror.
A noite veste o luto do meu erro,
E em cada estrela, vejo o teu adeus.
Um silêncio pesado, cruel desterro,
Onde a culpa reside e jaz nos meus.
O meu peito é um vazio que te implora,
Por um instante apenas de atenção.
A alma, em prantos, clama e a mente chora
O peso esmagador deste perdão.
Se a dor que causei pudesse ser medida,
Eu a beberia em um só gole, infeliz.
Devolve-me o sol desta vida
Que só em teu olhar encontra a raiz.
Perdoa, meu amor, este caminho errado,
Sou apenas um fragmento sem o teu calor.
Sem ti, sou um poema inacabado,
Um grito mudo de eterno e triste amor.
O Que Fica do Que Fomos
William Contraponto
Se um dia eu cruzar a noite inteira
e o corpo cansar do próprio som,
não esperarei por luz ou fronteira;
apenas o rastro do que ainda sou.
Porque além da morte não há segredo,
não há espírito buscando um lar.
Há só memória vencendo o medo
e o que deixamos no fundo do olhar.
O que fica do que fomos é o gesto,
é o nome lançado ao vento incerto.
Não é alma pairando em algum lugar,
é a lembrança que insiste em continuar.
E se eu não voltar, que seja assim:
no que construí, no que vive em ti.
Quando a última porta se fechar,
não haverá juízo nem muralha.
A vida é um barco que aprende a passar,
e cada travessia ensina – e falha.
O que chamam alma, eu chamo história:
a voz simples do que se amou.
É a cicatriz guardando a memória
de cada luta que alguém lutou.
O que fica do que fomos é o gesto,
é o nome lançado ao vento incerto.
Não é alma pairando em algum lugar,
é a lembrança que insiste em continuar.
E se eu não voltar, que seja assim:
no que construí, no que vive em ti.
Se deixo um verso solto pela rua,
que seja luz pra quem quiser seguir.
Não há mistério entre sombra e lua:
há só a marca do que se quis sentir.
E quem nos guarda não é o além,
é quem repousa o nosso bem.
No silêncio que sucede o último passo,
ninguém nos chama para salvação.
O tempo recolhe o nosso espaço
e entrega aos outros a continuação.
Se algo vive depois do adeus,
não são anjos nem eternidade:
é o que plantamos no chão dos seus,
a parte nossa que vira verdade.
O que fica do que fomos é o gesto,
é o nome lançado ao vento incerto.
Não é alma pairando em algum lugar,
é a lembrança que insiste em continuar.
E se eu não voltar, que seja assim:
no que construí,
no que vive em ti,
no que chamam fim
e que eu chamo de existir.
À noite, eu olho o mundo ao redor
E tudo parece tão calmo
Ao mesmo tempo em que com tanta pressa
Tudo se move, os carros correm
As pessoas não olham para o que há no interior
Olhares fugazes, brilhos forjados
Todos estão fingindo viver
Enquanto são engolidos pela própria vida
No tempo que nunca mais retornará.
O céu escuro se perde noite adentro
Como as pessoas perdem a si mesmas diariamente
Não há estrelas iluminando a escuridão dessa noite
Mas o vento leva os pensamentos distantes
O que é central se sobressai e revela
Nesse gelo, que quase leva o corpo à tremedeira
Tudo aquilo que tentamos tanto esconder
Brilha mais do que qualquer estrela.
- Marcela Lobato
A Ordem é uma engenheira, o Caos um acrobata; seu interstício, o despudorado rebento de uma noite de amor esquecível, é o Poeta.
Boa noite!
#Frase Pensador
"Escutai, ó reis, e compreendei; Pois o poder vos foi dado pelo Senhor e a soberania, pelo Altíssimo."
@joaovitorbra_sil
O desgosto é uma noite profunda da alma,
uma sombra que pousa silenciosa sobre o peito
como se o mundo perdesse, por instantes, a própria cor.
Mas até a noite mais escura
carrega em si o sussurro de uma aurora.
Assim também é o desgosto:
um véu que desce,
não para sufocar,
mas para revelar o que estava invisível na luz.
Ele chega quando a alma está madura o bastante
para compreender o que ainda não queria aceitar.
E no seu amargor, há um convite secreto:
o de voltar-se para dentro,
onde mora um sagrado que não se abala.
O desgosto dobra o ser humano por fora,
mas desperta, por dentro, aquilo que jamais se dobra:
a centelha divina,
o fio luminoso que liga cada coração ao eterno.
A dor, então, deixa de ser ferida
e se torna passagem.
A queda vira caminho.
O silêncio vira oração.
Porque cada desgosto,
por mais duro ou injusto que pareça,
é também um gesto misterioso da vida
guiando-nos de volta ao essencial —
ao que não depende de ninguém,
ao que não se quebra,
ao que é nosso desde antes
de qualquer tristeza.
E quando o espírito percebe isso,
o desgosto não some,
mas se transforma:
vira sabedoria,
vira força,
vira luz que, lentamente,
começa a brilhar onde antes havia apenas sombra.
Eu prefiro o dia do que a noite,
pois o brilho do sol na manhã
me lembra o brilho do seu sorriso,
onde só de admirar já me animo.
Enquanto o brilho da lua na noite
me lembra os terrores,
me traz melancolia,
e tudo que vem de você
traz alegria.
